Por Claudia Rocha, do Barão de Itararé, no blog Conta da Água:
A produção de 415 mil barris por dia processados na REPLAN, refinaria localizada em Paulínia, no interior de São Paulo, pode estar ameaçada graças à crise de abastecimento de água. A unidade é a maior em capacidade de processamento da Petrobras, refinando 20% de todo o petróleo nacional com fornecimento para nove estados nas regiões sudeste, centro-oeste e norte.
Com outorga para captar água diretamente do rio Jaguari, a refinaria possui uma ETA, Estação de Tratamento de Água, que é responsável pela transformação da água necessária para usos diversos: desde os mais simples, como é o resfriamento do maquinário, até os mais complexos, como no caso da produção de água de caldeira, que passa por um robusto conjunto de etapas até ser desmineralizada para fornecer energia a vapor utilizada na refinaria. Além disso, há também o tratamento para consumo humano, já que, por lá circulam cerca de 3 mil trabalhadores.
Água suja, trabalho dobrado
Segundo informação de funcionários que preferem não ter a identidade revelada para evitar represálias, a água captada do rio está com mais poluentes, por ser cota do volume morto. Dessa forma, a quantidade gasta com produtos químicos utilizados no tratamento da água (soda cáustica, cloro e ácido sulfúrico) aumenta a cada dia, explicam os operadores.
De acordo com técnicos do setor, no caso de uma refinaria, o tratamento da água é assunto pra lá de sério, pois qualquer sinal de processamento mal feito pode significar corrosão dos equipamentos ou então causar uma explosão, já que a água entra em contato com líquidos inflamáveis nas tubulações.
Ocupando uma área de 9 km² na região conhecida como um dos maiores polos petroquímicos da América Latina, a preocupação com risco de incêndios é constante. “O maior medo de faltar água na refinaria é no caso de termos que reduzir o estoque de água do reservatório de combate a incêndio, aí sim, é perigo na certa”, comenta um funcionário que está na Petrobras há quase duas décadas e já vivenciou vários acidentes.
De última hora, foi instalado um grupo de trabalho para tratar especialmente dos efeitos da crise hídrica. Uma das medidas traçadas por este comitê foi um teste que desligou os ventiladores da torre de resfriamento a fim de tentar perder menos água na evaporação. A tentativa não foi bem sucedida porque, nas últimas semanas, houve uma forte onda de calor (com máximas de até 36 °C) e há uma temperatura limite para que não haja danos, portanto os ventiladores foram ligados novamente.
No fim de novembro, foi firmado um contrato de parceria de trabalho entre a REPLAN e a empresa GE para a instalação de uma planta de osmose reversa móvel, que é um equipamento de limpeza e desmineralização da água. Até agora, ainda não está em funcionamento e já foi registrado um acidente com vazamento de ácido sulfúrico, que ainda está sendo investigado.
“Não houve nenhum diálogo da empresa com a gente. Estamos preocupados com a situação da Estação de Tratamento em meio a essa crise. No caso da instalação da unidade de osmose reversa, avaliamos que é mais uma possível maneira de terceirização e que, também, não resolve de uma forma estrutural o problema de abastecimento de água”, afirma Gustavo Marsaioli, coordenador do Sindipetro Campinas. O sindicato dos petroleiros solicitou, mas não teve acesso ao contrato do projeto e poucas informações técnicas foram passadas.
A produção de 415 mil barris por dia processados na REPLAN, refinaria localizada em Paulínia, no interior de São Paulo, pode estar ameaçada graças à crise de abastecimento de água. A unidade é a maior em capacidade de processamento da Petrobras, refinando 20% de todo o petróleo nacional com fornecimento para nove estados nas regiões sudeste, centro-oeste e norte.
Com outorga para captar água diretamente do rio Jaguari, a refinaria possui uma ETA, Estação de Tratamento de Água, que é responsável pela transformação da água necessária para usos diversos: desde os mais simples, como é o resfriamento do maquinário, até os mais complexos, como no caso da produção de água de caldeira, que passa por um robusto conjunto de etapas até ser desmineralizada para fornecer energia a vapor utilizada na refinaria. Além disso, há também o tratamento para consumo humano, já que, por lá circulam cerca de 3 mil trabalhadores.
Água suja, trabalho dobrado
Segundo informação de funcionários que preferem não ter a identidade revelada para evitar represálias, a água captada do rio está com mais poluentes, por ser cota do volume morto. Dessa forma, a quantidade gasta com produtos químicos utilizados no tratamento da água (soda cáustica, cloro e ácido sulfúrico) aumenta a cada dia, explicam os operadores.
