Manifestação pela Cultura. Av. Paulista, 07/4/19 |
Neste domingo (7), artistas e apoiadores de diversas áreas realizaram uma irreverente passeata na Avenida Paulista contra o corte de 23% no orçamento da Secretaria da Cultura de São Paulo. O tucaninho João Doria, alinhado com o truculento Jair Bolsonaro, parece decidido a promover a destruição das atividades artísticas. O cerco fascista à cultura está em plena marcha. Antes de completar 100 dias de gestão, o novo governador promove uma milionária reforma do Palácio dos Bandeirantes e, ao mesmo tempo, anuncia o desmonte de vários equipamentos culturais no Estado mais rico da federação.
Segundo relato do Estadão, os protestos contra a regressão ganharam musculatura na semana passada. Além da marcha do domingo, “músicos da Orquestra Jovem do Estado realizaram protesto na Sala São Paulo e a Orquestra Jazz Sinfônica fez um minuto de silêncio durante o concerto para chamar atenção para a redução orçamentária. O corte de verbas na Cultura determinado pelo governo vai significar uma redução de R$ 148 milhões na verba de projetos como as Fábricas de Cultura, a Emesp, a Osesp, a Pinacoteca ou o Theatro São Pedro, que amanheceu ontem com a fachada tomada por cartazes pedindo pela manutenção da orquestra e do espaço, que corre o risco de ser fechado”.
Entre os presentes da marcha na Avenida Paulista, o jornal cita o maestro João Carlos Martins, que pediu a revisão dos cortes. “Indústria, comércio e saúde são o corpo de uma sociedade. Mas a arte é a alma”. Já o maestro Nelson Ayres, que é regente da Orquestra Jovem Tom Jobim, protestou. “Em todas as áreas, o corte é de cerca de 3%. Mas na Cultura é de 23%. Isso é uma facada nas costas de escolas de música, oficinas, museus e teatros que são referência no Brasil e no mundo”. Outros protestos estão agendados nos próximos dias. E só mesmo muita pressão poderá reverter o retrocesso.
Um levantamento divulgado na quinta-feira passada (4) pela Associação Brasileira das Organizações Sociais de Cultura mostra o impacto que o corte provocará nos projetos culturais do estado de São Paulo. “Entre eles está o fechamento do Theatro São Pedro e sua orquestra, do Museu Afro Brasil, dos cancelamentos de exposições e projetos pedagógicos de instituições como a Pinacoteca do Estado de São Paulo e o Museu da Imagem e do Som, a redução drástica no número de jovens atendidos por projetos como as Oficinas Culturais e as Fábricas de Cultura, demissões de professores, fechamento de vagas em escolas como a Emesp e redução de funcionários”, descreve o Estadão.
Já uma pesquisa realizada pelo jornalista Pedro Durán, da rádio CBN, dá mais detalhes dos estragos. Vale conferir a tragédia anunciada:
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Pinacoteca do Estado:
- Diminuição drástica da programação pública
- Cancelamento de exposições, palestras e eventos de formação
- 53 mil alunos deixarão de participar de atividades
- Cancelar o ingresso gratuito oferecido aos sábados (153 mil visitantes)
- Demissão de um terço dos funcionários
- Cancelamento das exposições temporárias
- Cancelamento da programação cultural do Memorial da Resistência
Museu Catavento:
- Redução substancial do número de monitores universitários
- Eliminação das seções que exigem atendimento individual
- Paralisação da usual renovação das seções
- Redução à metade das equipes de apoio à visitação, bilheteria e senhas
Museu Afro Brasil:
- Cancelamento de todas as exposições temporárias planejadas para 2019
- Fechamento do equipamento ao público por 3 dias (sexta-feira, sábado e domingo)
- 100 mil pessoas deixarão de ser atendidas
Museu da Imagem e do Som:
- Redução drástica das 120 cidades atendidas pelo projeto Pontos MIS
- Redução no horário de atendimento
EMESP Tom Jobim:
- 80 colaboradores demitidos
Conservatório de Tatuí
- Fechamento do polo de São José do Rio Pardo
- Demissão de 60 professores
- 800 alunos sem aulas de música
Oficinas Culturais:
- Cancelamento de 120 atividades com 3.600 participantes
- Cancelamento de 10 grupos do programa de qualificação em artes
- Cancelamento de 260 encontros de orientação
Fábricas de Cultura:
- Cancelamento de 250 ateliês, afetando cerca de 5.100 aprendizes
- Redução das atividades da programação cultural (fábrica aberta)
- 30 mil participantes afetados
- Redução do funcionamento de bibliotecas, deixando de atender 7.500 frequentadores
- Redução de 40% no acolhimento ao público (4.000 pessoas), na Zona Leste
- Fechamento de Bibliotecas, Orquestras, Bandas, Oficinas de férias e cursos noturnos
Museu do Futebol:
- Operação e serviços aos visitantes severamente afetados
Museu da Língua Portuguesa:
- Implantação ameaçada
Museu da Casa Brasileira:
- Alteração na agenda de programação cultural
Casa das Rosas, Guilherme de Almeida e Mário de Andrade:
- Redução do atendimento em áreas expositivas
- Cancelamento de 140 atividades da programação cultural atingindo 40.900 visitantes/participantes
São Paulo Cia. de Dança:
- 40 mil pessoas sem ser atendidas
- Redução de 50% no público beneficiado em 2018
Theatro São Pedro:
- Encerramento das atividades do Theatro
- Cancelamento da temporada de óperas e concertos sinfônicos a partir de maio
- Desmobilização da Orquestra do Theatro São Pedro
- Público de cerca de 40 mil pessoas ao ano sem atendimento
Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo:
- Ainda avalia o impacto no orçamento
1 comentários:
Regimes ditatoriais não precisam de cultura. Obedeça!!!
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