Por Igor Carvalho, na revista Caros Amigos:
O enredo nos é muito familiar. Começo de ano, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito da capital paulista, Fernando Haddad (PT), aumentam o valor da passagem de ônibus, Metrô e CPTM. O Movimento Passe Livre (MPL) reage e convoca manifestações. Nas ruas, um aparato militar de guerra que, com carta branca, ataca os manifestantes e encerra o protesto antes de seu ponto de chegada.
Os gritos de “vem pra rua”, a profusão de bandeiras - até mesmo petistas foram ao ato, a despeito do prefeito Haddad ser do mesmo partido -, os black-blocs e a violência policial. Todos os ingredientes e o clima faziam com que as sombras de 2013 viessem à tona, o que já é comum a cada nova onda de protestos do MPL, mas que nesta sexta-feira (8), véspera do reajuste no valor das passagens de R$ 3,50 para R$ 3,80 no transporte público, se intensificaram.
“O clima era muito diferente de 2015. Mesmo depois dessa repressão toda havia pouco medo e muita indignação. Está com muito cheiro de 2013”, afirmou o filósofo Pablo Ortellado, em sua página no Facebook, lembrando das manifestações do MPL no ano passado, que terminaram no carnaval, após os protestos perderem adesão popular.
O ato
Passava de 18h40 quando o ato partiu das escadarias do Teatro Municipal e seguiu para o Largo do Paissandu, de onde os manifestantes rumaram para a Avenida 23 de maio, onde foram atacados pela PM em apenas 30 minutos de protesto. Segundo o MPL, 30 mil pessoas participavam do ato. Para a PM, eram três mil manifestantes.
Desde o princípio o clima entre manifestantes e a PM era de tensão. “O governador Geraldo Alckmin está provocando o movimento quando manda para cá um aparato policial desse tamanho”, afirmou o advogado Ariel de Castro Alves, membro do grupo Tortura Nunca Mais e do Movimento Nacional de Direitos Humanos.
Após a dispersão do ato, as vias na região do Anhagabaú, República, Consolação e Sé ficaram intransitáveis. A PM cercou toda a área e atirava sempre que via grupos reunidos, sem que houvesse qualquer motivo.
“Eu estou passando mal, não aguento mais, esses policiais são uns irresponsáveis. Se eu não protejo minha filha, ela teria levado um tiro”, afirmou a representante comercial Marize Campelo, que estava na frente da estação Anhagabaú do Metrô.
Na subida para o Vale do Anhagabaú, policiais atiravam para todos os lados, sem preocupação com o destino das bombas de gás lacrimogêneo. O gerente de um bar se assustou quando uma entrou no seu estabelecimento.
“Estávamos baixando as portas por conta da correria e os barulhos de tiro, quando uma bomba veio parar aqui dentro, saiu muita fumaça, tivemos que sair e tive muita dificuldade para respirar”, explicou.
A Secretaria de Segurança Pública informou que 17 pessoas foram detidas. Nas contas do MPL, 11 manifestantes foram presos. Após o final do ato, três agências foram apedrejadas, um ônibus foi depredado e uma viatura da CET teve o vidro quebrado.
O aumento
“O Haddad e o Alckmin romperam com uma prática de dez anos em São Paulo. Os aumentos ocorriam somente a cada dois anos. Em 2016, eles o fazem pelo segundo ano consecutivo, obviamente que o ajuste é por esse ano e por 2013, quando eles tiveram que recuar do reajuste”, afirmou o filósofo e professor da USP, Pablo Ortellado, durante o ato.
Para o militante do movimento negro e presidente do PSOL de São Paulo, Juninho Jr., o novo aumento reforça uma política de exclusão da população mais pobre. “O povo das periferias, com mais esse aumento, vai ser isolado ainda mais nas periferias. A lógica do aumento exclui o negro. Nosso direito de ir e vir está cerceado com essa tarifa abusiva”, protestou.
Ainda de acordo com Juninho, o aumento é um sinal de que Haddad priorizou a relação com os empresários de ônibus. “Os repasses a eles já são milionários. Agora, sob a alegação de crise, querem que os usuários paguem a conta mais uma vez”, explicou.
Laura Viana, do MPL, também se lembrou dos lucros obtidos pelos empresários de ônibus e pediu que o prefeito respeite a população. “Em nossos atos, todos os anos, hoje de novo, há milhares de pessoas que se colocam contra o aumento. Haddad e Alckmin não podem ignorar isso. O Haddad segue garantido o lucro dos empresários e o Alckmin não consegue construir um quilômetro de Metrô e da CPTM, os vagões vivem superlotados.”
O MPL convocou para a próxima terça-feira (12) o próximo ato contra o aumento da tarifa no transporte público em São Paulo. O local não foi divulgado.
