Foto: Rafael Mayoral |
“O Brasil é protagonista quando se trata de reconstruir a soberania dos povos do mundo e tornar o sul importante para o mundo”, defendeu Rafael Mayoral, em coletiva a veículos da mídia alternativa nesta quarta-feira (29), em São Paulo. Um dos líderes do Podemos, da Espanha, o Secretário de Relações com a Sociedade Civil e o Movimento Social esteve na sede do Barão de Itararé e falou, entre outros temas, sobre a grave crise econômica que assola a Europa e as próximas eleições espanholas (assista à íntegra da coletiva ao final da matéria).
Em relação ao Brasil, Mayoral afirma que o país tornou-se referência quando o assunto é diplomacia. “O Brasil tem sido elemento fundamental na democratização das relações internacionais, rumo à construção de um mundo multipolar”. Ciente da turbulência política no país e do avanço do conservadorismo, o espanhol diz reconhecer que o governo de Dilma Rousseff foi impulsionado por setores populares e, por isso, "merece todo o respeito".
Sobre o Podemos
Marcado por uma lógica de horizontalidade, apesar de sua estrutura de partido, o Podemos surgiu na efervescência do movimento conhecido como revolta dos indignados, que chacoalhou a Espanha em 2011. “Em 2012, a Troika [órgão formado por Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional] promoveu um verdadeiro golpe de Estado financeiro, impondo uma modificação constitucional, realizada em apenas 24 horas, suprimindo qualquer gasto social até o pagamento da dívida”, explica. “O bipartidismo que dominava a Espanha apoiou esse golpe, que nos transformou em colônia e raptou nossa soberania. Por isso dizemos que não estamos nem à esquerda, nem à direita da Troika, mas somos 'de abajo' (de baixo). É daí que nascemos".
A Espanha atravessa uma crise profunda, ultrapassando os 25% de desemprego e endurecendo a repressão aos movimentos sociais, expressa principalmente pela 'Lei da Mordaça'. Mesmo com o quadro desfavorável, o Podemos indicou as novas prefeitas nas emblemáticas cidades de Barcelona e na capital do país, Madrid. “Nossa mensagem, quando chegou à mídia, foi de encontro com os anseios de boa parte da população”, avalia. “É uma luta de David contra Golias. Nos debates, somos um contra cinco, seis, sete, mas o espectador se identificou bastante com os argumentos que temos. O consenso político em torno da Troika está matando a nossa democracia. Nossa proposta é o contraponto”.
O cenário midiático e a guerra da informação
Questionado sobre o papel jogado pelos meios de comunicação, Mayoral comentou que, assim como no Brasil, há uma grande assimetria, com a maioria esmagadora da mídia atendendo a interesses minoritários. “Nas grandes empresas da imprensa escrita praticamente não há dissidência. Há uma mensagem muito similar às posições do governo, com linhas editoriais bastante conservadoras”, relata.
No campo dos meios públicos, ele conta que vários foram à bancarrota e muitos estão à beira da falência e, por isso, há um amplo processo de privatização no setor. “Além de limitar a liberdade de trabalho dos jornalistas, os veículos vão se transformado em órgãos a serviço do governo e oportunidades de negócio para seus amigos”, critica. “A TV estatal, por sua vez, é de péssima qualidade”.
Segundo sua avaliação, o cenário de meios comunitários e populares é débil, o que gerou elogios de sua parte à presença de diversos veículos da mídia alternativa brasileira em sua coletiva. “Na Espanha, estes veículos são muito pequenos, devido a imposições que limitam suas estruturas”, opinou.
Em relação à democratização da comunicação, Mayoral defende que os meios públicos têm de reafirmar seu caráter público, com liberdade de expressão, pluralidade e participação social através de mecanismos de fiscalização, por exemplo. “Precisamos cuidar e promover esses meio e não somente do ponto de vista institucional, mas também a partir da sociedade civil”, acrescenta. “Precisamos criar mecanismos que permitam o desenvolvimento de veículos comunitários e populares para democratizar a informação”.
A tarefa do Podemos, de acordo com Mayoral, é enfrentar a realidade do setor e sabotar a lógica do lucro para travar a disputa de ideias na sociedade. “Os meios de comunicação são empresas e têm que vender. Em um momento de crise social, o discurso político vende. O povo espanhol busca referências políticas. Hoje, o marco do discurso na mídia tem sido pautado pelos nossos contrapontos”.
