Apesar de hoje (15) ser feriado, reuniões e negociações continuam sendo realizadas em Brasília e em vários estados para discussão da reforma ministerial, que o presidente Michel Temer está sendo pressionado a adiantar. Nos últimos dias, com a antecipação da saída do ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), que pediu exoneração do cargo, o Palácio do Planalto deu sinais de que vai mexer no alto escalão do governo até o início de dezembro.
Mas diante de reclamações feitas nas últimas horas, já se fala em fatiamento da reforma, com a troca de alguns ministérios apenas no início de março. O motivo é simples: manter nos ministérios nomes que não têm apresentado problemas para o Executivo, que são considerados bons representantes de partidos da base aliada e outros que precisam ocupar o cargo para ter foro privilegiado em função de serem alvo de denúncias na Lava Jato.
Diante de tanta indecisão sobre como contemplar a base com nomes que foram fieis nas duas últimas votações para rejeitar a denúncia contra o presidente e, ao mesmo tempo, retirar integrantes de partidos que votaram divididos, o Executivo vive um problema ainda maior.
Trata-se da reorganização do apoio dos parlamentares na Câmara e no Senado não apenas para cumprir com compromissos feitos anteriormente, mas também para conseguir garantir votos suficientes para matérias polêmicas próximas de votação.
Conforme assessores do Palácio do Planalto, a primeira iniciativa de Temer, logo após a saída de Bruno Araújo do ministério das Cidades, foi trocar de imediato todos os ministérios, com poucas exceções.
Desgaste ainda maior
Mas os líderes e presidentes de partidos aliados, assim que souberam dessa possibilidade, correram ao Palácio do Planalto para protestar. E a equipe de articulação política do governo chegou à conclusão de que, se mexer em todas as pastas, poderá provocar um desgaste ainda maior para o presidente do que o que é observado hoje.
A próxima questão também diz respeito a uma intrincada engenharia: tentar condicionar os ministérios a um novo compromisso, por parte dos deputados e senadores, de apoiarem a reforma da Previdência, que é tida como ponto polêmico. Michel Temer já sinalizou, no início da semana, que tentará reduzir a proposta a alguns itens, de forma a convencer deputados e senadores a aprovar o texto. Mas até mesmo os aliados veem dificuldade na estratégia.
“A reforma precisa ser desidratada. Da forma como se encontra não passa. Existe uma fragilidade dos deputados em relação ao tema.Tivemos meses muito difíceis, não posso negar”, afirmou recentemente o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O Palácio do Planalto avalia que, se a Câmara não aprovar a reforma da Previdência até dezembro, não conseguirá aprovar mais nada na Casa até o final do mandato do presidente, em janeiro de 2019 – pelo fato de 2018 ser ano eleitoral.
Segundo um deputado do PMDB que participou das reuniões de ontem (14), pelo menos 12 trocas estão previstas para serem realizadas ainda este ano. Ficou definido, porém, que o Executivo não aceitará mais que um ministério cuja indicação seja entregue a determinado partido tenha de ter todas as diretorias e presidências de órgãos de terceiro escalão indicados pela mesma sigla.
Rodrigo Maia foi um dos primeiros a criticar oficialmente a troca de cadeiras. “Se não houver certo cuidado, a mudança nos ministérios pode parar o governo. Trocar todos os ministros no final do ano, momento em que as ações mais importantes estão em andamento, vai dar um freio na execução de bons projetos”, disse o deputado, em entrevista ao Estado de São Paulo.
Enquanto não chegam a uma decisão, seguem os encontros e reuniões. Sinal de que a próxima semana é prenúncio de muitas surpresas e decisões a serem anunciadas.
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