Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
As águas de março fechando o verão já estão quase indo embora e as torneiras de São Paulo continuam com a corda no pescoço. Final de março foi o prazo dado pelo governador Geraldo Alckmin para implantar o rodízio que prevê quatro dias sem água por dois com no abastecimento da Sabesp na região metropolitana, e agora ninguém mais fala no assunto.
De repente, como que por encanto, o escândalo da falta d água na maior cidade do país foi desaparecendo do noticiário, substituído por planos, projetos, obras de emergência e providências variadas adotadas pelo governo estadual, como se os reservatórios estivessem cheios e o problema definitivamente resolvido. Enquanto isso, continuamos tomando água do volume morto do Sistema Cantareira, cujo nível permanece estacionado em torno de 11%, mesmo após as últimas chuvas.
A maior obra implantada por Alckmin neste período foi um tal de "comitê de gestão de crise", que passou a pautar a imprensa amiga e sumir com as questões incômodas para o eterno governador paulista, que esta semana se deu ao desfrute de comentar um possível impeachment da presidente Dilma Rousseff. E o dele? Por acaso não é crime de responsabilidade deixar a população da maior cidade do país ameaçada de ficar sem água por falta de planejamento e investimentos na área de abastecimento comandada pela Sabesp?
"Alckmin planeja parceria privada para reduzir desperdício de água", dá em manchete de página a Folha desta sexta-feira, em mais uma reportagem sobre as maravilhosas ideias lançadas pelo governador, depois que não tinha mais jeito de esconder a gravidade do problema. A cada dia, o governo solta mais um factoide do "comitê de gestão de crise" para o deleite de quem gosta de ser enganado.
Nem se pode mais falar em racionamento, rodízio e nas dezenas de bairros onde falta água desde outubro do ano passado. Agora, tudo é só "crise hídrica", como se este fosse apenas um acidente de percurso do destino provocado pela má vontade de São Pedro.
Só no dia 13 de fevereiro, já com todos os bairros da capital paulista sofrendo as consequências da redução de pressão de água, o governador Alckmin saiu dos seus confortos para promover a primeira reunião do "Comitê da Crise Hídrica" com prefeitos e entidades civis das cidades atingidas, um ano depois que os reservatórios começaram a esvaziar.
Na vida real, fora dos gabinetes que abrigam as infindáveis reuniões para discutir medidas de prevenção de incêndio numa casa que está pegando fogo, os paulistanos que moram em regiões mais altas e distantes dos reservatórios já convivem com o drama das torneiras secas faz muito tempo.
E vamos que vamos.
As águas de março fechando o verão já estão quase indo embora e as torneiras de São Paulo continuam com a corda no pescoço. Final de março foi o prazo dado pelo governador Geraldo Alckmin para implantar o rodízio que prevê quatro dias sem água por dois com no abastecimento da Sabesp na região metropolitana, e agora ninguém mais fala no assunto.
De repente, como que por encanto, o escândalo da falta d água na maior cidade do país foi desaparecendo do noticiário, substituído por planos, projetos, obras de emergência e providências variadas adotadas pelo governo estadual, como se os reservatórios estivessem cheios e o problema definitivamente resolvido. Enquanto isso, continuamos tomando água do volume morto do Sistema Cantareira, cujo nível permanece estacionado em torno de 11%, mesmo após as últimas chuvas.
A maior obra implantada por Alckmin neste período foi um tal de "comitê de gestão de crise", que passou a pautar a imprensa amiga e sumir com as questões incômodas para o eterno governador paulista, que esta semana se deu ao desfrute de comentar um possível impeachment da presidente Dilma Rousseff. E o dele? Por acaso não é crime de responsabilidade deixar a população da maior cidade do país ameaçada de ficar sem água por falta de planejamento e investimentos na área de abastecimento comandada pela Sabesp?
"Alckmin planeja parceria privada para reduzir desperdício de água", dá em manchete de página a Folha desta sexta-feira, em mais uma reportagem sobre as maravilhosas ideias lançadas pelo governador, depois que não tinha mais jeito de esconder a gravidade do problema. A cada dia, o governo solta mais um factoide do "comitê de gestão de crise" para o deleite de quem gosta de ser enganado.
Nem se pode mais falar em racionamento, rodízio e nas dezenas de bairros onde falta água desde outubro do ano passado. Agora, tudo é só "crise hídrica", como se este fosse apenas um acidente de percurso do destino provocado pela má vontade de São Pedro.
Só no dia 13 de fevereiro, já com todos os bairros da capital paulista sofrendo as consequências da redução de pressão de água, o governador Alckmin saiu dos seus confortos para promover a primeira reunião do "Comitê da Crise Hídrica" com prefeitos e entidades civis das cidades atingidas, um ano depois que os reservatórios começaram a esvaziar.
Na vida real, fora dos gabinetes que abrigam as infindáveis reuniões para discutir medidas de prevenção de incêndio numa casa que está pegando fogo, os paulistanos que moram em regiões mais altas e distantes dos reservatórios já convivem com o drama das torneiras secas faz muito tempo.
E vamos que vamos.
2 comentários:
Na recente campanha à governador, o candidato do PT, já esqueci o nome, foi extremamente cordato com Geraldo Alckmin, a ponto de raramente mencionar a "crise hídrica", já bastante evidente então. Preferiu o candidato de João Santana, o infalível marqueteiro, apresentar-se como "prepositivo", como se Alckmin e Skaf não tivessem também um amontoado de propostas a apresentar. Tivesse batido duro no tema da falta de água e o resultado talvez fosse outro. Faltou - como sempre - coragem ao PT.
Miro, veja isso:
"Somos proprietários de todos os reservatórios dos nossos sistemas de produção de água, exceto os das
Represas de Guarapiranga e Billings, e alguns dos reservatórios do Sistema Alto Tietê, que são de
propriedade de empresas controladas pelo Estado
de São Paulo. Atualmente não pagamos quaisquer taxas no
que diz respeito ao uso desses reservatórios. Em dezembro de 2001, firmamos um acordo com o Estado
através do qual o Estado, entre outras coisas, concordou em transferir os reservatórios restantes do
sistema
Alto Tietê para nós. Aceitamos, em caráter temporário, os reservatórios do Sistema Alto Tietê como parte do
pagamento até que o Estado transfira os direitos de propriedade relativos aos reservatórios para nós. Não
podemos garantir se e quando essa
transferência será efetivada, tendo em vista que o Ministério Público
Estadual de São Paulo ajuizou uma ação civil pública alegando que a transferência dos reservatórios do
Sistema Alto Tietê para nós seria ilegal".
Sabesp - Demonstrações Financeiras Padrão Internacional 2013 - página 46
aqui: http://www.sabesp.com.br/Sabesp/filesmng.nsf/1614B37B89CCCBC983257CD0007D7535/$File/20F_port.pdf
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