Por Renato Rabelo, em seu blog:
As vozes de agouro golpistas anunciavam que agosto seria o prelúdio do fim do governo Dilma Rousseff. Sucedeu o contrário: uma trégua. A escalada golpista perdeu tônus e ganhou relativo isolamento, ou ainda mais se apagou a conclamação pela disparatada proposta de “renúncia”, e a rocambolesca prédica do tucano Aécio Neves ao exigir a convocação de “nova eleição”.
Também é verdade, a alternativa dos antigoverno é só o caos.
Surge em agosto uma articulação inesperada dos maiores grupos econômicos e financeiros pelo “chamamento à ordem”, expressando-se a favor da suspensão das investidas pela derrubada da presidenta Dilma. Essa concertação de grande parte do PIB nacional provocou certo freio de arrumação no arraial golpista.
Setores significativos da classe dominante perceberam, neste momento, que não existia uma alternativa política viável à destituição da presidenta da República e, além disso, sem ter à vista um processo que levasse a uma saída possível dentro da ordem “institucional”. Em suma, o fim do governo, então, provocaria uma situação de mais instabilidade e incerteza.
Ademais, as manifestações do dia 20 de agosto foram além do esperado, despertando e mobilizando em todo país grande contingente de trabalhadores e camadas populares, numa quinta-feira, cujo denominador comum ressaltava a defesa da democracia, do mandato da presidenta, contra o golpe, em contraposição ao protesto dominical do dia 16. Toda oposição percebeu que a deposição da presidenta não seria realizada sem resistência, de dimensão imprevisível, sobretudo numa situação de incerteza institucional e social.
Mas, já no término de agosto e começo de setembro o abalo maior se avulta pelo lado econômico. É evidente que a crise em que vive o país tem dimensão mundial e nacional, compreendem causas estruturais e desponta de forma aguda no curso quotidiano político, econômico e social. Por isso mesmo não é passageira ou simplesmente conjuntural.
Mas, essa crise profunda e aguda resulta em acirrado embate, que atinge uma “irracionalidade emocional da sociedade”, assim diagnosticada pela sociologia acadêmica. Na realidade essas manifestações são expressões dos verdadeiros interesses de classe e de seus estratos, em luta, que se incendeiam nesses momentos.
E esse é o momento que vive nosso país. Além das ações resultantes, as análises, conclusões, manchetes estão contaminadas, sobremodo, por esses interesses. Apesar da situação difícil e delicada é nítida uma dose elevada de artificialismo e exageros sobre o que surge e a perspectiva dos acontecimentos, da maioria da grande mídia e da oposição, contra o governo Dilma e o ciclo iniciado em 2003.
O momento em tela teve seu estopim no envio por parte do governo ao Congresso de um Orçamento com déficit para 2016. Uma forma que o governo indica ter encontrado para salientar a dimensão da questão fiscal, na busca de encontrar soluções em conjunto com o Congresso e a sociedade.
Em resposta, vozes as mais diversas no consórcio oposicionista e seus editorialistas, no seu recorrente alarmismo, apelaram para as prédicas de que a economia caminhava para o “colapso”, seguia para o “precipício”, seria esse momento de “vida ou morte” para o governo e considerando como sua “última chance”.
Sem dúvida não se deve subestimar a dimensão e dificuldades da crise econômica em curso. A crise política e econômica, repercutindo no plano social se reinteragem. Mas é necessário à saída econômica um lastro político.
Ou seja, a solução para a crise decorre da convergência política em torno de uma agenda econômica que vise à retomada do crescimento, garantidos os direitos e conquistas sociais, reduzindo os sacrifícios impostos pela recessão. Para isso a coordenação e esforço do amplo diálogo pela presidenta da República e seu governo tem papel central. Apesar dos seus limites e obstáculos alguns passos foram dados. Neste sete de setembro a presidenta afirma que é sua a ”responsabilidade de apresentar caminhos e soluções para fazer a travessia que deve ser feita”.
A desaceleração da economia ocorre em maior monta a partir de 2014, abrindo espaço para o desequilíbrio fiscal, fomentado pela crise capitalista global, que desde então atinge mais os países ditos emergentes e com agravamento dos condicionantes internos.
