sábado, 29 de março de 2014

A CPI e o contra-ataque do governo

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Já se delineou no Senado e começa a ser montado na Câmara o contra-ataque do governo à CPI da Petrobras.

Partem-se de dois pontos iniciais.

O primeiro, o que o Planalto entende como articulação mídia-oposição em torno da CPI. Ficou claro ontem – segundo fonte do Palácio – com o Jornal Nacional preparando o terreno para o pronunciamento, em horário eleitoral, de Eduardo Campos e Marina Silva.

O JN enfatizou a perda de valor de mercado da Petrobras, abrindo espaço para o discurso da dupla.

No Planalto, foi visto como irresponsabilidade, desconsiderando contribuições da Petrobras ao país, em seus 60 anos de existência, o fato de ter desenvolvido o setor petroquímico, a produção interna de combustíveis, a prospecção petrolífera, as riquezas do pré-Sal – que, só no campo de Libra, gerou US$ 15 bilhões para o país.

O segundo ponto – segundo o Planalto - seria a intenção de, mais uma vez, enfraquecer a Petrobras com vistas a uma futura privatização.

Por que não o foco na Alstom e Siemens, em um escândalo de corrupção que já envolveu trinta altos funcionários do governo de São Paulo, que contou com a complacência do próprio Tribunal de Contas do Estado?, indaga-se por lá.

Em 2009 o governo encarou uma CPI às vésperas das eleições. Agora, outra. Só que desta vez haverá o contra-ataque, que consistirá nos seguintes passos:

1. A CPI terá 20 parlamentares da base e 6 da oposição. Segundo a fonte, serão escalados quadros qualificados para aprofundar nos temas.

2. Segundo a fonte, já há jurisprudência permitindo o aditamento de CPIs, visando incluir outros temas.

3. Os temas que se pretende agregar são o Metrô de São Paulo (que tem recursos do BNDES e do Banco Mundial); o porto de Suape, em Pernambuco; a Comgás de Pernambuco, que faz uma ponte estreita entre o porto e a Refinaria Abreu Lima.

A ideia será começar pelo Metrô de São Paulo, por ser o episódio mais antigo. E convocar, de cara, o ex-governador José Serra, o atual governador Geraldo Alckmin e políticos paulistas, como Aloizio Nunes e José Aníbal.

Segundo a fonte, essa estratégia foi acatada de forma majoritária pela bancada.


O fator Eduardo Cunha
Considera-se, no Planalto, que os últimos episódios isolaram o líder do PMDB na Câmara Eduardo Cunha. Outros partidos negociaram com o governo, assim como a bancada do PMDB no Senado. Os seguidores de Cunha acabaram ao relento e ele começa a ficar gradativamente isolado.

4 comentários:

Attila Louzada disse...

O PT tem sido lento nas reações, além de passivo diante decretos que já deveriam ter gerado movimentação da bancada.

Attila Louzada disse...

O PT tem sido lento nas reações e pouco privativos, dando margem a que o governo fique muito na defensiva.

almorim disse...

Até que enfim o Governo resolveu enfrentar com destemor as forças conservadoras,tentadoras a um golpe de direita. Um Governo respaldado pelo Povo. Com apoio popular.

Anônimo disse...

Será que esta maioria do governo na CPI vai funcionar com lealdade ao governo e ter peito de pautar assuntos pendentes da oposição? Tenho minhas duvidas pois não vejo petista nenhum no congresso defender o governo.