Por Eric Nepomuceno, no site Carta Maior:
O novo ministro de Relações Exteriores do Brasil, José Serra, é esperado em Buenos Aires nesta segunda-feira (23/5). Será sua estreia como condutor da política externa do governo interino do vice-presidente em exercício do Brasil, Michel Temer. O presidente argentino Mauricio Macri foi o primeiro – e até agora o único – mandatário em reconhecer o governo de Temer, em saudar com entusiasmo o golpe institucional que afastou a presidenta Dilma Rousseff da presidência por um prazo que pode ser de até 180 dias.
As afinidades entre as políticas que Macri implementa na Argentina e o que se anuncia no Brasil são enormes. Macri simboliza o que Temer e seus correligionários sonham em encarnar: o fim de um ciclo de governos progressistas, populares e dedicados ao resgate social.
Ao assumir o cargo, Serra deixou claro que também não haverá limites para o atual governo no campo da política externa. Um governo que, segundo a Constituição do Brasil, é interino, até que se realize o julgamento da presidenta Dilma Rousseff no Senado. Mas, na prática, ele já atua como se isso fossem favas contadas.
Num discurso breve, o chanceler José Serra, um dos caciques do PSDB e duas vezes derrotado em eleições presidenciais pelo PT (contra Lula da Silva em 2002 e contra Dilma Rousseff em 2010), assumiu a pasta deixando clara a demolição dos princípios da política externa aplicada por Lula em seus dois mandatos presidenciais, e mantida por sua sucessora.
O novo ministro de Relações Exteriores do Brasil, José Serra, é esperado em Buenos Aires nesta segunda-feira (23/5). Será sua estreia como condutor da política externa do governo interino do vice-presidente em exercício do Brasil, Michel Temer. O presidente argentino Mauricio Macri foi o primeiro – e até agora o único – mandatário em reconhecer o governo de Temer, em saudar com entusiasmo o golpe institucional que afastou a presidenta Dilma Rousseff da presidência por um prazo que pode ser de até 180 dias.
As afinidades entre as políticas que Macri implementa na Argentina e o que se anuncia no Brasil são enormes. Macri simboliza o que Temer e seus correligionários sonham em encarnar: o fim de um ciclo de governos progressistas, populares e dedicados ao resgate social.
Ao assumir o cargo, Serra deixou claro que também não haverá limites para o atual governo no campo da política externa. Um governo que, segundo a Constituição do Brasil, é interino, até que se realize o julgamento da presidenta Dilma Rousseff no Senado. Mas, na prática, ele já atua como se isso fossem favas contadas.
Num discurso breve, o chanceler José Serra, um dos caciques do PSDB e duas vezes derrotado em eleições presidenciais pelo PT (contra Lula da Silva em 2002 e contra Dilma Rousseff em 2010), assumiu a pasta deixando clara a demolição dos princípios da política externa aplicada por Lula em seus dois mandatos presidenciais, e mantida por sua sucessora.
Uma das frases de efeito que utilizou – “a diplomacia voltará a refletir os valores da sociedade brasileira, e estará a serviço do Brasil e não das conveniências e preferências ideológicas de um partido político e seus aliados no exterior” – define de modo claro a guinada radical que se tomará. Tanto Lula quanto Dilma Rousseff foram duramente criticados pela oposição nesse aspecto, e também pelo empresariado e pelos meios de comunicação hegemônicos, e utilizando sempre esse argumento de que se estabeleceu uma política externa “excessivamente ideologizada”. Ou seja, que contrariou os interesses diretos do grande capital global, e de Washington em particular.
Antes da cerimônia em que assumiu o cargo, Serra havia enviado respostas inusualmente duras a governos da região que criticaram o afastamento de Dilma Rousseff (Cuba, Venezuela, Nicarágua, Bolívia, Equador e El Salvador). Numa atitude sem precedentes em tempos democráticos, as notas assinadas por José Serra insinuaram, de forma clara, que os governos que protestam contra o golpe institucional em curso recebem investimentos brasileiros. Como quem diz: boa conduta, ou podem perder essa ajuda.
Agora avançou um pouco mais ao anunciar que, sob a sua gestão, a pasta de Relações Exteriores estará atenta para defender “a democracia, a liberdade e os direitos humanos em qualquer país”. Tradução: o diálogo e a interlocução com os governos progressistas da região será neutralizado e haverá contatos permanentes com forças da oposição.
O Mercosul é outro alvo do olhar furibundo de Serra, que quer transformar o que é uma união aduaneira num área de livre comércio. Com isso, o Brasil poderá assinar acordos comerciais de forma isolada, sem a necessária concordância e adesão dos demais sócios.
Além disso, ficou também claro que pretende se aproximar urgentemente da Aliança do Pacífico (conformada por México, Peru e Colômbia, debaixo da asa de Washington).