O ajuste fiscal adotado pelo governo é hoje motivo de amplo debate, indicando o limite do ajuste, cessão do aumento de juros e fortalecimento da tendência pelo redirecionamento da política econômica, a fim de recuperar em tempo o desenvolvimento econômico.
Termina agosto, entra setembro e o centro de gravidade é a crise política. Tem sido breve a trégua surgida em agosto. Voltam a se intensificar as articulações pela deposição da presidenta da República, pelos setores mais extremados da oposição, num movimento conspirativo e ostensivo para colocar em xeque a capacidade de ação do governo.
Parecem ter sido reatiçados os focos das forças golpistas da oposição de direita, que buscam se aproximar de uma parcela do PMDB, alimentados de certa forma por setores de poder do Estado, e pelas incertezas da Operação Lava Jato, na procura permanente de pretextos para o pretenso impeachment. O cogitado “diálogo com a oposição” torna-se letra morta em função dos objetivos inconciliáveis, estando completamente distante de qualquer convergência.
Em beneficio do presente e do futuro do país persiste a premência de ampla união, protagonizada pela presidenta da República, em torno dos interesses do povo e da nação. Em resposta à ameaça constante da ordem institucional é imprescindível a iniciativa por ampla convergência das forças democráticas, progressistas, populares e de todos interessados na estabilidade política, pela defesa da democracia, contra o golpismo, em defesa do mandato constitucional da presidenta.
União pela retomada do crescimento com progresso social e soberania nacional; defesa da Petrobras e do regime de partilha na exploração do pré-sal e defesa da engenharia nacional.
Persistir na abolição do financiamento empresarial nas campanhas eleitorais para os partidos e candidatos, após a decisão histórica da aprovação no Senado.
Recurso emergencial para superação rápida do ajuste fiscal, contando de forma provisória com receitas tributárias, podendo ser a CPMF, para cobertura do Orçamento do próximo ano. É decisiva na atual situação a conclamação por responsabilidades compartilhadas para constituição de um sistema tributário progressivo.
A esquerda e as organizações sindicais e populares e vários setores de afinidade com os propósitos democráticos e progressistas dão grande passo neste momento, ao lançar a Frente Brasil Popular, numa Conferência Nacional, com mais de dois mil representantes de todo país, em Belo Horizonte.
As vozes de agouro golpistas anunciavam que agosto seria o prelúdio do fim do governo Dilma Rousseff. Sucedeu o contrário: uma trégua. A escalada golpista perdeu tônus e ganhou relativo isolamento, ou ainda mais se apagou a conclamação pela disparatada proposta de “renúncia”, e a rocambolesca prédica do tucano Aécio Neves ao exigir a convocação de “nova eleição”.
Também é verdade, a alternativa dos antigoverno é só o caos.
Surge em agosto uma articulação inesperada dos maiores grupos econômicos e financeiros pelo “chamamento à ordem”, expressando-se a favor da suspensão das investidas pela derrubada da presidenta Dilma. Essa concertação de grande parte do PIB nacional provocou certo freio de arrumação no arraial golpista.
Setores significativos da classe dominante perceberam, neste momento, que não existia uma alternativa política viável à destituição da presidenta da República e, além disso, sem ter à vista um processo que levasse a uma saída possível dentro da ordem “institucional”. Em suma, o fim do governo, então, provocaria uma situação de mais instabilidade e incerteza.
Ademais, as manifestações do dia 20 de agosto foram além do esperado, despertando e mobilizando em todo país grande contingente de trabalhadores e camadas populares, numa quinta-feira, cujo denominador comum ressaltava a defesa da democracia, do mandato da presidenta, contra o golpe, em contraposição ao protesto dominical do dia 16. Toda oposição percebeu que a deposição da presidenta não seria realizada sem resistência, de dimensão imprevisível, sobretudo numa situação de incerteza institucional e social.
Mas, já no término de agosto e começo de setembro o abalo maior se avulta pelo lado econômico. É evidente que a crise em que vive o país tem dimensão mundial e nacional, compreendem causas estruturais e desponta de forma aguda no curso quotidiano político, econômico e social. Por isso mesmo não é passageira ou simplesmente conjuntural.
Mas, essa crise profunda e aguda resulta em acirrado embate, que atinge uma “irracionalidade emocional da sociedade”, assim diagnosticada pela sociologia acadêmica. Na realidade essas manifestações são expressões dos verdadeiros interesses de classe e de seus estratos, em luta, que se incendeiam nesses momentos.
