Por Rôney Rodrigues, no site Outras Palavras:
Julian Assange é um incômodo hóspede da embaixada equatoriana em Londres. Já não é mais uma ilustre visita; é tratado, praticamente, como um prisioneiro bem guardado, pronto para ser entregue às autoridades londrinas. No noite da última quinta-feira (dia 4), o portal WikiLeaks anunciou que seu fundador será expulso da embaixada – que o acolheu por mais de sete anos – em questões de dias – ou mesmo de horas. As informações teriam sido vazadas ao WikiLeaks por um funcionário do alto escalão do governo equatoriano que, em resposta, disse que não responderia “rumores sem fundamentos” divulgados.
As relações de Assange com o presidente equatoriano Lenín Moreno sempre foram conturbadas, que acusa o jornalista australiano, reiterada vezes, de mal comportamento. A suposta decisão de revogar o asilo do fundador do WikiLeaks ocorre em meio a um cenário político complexo para o presidente: a família Moreno é acusada de receber US$ 18 milhões (R$ 70 milhões) em propinas de uma empreiteira chinesa. Ele nega e rebate: são invenções de seu desafeto político, o ex-presidente Rafael Correa, e foram disseminadas por Julian Assange para prejudicá-lo.
E assim, Moreno segue em uma aparente cruzada contra seus hóspede: em março, cortou o acesso de Assange à internet. Nessa terça-feira (dia 2), acusou-o de violar as regras de concessão de asilo – e, também, de hackear seus telefones.
“Não é que ele não possa se expressar livremente, mas ele não pode mentir, muito menos hackear contas ou interceptar ligações telefônicas privadas”, declarou Moreno à imprensa equatoriana.
Em outubro do ano passado, Julian Assange anunciou que processaria o governo equatoriano por “violar seus direitos fundamentais”, alegando que seus anfitriões limitavam seu contato com o mundo exterior e censuravam seu discurso. Em dezembro, o New York Times revelou que o governo equatoriano manteve negociações com autoridades estadunidenses sobre a expulsão de Assange em troca do alívio de dívidas.
Que fazer?
Manifestantes e jornalistas se aglomeram na porta da embaixada do Equador em Londres. Não houve sinalização para uma possível prisão do ativista australiano – ao menos, visivelmente. Algumas pessoas acreditam que a cobertura midiática sobre o caso tenha dissuadido Lenín Moreno.
O ativista Craig Murray, colaborador de Assange, participa dessa vigília e conta, em artigo no Consortium News, que encontrou-se com Kristin Hrafnsson, editora-chefe do Wikileaks, para uma conversa sobre como proceder em um cenário em que ele perca seu asilo político e seja capturado pela polícia londrina.
Eis alguns elementos compartilhado por ele, frutos dessa conversa:
1 – Quando Assange deixar a Embaixada, em quaisquer circunstâncias, será a maior história da imprensa mundial. Será a luta de um homem que denunciou crimes de guerra e atos ilegais de uma grande potência mundial contra uma injusta extradição com o único objetivo de calá-lo exemplarmente, confinado-o para sempre em uma prisão.
2 – Grande parte dos meios de comunicação criarão falsas narrativas anti-Assange, fechando os olhos para o fato que ele era um editor que publicou documentos vazados que revelaram irregularidades dos EUA. É isso: seu crime foi fazer o que qualquer editor faria. Ressuscitarão, portanto, fakenews: que o fundador do WikiLeaks estava em conluio com os russo para eleger Donald Trump; que ele se reuniu com Paulo Manafort (ex-chefe de campanha de Trump) ou que ele hackeou as comunicações da embaixada equatoriana. Todas táticas diversionistas para retirar o foco dos verdadeiros motivos para sua extradição.
3 – A estratégia para enfrentar todo esse aparato de poder contra Assange é por meio de uma guerrilha midiática, apontando os reais motivos de quererem extraditá-lo: cercear nossa liberdade de expressão e de imprensa. Devemos, portanto, mobilizar forças para denunciar essa arbitrariedade – e conquistar a opinião pública, aspecto fundamental para a liberdade de Assange (haja visto o esforço que as grandes mídias fazem em demonizá-lo).
Segundo Murray, se tivessem levado Assange, todos estariam despreparados para contrapor o discurso hegemônico da grande mídia. Hoje, mesmo que Moreno tenha voltado atrás em entregar de bandeja o pescoço de seu hospede, o alarme já foi útil para concentrar esforços – e traçar estratégias para essa “queda de braço” com os EUA.
