Por Bepe Damasco, em seu blog:
A chamada MP do Futebol, que estabelece o parcelamento da dívida gigantesca dos clubes com a União, estimada em 3,5 bilhões de reais, mas exige contrapartidas sérias de gestão responsável, virou o alvo da vez do mundo conservador do futebol, avesso por motivos óbvios a quaisquer mudanças que lhes retire poder e reduza as margens para a locupletação às custas de um dos traços mais marcantes da nossa cultura, que é o futebol.
O governo federal, depois de incontáveis reuniões com o movimento Bom Senso (uma muito bem-vinda articulação de jogadores de futebol na luta por seus direitos), jornalistas e especialistas em futebol, editou a Medida Provisória nº 671. A MP prevê o parcelamento das dívidas em até 240 meses. Mas, ao aderirem, os clubes ficam obrigados a publicar demonstrações contábeis auditadas, manter em dia salários, encargos trabalhistas e impostos.
Além disso, os clubes só poderão gastar até 70% de sua receita com salários do futebol. Um órgão estatal será criado para fiscalizar o cumprimento da lei. A MP estabelece sanções para os clubes que não a cumprirem, tais como o rebaixamento e o impedimento de participar de competições. Seus dirigentes, assim como acontece em qualquer empresa, responderiam judicialmente por má gestão, podendo chegar até mesmo à perda de seus bens pessoais.
Pronto. Um texto moralizador como esse bastou para deixar em pé de guerra a cartolagem da CBF, da esmagadora maioria dos clubes e seus fiéis aliados na política. "Temos balizados fundamentos jurídicos, constitucionais, que levam a crer que a Medida Provisória tem rasgos dramáticos de inconstitucionalidade que não podem ser admitidos."
Adivinha quem disse isso à revista CartaCapital da semana passada? Foi o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero? Não. Por acaso teria sido um dos muitos parlamentares da bancada da bola no Congresso Nacional? Também não. Então, só pode ter sido um dirigente de clube, que morre de medo da responsabilização judicial? Outra vez não. A declaração é ex-deputado tucano Walter Feldman, novo secretário-geral da da CBF.
"Agora vai". Embora hoje seja filiado ao PSB, e tenha inclusive sido um dos coordenadores da campanha presidencial derrotada de Marina Silva, no ano passado, Feldman é um digno representante do jeito tucano de ser. Ninguém espere, portanto, da gestão Del Nero/Feldman qualquer reconhecimento de que a entidade deve satisfações à sociedade e aos poderes públicos, uma vez que, a despeito de ser uma entidade privada, usa bens simbólicos públicos, como a camisa verde e amarela da seleção e a paixão popular pelo futebol, para amealhar milhões.
O vexame histórico dos 7 x 1 para a Alemanha na Copa do Mundo, os 3 x 0 para a Holanda, e todas as péssimas partidas do Brasil na Copa do Mundo, em nada abalaram as convicções dos dirigentes do futebol brasileiro, seja de clubes e federações, seja da CBF. Continuam no seu voo cego rumo à destruição completa de um dos grandes patrimônios do povo brasileiro. Com raras exceções, nosso cartola sente urticária só de ouvir falar em responsabilidade fiscal, em auditorias externas, em punições para o mau gestor e, claro, na possibilidade de um dia ter de responder na Justiça por seus atos.
O fato é que o verdadeiro futebol brasileiro, hoje, é jogado na Alemanha, Inglaterra, Itália, Espanha e França. Por isso, os meninos andam pela ruas das nossas cidades vestindo as camisas do Barcelona, Real Madrid, Bayern de Munique, Chelsea, Manchester United e por aí vai. Botequins e lojas de eletrodomésticos ficam abarrotados de boleiros nos jogos da Champions League. Enquanto isso, os poucos torcedores que submetem aos altos preços, à falta de segurança e às dificuldades de acesso para assistirem partidas de futebol no Brasil se deparam com um festival de horrores.
É cada dia mais comum jogos entre times brasileiros registrarem em média 80 faltas ou 100 erros de passe. Quem suporta isso ? Eu mesmo, um apaixonado por futebol desde que me entendo por gente, uso o seletor de canais para passar batido pela grande maioria dos jogos. É triste ver jogador da outrora maior escola de futebol do planeta errando passes de um metro de distância. E o pior é a banalização dessa indigência técnica. Grande parte da crônica especializada prefere ignorar essa triste realidade, ou justificá-la com bobagens do tipo "o futebol de hoje é muito competitivo" ou "o jogo está muito pegado." Como se houvesse incompatibilidade entre empenho e talento. Lamentável!
