Na próxima quarta-feira, 6 de março, milhares de
trabalhadores de vários cantos do país ocuparão Brasília. A manifestação
unitária é organizada pelas seis centrais sindicais reconhecidas legalmente – Central
Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical (FS), Central dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil (CTB), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Nova
Central Sindical dos Trabalhadores (NCST) e Central Geral dos Trabalhadores do
Brasil (CGTB). Ela conta ainda com o apoio de diversas entidades populares,
como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST).
Na sexta-feira passada, o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatísticas (IBGE) divulgou os dados oficiais sobre o Produto Interno Bruto
(PIB), que representa a soma de todas as riquezas e serviços produzidos no
país, em 2012. Ele cresceu apenas 0,9%, totalizando R$ 4,4 trilhões. É o menor
crescimento dos últimos anos. Para as centrais sindicais, este “pibinho”
confirma que as recentes medidas adotadas pelo governo não foram suficientes
para estancar os efeitos da crise mundial. Daí a exigência de maior ousadia da
presidenta Dilma!
Para Wagner Gomes, presidente da CTB, o Brasil precisa se
livrar urgentemente do que ele chama de “tripé nocivo” – juros elevados,
superávit primário e câmbio flutuante. As políticas monetária, fiscal e cambial
seriam o principal entrave para o crescimento do país. “A CTB entende que uma
das questões que precisa ser revista é a questão do superávit primário. Este é
o ralo principal por onde escoa o dinheiro que poderia ser investido em
infraestrutura e tecnologia, gerando emprego e desenvolvimento”, afirmou ao
portal Vermelho.
No mesmo rumo, Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT, afirma
que os cutistas “vão cobrir Brasília de vermelho nesta quarta-feira. A marcha
envolve em sua pauta reivindicações que são do conjunto da sociedade
brasileira, contribuições para que o Brasil continue avançando. A nossa
experiência recente demonstra que o caminho do desenvolvimento passa por mais
investimentos públicos, pela inclusão social, por empregos de qualidade e a
ampliação da renda. Assim se consome mais, temos mais produção e mais empregos”.
A “marcha da classe trabalhadora” ocorre no momento certo e
tem grande importância para definição dos rumos do país. Diante da retração do
PIB, setores empresariais voltam à carga para exigir a retirada de direitos dos
trabalhadores e cortes nos gastos públicos. No final do ano passado, a
Confederação Nacional das Indústrias (CNI) propôs, em documento oficial, o fim
dos direitos trabalhistas previstos na CLT. A desoneração da folha de
pagamento, patrocinada pelo governo, não conteve a gula do capital! Ele quer
mais!
Além disso, no interior do Palácio do Planalto, ressurgem as
vozes ortodoxas que pregam a retomada da alta dos juros e das medidas de
austeridade fiscal. Segundo Sérgio Nobre, “essa receita equivocada,
que surge dentro do próprio governo, joga o país na crise, na recessão.
Este não é o caminho do desenvolvimento”. Neste pesado conflito de interesses,
que comprova mais uma vez que a luta de classes não acabou, a marcha a Brasília
serve para impulsionar a pauta dos trabalhadores e da sociedade brasileira.
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