sábado, 21 de março de 2015

Justiça investigará “trensalão tucano”?

Por Altamiro Borges

Sem fazer maior escarcéu, a mídia privada informa neste sábado (21) que o Tribunal de Justiça de São Paulo finalmente aceitou as denúncias do Ministério Público e decidiu iniciar uma ação civil pública contra 11 empresas acusadas de envolvimento no chamado “cartel dos trens” – a velha mídia evita o uso do termo “trensalão tucano”. Proposto em dezembro do ano passado, só agora o processo foi aceito pelo juiz Marcos Pimentel Tamassia. “Os quatro promotores que assinam o pedido requereram, a princípio, que as companhias sejam dissolvidas porque ‘não agiam com probidade e boa-fé na consecução dos contratos [com a CPTM]’, segundo a petição”, informa a cordata Folha tucana.

O Ministério Público ainda requereu que os contratos sejam anulados e que os valores sejam devolvidos ao Estado acrescidos de 30% a título de indenização por dano moral coletivo. A soma total é de quase R$ 418 milhões. O Tribunal de Justiça de São Paulo, famoso por sua subserviência diante do PSDB que reina no Estado há 20 anos, tentou ao máximo evitar a investigação. Chegou a alegar que as “provas não eram suficientes” – apesar das várias denúncias feitas na Europa. Agora, finalmente, as multinacionais do cartel serão citadas formalmente e terão de apresentar as suas defesas. O processo se refere ao período de 2002 a 2007, quando São Paulo foi governado por Geraldo Alckmin – que continua no cargo.

Para quem não se recorda – já que o assunto segue escondido dos jornais e não aparece nos comentários hidrófobos dos “calunistas” da rádio e tevê –, em 2013 a Siemens – uma das multinacionais citadas na ação civil – fechou acordo de leniência com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), admitindo a existência do cartel. Ela concordou em revelar como operava o esquema em São Paulo e no Distrito Federal entre 1998 e 2008. Apesar da admissão do crime, os tucanos e as empresas envolvidas na mutreta ficaram totalmente impunes. A grave denúncia permaneceu na penumbra – inclusive nas eleições de outubro passado que garantiram a reeleição de Geraldo Alckmin no primeiro turno.

Agora, com a tardia decisão do Tribunal de Justiça, talvez o “trensalão tucano” finalmente seja investigado. Enquanto nada é apurado, os crimes seguem impunes e os paulistas seguem amontoados nos trens do Metrô e da CPTM. Nesta semana, o governador do PSDB anunciou que a Linha 4 do Metrô atrasará novamente e só ficará pronta em 2018. Na campanha eleitoral, Geraldo Alckmin prometeu inaugurar as novas estações em 2016. Muita gente inocente acreditou na conversa fiada. Os roubos do “trensalão tucano” prosseguiram e os paulistas ficaram com cara de besta!

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1 comentários:

Unknown disse...

Não! A justiça é parte ativa no trensalão tucano.