De acordo com técnicos do setor, no caso de uma refinaria, o tratamento da água é assunto pra lá de sério, pois qualquer sinal de processamento mal feito pode significar corrosão dos equipamentos ou então causar uma explosão, já que a água entra em contato com líquidos inflamáveis nas tubulações.
Ocupando uma área de 9 km² na região conhecida como um dos maiores polos petroquímicos da América Latina, a preocupação com risco de incêndios é constante. “O maior medo de faltar água na refinaria é no caso de termos que reduzir o estoque de água do reservatório de combate a incêndio, aí sim, é perigo na certa”, comenta um funcionário que está na Petrobras há quase duas décadas e já vivenciou vários acidentes.
De última hora, foi instalado um grupo de trabalho para tratar especialmente dos efeitos da crise hídrica. Uma das medidas traçadas por este comitê foi um teste que desligou os ventiladores da torre de resfriamento a fim de tentar perder menos água na evaporação. A tentativa não foi bem sucedida porque, nas últimas semanas, houve uma forte onda de calor (com máximas de até 36 °C) e há uma temperatura limite para que não haja danos, portanto os ventiladores foram ligados novamente.
No fim de novembro, foi firmado um contrato de parceria de trabalho entre a REPLAN e a empresa GE para a instalação de uma planta de osmose reversa móvel, que é um equipamento de limpeza e desmineralização da água. Até agora, ainda não está em funcionamento e já foi registrado um acidente com vazamento de ácido sulfúrico, que ainda está sendo investigado.
“Não houve nenhum diálogo da empresa com a gente. Estamos preocupados com a situação da Estação de Tratamento em meio a essa crise. No caso da instalação da unidade de osmose reversa, avaliamos que é mais uma possível maneira de terceirização e que, também, não resolve de uma forma estrutural o problema de abastecimento de água”, afirma Gustavo Marsaioli, coordenador do Sindipetro Campinas. O sindicato dos petroleiros solicitou, mas não teve acesso ao contrato do projeto e poucas informações técnicas foram passadas.
Mudanças da crise
Desde julho do ano passado, as indústrias não podem planejar ampliação de retiradas ou investimentos em unidades que utilizam água porque as outorgas para novas captações em todos os rios das Bacias PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí) foram suspensas. A represa do rio Jaguari integra a bacia do rio Piracicaba e é uma das seis que fazem parte do conjunto do Sistema Cantareira, que abastece a região metropolitana de São Paulo e está em sinal de alerta.
Regras estabelecidas pela ANA (Agência Nacional de Águas) e DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica) regulamentam a economia de água que indústrias devem fazer perante a crise. De acordo com as novas regras, desde o começo deste ano, as empresas devem restringir a captação em 30% quando o volume dos reservatórios estiver em níveis muito preocupantes.
No caso do rio Jaguari, o alerta acontece quando o manancial registrar vazões acima de 2m³/s e abaixo de 5m³/s. Assim, a REPLAN que tem uma outorga de 2.400m³/h passa a poder captar apenas 1680m³/h. “Estamos preocupados com o funcionamento, acho que essa redução de água vai alterar a produção ou então a empresa vai ter que dar outro jeito”, diz um operador da Estação de Tratamento.
Desde julho do ano passado, as indústrias não podem planejar ampliação de retiradas ou investimentos em unidades que utilizam água porque as outorgas para novas captações em todos os rios das Bacias PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí) foram suspensas. A represa do rio Jaguari integra a bacia do rio Piracicaba e é uma das seis que fazem parte do conjunto do Sistema Cantareira, que abastece a região metropolitana de São Paulo e está em sinal de alerta.
Regras estabelecidas pela ANA (Agência Nacional de Águas) e DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica) regulamentam a economia de água que indústrias devem fazer perante a crise. De acordo com as novas regras, desde o começo deste ano, as empresas devem restringir a captação em 30% quando o volume dos reservatórios estiver em níveis muito preocupantes.
No caso do rio Jaguari, o alerta acontece quando o manancial registrar vazões acima de 2m³/s e abaixo de 5m³/s. Assim, a REPLAN que tem uma outorga de 2.400m³/h passa a poder captar apenas 1680m³/h. “Estamos preocupados com o funcionamento, acho que essa redução de água vai alterar a produção ou então a empresa vai ter que dar outro jeito”, diz um operador da Estação de Tratamento.
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