quarta-feira, 3 de abril de 2019

Napoleões de hospício e o nazismo de esquerda

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Bolsonaro deve achar que todo mundo é idiota, não só os que votaram nele.

Quando ignorância, cinismo e má-fé se juntam, é um perigo.

Dá nisso que estamos vendo.

Em Israel, perguntado sobre a nova teoria de Ernesto Araújo, o chanceler aloprado, para quem o nazismo foi um movimento de esquerda, o capitão respondeu de bate pronto:

“Não há dúvida. Partido Socialista… Como é que é? Da Alemanha (alguém lhe assoprou no ouvido). Isso: Partido Nacional Socialista (com ênfase no socialista)”.

Pronto. Está respondido. Os napoleões não costumam ter dúvidas, só certezas.

Pela cara de assustado que fez, antes de encerrar a entrevista, Bolsonaro não deve saber o que é Alemanha, Partido Nacional Socialista, nazismo nem socialismo, e certamente deve estar confundido Hitler com Stalin.

O mais assustador nesta história é que Bolsonaro estudou em escolas militares e Araújo cursou o Instituto Rio Branco para entrar no Itamaraty.

Será que foi lá que lhes ensinaram essas coisas ou eles estão inventando moda só para chamar a atenção das visitas e dos médicos?

Fico imaginando quais serão as próximas descobertas históricas da delirante dupla responsável pela nossa política externa.

Atenção para a legenda: o que vou escrever abaixo é uma especulação irônica, não estou dando ideias para ninguém.

- A ditadura militar brasileira foi uma estratégia maquiavélica da esquerda para desmoralizar as Forças Armadas.

- O Brasil não foi descoberto por Cabral, mas por comunistas venezuelanos, comandados pelos antepassados de Maduro.

- Coronel Brilhante Ustra foi um defensor dos direitos humanos dos humanos direitos ao introduzir modernos métodos nos interrogatórios.

- Dom Paulo e Dom Hélder foram torturadores contumazes para jogar os pobres contra os ricos e instalar aqui uma ditadura clerical comunista.

- Lula foi criado pela CIA para escravizar os trabalhadores brasileiros e entregar o ouro do Brasil para o bem dos Estados Unidos.

Determinado a reinventar o Brasil e a nossa História, cumprindo uma missão divina, como disse na Globo News, o capitão, seus filhos e seus generais vão ter que primeiro destruir o que foi feito em 519 anos de comunismo para depois construir uma nova nação, próspera e feliz, uma olavolândia tropical.

Foi o que ele anunciou naquele jantar em Washington oferecido por líderes de extrema-direita que chamam Hitler de Adolfinho e acham que ele perdeu a guerra porque ficou doente, coitado.

Enquanto não chegamos ao paraíso prometido, Damares vai distraindo a platéia com suas danças das goiabeiras e o chanceler cuida da construção do escritório comercial do Brasil em Jerusalém para desafiar o Hamas, com a ajuda do laranjal do filho Eduardo, o 01, para melhorar nossas relações com os países árabes.

“Chega! Chegamos ao limite! Não dá mais! Acabou a paciência!”, reagiu o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Alceu Moreira (MDB-RS), ao cruzar com os líderes do governo nos corredores da Câmara.

Devem achar que ele ficou maluco.

Afinal, esta frente agropastoril da bancada ruralista foi decisiva na eleição do capitão reformado para evitar que os comunistas voltassem ao poder.

Empresários reunidos num jantar, esta semana em São Paulo, segundo a Coluna do Estadão, revelaram desânimo com o governo.

Estão descobrindo só agora que Bolsonaro não é exatamente o estadista liberal vendido a eles por Paulo Guedes.

Na guerra permanente contra seus inimigos imaginários deflagrada pelo presidente no dia da posse, já foram detonados o Ministério da Educação e o Itamaraty, e o próximo alvo é o IBGE, que insiste em mostrar com números o desemprego aumentando no país.

Quais serão os próximos alvos?

Números e fatos são muito relativos para esses mandatários da nova ordem, que criam suas próprias leis, teorias e estatísticas, numa realidade virtual alucinante movida nas redes sociais da família que ninguém mais sabe quem controla.

O responsável pela divulgação no domingo, no canal oficial do Planalto, daquele vídeo em defesa da ditadura militar, que não houve, ainda é um mistério, entre tantos outros que se acumulam, como o destino do motorista Queiroz e dos laranjas das “rachadinhas” dos gabinetes.

Para onde será a próxima viagem do capitão?

Só espero que não seja para fazer parcerias com a Coréia do Norte. Lá é meio perigoso, como bem sabe o amigo e irmão Donald Trump.

Às vésperas do governo completar 100 dias, seguimos caminhando no escuro para o desconhecido.

Nunca sabemos como será o dia de amanhã.

Só desconfio que isso não vai acabar bem.

Vida que segue.

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