sábado, 6 de outubro de 2018

Política e a trivialização do evangelho

Por Antonio Carlos da Costa, no site Jornalistas Livres:

Segmentos da igreja evangélica decidiram priorizar como causa a derrubada de um partido político, que fez um estrago na nossa nação. Para isso, entretanto, fizeram associação acrítica do cristianismo a pauta política que contraria os princípios morais mais basilares ensinados pelo Novo Testamento.

Quem é o candidato que a igreja apoia? Alguém que faz elogio desinibido a regime de exceção. Em seu currículo, constam declarações que vão de encontro ao processo civilizatório, e que ameaçam nossos valores mais caros: “uma arma de fogo em cada lar brasileiro”, “temos de terminar o que o regime militar não fez, matar mais uns 30 mil, a começar pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”, “eu colocaria fulano no pau de arara”, “você sabe que eu sou a favor da tortura”, “em memória do coronel Ustra” (torturador do regime militar), “eu não te estupraria”, declarou ao se dirigir a uma parlamentar; “eu usava aquele apartamento para comer gente”, disse numa entrevista ao ser perguntado sobre uso que fazia de verba pública.

Recentemente, ele pegou um tripé de uma câmera de filmar, fez dele um fuzil, e bradou, “vamos metralhar a petralhada”.

Você consegue agradecer a Deus por isso? Por favor, responda, isso é comportamento compatível com o desejo de assumir o mais alto posto da República?

O resultado final é aquilo que a Bíblia chama de “fazer o pequenino tropeçar”. Milhões de não cristãos não sabem mais em qual espécie de Deus a igreja crê. Muitos, na verdade, sentindo náusea. Jovens evangélicos em crise com seus pastores e igrejas.

A questão não é política, mas sim teológica. Uma opção foi feita, que lançou a credibilidade da igreja no lixo. O evangelho foi trivializado.

* Antônio Carlos da Costa é teólogo, jurista e fundador da ONG Rio de Paz (texto extraído da página do autor) https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/736857489992617/

3 comentários:

Darcy Brasil Rodrigues da Silva disse...

Sou ateu, mas reconheço que Religião parece ser gênero de primeira necessidade, e devemos respeitar. Para enfrentar essa picaretagem travestida de religião, há que se ampliar a oferta de religiosidade autêntica, combinada, talvez, ckm outro tipovde "pão do espírito", como a filosofia, tal como a comprrendia Gramsci. Para isso, sugiro a instituição de Frentes Ecumênicas, que erga espaços para serem usados conjuntamente nas comunides onde hoje certamente se verá uma Assembleia de Deus, e outras, não tão ostensivas como essa. Espaços físicos conjuntos ficam mais baratos para serem construídos, onde os que necessitam o conforto da "palavra de Deus", o encontre em sua diversidade, segundo uma agenda cultos, missas ou atividades em comum, definida coletivamente.Tal espaço físico, desenhado por arquitetos lrogressistas, pode ser usado ainda para outras atividades filósoficas e culturais, que aproximem os militantes democratas progressistas, de seus frequentadores, oferecendo o sem número de atividades culturais e educacionais que podemos imaginar. A militância progressista financiaria a construção desses espaços, fugindo à lógica perversa do dízimo estorquido pelos vigaristas que se dizem pastores.Somente para ilustrar, eu que, como disse, sou ateu, me disporia a contribuir financeiramente para a construção e manutenção de um desses espacos, e a dar aulas de Matemática, Física e Química, ou de participar de grupos de leituras de textos filosóficos ou qualquer outro objeto de interesse dos membros dessa comunidade.

Henrique R disse...

Hoje temos uma atitude perversa e destruidora também para os fiéis do segmento evangélico.
A religião deve aceitar a democracia em todos os níveis e nunca o fascismo bolsonaro.
Esse modelo, por exemplo, que o bispo edir macedo faz não é o evangélico.

Não existem mais instituições verdadeiramente religiosas no Brasil ?!

Henrique R disse...

Por que todas as religiões escondem os verdadeiros significados da Bíblia ?

Em uma aula, numa faculdade, de história da música, sobre como a reforma de Lutero influenciou na música):
“Nas escrituras a gente sabe, aqui dentro dos padrões da igreja, desde pelo menos o final do século XIII, bem determinado,discutido por pessoas dentro da igreja que as escrituras têm 4 significados:
- significado literal histórico,
-significado moral,
- significado alegórico e
- significado espiritual.
A gente sabe disso e dentro desses significados, desses sentidos de um texto sagrado a igreja e as pessoas que sabem disso, argumentam da seguinte maneira:
- se o acesso for direto e as PESSOAS PUDEREM FAZER A SUA INTERPRETAÇÃO, a única interpretação que lhe será possível é a interpretação literal.
É a 1ª interpretação que todo mundo tem e é a que vai predominar.
As outras, moral, alegórica e espiritual não serão possíveis pelo menos imediatamente possíveis.
É verdade, mas com o tempo as outras pessoas vão construir as outras interpretações. "
Observações de um leigo:
- será que essas outras interpretações são importantes para igrejas, pastores, malafóbico, bolsonaros,.....etc.?
- será que hoje, desde o começo do século XXI, essas outras interpretações na maioria das igrejas são correntes?
- as pessoas entendem as interpretações moral, alegórica e espiritual de cada trecho dentro de um texto sagrado que eles lêem, será que isso é verdade ?
- onde isso vai dar?
- será que não deveria ser dado acesso direto e objetivo para as pessoas?
- até quando a alienação produzida por vários tipos de pastores, de qualquer ‘religião’,continuará a destruir a civilidade e a humanidade?