Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Tanta discussão em torno do flop monumental de Babilônia quando a explicação cabe numa palavra: internet.
Tevê é uma mídia em extinção na Era Digital, e não há nada que se possa fazer quanto a isso.
Até a internet, as mídias que surgiam acabavam se acomodando com as demais. Um caso clássico é o rádio, que sobreviveu com o advento da tevê.
Mas a internet mudou a história. No jargão dos negócios, ela é disruptiva. Isso quer dizer o seguinte: ela vai matando todas as demais mídias.
A caminho acelerado para o cemitério estão jornais e revistas. Num ritmo um pouco mais lento, mas firme e seguro, vai a tevê.
As pessoas deixaram de ler jornais e revistas de papel. Tente encontrar uma pessoa com a Folha ou a Veja num restaurante, à espera de alguém, uma cena antes tão comum.
Ou, como Roberto Civita amava, vá num domingo de sol ao Pinheiros e tente ver a quantidade copiosa de Vejas à beira das piscinas que faziam parte da paisagem nos anos 1980 e em boa parte da década seguinte.
Nada.
Em seu lugar, para quem quer ler, tablets e celulares.
O mesmo quadro vale para tevê. Mesmo a tevê paga é doente terminal quando se sabe que, como a Netflix, outras produtoras de conteúdo premium vão buscar os internautas.
É o caso da ESPN. Por que o apaixonado por esporte continuará a pagar 400 reais por uma assinatura de tevê paga se vai poder, por dez vezes menos, ter a programação da ESPN em suas mãos?
Tudo isso para dizer o seguinte. Ainda que Babilônia fosse uma obra prima, ela enfrentaria Ibopes humilhantes, porque o público consome cada vez menos novela, na mesma medida em que a internet avança.
Isso vale para outros tipos de programas de televisão.
Já escrevi algumas vezes. Mesmo que Ali Kamel fosse um gênio, ele seria incapaz de deter a corrosão brutal da audiência do Jornal Nacional.
Pegue o público do JN quando Kamel começou e compare com o de hoje. Se quiser se divertir, faça o mesmo com Bonner.
Em circunstâncias normais, eles já teriam sido demitidos há um bom tempo. Foram poupados porque, acertamente, a Globo sabe que o problema do Ibope vai muito além deles.
Eles só perderão o emprego quando as receitas da Globo não permitirem mais o luxo de pagar altos salários.
Isso vai ocorrer em algum futuro difícil de precisar. No universo das revistas, já é uma realidade. A Abril vem demitindo jornalistas brilhantes na esperança de prolongar sua vida.
(O maior talento editorial que vi na geração depois da minha, Claudia Vassallo, diretora de redação da Exame e depois superintendente da área de negócios, acabou sendo tragada num corte. Quem a demitiu, Fabio Barbosa, logo depois também foi despedido.)
Quanto vai demorar para a mesma borrasca que engolfou a Abril apanhar a Globo?
Vai depender, em grande parte, dos anunciantes.
O real milagre da Globo, nos últimos anos, foi conseguir aumentar os preços de sua publicidade numa situação em que deveria acontecer o oposto: perda de público.
É uma coisa insustentável a longo prazo. A Abril, por algum tempo, conseguiu o mesmo: aumentou a receita publicitária com circulações cada vez menores.
Em 2011, a Abril teve seu melhor resultado, por conta disso. Dois anos depois, estava sabidamente condenada à morte.
Uma hora os anunciantes entenderão que é tempo de deixar para trás uma mídia – a Globo – caríssima e com retorno cada vez menor.
O anunciante que quiser se perpetuar vai ter que fazê-lo na internet, e não em mídias obsoletas, vistas cada vez por menos gente e de repercussão em processo de desaparecimento.
Outras Babilônias virão, como outras carroças vieram quando surgiram os carros até, bem, até desaparecerem.
A Globo vai montar grupos de pesquisa, os roteiristas vão se desesperar na busca de histórias incríveis e a audiência continuará a cair.
É o fim de um tempo, e o começo de outro, e não há nada que se possa fazer quando as chamadas placas tectônicas se movimentam.