O enredo nos é muito familiar. Começo de ano, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito da capital paulista, Fernando Haddad (PT), aumentam o valor da passagem de ônibus, Metrô e CPTM. O Movimento Passe Livre (MPL) reage e convoca manifestações. Nas ruas, um aparato militar de guerra que, com carta branca, ataca os manifestantes e encerra o protesto antes de seu ponto de chegada.
Os gritos de “vem pra rua”, a profusão de bandeiras - até mesmo petistas foram ao ato, a despeito do prefeito Haddad ser do mesmo partido -, os black-blocs e a violência policial. Todos os ingredientes e o clima faziam com que as sombras de 2013 viessem à tona, o que já é comum a cada nova onda de protestos do MPL, mas que nesta sexta-feira (8), véspera do reajuste no valor das passagens de R$ 3,50 para R$ 3,80 no transporte público, se intensificaram.
“O clima era muito diferente de 2015. Mesmo depois dessa repressão toda havia pouco medo e muita indignação. Está com muito cheiro de 2013”, afirmou o filósofo Pablo Ortellado, em sua página no Facebook, lembrando das manifestações do MPL no ano passado, que terminaram no carnaval, após os protestos perderem adesão popular.
O ato
Passava de 18h40 quando o ato partiu das escadarias do Teatro Municipal e seguiu para o Largo do Paissandu, de onde os manifestantes rumaram para a Avenida 23 de maio, onde foram atacados pela PM em apenas 30 minutos de protesto. Segundo o MPL, 30 mil pessoas participavam do ato. Para a PM, eram três mil manifestantes.
Desde o princípio o clima entre manifestantes e a PM era de tensão. “O governador Geraldo Alckmin está provocando o movimento quando manda para cá um aparato policial desse tamanho”, afirmou o advogado Ariel de Castro Alves, membro do grupo Tortura Nunca Mais e do Movimento Nacional de Direitos Humanos.
Após a dispersão do ato, as vias na região do Anhagabaú, República, Consolação e Sé ficaram intransitáveis. A PM cercou toda a área e atirava sempre que via grupos reunidos, sem que houvesse qualquer motivo.
“Eu estou passando mal, não aguento mais, esses policiais são uns irresponsáveis. Se eu não protejo minha filha, ela teria levado um tiro”, afirmou a representante comercial Marize Campelo, que estava na frente da estação Anhagabaú do Metrô.
Na subida para o Vale do Anhagabaú, policiais atiravam para todos os lados, sem preocupação com o destino das bombas de gás lacrimogêneo. O gerente de um bar se assustou quando uma entrou no seu estabelecimento.
“Estávamos baixando as portas por conta da correria e os barulhos de tiro, quando uma bomba veio parar aqui dentro, saiu muita fumaça, tivemos que sair e tive muita dificuldade para respirar”, explicou.
A Secretaria de Segurança Pública informou que 17 pessoas foram detidas. Nas contas do MPL, 11 manifestantes foram presos. Após o final do ato, três agências foram apedrejadas, um ônibus foi depredado e uma viatura da CET teve o vidro quebrado.
O aumento
“O Haddad e o Alckmin romperam com uma prática de dez anos em São Paulo. Os aumentos ocorriam somente a cada dois anos. Em 2016, eles o fazem pelo segundo ano consecutivo, obviamente que o ajuste é por esse ano e por 2013, quando eles tiveram que recuar do reajuste”, afirmou o filósofo e professor da USP, Pablo Ortellado, durante o ato.
Para o militante do movimento negro e presidente do PSOL de São Paulo, Juninho Jr., o novo aumento reforça uma política de exclusão da população mais pobre. “O povo das periferias, com mais esse aumento, vai ser isolado ainda mais nas periferias. A lógica do aumento exclui o negro. Nosso direito de ir e vir está cerceado com essa tarifa abusiva”, protestou.
Ainda de acordo com Juninho, o aumento é um sinal de que Haddad priorizou a relação com os empresários de ônibus. “Os repasses a eles já são milionários. Agora, sob a alegação de crise, querem que os usuários paguem a conta mais uma vez”, explicou.
Laura Viana, do MPL, também se lembrou dos lucros obtidos pelos empresários de ônibus e pediu que o prefeito respeite a população. “Em nossos atos, todos os anos, hoje de novo, há milhares de pessoas que se colocam contra o aumento. Haddad e Alckmin não podem ignorar isso. O Haddad segue garantido o lucro dos empresários e o Alckmin não consegue construir um quilômetro de Metrô e da CPTM, os vagões vivem superlotados.”
O MPL convocou para a próxima terça-feira (12) o próximo ato contra o aumento da tarifa no transporte público em São Paulo. O local não foi divulgado.
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