Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
A imagem do título desse comentário me ocorreu durante o almoço num pé-sujo limpinho, aqui ao lado de casa.
No boteco barulhento, ao ver o noticiário na TV à minha frente, e ouvindo as conversas a meu lado, a vida continuava absolutamente normal.
Enquanto traçava uma bela feijoada de cumbuca, notei que nas mesas vizinhas, em vez dos pedreiros e porteiros habituais, ali estavam hoje jovens da classe média bem vestidos, que trabalham nas lojas chiques dos Jardins.
Os mais pobres já devem ter voltado para a marmita.
Alguma coisa se alterou na paisagem humana antes mesmo da chegada da nova ordem ao poder.
O Brasil já mudou, faltando seis semanas para a posse do capitão Jair Bolsonaro, o grande vingador.
Parece que as pessoas já estão se preparando para o pior e economizando como podem.
Os botecos sem nome andam mais cheios e os restaurantes de grife já perdem freguesia.
Mas, como assim?, podem perguntar vocês, se apenas três semanas atrás a maioria do eleitorado elegeu Jair Bolsonaro como salvador da pátria?
Não ouvi ninguém falar nele, mostrar alguma esperança de que as coisas possam melhorar.
É como se fosse uma fatalidade que simplesmente aconteceu, sem ninguém esperar, e não tem mais volta.
Daí esta sensação de um país à deriva, à espera da nau dos insensatos, que se aproxima célere para assaltar o poder, conquistado pelo voto, ninguém pode reclamar.
Como repórter, apenas vou constatando como vejo as coisas acontecendo, não sei explicar.
Escrevo lá no meu Facebook sobre essa onda de insensatez, falta de noção, burrice, ignorância e prepotência que assola o país desde o dia 28 de outubro.
São apenas breves registros que constituem o conjunto da obra, algo simplesmente inacreditável, imprevisível e assustador.
Na verdade, são tantas barbaridades, que não consigo nem entender.
Como foi possível, em tão pouco tempo, detonar um país desse tamanho, que apenas quatro anos atrás era respeitado pelo mundo e tinha orgulho das suas conquistas sociais?
Se essa nau bolsonariana continuar disparando tantas bobagens todo dia, e demorar a chegar, é capaz de não encontrar mais país nenhum.
Salve-se quem puder, é só o que tenho a lhes dizer sobre isso aí, ok?
Vida que segue.
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