Tevê é uma mídia em extinção na Era Digital, e não há nada que se possa fazer quanto a isso.
Até a internet, as mídias que surgiam acabavam se acomodando com as demais. Um caso clássico é o rádio, que sobreviveu com o advento da tevê.
Mas a internet mudou a história. No jargão dos negócios, ela é disruptiva. Isso quer dizer o seguinte: ela vai matando todas as demais mídias.
A caminho acelerado para o cemitério estão jornais e revistas. Num ritmo um pouco mais lento, mas firme e seguro, vai a tevê.
As pessoas deixaram de ler jornais e revistas de papel. Tente encontrar uma pessoa com a Folha ou a Veja num restaurante, à espera de alguém, uma cena antes tão comum.
Ou, como Roberto Civita amava, vá num domingo de sol ao Pinheiros e tente ver a quantidade copiosa de Vejas à beira das piscinas que faziam parte da paisagem nos anos 1980 e em boa parte da década seguinte.
Nada.
Em seu lugar, para quem quer ler, tablets e celulares.
O mesmo quadro vale para tevê. Mesmo a tevê paga é doente terminal quando se sabe que, como a Netflix, outras produtoras de conteúdo premium vão buscar os internautas.
É o caso da ESPN. Por que o apaixonado por esporte continuará a pagar 400 reais por uma assinatura de tevê paga se vai poder, por dez vezes menos, ter a programação da ESPN em suas mãos?
Tudo isso para dizer o seguinte. Ainda que Babilônia fosse uma obra prima, ela enfrentaria Ibopes humilhantes, porque o público consome cada vez menos novela, na mesma medida em que a internet avança.
Isso vale para outros tipos de programas de televisão.
Já escrevi algumas vezes. Mesmo que Ali Kamel fosse um gênio, ele seria incapaz de deter a corrosão brutal da audiência do Jornal Nacional.
Pegue o público do JN quando Kamel começou e compare com o de hoje. Se quiser se divertir, faça o mesmo com Bonner.
Em circunstâncias normais, eles já teriam sido demitidos há um bom tempo. Foram poupados porque, acertamente, a Globo sabe que o problema do Ibope vai muito além deles.
Eles só perderão o emprego quando as receitas da Globo não permitirem mais o luxo de pagar altos salários.
Isso vai ocorrer em algum futuro difícil de precisar. No universo das revistas, já é uma realidade. A Abril vem demitindo jornalistas brilhantes na esperança de prolongar sua vida.
(O maior talento editorial que vi na geração depois da minha, Claudia Vassallo, diretora de redação da Exame e depois superintendente da área de negócios, acabou sendo tragada num corte. Quem a demitiu, Fabio Barbosa, logo depois também foi despedido.)
Quanto vai demorar para a mesma borrasca que engolfou a Abril apanhar a Globo?
Vai depender, em grande parte, dos anunciantes.
O real milagre da Globo, nos últimos anos, foi conseguir aumentar os preços de sua publicidade numa situação em que deveria acontecer o oposto: perda de público.
É uma coisa insustentável a longo prazo. A Abril, por algum tempo, conseguiu o mesmo: aumentou a receita publicitária com circulações cada vez menores.
Em 2011, a Abril teve seu melhor resultado, por conta disso. Dois anos depois, estava sabidamente condenada à morte.
Uma hora os anunciantes entenderão que é tempo de deixar para trás uma mídia – a Globo – caríssima e com retorno cada vez menor.
O anunciante que quiser se perpetuar vai ter que fazê-lo na internet, e não em mídias obsoletas, vistas cada vez por menos gente e de repercussão em processo de desaparecimento.
Outras Babilônias virão, como outras carroças vieram quando surgiram os carros até, bem, até desaparecerem.
A Globo vai montar grupos de pesquisa, os roteiristas vão se desesperar na busca de histórias incríveis e a audiência continuará a cair.
É o fim de um tempo, e o começo de outro, e não há nada que se possa fazer quando as chamadas placas tectônicas se movimentam.
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