Editorial do site Vermelho:
Trump discute com Bolsonaro sanções a Venezuela e Cuba. Essa notícia que circulou nos portalões dá bem a medida do que representa o atual governo brasileiro no cenário mundial. O encontro, que aconteceu em Osaka (Japão), onde se realiza a cúpula do G20, foi marcado por afagos mútuos. O rapapé prosseguiu no Twitter, com Bolsonaro declarando que retomou os assuntos tratados em sua visita a Washington, centrados na ideia de um acordo de “livre comércio” entre os dois países.
O Brasil conhece bem essa intenção norte-americana. Ainda é recente a ofensiva de George W. Bush para tentar impor a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), verdadeiro tratado de troca das soberanias nacionais por um projeto neocolonial. A proposta surgiu com força após a experiência neoliberal que moeu a indústria regional à força de nuvens de capital especulativo e produziu uma devastadora onda de vassalagem, marcada por índices vergonhosos de degradação social e de corrupção sistêmica.
A resposta a essa situação calamitosa possibilitou a emergência de um ciclo de governos progressistas, uma engenharia que desencadeou a rápida superação desses indicadores. Essa experiência foi quase que totalmente derrotada pela cadeia de golpes e de manipulações que resultaram em governos dispostos a retomar a agenda neoliberal e neocolonial, herdeira da história de pauperização da região promovida por regimes entreguistas e submissos.
A conversa de Bolsonaro com Trump, além de se dar nesse clima de submissão aos intentos abertamente declarados de sabotagem da institucionalidade de Cuba e da Venezuela, passou ao largo do que realmente deveria ser debatido, a crise mundial, o principal tema da reunião do G20. Como coadjuvante da retórica belicosa de Trump, Bolsonaro não se dignou a mencionar a trágica situação da economia brasileira e seus não menos dramáticos efeitos sociais.
Isso em meio a uma situação igualmente dramática em âmbito global. De acordo com o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurria, os bancos centrais ao redor do mundo estão ficando sem munição para tentar amenizar o impacto da crise. Segundo ele, nada pode ser feito além da manutenção das taxas de juro praticamente no patamar zero, recomendando o recurso da política fiscal para o controle das dívidas públicas.
Como contraponto a esse receita — no Brasil traduzida pelo mantra da “reforma” da Previdência Social —, o presidente da China, Xi Jinping, disse que a postura beligerante dos Estados Unidos de impor interesses próprios e minar os interesses dos outros não ganhará popularidade. Ao contrário da sabujice de Bolsonaro, Xi Jinping disse que o mundo precisa de uma economia digital justa e com ambiente igualitário, respaldada pela “completude e vitalidade das cadeias logísticas globais”.
O Brasil, com o peso relevante de sua economia, teria condições de se apresentar nesse debate com altivez. Essa subserviência de Bolsonaro contrasta com a posição brasileira em reuniões passadas do G20, quando o governo teve protagonismo e atuou de modo firme e eficaz junto aos parceiros comerciais, gerando acordos bilaterais e multilaterais. Foi com essa postura que o país entrou no grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) como importante ator no palco da disputa econômica mundial.
Não há justificativa para esse papel melancólico. Bolsonaro nega uma tradição brasileira de política externa independente e abdica totalmente da posição que o país conquistou nas batalhas organizadas com seus aliados em memoráveis jornadas tanto no G20 quanto na Organização Mundial do Comércio (OMC). O governo brasileiro, num passado recente, participava desses eventos com soberania. A renúncia a essa condição se traduz em mais brasileiros sem emprego, sem renda e sem cidadania. E num país sujeito a um governo sem projeto soberano.
Trump discute com Bolsonaro sanções a Venezuela e Cuba. Essa notícia que circulou nos portalões dá bem a medida do que representa o atual governo brasileiro no cenário mundial. O encontro, que aconteceu em Osaka (Japão), onde se realiza a cúpula do G20, foi marcado por afagos mútuos. O rapapé prosseguiu no Twitter, com Bolsonaro declarando que retomou os assuntos tratados em sua visita a Washington, centrados na ideia de um acordo de “livre comércio” entre os dois países.
O Brasil conhece bem essa intenção norte-americana. Ainda é recente a ofensiva de George W. Bush para tentar impor a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), verdadeiro tratado de troca das soberanias nacionais por um projeto neocolonial. A proposta surgiu com força após a experiência neoliberal que moeu a indústria regional à força de nuvens de capital especulativo e produziu uma devastadora onda de vassalagem, marcada por índices vergonhosos de degradação social e de corrupção sistêmica.
A resposta a essa situação calamitosa possibilitou a emergência de um ciclo de governos progressistas, uma engenharia que desencadeou a rápida superação desses indicadores. Essa experiência foi quase que totalmente derrotada pela cadeia de golpes e de manipulações que resultaram em governos dispostos a retomar a agenda neoliberal e neocolonial, herdeira da história de pauperização da região promovida por regimes entreguistas e submissos.
A conversa de Bolsonaro com Trump, além de se dar nesse clima de submissão aos intentos abertamente declarados de sabotagem da institucionalidade de Cuba e da Venezuela, passou ao largo do que realmente deveria ser debatido, a crise mundial, o principal tema da reunião do G20. Como coadjuvante da retórica belicosa de Trump, Bolsonaro não se dignou a mencionar a trágica situação da economia brasileira e seus não menos dramáticos efeitos sociais.
Isso em meio a uma situação igualmente dramática em âmbito global. De acordo com o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurria, os bancos centrais ao redor do mundo estão ficando sem munição para tentar amenizar o impacto da crise. Segundo ele, nada pode ser feito além da manutenção das taxas de juro praticamente no patamar zero, recomendando o recurso da política fiscal para o controle das dívidas públicas.
Como contraponto a esse receita — no Brasil traduzida pelo mantra da “reforma” da Previdência Social —, o presidente da China, Xi Jinping, disse que a postura beligerante dos Estados Unidos de impor interesses próprios e minar os interesses dos outros não ganhará popularidade. Ao contrário da sabujice de Bolsonaro, Xi Jinping disse que o mundo precisa de uma economia digital justa e com ambiente igualitário, respaldada pela “completude e vitalidade das cadeias logísticas globais”.
O Brasil, com o peso relevante de sua economia, teria condições de se apresentar nesse debate com altivez. Essa subserviência de Bolsonaro contrasta com a posição brasileira em reuniões passadas do G20, quando o governo teve protagonismo e atuou de modo firme e eficaz junto aos parceiros comerciais, gerando acordos bilaterais e multilaterais. Foi com essa postura que o país entrou no grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) como importante ator no palco da disputa econômica mundial.
Não há justificativa para esse papel melancólico. Bolsonaro nega uma tradição brasileira de política externa independente e abdica totalmente da posição que o país conquistou nas batalhas organizadas com seus aliados em memoráveis jornadas tanto no G20 quanto na Organização Mundial do Comércio (OMC). O governo brasileiro, num passado recente, participava desses eventos com soberania. A renúncia a essa condição se traduz em mais brasileiros sem emprego, sem renda e sem cidadania. E num país sujeito a um governo sem projeto soberano.
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