sexta-feira, 28 de junho de 2019

A queda livre do governo do capitão

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Bolsonaro tinha 49% de ótimo/bom na primeira pesquisa do Ibope, em janeiro, quando ainda era o salvador da pátria.

Termina o primeiro semestre com apenas 32% de aprovação, o mesmo índice de quem considera seu governo ruim ou péssimo.

Em seis meses, perdeu 17 pontos de aprovação e triplicou a rejeição, que foi de 11% para 32%. É um fenômeno.

Às vésperas de deixar o governo, como bem lembrou hoje o próprio ex-presidente, Lula tinha 87% de aprovação no Ibope após oito anos de mandato.

É por isso que o capitão e seus generais, o mercado e a mídia grande, os fardados em geral e os milicianos têm tanto medo de Lula ser libertado, se e quando houver Justiça.

A nova rodada da pesquisa foi feita entre os dias 20 e 26 de junho, ou seja, antes de aparecer o sargento do pó com 39 quilos de cocaína no avião da FAB.

Em relação ao levantamento anterior, divulgado em abril, o índice de ótimo/bom caiu três pontos, enquanto o ruim/péssimo subiu cinco pontos, de 27% para 32%.

O mais incrível nesta pesquisa é constatar que um terço dos brasileiros ainda aprova este desgoverno, a cada dia mais perdido em seu próprio labirinto.

Sem saber como explicar a negligência da segurança presidencial comandada pelo general Heleno, e com o vice general Mourão dando informações contraditórias, o sargento do pó era só o que faltava para coroar o inferno astral do capitão Bolsonaro.

Na chegada ao Japão para a reunião do G-20, Bolsonaro e Heleno saíram dando patatadas para todo lado, em jornalistas e líderes de outros países.

Ignorado pelos outros governantes, o capitão foi jantar numa churrascaria com o general, o deputado-segurança Hélio Bolsonaro (PSL-RJ) e fotógrafos da comitiva oficial, depois de visitar lojas e tirar selfies pelas ruas.

Após sucessivas derrotas no Congresso e no STF, demissões no ministério e crises bestas por ele mesmo criadas, o próprio presidente, em algum momento de lucidez, já deve ter reparado que não tem a menor condição de comandar a República.

Sem conseguir formar uma base parlamentar, sem programa de governo e com todos desconfiando de todos no Palácio do Planalto, a única coisa que ainda segura Bolsonaro na cadeira é a reforma da Previdência, que vai sendo desfigurada na Câmara.

E depois? Bolsonaro vai continuar governando só para suas milícias digitais ou reais, que fazem arminha com os dedos ou mandam balas de verdade em seus adversários?

Posso estar enganado, mas pelo cheiro da brilhantina, logo, logo o capitão é capaz de virar a própria mesa e fugir para a frente, sem saber ainda em que direção.

Se até o general Augusto Heleno, em quem os militares depositaram todas as fichas para controlar Bolsonaro, está cada vez mais descontrolado, já soltando seus demônios e falando bobagem, quem vai segurar esse trem fantasma sem freios?

O Brasil não merecia isso, ninguém merece. Tudo bem, como não se cansam de repetir seus seguidores, Bolsonaro foi democraticamente eleito (há controvérsias…), mas ninguém lhe deu carta branca para destruir o que encontra pela frente e desmoralizar o país lá fora.

Tudo tem que ter um limite, que já está sendo ultrapassado, na linha tênue que separa democracias de ditaduras.

Vida que segue.

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