Julian Assange é um incômodo hóspede da embaixada equatoriana em Londres. Já não é mais uma ilustre visita; é tratado, praticamente, como um prisioneiro bem guardado, pronto para ser entregue às autoridades londrinas. No noite da última quinta-feira (dia 4), o portal WikiLeaks anunciou que seu fundador será expulso da embaixada – que o acolheu por mais de sete anos – em questões de dias – ou mesmo de horas. As informações teriam sido vazadas ao WikiLeaks por um funcionário do alto escalão do governo equatoriano que, em resposta, disse que não responderia “rumores sem fundamentos” divulgados.
As relações de Assange com o presidente equatoriano Lenín Moreno sempre foram conturbadas, que acusa o jornalista australiano, reiterada vezes, de mal comportamento. A suposta decisão de revogar o asilo do fundador do WikiLeaks ocorre em meio a um cenário político complexo para o presidente: a família Moreno é acusada de receber US$ 18 milhões (R$ 70 milhões) em propinas de uma empreiteira chinesa. Ele nega e rebate: são invenções de seu desafeto político, o ex-presidente Rafael Correa, e foram disseminadas por Julian Assange para prejudicá-lo.
E assim, Moreno segue em uma aparente cruzada contra seus hóspede: em março, cortou o acesso de Assange à internet. Nessa terça-feira (dia 2), acusou-o de violar as regras de concessão de asilo – e, também, de hackear seus telefones.
“Não é que ele não possa se expressar livremente, mas ele não pode mentir, muito menos hackear contas ou interceptar ligações telefônicas privadas”, declarou Moreno à imprensa equatoriana.
Em outubro do ano passado, Julian Assange anunciou que processaria o governo equatoriano por “violar seus direitos fundamentais”, alegando que seus anfitriões limitavam seu contato com o mundo exterior e censuravam seu discurso. Em dezembro, o New York Times revelou que o governo equatoriano manteve negociações com autoridades estadunidenses sobre a expulsão de Assange em troca do alívio de dívidas.
Que fazer?
Manifestantes e jornalistas se aglomeram na porta da embaixada do Equador em Londres. Não houve sinalização para uma possível prisão do ativista australiano – ao menos, visivelmente. Algumas pessoas acreditam que a cobertura midiática sobre o caso tenha dissuadido Lenín Moreno.
O ativista Craig Murray, colaborador de Assange, participa dessa vigília e conta, em artigo no Consortium News, que encontrou-se com Kristin Hrafnsson, editora-chefe do Wikileaks, para uma conversa sobre como proceder em um cenário em que ele perca seu asilo político e seja capturado pela polícia londrina.
Eis alguns elementos compartilhado por ele, frutos dessa conversa:
1 – Quando Assange deixar a Embaixada, em quaisquer circunstâncias, será a maior história da imprensa mundial. Será a luta de um homem que denunciou crimes de guerra e atos ilegais de uma grande potência mundial contra uma injusta extradição com o único objetivo de calá-lo exemplarmente, confinado-o para sempre em uma prisão.
2 – Grande parte dos meios de comunicação criarão falsas narrativas anti-Assange, fechando os olhos para o fato que ele era um editor que publicou documentos vazados que revelaram irregularidades dos EUA. É isso: seu crime foi fazer o que qualquer editor faria. Ressuscitarão, portanto, fakenews: que o fundador do WikiLeaks estava em conluio com os russo para eleger Donald Trump; que ele se reuniu com Paulo Manafort (ex-chefe de campanha de Trump) ou que ele hackeou as comunicações da embaixada equatoriana. Todas táticas diversionistas para retirar o foco dos verdadeiros motivos para sua extradição.
3 – A estratégia para enfrentar todo esse aparato de poder contra Assange é por meio de uma guerrilha midiática, apontando os reais motivos de quererem extraditá-lo: cercear nossa liberdade de expressão e de imprensa. Devemos, portanto, mobilizar forças para denunciar essa arbitrariedade – e conquistar a opinião pública, aspecto fundamental para a liberdade de Assange (haja visto o esforço que as grandes mídias fazem em demonizá-lo).
Segundo Murray, se tivessem levado Assange, todos estariam despreparados para contrapor o discurso hegemônico da grande mídia. Hoje, mesmo que Moreno tenha voltado atrás em entregar de bandeja o pescoço de seu hospede, o alarme já foi útil para concentrar esforços – e traçar estratégias para essa “queda de braço” com os EUA.
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