segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

O pós-jornalismo e a pós-justiça do TRF4

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:

A estratégia de alguns jornalões, como a Folha, para posar de “imparciais”, é mais um dos casos a serem estudados com muita atenção pelas historiadoras do futuro.

Eles desenvolveram um talento muito especial para encobrir as verdadeiras questões.

Por exemplo, a Folha de hoje noticia que o julgamento de Lula no TRF4 furou a fila de várias outras ações do tribunal.

Desde que o julgamento foi marcado para o dia 24 de janeiro, lemos notícias semelhantes na grande imprensa. Afinal, tem alguns tipos de manipulação que são mais eficientes se você divulgar a notícia – e distorcê-la de outra forma.

No caso do atropelo do TRF4 em relação a Lula, qual a melhor maneira de escamotear o arbítrio e a injustiça?

Ora, é fácil, basta você ignorar solenemente a regra básica, que o jornalismo comercial costuma seguir em outros exemplos, de ouvir a opinião de especialistas no assunto.

A matéria da Folha traz a opinião exclusivamente dos próprios juízes que decidiram em favor do atropelo.

O conceito de chapa-branquismo precisará ser atualizado.

É como escrever uma reportagem sobre um crime e pedir apenas a opinião ao assassino.

Se o judiciário brasileiro inventou a pós-justiça, condizente com a pós-democracia que ela sustenta, a imprensa brasileira criou o pós-jornalismo, onde não há mais busca pela verdade: o seu objetivo é, unica e exclusivamente, defender os interesses políticos do golpe.

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Na Folha

Caso Lula passa à frente de 7 ações da Lava Jato em tribunal


Antes do processo de Lula, veio o do amigo de Lula, José Carlos Bumlai. Mas o pecuarista, acusado de corrupção, só será julgado depois.

Ao marcar a data do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o próximo dia 24, o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), em Porto Alegre, deixou pendentes sete ações da Lava Jato cujos recursos chegaram à corte antes.

Há, ainda, outras duas que subiram à segunda instância depois do caso contra o ex-presidente –inclusive a que envolve o ex-ministro Antônio Palocci– e aguardam decisão.

Desses nove processos, seis já estão nas mãos do juiz revisor Leandro Paulsen, responsável por pautar as datas dos julgamentos.

Ele não precisa seguir uma ordem cronológica para marcar as sessões e tem dito que os processos andam de acordo com a complexidade e ineditismo de cada um.

Essa defesa também é feita pelo presidente da corte, Carlos Eduardo Thompson Flores. “O julgamento dos processos pela ordem cronológica de distribuição no tribunal não é regra absoluta. O próprio art. 12 do Código de Processo Civil afirma que é preferencial essa observância”, disse ele em resposta à defesa de Lula, que pediu a divulgação da lista de ações do tribunal, por data. (…)

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