sexta-feira, 4 de junho de 2010

Eliane Cantanhêde e o “enterro dos demos”



A jornalista Eliane Cantanhêde, a mesma que extrapolou em vibração numa festança dos tucanos (veja vídeo), agora parece preocupada com o destino dos demos. Em recente coluna na Folha, ela prognosticou: “Eventual vitória de Dilma vai resultar no enterro do DEM”. O seu raciocínio é revelador. “O que está em risco é a sobrevivência da oposição, pelo menos da oposição tal como a configurada nestas eleições”. Ao final do artigo, a colunista dá suas diretrizes: “O DEM, agora, só tem uma alternativa: a vitória ou a vitória de José Serra. Do contrário, vira coisa do passado.

O tom fúnebre é correto. A perspectiva é tão sombria que DEM, PPS e PSDB já discutem a fusão para criar um novo partido, “mais competitivo”. Como ela aponta, “o DEM foi criado como PFL em 1985 no rastro da dissidência do PDS (partido da ditadura, originário da Arena)... A evolução do quadro político após a ditadura não acolheu as siglas ‘de direita’, espectro do PFL e agora do DEM. Assim, seus principais líderes não tiveram condições de concorrer à Presidência da República, a não ser em 1989, e transformaram o partido em linha auxiliar do PSDB”.

A tragédia dos sobrenomes famosos

Sua descrição do declínio dos demos dá vontade de chorar... de rir! “Jorge Bornhausen (SC), presidente do PFL na maior parte da vida do partido, encerrou a carreira política; Marco Maciel (PE) teve seus oito anos de glória como vice de Fernando Henrique Cardoso (PSDB); o baiano Antonio Carlos Magalhães, que sempre andou em faixa própria, muitas vezes na contramão dos caciques, morreu em 2007. A segunda geração, no DEM, demonstra inexperiência política e falta de instrumentos para disputar a linha de frente, seja a Presidência, sejam os governos estaduais”.

“O presidente é Rodrigo Maia (filho de César Maia, ex-prefeito do Rio). O ex-líder na Câmara era ACM Neto (neto do cacique baiano). O atual é Paulo Bornhausen (filho do ex-presidente do PFL). Os sobrenomes ficaram, mas a força política murchou... As maiores esperanças eram José Roberto Arruda, governador do DF, e Gilberto Kassab. Arruda saiu da política para a cadeia na crise do mensalão do DEM. Kassab foi um bom candidato, mas é um prefeito sob críticas”.

Diabo reclama do apelido

De fato, a situação dos demos é lamentável. Até o diabo já andou chiando do apelido e informou que não os aceita no inferno. Oriundo do ex-Partido da Frente Liberal, criado em 1985, os atuais demos viveram sua fase áurea no reinado neoliberal de Collor de Mello e FHC. Em 1990, o PFL elegeu sete governadores. Em 1994, o cacique Marco Maciel virou vice de FHC e, pouco depois, ACM assumiu a presidência do Senado. Nas eleições de 2002, o banqueiro Jorge Bornhausen, convencido do êxito de José Serra, chegou a afirmar que iria “acabar com raça das esquerdas”.

A vitória de Lula, porém, deu início a um novo ciclo político no país. Após eleger 105 deputados em 1996, o ex-PFL viu derreter a sua bancada federal para 84 no pleito de 2002. Nas eleições de 2006, o partido encolheu mais ainda, elegendo 65 deputados. Ao longo do segundo mandato de Lula, ainda foi golpeado com defecções, ficando com 56 deputados. Diante do rápido declínio, a oligarquia conservadora foi forçada a rifar o nome de “liberal” e a se travestir de “democratas” – uma aberração para quem apoiou o golpe militar e se locupletou durante a sanguinária ditadura.

A sangria nas eleições de 2010

A mudança de nome, em 2007, não estancou a sangria. Nas eleições municipais de 2008, o DEM perdeu quase 40% dos seus prefeitos, ficando com cerca de 500 prefeituras. Só venceu na capital paulista devido ao apoio do governador José Serra, que traiu descaradamente o candidato tucano, Geraldo Alckmin. Já o único governador do partido, José Roberto Arruda, paparicado para ser o “vice-careca” de José Serra, foi preso por corrupção. Para eleição deste ano, o DEM deverá ter candidato próprio em apenas quatro Estados. Em outros sete, ele nem concorrerá ao Senado.

A queda da sua bancada de deputados já é dita como inevitável. “Será um resultado excelente se eles conseguirem eleger 40 deputados neste ano”, afirma Luciano Dias, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos. “A bancada do PFL em 2006 dependia de resultados bons na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. Já não foram muito bem. Desta vez, como o escândalo no Distrito Federal – perdeu todo o comando no único lugar onde venceu – repetir aquele resultado será difícil”.

Nas pesquisas divulgadas até agora, o DEM só aparece na liderança para o governo estadual no Rio Grande do Norte e disputa, com poucas chances, em Tocantins e Santa Catarina. “Mas os adversários vão cair de pau com a história de Brasília, dizer que o partido não sabe governar e isso trará efeitos negativos que manterão a queda”, prevê David Fleischer, da UnB. Nos quatro maiores colégios eleitorais do país, o DEM só deve ter candidato na Bahia, mas também com chances reduzidas, já que Jaques Wagner (PT) é favorito para vencer no primeiro turno.

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6 comentários:

Anônimo disse...

A questao é que o dem nao é um partido,é uma quadrilha!
Quadrilha é formada por bandidos e lugar de bandido é na cadeia!!!

Marcos disse...

Alguém lembra de quando o PDS, avô do DEM, era "o maior partido do Ocidente"? Ou isso foi ainda antes, no tempo da Arena?

Marcelo Delfino disse...

Há de se anotar que, dos candidatos ao Senado, o único que desponta como favorito para vencer a eleição é ironicamente o ex-prefeito Cesar Maia (DEM-RJ), muito em função da chuva de críticas ao prefeito Eduardo Paes (PMDB lulo-dilmista), que conseguiu a proeza de ser pior que o antecessor.

Não creio que muitos dos atuais senadores demos em fim de mandato consigam a reeleição.

Engajarte disse...

Bastou um período fora do poder federal e o partido da direita dura já está em extinção, deve ser por causa da consciência da sua militância orgânica.

Mas o próprio Rodrigo Maia já havia diagnosticado que seu partido é formado eminentemente por políticos de perfil de vereador/fisiológico, seja no plano estadual ou federal, até no senado, assim, se não existir a torneira aberta do estado passando por suas molhadas mãos, o DEMO deixa de ter significado.

Estamos para observar se o exorcismo final do Demo se dará na próxima eleição, quando estaremos ouvindo a “voz de Deus”.
http://engajarte-blog.blogspot.com/

Jbmartins-Contra o Golpe disse...

Ela Precisou estudar muito, para chegar a conclusão, na rede tenho visto e eu mesmpo tenho comentado, que em 2011, o Demo sifu, e os Bocas de Alugueis, ela é uma delas, deverão procurar outras coisas a fazer, por que o PIG não precisarar mais deles.

Anônimo disse...

O DEM já tem um plano B. Mudar novamente de nome. Já tem engatilhada a compra da legenda que está prestes a ser lançada pela direita-jovem: o LIBER. Além de ser ex-Arena, ex-PDS, ex-PFL, será ex-DEM.