segunda-feira, 28 de março de 2011

Metrô de S.Paulo: a interminável Linha 4

Reproduzo artigo de Antonio Martins, publicado no sítio Outras Palavras:

Os jornais de São Paulo deram grande destaque, no início da semana, a uma boa iniciativa da Companhia do Metrô: a reforma de trens em uso há trinta anos. As primeiras unidades reformadas entram em operação esta semana. Custam entre 30% e 40% a menos. Evitam que se produza um descarte monstruoso.

Já que se tocou no assunto, valeria a pena investigar as razões que mantêm virtualmente paralisada uma obra essencial para o transporte público metropolitano: a expansão da Linha 4, que deveria interligar todas as demais. Inauguradas há quase um ano, as duas únicas estações em funcionamento operam, até hoje, em caráter precário: apenas das 9h às 15h, de segunda à sexta.

Prometidas para 2010, as estações de interligação de Pinheiros, Butantã e Luz estão vagamente prometidas para “meados de 2011″ — e não se sabe em que regime. Embora semiprontas, outras estações (Vila Sônia, Morumbi, Fradique Coutinho, Oscar Freire e Mackenzie) deverão ser abertas apenas em 2014.

A Linha 4 tem uma característica especial: não é operada pela Companhia do Metrô, mas por um consórcio privado — o CCR, constituído pelas empreiteiras Andrade Gutierrez, Camargo Correa e Serveng. As críticas feitas ao modelo concessão parecem ter sido certeiras: as empresas operadoras priorizam seus lucros, não o serviço público. O governo de São Paulo acomodou-se ou tornou-se cúmplice: não exerce seu poder de exigir, da concessionária, atendimento à população.

Mas a mídia também “esqueceu” seu papel. Uma excelente pauta, trabalhosa mas muito promissora, é investigar a fundo as razões do atraso. Exige examinar os contratos entre a concessionária e o Estado. Apurar por que não se cumprem os prazos — ou de que forma eles podem estar sendo alterados, para favorecer a concessionária. Expor os prejuízos diários à população.

Embora não seja o mais importante, há também sinais de corrupção envolvendo negócios do governo do Estado. A fabricante de trens Alston foi condenada na França, país-sede, por praticar irregularidades em São Paulo — outro assunto convenientemente engavetado pelos jornalões.

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