Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:
A última pesquisa do Instituto Vox Populi, realizada em maio, perguntou aos entrevistados como se sentiam em relação à possibilidade de votar em Lula. Não se especificou se em uma eleição presidencial e menos ainda se na próxima, mas é razoável supor que muitos responderam com a cabeça em 2018.
Havia seis opções de resposta, da simples “certamente votaria nele” à inversa “nunca votei e nunca votaria nele”. A primeira foi escolhida por 29% dos entrevistados e a segunda por 16%.
Três das demais possibilidades de resposta envolviam a ideia de “decepção”. Uma era “já apoiei Lula, mas ele me decepcionou e nunca mais votaria nele” e outra “já apoiei, me decepcionei e é muito difícil que vote nele outra vez”, diferente na ênfase da anterior. Escolheram a mais intensa 14% dos entrevistados, enquanto 12% optaram pela segunda.
A terceira, “já apoiei, me decepcionei, mas é possível que volte a votar nele” foi escolhida por 16% dos entrevistados. Restam 6% que, por qualquer motivo, “nunca haviam votado em Lula, mas que consideravam possível” fazê-lo futuramente e 7% que não souberam responder.
A soma daqueles que, em graus diferentes, podem ser considerados “eleitores potenciais” de Lula chega a 51% e a dos não eleitores a 42%. Alguns dos possíveis eleitores, claro, talvez não confirmassem o voto, assim como alguns não eleitores talvez se decidissem por ele. Fato: o eleitorado potencialmente lulista é majoritário na sociedade.
Mais relevante: essas respostas são quase idênticas àquelas obtidas há dez anos em pesquisa também realizada pelo Vox Populi. Em abril de 2006, seis meses antes da eleição na qual Lula foi reeleito, a mesma pergunta havia sido feita. Seus resultados mostram quão estáveis são os sentimentos profundos do eleitorado.
O agregado daqueles que votariam “com certeza” somados aos que, embora “decepcionados” (naquela altura com o “mensalão”), achavam “possível votar outra vez”, chegava a 47% e agora ficou em 45% (incluídos os “decepcionados” do momento). Quem afirmou nunca ter votado, “mas achava possível votar” formava um contingente de 7% e agora 6%.
Em 2006, baseado no “voto potencial” projetado pela pesquisa, Lula obteria 54% do voto total e 59% do válido. Não custa lembrar que, quando as urnas do segundo turno foram computadas, o petista venceu a eleição com 61%.
Quem quiser se iludir com pesquisas de intenção de voto para 2018 que exibem números para Lula entre 20% e 25% que o faça. Na melhor das hipóteses, os resultados tornam conjunturais fenômenos que nada de conjuntural possuem. Ao se pensar no momento presente avalia-se um governo, mas não é a partir do raciocínio em relação ao que acontece hoje que o eleitor escolhe um candidato a presidente.
As pesquisas mostram, no fundo, a força de Lula, mesmo quando se considera o mau momento que a presidenta Dilma Rousseff e o PT atravessam. E sugerem que qualquer melhora na percepção dos resultados da ação do governo, provável no horizonte de 2018, tende a aumentá-la.
A força de Lula vem de ao menos três fontes. A primeira é sua base eleitoral muito grande, maior e mais sólida do que a de qualquer político em nossa história. Ela foi construída ao longo de uma sucessão de candidaturas nacionais, próprias ou não, que fizeram dele um personagem cuja presença no centro da vida política brasileira dura quase o dobro do que durou toda a República de 1946, a única experiência de democracia que conhecemos até o fim do século XX.
As identidades políticas (como outras, associativas, clubistas etc.), formam-se no tempo e na repetição, à medida que o indivíduo se define e se confirma nela. Os lulistas tornaram-se, cada vez que votavam de novo em Lula, mais lulistas, mais comprometidos com suas escolhas passadas e mais predispostos a, mesmo na adversidade, permanecer lulistas.
A segunda fonte é a satisfação da vasta maioria da opinião pública com o desempenho de Lula no governo. Sua vantagem em relação ao melhor nome que as oposições tiveram para contrapor-se a ele, o de Fernando Henrique Cardoso, chega a ser acachapante em algumas áreas. No quesito “O presidente que teve mais preocupação com os pobres” bate o tucano por 77% a 6%.
A terceira é a mais óbvia: a identificação do cidadão comum com sua figura. Diante de adversários com rosto e biografia típicos das elites tradicionais, é fácil ter mais confiança em alguém como ele.
A próxima eleição está distante e ninguém sabe como será disputada. Mas de uma coisa podemos estar certos: se for candidato, Lula é favorito.
