Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Um dos principais colunistas da Folha, Fernando Rodrigues, escreveu uma coluna extraordinariamente reveladora.
Segundo ele, o PT vai recorrer ao plenário do STF em favor dos “mensaleiros”. Está no título.
É o tal caso: parem as máquinas.
“Mensaleiros” é uma palavra ofensiva. Está quase na categoria de “petralhas”, “quadrilheiros” ou outras do gênero.
Como no pôquer índio, em que você joga com uma carta na testa sob a vista de todos, é como se Fernando Rodrigues colocasse na sua coluna um cartaz que dissesse: “Amigas e amigos, sou antipetista. Esqueçam essa conversa mole de apartidarismo.”
Os leitores evidentemente respondem aos estímulos. Disse um deles na seção de comentários de Rodrigues: “Minhas passagens estão compradas para ir embora deste país corrupto e ridículo. (…) Que vergonha ter nascido aqui.”
É uma coluna que conta muito sobre Rodrigues e sobre a Folha também. A Folha se coloca como apartidária, e tentar provar isso com seu “saco de gatos” – colunistas de diversas tendências, alegadamente.
Agora, faça as contas: quantos desses colunistas são de direita e quantos de esquerda? Meu chute: de cada dez, oito ou nove são conservadores. Alguns são mais que isso. São ultraconservadores, como Reinaldo de Azevedo, discípulo de Olavo de Carvalho.
Não é fácil para a Folha admitir que é “conservadora”. Todo o seu marketing foi feito em cima de uma suposta iconoclastia e jovialidade de espírito, coisas que não se coadunam com o conservadorismo.
Também não deve ser fácil para os jornalistas da Folha aceitarem que trabalham para um jornal que batalha pelo 1%. É mais chique a imagem do jornalista que quer melhorar o mundo lutando contra a desigualdade etc, etc.
Para os jornalistas da Folha, havia glamour, anos atrás, em contrapor seu jornal ao conservadorismo petrificado do Estadão. Hoje parecem dois mausoléus idênticos.
Rodrigues, para mim, cometeu um ato falho. Ao fazer o título da coluna, não se deu conta de quanto ele mostrava de suas preferências políticas. O episódio não vai mudar em nada a essência da Folha, naturalmente. Mas talvez possa provocar um debate útil em torno do famoso manual do jornal.
Como o jornal deve chamar os acusados do Mensalão? Mensaleiros é como a Veja e o Globo chamam. É isso mesmo?
Nem que seja apenas para proteger a reputação, a Folha deveria estabelecer uma regra sobre este assunto para seu manual.
Nestes dias, no capítulo da proteção à reputação, a Folha tirou a jornalista Vera Magalhães da coluna Painel depois que a blogosfera achou esquisito ela cuidar da principal seção de política do jornal sendo casada com um assessor de Aécio.
Atribuíram ao casamento um furo derradeiro — a tentativa de Aécio de convencer Henrique Meirelles a ser seu vice. Mas depois o jornal parece ter se dado de que sua imagem de apartidarismo seria afrontada pelo casal, a despeito de eventuais furos.
O uso da palavra “mensaleiros”, como o casamento da editora do Painel, não faz bem à imagem da Folha. Conta muito mais sobre a alma do jornal do que seus donos gostariam que contasse.
Um dos principais colunistas da Folha, Fernando Rodrigues, escreveu uma coluna extraordinariamente reveladora.
Segundo ele, o PT vai recorrer ao plenário do STF em favor dos “mensaleiros”. Está no título.
É o tal caso: parem as máquinas.
“Mensaleiros” é uma palavra ofensiva. Está quase na categoria de “petralhas”, “quadrilheiros” ou outras do gênero.
Como no pôquer índio, em que você joga com uma carta na testa sob a vista de todos, é como se Fernando Rodrigues colocasse na sua coluna um cartaz que dissesse: “Amigas e amigos, sou antipetista. Esqueçam essa conversa mole de apartidarismo.”
Os leitores evidentemente respondem aos estímulos. Disse um deles na seção de comentários de Rodrigues: “Minhas passagens estão compradas para ir embora deste país corrupto e ridículo. (…) Que vergonha ter nascido aqui.”
É uma coluna que conta muito sobre Rodrigues e sobre a Folha também. A Folha se coloca como apartidária, e tentar provar isso com seu “saco de gatos” – colunistas de diversas tendências, alegadamente.
Agora, faça as contas: quantos desses colunistas são de direita e quantos de esquerda? Meu chute: de cada dez, oito ou nove são conservadores. Alguns são mais que isso. São ultraconservadores, como Reinaldo de Azevedo, discípulo de Olavo de Carvalho.
Não é fácil para a Folha admitir que é “conservadora”. Todo o seu marketing foi feito em cima de uma suposta iconoclastia e jovialidade de espírito, coisas que não se coadunam com o conservadorismo.
Também não deve ser fácil para os jornalistas da Folha aceitarem que trabalham para um jornal que batalha pelo 1%. É mais chique a imagem do jornalista que quer melhorar o mundo lutando contra a desigualdade etc, etc.
Para os jornalistas da Folha, havia glamour, anos atrás, em contrapor seu jornal ao conservadorismo petrificado do Estadão. Hoje parecem dois mausoléus idênticos.
Rodrigues, para mim, cometeu um ato falho. Ao fazer o título da coluna, não se deu conta de quanto ele mostrava de suas preferências políticas. O episódio não vai mudar em nada a essência da Folha, naturalmente. Mas talvez possa provocar um debate útil em torno do famoso manual do jornal.
Como o jornal deve chamar os acusados do Mensalão? Mensaleiros é como a Veja e o Globo chamam. É isso mesmo?
Nem que seja apenas para proteger a reputação, a Folha deveria estabelecer uma regra sobre este assunto para seu manual.
Nestes dias, no capítulo da proteção à reputação, a Folha tirou a jornalista Vera Magalhães da coluna Painel depois que a blogosfera achou esquisito ela cuidar da principal seção de política do jornal sendo casada com um assessor de Aécio.
Atribuíram ao casamento um furo derradeiro — a tentativa de Aécio de convencer Henrique Meirelles a ser seu vice. Mas depois o jornal parece ter se dado de que sua imagem de apartidarismo seria afrontada pelo casal, a despeito de eventuais furos.
O uso da palavra “mensaleiros”, como o casamento da editora do Painel, não faz bem à imagem da Folha. Conta muito mais sobre a alma do jornal do que seus donos gostariam que contasse.
1 comentários:
É moleza, não. Para o EMPREGADO DE SALÁRIO MÍNIMO conseguir juntar o equivalente a apenas UM MÊS do mirrado salário do GALVÃO (r$ 5.000.000,00), sem gastar e sem descontar o INSS, TERIA QUE VIVER o equivalente a quase 576 ANOS. Ou seja, nunca nunca nunca. É mole?!
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