Se durante o governo Lula o foco estava em sedimentar e fortalecer alianças como os BRICS (formada por Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul), o eixo agora estará centrado nos Estados Unidos, União Europeia e Japão. A criação do banco dos BRICS não interessa a Serra sua equipe de diplomatas (alguns ativos, outros aposentados) que trabalharam nos dois mandatos neoliberais de Fernando Henrique Cardoso. Não interessa a esse grupo que regressa ao poder, e claro, interessa menos ainda a Washington.
Os tempos de fortalecer a Unasul (União de Nações Sul-americanas) estão enterrados. A inserção do Brasil entre os emergentes mais significativos da geopolítica global se perdera no esquecimento. Mais do que nunca, o comércio será o foco principal da política externa, mas não mais no projeto Sul-Sul de Lula da Silva: Washington volta a ser a capital. Com isso, as negociações bilaterais voltarão a imperar, e as multilaterais passam às sombras.
A primeira medida concreta de José Serra mostra bem a dimensão pessoal e a estatura moral do novo ministro: concedeu passaporte diplomático a um autonomeado pastor de uma dessas seitas evangélicas eletrônicas, que se destacam por seu ultra conservadorismo.
O sujeito se chama Samuel Cássio Ferreira. Sua esposa, Keila Costa Ferreira, foi contemplada com um documento idêntico.
Entre outras façanhas, o autonomeado pastor é investigado por corrupção. São várias as acusações contra ele. A mais visível: colaborou com o esquema de lavagem de dinheiro de Eduardo Cunha, o bandoleiro que presidiu a Câmara dos Deputados, até ser suspenso pelo Supremo Tribunal Federal.
Essa é a cara do “governo de notáveis” prometido por Michel Temer, tratado pela esquerda como ‘o usurpador ilegítimo’, e pela imprensa como “presidente”. O futuro dirá quem tem razão.
Antes da cerimônia em que assumiu o cargo, Serra havia enviado respostas inusualmente duras a governos da região que criticaram o afastamento de Dilma Rousseff (Cuba, Venezuela, Nicarágua, Bolívia, Equador e El Salvador). Numa atitude sem precedentes em tempos democráticos, as notas assinadas por José Serra insinuaram, de forma clara, que os governos que protestam contra o golpe institucional em curso recebem investimentos brasileiros. Como quem diz: boa conduta, ou podem perder essa ajuda.
Agora avançou um pouco mais ao anunciar que, sob a sua gestão, a pasta de Relações Exteriores estará atenta para defender “a democracia, a liberdade e os direitos humanos em qualquer país”. Tradução: o diálogo e a interlocução com os governos progressistas da região será neutralizado e haverá contatos permanentes com forças da oposição.
O Mercosul é outro alvo do olhar furibundo de Serra, que quer transformar o que é uma união aduaneira num área de livre comércio. Com isso, o Brasil poderá assinar acordos comerciais de forma isolada, sem a necessária concordância e adesão dos demais sócios.
Além disso, ficou também claro que pretende se aproximar urgentemente da Aliança do Pacífico (conformada por México, Peru e Colômbia, debaixo da asa de Washington).
Se durante o governo Lula o foco estava em sedimentar e fortalecer alianças como os BRICS (formada por Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul), o eixo agora estará centrado nos Estados Unidos, União Europeia e Japão. A criação do banco dos BRICS não interessa a Serra sua equipe de diplomatas (alguns ativos, outros aposentados) que trabalharam nos dois mandatos neoliberais de Fernando Henrique Cardoso. Não interessa a esse grupo que regressa ao poder, e claro, interessa menos ainda a Washington.
Os tempos de fortalecer a Unasul (União de Nações Sul-americanas) estão enterrados. A inserção do Brasil entre os emergentes mais significativos da geopolítica global se perdera no esquecimento. Mais do que nunca, o comércio será o foco principal da política externa, mas não mais no projeto Sul-Sul de Lula da Silva: Washington volta a ser a capital. Com isso, as negociações bilaterais voltarão a imperar, e as multilaterais passam às sombras.
A primeira medida concreta de José Serra mostra bem a dimensão pessoal e a estatura moral do novo ministro: concedeu passaporte diplomático a um autonomeado pastor de uma dessas seitas evangélicas eletrônicas, que se destacam por seu ultra conservadorismo.
O sujeito se chama Samuel Cássio Ferreira. Sua esposa, Keila Costa Ferreira, foi contemplada com um documento idêntico.
Entre outras façanhas, o autonomeado pastor é investigado por corrupção. São várias as acusações contra ele. A mais visível: colaborou com o esquema de lavagem de dinheiro de Eduardo Cunha, o bandoleiro que presidiu a Câmara dos Deputados, até ser suspenso pelo Supremo Tribunal Federal.
Essa é a cara do “governo de notáveis” prometido por Michel Temer, tratado pela esquerda como ‘o usurpador ilegítimo’, e pela imprensa como “presidente”. O futuro dirá quem tem razão.
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