A última pesquisa do Instituto Vox Populi, realizada em maio, perguntou aos entrevistados como se sentiam em relação à possibilidade de votar em Lula. Não se especificou se em uma eleição presidencial e menos ainda se na próxima, mas é razoável supor que muitos responderam com a cabeça em 2018.
Havia seis opções de resposta, da simples “certamente votaria nele” à inversa “nunca votei e nunca votaria nele”. A primeira foi escolhida por 29% dos entrevistados e a segunda por 16%.
Três das demais possibilidades de resposta envolviam a ideia de “decepção”. Uma era “já apoiei Lula, mas ele me decepcionou e nunca mais votaria nele” e outra “já apoiei, me decepcionei e é muito difícil que vote nele outra vez”, diferente na ênfase da anterior. Escolheram a mais intensa 14% dos entrevistados, enquanto 12% optaram pela segunda.
A terceira, “já apoiei, me decepcionei, mas é possível que volte a votar nele” foi escolhida por 16% dos entrevistados. Restam 6% que, por qualquer motivo, “nunca haviam votado em Lula, mas que consideravam possível” fazê-lo futuramente e 7% que não souberam responder.
A soma daqueles que, em graus diferentes, podem ser considerados “eleitores potenciais” de Lula chega a 51% e a dos não eleitores a 42%. Alguns dos possíveis eleitores, claro, talvez não confirmassem o voto, assim como alguns não eleitores talvez se decidissem por ele. Fato: o eleitorado potencialmente lulista é majoritário na sociedade.
Mais relevante: essas respostas são quase idênticas àquelas obtidas há dez anos em pesquisa também realizada pelo Vox Populi. Em abril de 2006, seis meses antes da eleição na qual Lula foi reeleito, a mesma pergunta havia sido feita. Seus resultados mostram quão estáveis são os sentimentos profundos do eleitorado.
O agregado daqueles que votariam “com certeza” somados aos que, embora “decepcionados” (naquela altura com o “mensalão”), achavam “possível votar outra vez”, chegava a 47% e agora ficou em 45% (incluídos os “decepcionados” do momento). Quem afirmou nunca ter votado, “mas achava possível votar” formava um contingente de 7% e agora 6%.
Em 2006, baseado no “voto potencial” projetado pela pesquisa, Lula obteria 54% do voto total e 59% do válido. Não custa lembrar que, quando as urnas do segundo turno foram computadas, o petista venceu a eleição com 61%.
Quem quiser se iludir com pesquisas de intenção de voto para 2018 que exibem números para Lula entre 20% e 25% que o faça. Na melhor das hipóteses, os resultados tornam conjunturais fenômenos que nada de conjuntural possuem. Ao se pensar no momento presente avalia-se um governo, mas não é a partir do raciocínio em relação ao que acontece hoje que o eleitor escolhe um candidato a presidente.
As pesquisas mostram, no fundo, a força de Lula, mesmo quando se considera o mau momento que a presidenta Dilma Rousseff e o PT atravessam. E sugerem que qualquer melhora na percepção dos resultados da ação do governo, provável no horizonte de 2018, tende a aumentá-la.
A força de Lula vem de ao menos três fontes. A primeira é sua base eleitoral muito grande, maior e mais sólida do que a de qualquer político em nossa história. Ela foi construída ao longo de uma sucessão de candidaturas nacionais, próprias ou não, que fizeram dele um personagem cuja presença no centro da vida política brasileira dura quase o dobro do que durou toda a República de 1946, a única experiência de democracia que conhecemos até o fim do século XX.
As identidades políticas (como outras, associativas, clubistas etc.), formam-se no tempo e na repetição, à medida que o indivíduo se define e se confirma nela. Os lulistas tornaram-se, cada vez que votavam de novo em Lula, mais lulistas, mais comprometidos com suas escolhas passadas e mais predispostos a, mesmo na adversidade, permanecer lulistas.
A segunda fonte é a satisfação da vasta maioria da opinião pública com o desempenho de Lula no governo. Sua vantagem em relação ao melhor nome que as oposições tiveram para contrapor-se a ele, o de Fernando Henrique Cardoso, chega a ser acachapante em algumas áreas. No quesito “O presidente que teve mais preocupação com os pobres” bate o tucano por 77% a 6%.
A terceira é a mais óbvia: a identificação do cidadão comum com sua figura. Diante de adversários com rosto e biografia típicos das elites tradicionais, é fácil ter mais confiança em alguém como ele.
A próxima eleição está distante e ninguém sabe como será disputada. Mas de uma coisa podemos estar certos: se for candidato, Lula é favorito.
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