E esse é o momento que vive nosso país. Além das ações resultantes, as análises, conclusões, manchetes estão contaminadas, sobremodo, por esses interesses. Apesar da situação difícil e delicada é nítida uma dose elevada de artificialismo e exageros sobre o que surge e a perspectiva dos acontecimentos, da maioria da grande mídia e da oposição, contra o governo Dilma e o ciclo iniciado em 2003.
O momento em tela teve seu estopim no envio por parte do governo ao Congresso de um Orçamento com déficit para 2016. Uma forma que o governo indica ter encontrado para salientar a dimensão da questão fiscal, na busca de encontrar soluções em conjunto com o Congresso e a sociedade.
Em resposta, vozes as mais diversas no consórcio oposicionista e seus editorialistas, no seu recorrente alarmismo, apelaram para as prédicas de que a economia caminhava para o “colapso”, seguia para o “precipício”, seria esse momento de “vida ou morte” para o governo e considerando como sua “última chance”.
Sem dúvida não se deve subestimar a dimensão e dificuldades da crise econômica em curso. A crise política e econômica, repercutindo no plano social se reinteragem. Mas é necessário à saída econômica um lastro político.
Ou seja, a solução para a crise decorre da convergência política em torno de uma agenda econômica que vise à retomada do crescimento, garantidos os direitos e conquistas sociais, reduzindo os sacrifícios impostos pela recessão. Para isso a coordenação e esforço do amplo diálogo pela presidenta da República e seu governo tem papel central. Apesar dos seus limites e obstáculos alguns passos foram dados. Neste sete de setembro a presidenta afirma que é sua a ”responsabilidade de apresentar caminhos e soluções para fazer a travessia que deve ser feita”.
A desaceleração da economia ocorre em maior monta a partir de 2014, abrindo espaço para o desequilíbrio fiscal, fomentado pela crise capitalista global, que desde então atinge mais os países ditos emergentes e com agravamento dos condicionantes internos.
O ajuste fiscal adotado pelo governo é hoje motivo de amplo debate, indicando o limite do ajuste, cessão do aumento de juros e fortalecimento da tendência pelo redirecionamento da política econômica, a fim de recuperar em tempo o desenvolvimento econômico.
Termina agosto, entra setembro e o centro de gravidade é a crise política. Tem sido breve a trégua surgida em agosto. Voltam a se intensificar as articulações pela deposição da presidenta da República, pelos setores mais extremados da oposição, num movimento conspirativo e ostensivo para colocar em xeque a capacidade de ação do governo.
Parecem ter sido reatiçados os focos das forças golpistas da oposição de direita, que buscam se aproximar de uma parcela do PMDB, alimentados de certa forma por setores de poder do Estado, e pelas incertezas da Operação Lava Jato, na procura permanente de pretextos para o pretenso impeachment. O cogitado “diálogo com a oposição” torna-se letra morta em função dos objetivos inconciliáveis, estando completamente distante de qualquer convergência.
Em beneficio do presente e do futuro do país persiste a premência de ampla união, protagonizada pela presidenta da República, em torno dos interesses do povo e da nação. Em resposta à ameaça constante da ordem institucional é imprescindível a iniciativa por ampla convergência das forças democráticas, progressistas, populares e de todos interessados na estabilidade política, pela defesa da democracia, contra o golpismo, em defesa do mandato constitucional da presidenta.
União pela retomada do crescimento com progresso social e soberania nacional; defesa da Petrobras e do regime de partilha na exploração do pré-sal e defesa da engenharia nacional.
Persistir na abolição do financiamento empresarial nas campanhas eleitorais para os partidos e candidatos, após a decisão histórica da aprovação no Senado.
Recurso emergencial para superação rápida do ajuste fiscal, contando de forma provisória com receitas tributárias, podendo ser a CPMF, para cobertura do Orçamento do próximo ano. É decisiva na atual situação a conclamação por responsabilidades compartilhadas para constituição de um sistema tributário progressivo.
A esquerda e as organizações sindicais e populares e vários setores de afinidade com os propósitos democráticos e progressistas dão grande passo neste momento, ao lançar a Frente Brasil Popular, numa Conferência Nacional, com mais de dois mil representantes de todo país, em Belo Horizonte.
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