Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:
São todos muito espertos, muito astutos, muito inteligentes. Os donos do dinheiro sabem escolher a dedo aqueles que merecem espaços em seus jornais.
Alguns são tão espertos que é possível ler seus textos de duas maneiras. Aqueles que são contra a ditadura, lêem-nos como uma crítica a ditadura. Os que são a favor da ditadura, lêem como um elogio à mesma.
É preciso tirar o chapéu. Eles merecem os altos salários que ganham!
Todos eles tomam extremo cuidado, naturalmente, quando falam do golpe. Ninguém quer se contra a democracia. Não queriam nem em 1964, tanto é que deram o golpe em nome da “democracia”.
Mas a sensação que eu tenho é de que se deflagrou uma verdadeira “operação ditabranda”, na qual os escribas da mídia fazem um joguinho sujo: tentam relativizar a ditadura.
Primeiro foi o Jabor, dizendo que o golpe de 64 foi uma “porrada necessária”. Depois veio Elio Gaspari, com um discurso um pouco mais disfarçado, porém conseguindo, com incrível eficácia, enfiar uma associação de Dilma com a ditadura.
Gaspari é mestre na técnica de dar um significado duplo ao texto: pode-se ler o texto da esquerda para a direita, ou da direita para a esquerda.
Por exemplo, ele escreve que “hoje as duas visões sobrevivem e no ano passado a doutora Dilma flertou com uma Constituinte exclusiva com adereços plebiscitários”.
Adereços plebiscitários? O dispositivo do plebiscito está na Constituição e deveria ser mais usado. É a voz do povo. Volto a tirar o chapéu para Gaspari: a expressão “adereço plebiscitário” usa, de forma brilhante, a técnica de transformar democracia em golpe e golpe em democracia.
Nesta sexta-feira, a Folha publica um artigo de Carlos Chagas (que é pai da Helena Chagas, ex-Secom, mas prefiro acreditar que isso não quer dizer nada) que me pareceu um exemplo magnífico de astúcia. É um artigo tão inteligente!
O título é tipicamente “ditabranda”: Não foi bem assim como dizem hoje. Mas até aí tudo bem. Nada é bem assim como dizem hoje. É um raciocínio coringa, que pode ter qualquer sentido.
Chagas vai criticando a ditadura, elogiando a democracia, até que encerra com uma pirueta bizarra, fazendo um elogio babão e “patriótico” ao golpe: O mundo não está dividido entre mocinhos e bandidos?
Ah, o Homer Simpson vai adorar ler isso! Os militares “contribuíram para esse verdadeiro milagre que é a preservação da unidade nacional”.
Permitam-me uma manifestação bem vulgar: ?????????????????
O que isso quer dizer? Isso me lembra muito um rapaz bobinho que eu conheci uma vez, que veio com o papo de que “Hitler” construiu muitos trens. Ele não era exatamente um rapaz de “direita”. Não tinha ideologia nenhuma. Era um programador que tinha lido “Minha Luta”, do Hitler, e achado “legal”. Depois procurou alguns textos elogiosos ao ditador alemão e engoliu.
Ainda na sexta-feira, outro colunista da Folha, Reinaldo Azevedo, completa o show. Azevedo tem seu estilo próprio, de macaco numa loja de cristais. Não tem sutileza nenhuma. Mas dá conta do recado. Ele encerra o texto chamando Goulart de “golpista incompetente”.
Ora, se Goulart era “golpista”, então os que o derrubaram eram “democratas”.
Pelo jeito, teremos que esperar mais cinquenta anos para que a ditadura não seja relativizada.
São todos muito espertos, muito astutos, muito inteligentes. Os donos do dinheiro sabem escolher a dedo aqueles que merecem espaços em seus jornais.
Alguns são tão espertos que é possível ler seus textos de duas maneiras. Aqueles que são contra a ditadura, lêem-nos como uma crítica a ditadura. Os que são a favor da ditadura, lêem como um elogio à mesma.
É preciso tirar o chapéu. Eles merecem os altos salários que ganham!
Todos eles tomam extremo cuidado, naturalmente, quando falam do golpe. Ninguém quer se contra a democracia. Não queriam nem em 1964, tanto é que deram o golpe em nome da “democracia”.
Mas a sensação que eu tenho é de que se deflagrou uma verdadeira “operação ditabranda”, na qual os escribas da mídia fazem um joguinho sujo: tentam relativizar a ditadura.
Primeiro foi o Jabor, dizendo que o golpe de 64 foi uma “porrada necessária”. Depois veio Elio Gaspari, com um discurso um pouco mais disfarçado, porém conseguindo, com incrível eficácia, enfiar uma associação de Dilma com a ditadura.
Gaspari é mestre na técnica de dar um significado duplo ao texto: pode-se ler o texto da esquerda para a direita, ou da direita para a esquerda.
Por exemplo, ele escreve que “hoje as duas visões sobrevivem e no ano passado a doutora Dilma flertou com uma Constituinte exclusiva com adereços plebiscitários”.
Adereços plebiscitários? O dispositivo do plebiscito está na Constituição e deveria ser mais usado. É a voz do povo. Volto a tirar o chapéu para Gaspari: a expressão “adereço plebiscitário” usa, de forma brilhante, a técnica de transformar democracia em golpe e golpe em democracia.
Nesta sexta-feira, a Folha publica um artigo de Carlos Chagas (que é pai da Helena Chagas, ex-Secom, mas prefiro acreditar que isso não quer dizer nada) que me pareceu um exemplo magnífico de astúcia. É um artigo tão inteligente!
O título é tipicamente “ditabranda”: Não foi bem assim como dizem hoje. Mas até aí tudo bem. Nada é bem assim como dizem hoje. É um raciocínio coringa, que pode ter qualquer sentido.
Chagas vai criticando a ditadura, elogiando a democracia, até que encerra com uma pirueta bizarra, fazendo um elogio babão e “patriótico” ao golpe: O mundo não está dividido entre mocinhos e bandidos?
Ah, o Homer Simpson vai adorar ler isso! Os militares “contribuíram para esse verdadeiro milagre que é a preservação da unidade nacional”.
Permitam-me uma manifestação bem vulgar: ?????????????????
O que isso quer dizer? Isso me lembra muito um rapaz bobinho que eu conheci uma vez, que veio com o papo de que “Hitler” construiu muitos trens. Ele não era exatamente um rapaz de “direita”. Não tinha ideologia nenhuma. Era um programador que tinha lido “Minha Luta”, do Hitler, e achado “legal”. Depois procurou alguns textos elogiosos ao ditador alemão e engoliu.
Ainda na sexta-feira, outro colunista da Folha, Reinaldo Azevedo, completa o show. Azevedo tem seu estilo próprio, de macaco numa loja de cristais. Não tem sutileza nenhuma. Mas dá conta do recado. Ele encerra o texto chamando Goulart de “golpista incompetente”.
Ora, se Goulart era “golpista”, então os que o derrubaram eram “democratas”.
Pelo jeito, teremos que esperar mais cinquenta anos para que a ditadura não seja relativizada.
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