A chamada MP do Futebol, que estabelece o parcelamento da dívida gigantesca dos clubes com a União, estimada em 3,5 bilhões de reais, mas exige contrapartidas sérias de gestão responsável, virou o alvo da vez do mundo conservador do futebol, avesso por motivos óbvios a quaisquer mudanças que lhes retire poder e reduza as margens para a locupletação às custas de um dos traços mais marcantes da nossa cultura, que é o futebol.
O governo federal, depois de incontáveis reuniões com o movimento Bom Senso (uma muito bem-vinda articulação de jogadores de futebol na luta por seus direitos), jornalistas e especialistas em futebol, editou a Medida Provisória nº 671. A MP prevê o parcelamento das dívidas em até 240 meses. Mas, ao aderirem, os clubes ficam obrigados a publicar demonstrações contábeis auditadas, manter em dia salários, encargos trabalhistas e impostos.
Além disso, os clubes só poderão gastar até 70% de sua receita com salários do futebol. Um órgão estatal será criado para fiscalizar o cumprimento da lei. A MP estabelece sanções para os clubes que não a cumprirem, tais como o rebaixamento e o impedimento de participar de competições. Seus dirigentes, assim como acontece em qualquer empresa, responderiam judicialmente por má gestão, podendo chegar até mesmo à perda de seus bens pessoais.
Pronto. Um texto moralizador como esse bastou para deixar em pé de guerra a cartolagem da CBF, da esmagadora maioria dos clubes e seus fiéis aliados na política. "Temos balizados fundamentos jurídicos, constitucionais, que levam a crer que a Medida Provisória tem rasgos dramáticos de inconstitucionalidade que não podem ser admitidos."
Adivinha quem disse isso à revista CartaCapital da semana passada? Foi o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero? Não. Por acaso teria sido um dos muitos parlamentares da bancada da bola no Congresso Nacional? Também não. Então, só pode ter sido um dirigente de clube, que morre de medo da responsabilização judicial? Outra vez não. A declaração é ex-deputado tucano Walter Feldman, novo secretário-geral da da CBF.
"Agora vai". Embora hoje seja filiado ao PSB, e tenha inclusive sido um dos coordenadores da campanha presidencial derrotada de Marina Silva, no ano passado, Feldman é um digno representante do jeito tucano de ser. Ninguém espere, portanto, da gestão Del Nero/Feldman qualquer reconhecimento de que a entidade deve satisfações à sociedade e aos poderes públicos, uma vez que, a despeito de ser uma entidade privada, usa bens simbólicos públicos, como a camisa verde e amarela da seleção e a paixão popular pelo futebol, para amealhar milhões.
O vexame histórico dos 7 x 1 para a Alemanha na Copa do Mundo, os 3 x 0 para a Holanda, e todas as péssimas partidas do Brasil na Copa do Mundo, em nada abalaram as convicções dos dirigentes do futebol brasileiro, seja de clubes e federações, seja da CBF. Continuam no seu voo cego rumo à destruição completa de um dos grandes patrimônios do povo brasileiro. Com raras exceções, nosso cartola sente urticária só de ouvir falar em responsabilidade fiscal, em auditorias externas, em punições para o mau gestor e, claro, na possibilidade de um dia ter de responder na Justiça por seus atos.
O fato é que o verdadeiro futebol brasileiro, hoje, é jogado na Alemanha, Inglaterra, Itália, Espanha e França. Por isso, os meninos andam pela ruas das nossas cidades vestindo as camisas do Barcelona, Real Madrid, Bayern de Munique, Chelsea, Manchester United e por aí vai. Botequins e lojas de eletrodomésticos ficam abarrotados de boleiros nos jogos da Champions League. Enquanto isso, os poucos torcedores que submetem aos altos preços, à falta de segurança e às dificuldades de acesso para assistirem partidas de futebol no Brasil se deparam com um festival de horrores.
É cada dia mais comum jogos entre times brasileiros registrarem em média 80 faltas ou 100 erros de passe. Quem suporta isso ? Eu mesmo, um apaixonado por futebol desde que me entendo por gente, uso o seletor de canais para passar batido pela grande maioria dos jogos. É triste ver jogador da outrora maior escola de futebol do planeta errando passes de um metro de distância. E o pior é a banalização dessa indigência técnica. Grande parte da crônica especializada prefere ignorar essa triste realidade, ou justificá-la com bobagens do tipo "o futebol de hoje é muito competitivo" ou "o jogo está muito pegado." Como se houvesse incompatibilidade entre empenho e talento. Lamentável!
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