Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
A chapa Alberto Fernandez-Cristina Kirschner conseguiu uma vitória de 47% dos votos contra 35% para o presidente Maurício Macri, diferença gigantesca, que surpreendeu a maioria dos analistas, que anunciavam uma vantagem de três ou quatro pontos, na margem de erro.
Em 2015 Maurício Macri venceu a eleição para presidente num momento de divisão do peronismo. Conseguiu uma vitória apertada no segundo turno sobre o candidato apoiado por Cristina Kirschner, derrotada após cumprir um mandato de quatro anos como vice-presidente, e conquistar dois mandatos presidenciais consecutivos.
Com um programa de austeridade clássico, imposto pelo FMI de sempre, com cortes em benefícios sociais e investimentos público, medidas que só agravaram as dificuldades da maioria dos argentinos sem alcançar nenhuma das metas a que se propunha, Macri caminha para uma derrota anunciada desde 2018, quando o movimento sindical se uniu em grandes mobilizações contra o governo.
Desde então, a única dúvida sobre a eleição presidencial marcada para o fim de outubro era saber se a oposição seria capaz de consolidar uma chapa de unidade. A questão se resolveu com a aliança entre Cristina, como vice, Alberto Fernandez, como cabeça de chapa. Juntos, eles conseguiram uma vantagem que parece impossível de ser revertida na eleição presidencial. Pelo contrário. Pelos números de hoje, a hipótese de Alberto Fernandez-Cristina levarem o pleito no primeiro turno é bastante real.
Depois de atuar como cabo-eleitoral de Macri, Jair Bolsonaro também se desgasta com o resultado. A pedido do próprio presidente argentino, em junho, numa visita a Buenos Aires, Bolsonaro fez apelos para que os argentinos votassem "com responsabilidade", associando a chapa adversária ao risco de "novas Venezuelas" no Continente.
O empenho de Bolsonaro contra a chapa de oposição é facil de compreender. Caso Alberto Fernandez-Cristina confirmem nas urnas o favoritismo absoluto anunciado ontem, no final do ano a América do Sul estará sob uma nova paisagem neo-política, o que reabre novas oportunidades para a oposição no Brasil, também. Nesta nova configuração, Bolsonaro terá perdido seu principal aliado na região e a Casa Branca de Donald Trump terá sofrido um percalço importante em seu projeto transformar o Continente num universo fechado, sob seu domínio, onde a Argentina é a segunda economia, após o Brasil.
Mais do que isso. Como já ocorreu em outros momentos da história da região, inclusive na resistência às ditaduras militares, a provável derrota de Macri tornará mais fácil compreender a natureza perniciosa de governos sem apreço pela soberania nacional e sem qualquer compromisso com o bem-estar da maioria da população.
Alguma dúvida?
Numa vantagem que superou a maioria das previsões, a vitória da chapa Alberto Fernandez-Cristina sobre Macri mostra as dificuldades imensas para um governo identificado com um projeto de Estado Mínimo manter a maioria nas sociedades desiguais da América do Sul. ,A vitória da oposição argentina nas eleições primárias é um sinal clamaroso das dificuldades de um governo identificado com uma plataforma de Estado Mínimo para manter a maioria de uma sociedade com as típicas contradições da América do Sul.
A chapa Alberto Fernandez-Cristina Kirschner conseguiu uma vitória de 47% dos votos contra 35% para o presidente Maurício Macri, diferença gigantesca, que surpreendeu a maioria dos analistas, que anunciavam uma vantagem de três ou quatro pontos, na margem de erro.
Em 2015 Maurício Macri venceu a eleição para presidente num momento de divisão do peronismo. Conseguiu uma vitória apertada no segundo turno sobre o candidato apoiado por Cristina Kirschner, derrotada após cumprir um mandato de quatro anos como vice-presidente, e conquistar dois mandatos presidenciais consecutivos.
Com um programa de austeridade clássico, imposto pelo FMI de sempre, com cortes em benefícios sociais e investimentos público, medidas que só agravaram as dificuldades da maioria dos argentinos sem alcançar nenhuma das metas a que se propunha, Macri caminha para uma derrota anunciada desde 2018, quando o movimento sindical se uniu em grandes mobilizações contra o governo.
Desde então, a única dúvida sobre a eleição presidencial marcada para o fim de outubro era saber se a oposição seria capaz de consolidar uma chapa de unidade. A questão se resolveu com a aliança entre Cristina, como vice, Alberto Fernandez, como cabeça de chapa. Juntos, eles conseguiram uma vantagem que parece impossível de ser revertida na eleição presidencial. Pelo contrário. Pelos números de hoje, a hipótese de Alberto Fernandez-Cristina levarem o pleito no primeiro turno é bastante real.
Depois de atuar como cabo-eleitoral de Macri, Jair Bolsonaro também se desgasta com o resultado. A pedido do próprio presidente argentino, em junho, numa visita a Buenos Aires, Bolsonaro fez apelos para que os argentinos votassem "com responsabilidade", associando a chapa adversária ao risco de "novas Venezuelas" no Continente.
O empenho de Bolsonaro contra a chapa de oposição é facil de compreender. Caso Alberto Fernandez-Cristina confirmem nas urnas o favoritismo absoluto anunciado ontem, no final do ano a América do Sul estará sob uma nova paisagem neo-política, o que reabre novas oportunidades para a oposição no Brasil, também. Nesta nova configuração, Bolsonaro terá perdido seu principal aliado na região e a Casa Branca de Donald Trump terá sofrido um percalço importante em seu projeto transformar o Continente num universo fechado, sob seu domínio, onde a Argentina é a segunda economia, após o Brasil.
Mais do que isso. Como já ocorreu em outros momentos da história da região, inclusive na resistência às ditaduras militares, a provável derrota de Macri tornará mais fácil compreender a natureza perniciosa de governos sem apreço pela soberania nacional e sem qualquer compromisso com o bem-estar da maioria da população.
Alguma dúvida?
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