Quinto colocado nas primárias do Podemos para a próxima eleição presidencial, Mayoral ainda falou sobre as expectativas do partido para o pleito, crise econômica na Europa e o caso da Grécia. Assista à íntegra da coletiva, transmitida pela PósTV:
Em relação ao Brasil, Mayoral afirma que o país tornou-se referência quando o assunto é diplomacia. “O Brasil tem sido elemento fundamental na democratização das relações internacionais, rumo à construção de um mundo multipolar”. Ciente da turbulência política no país e do avanço do conservadorismo, o espanhol diz reconhecer que o governo de Dilma Rousseff foi impulsionado por setores populares e, por isso, "merece todo o respeito".
Sobre o Podemos
Marcado por uma lógica de horizontalidade, apesar de sua estrutura de partido, o Podemos surgiu na efervescência do movimento conhecido como revolta dos indignados, que chacoalhou a Espanha em 2011. “Em 2012, a Troika [órgão formado por Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional] promoveu um verdadeiro golpe de Estado financeiro, impondo uma modificação constitucional, realizada em apenas 24 horas, suprimindo qualquer gasto social até o pagamento da dívida”, explica. “O bipartidismo que dominava a Espanha apoiou esse golpe, que nos transformou em colônia e raptou nossa soberania. Por isso dizemos que não estamos nem à esquerda, nem à direita da Troika, mas somos 'de abajo' (de baixo). É daí que nascemos".
A Espanha atravessa uma crise profunda, ultrapassando os 25% de desemprego e endurecendo a repressão aos movimentos sociais, expressa principalmente pela 'Lei da Mordaça'. Mesmo com o quadro desfavorável, o Podemos indicou as novas prefeitas nas emblemáticas cidades de Barcelona e na capital do país, Madrid. “Nossa mensagem, quando chegou à mídia, foi de encontro com os anseios de boa parte da população”, avalia. “É uma luta de David contra Golias. Nos debates, somos um contra cinco, seis, sete, mas o espectador se identificou bastante com os argumentos que temos. O consenso político em torno da Troika está matando a nossa democracia. Nossa proposta é o contraponto”.
O cenário midiático e a guerra da informação
Questionado sobre o papel jogado pelos meios de comunicação, Mayoral comentou que, assim como no Brasil, há uma grande assimetria, com a maioria esmagadora da mídia atendendo a interesses minoritários. “Nas grandes empresas da imprensa escrita praticamente não há dissidência. Há uma mensagem muito similar às posições do governo, com linhas editoriais bastante conservadoras”, relata.
No campo dos meios públicos, ele conta que vários foram à bancarrota e muitos estão à beira da falência e, por isso, há um amplo processo de privatização no setor. “Além de limitar a liberdade de trabalho dos jornalistas, os veículos vão se transformado em órgãos a serviço do governo e oportunidades de negócio para seus amigos”, critica. “A TV estatal, por sua vez, é de péssima qualidade”.
Segundo sua avaliação, o cenário de meios comunitários e populares é débil, o que gerou elogios de sua parte à presença de diversos veículos da mídia alternativa brasileira em sua coletiva. “Na Espanha, estes veículos são muito pequenos, devido a imposições que limitam suas estruturas”, opinou.
Em relação à democratização da comunicação, Mayoral defende que os meios públicos têm de reafirmar seu caráter público, com liberdade de expressão, pluralidade e participação social através de mecanismos de fiscalização, por exemplo. “Precisamos cuidar e promover esses meio e não somente do ponto de vista institucional, mas também a partir da sociedade civil”, acrescenta. “Precisamos criar mecanismos que permitam o desenvolvimento de veículos comunitários e populares para democratizar a informação”.
A tarefa do Podemos, de acordo com Mayoral, é enfrentar a realidade do setor e sabotar a lógica do lucro para travar a disputa de ideias na sociedade. “Os meios de comunicação são empresas e têm que vender. Em um momento de crise social, o discurso político vende. O povo espanhol busca referências políticas. Hoje, o marco do discurso na mídia tem sido pautado pelos nossos contrapontos”.
Quinto colocado nas primárias do Podemos para a próxima eleição presidencial, Mayoral ainda falou sobre as expectativas do partido para o pleito, crise econômica na Europa e o caso da Grécia. Assista à íntegra da coletiva, transmitida pela PósTV:
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