segunda-feira, 19 de setembro de 2016

“João Dólar Junior” não tem senso de humor

http://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/
Por Altamiro Borges

O milionário João Doria Jr., candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, adora desferir ataques aos seus adversários políticos – principalmente contra o prefeito Fernando Haddad –, mas não aceita qualquer crítica ou sarcasmo. Na semana passada, a pedido da sua assessoria jurídica, a Justiça Eleitoral multou em R$ 5 mil o autor da página no Facebook “João Dólar Junior”, o jornalista Fábio Nassif. O juiz Márcio Teixeira Laranjo determinou ainda que o perfil seja apagado definitivamente na internet. O criador da página já anunciou que recorrerá da decisão judicial.

O advogado Anderson Pomini, que defende o empresário e apresentador de televisão, justificou o pedido de censura alegando que a página visa “expressar a ideia de que o candidato não tem afinidade com as classes sociais menos favorecidas economicamente” e “relacioná-lo às camadas mais favorecidas”. Para isto nem seria necessário visitar a página “João Dólar Junior”. Bastaria acessar o site do Tribunal Superior Eleitoral para constatar que o tucano é um dos candidatos mais rico do país, com um patrimônio declarado – declarado! – de R$ 180 milhões.

Para Fábio Nassif, autor da página e militante do PSOL, a decisão do juiz eleitoral “é desproporcional e descabida”. Ele afirma que a criação do personagem “João Dólar Junior” não foi uma iniciativa partidária. “Foi uma ação totalmente individual, da minha responsabilidade. Teve intenção de sátira política... João Doria e o PSDB acabam de demonstrar que não têm senso de humor. Fico imaginando como ele lidaria com as críticas caso estivesse em um cargo público”, alfineta o jornalista.

Impugnação e traições

De fato, o candidato tucano não tem senso de humor e nem de ridículo. Ele deveria se preocupar com coisas mais sérias, como as várias ações que tramitam na Justiça contra o seu suspeito patrimônio e contra a sua própria candidatura. No início de setembro, o Ministério Público Eleitoral solicitou esclarecimentos do governador Geraldo Alckmin sobre a “eventual oferta de secretarias de Estado a agremiações políticas” em troca de apoio a João Doria (PSDB) na eleição paulistana.

Segundo matéria da Folha serrista, “o pedido é parte de um procedimento preparatório que pode resultar em uma ação contra a candidatura tucana por abuso de poder político. No ofício, a Promotoria questiona se o real objetivo das nomeações para o Meio Ambiente e o Turismo foi ampliar a aliança de Doria. O PP e o PHS assumiram as pastas pouco depois de declararem apoio a Doria. O ofício foi encaminhado à Procuradoria-Geral de Justiça para ser repassado a Geraldo Alckmin, que não é obrigado a respondê-lo”.

“João Dólar” também deveria estar preocupado com as sangrentas bicadas no ninho tucano. Nesta semana, também segundo a Folha, um grupo de dirigentes e militantes do PSDB, autointitulado “peessedebistas autênticos”, abandonou a sua candidatura para apoiar a campanha da rival Marta Suplicy (PMDB). Ainda de acordo com o jornal serrista, a dissidência começou na zona sul da capital paulista, mas já conquistou adesões em diretórios da zona norte e leste.

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1 comentários:

Anônimo disse...

Anita Novinsky, professora internacionalmente conhecida por suas pesquisas sobre a Inquisição nos séculos XVI a XIX, escreve: “entender o sentido profundo de um processo, o que é verdade e o que é forjado, se a confissão é falsa ou verdadeira, se o réu cometeu o crime ou se foi queimado inocentemente, é muito difícil, em consequência da estrutura inquisitorial corrupta e repressiva” (Inquisição: Prisioneiros do Brasil, Perspectiva, 2009).
A Operação Lava Jato, cinco séculos depois, em muito se iguala e repete a Inquisição. Primeiro pela origem e instrumentação estrangeira, depois pelo medo que infunde, outrora pelas cerimônias públicas e festivas dos autos-de-fé, hoje pelos prêmios e aparições na mídia, e ainda, nas palavras da professora Novinsky, lá “responsável pelo bloqueio do desenvolvimento da uma burguesia portuguesa. O comércio nacional passou a ser exercido por estrangeiros”. Aqui, coloque-se a engenharia nacional, a pesquisa nuclear e a produção de petróleo, sempre com empresas e tecnologia brasileira, e temos a Lava Jato impondo as empresas estrangeiras.
Pode surpreender a ausência de freios tanto aos desmandos do século XVI quanto aos do século XXI. Antes era a toda poderosa Igreja, agora o Departamento de Estado da nação mais rica e fortemente armada do planeta.