Por Marcelo Zero
A entrevista do mundialmente consagrado jornalista Glenn Greenwald a pessoas que se autodenominam jornalistas no Programa Roda Viva foi um dos mais patéticos espetáculos da mídia brasileira.
A turminha desqualificada, com uma honrosa exceção, em vez de questionar sobre as aterradoras revelações da Vaza Jato, não desmentidas por ninguém, dedicou-se, com a empáfia beócia de um procurador “lavajateiro”, a criticar o único jornalista de verdade presente por, pasmem, fazer jornalismo.
Reproduziram, com fidelidade canina, os argumentos ridículos de Moro e Deltan sobre o “hacker”. Tentaram o tempo todo desqualificar Glenn e torná-lo um criminoso por revelar evidências concretas sobre os crimes da Lava Jato.
Insinuaram sistematicamente que Glenn e Manuela D´Ávila teriam participado ou sido coniventes com um crime de invasão de privacidade pago por alguém. Nenhuma palavra, um sussurro sequer, sobre os aberrantes e evidentes crimes de Moro e Deltan, que mudaram, para pior, muito pior, a história recente do Brasil.
Equipararam as divulgações do Intercept com os vazamentos ilegais da Lava Jato, como se Glenn fosse um promotor ou um juiz com o poder de mandar prender alguém ou investigar alguém.
Tentaram o tempo todo arrancar uma “confissão” de Glenn sobre sua fonte, ignorando um dos princípios mais comezinhos do jornalismo.
Demostrando também total ignorância sobre fatos recentes, insinuaram que a Lava Jato teria deixado um grande legado, e que único legado da Vaza Jato seria o da inviabilização do combate à corrupção no país.
Ora, o legado da Lava Jato foi eminentemente destrutivo, inclusive no campo econômico. Recuperou, até agora, cerca de US$ 10 bilhões, mas, apenas em 2015, provocou em prejuízo de mais de US$ 140 bilhões. Deu enorme contribuição para destruir a cadeia de petróleo e gás, a construção civil pesada nacional e a engenharia brasileira. No Brasil, o combate à corrupção causa um prejuízo muito maior que a corrupção. Graças à Lava Jato e seus “heróis”.
Mas o prejuízo maior da Lava Jato, como ficou claro nas divulgações do Intercept, foi à democracia.
Com efeito, a Lava Jato, além de ter sido instrumental no golpe de 2016, na prisão sem provas do presidente Lula e na eleição fraudada que levou Bolsonaro ao poder, atingiu o cerne da democracia brasileira.
Em nome de um combate partidarizado e ideologizado à corrupção, atingiu-se o que a democracia tem de mais sagrado: o devido processo legal, a presunção da inocência e o direito de todo cidadão de ter acesso a uma justiça isenta.
Esses são princípios democráticos básicos e fundadores, que protegem o indivíduo contra o arbítrio dos agentes do Estado. Por isso, o writ inglês de Habeas Corpus de 1679 é o documento considerado unanimemente como a base da democracia moderna.
A Lava Jato, contudo, tornou aceitável que o Estado atropele tais direitos básicos, desde que seja para perseguir o inimigo político, na luta contra a “corrupção”. O problema é que esse direito penal do inimigo acaba se tornado um inimigo mortal da democracia. Exemplos históricos abundam.
A chamada “República de Curitiba” tornou-se um Estado autoritário dentro do Estado democrático. Regia-se por regras próprias, independentemente de quaisquer controles democráticos. Por pouco não conseguiu até orçamento específico, com base em multa ultrajante obtida pela operação nos EUA contra a Petrobras.
Em todo esse processo destrutivo e antidemocrático, a Lava Jato contou com um grande aliado de peso: a imprensa oligopolizada. De fato, nossa gloriosa imprensa, com raras exceções, recusou-se a fazer o que Glenn e outros do Intercept estão fazendo: jornalismo. Não questionaram nada, não investigaram nada. Limitaram-se a reproduzir, como bem treinados papagaios, todas as informações que Deltan e Moro tinham interesse em divulgar.
Na realidade, a nossa grande imprensa foi mera porta-voz da Lava Jato e seus “heróis” antidemocráticos. Além do interesse político na inviabilização de governos populares, talvez houvesse também, nesse papel de submissão extrema, o anseio por uma blindagem contra investigações sobre sonegação fiscal e “otras cositas más”.
Porém, o pretérito perfeito talvez não seja o tempo de verbo adequado.
A julgar pela patética entrevista do Roda Viva, boa parte da nossa imprensa ainda é mera porta-voz de “lavajateiros” criminosos.
Porta-voz que tem o desplante de perguntar se Glenn atuou um filme pornográfico.
Pornografia pura.
A turminha desqualificada, com uma honrosa exceção, em vez de questionar sobre as aterradoras revelações da Vaza Jato, não desmentidas por ninguém, dedicou-se, com a empáfia beócia de um procurador “lavajateiro”, a criticar o único jornalista de verdade presente por, pasmem, fazer jornalismo.
Reproduziram, com fidelidade canina, os argumentos ridículos de Moro e Deltan sobre o “hacker”. Tentaram o tempo todo desqualificar Glenn e torná-lo um criminoso por revelar evidências concretas sobre os crimes da Lava Jato.
Insinuaram sistematicamente que Glenn e Manuela D´Ávila teriam participado ou sido coniventes com um crime de invasão de privacidade pago por alguém. Nenhuma palavra, um sussurro sequer, sobre os aberrantes e evidentes crimes de Moro e Deltan, que mudaram, para pior, muito pior, a história recente do Brasil.
Equipararam as divulgações do Intercept com os vazamentos ilegais da Lava Jato, como se Glenn fosse um promotor ou um juiz com o poder de mandar prender alguém ou investigar alguém.
Tentaram o tempo todo arrancar uma “confissão” de Glenn sobre sua fonte, ignorando um dos princípios mais comezinhos do jornalismo.
Demostrando também total ignorância sobre fatos recentes, insinuaram que a Lava Jato teria deixado um grande legado, e que único legado da Vaza Jato seria o da inviabilização do combate à corrupção no país.
Ora, o legado da Lava Jato foi eminentemente destrutivo, inclusive no campo econômico. Recuperou, até agora, cerca de US$ 10 bilhões, mas, apenas em 2015, provocou em prejuízo de mais de US$ 140 bilhões. Deu enorme contribuição para destruir a cadeia de petróleo e gás, a construção civil pesada nacional e a engenharia brasileira. No Brasil, o combate à corrupção causa um prejuízo muito maior que a corrupção. Graças à Lava Jato e seus “heróis”.
Mas o prejuízo maior da Lava Jato, como ficou claro nas divulgações do Intercept, foi à democracia.
Com efeito, a Lava Jato, além de ter sido instrumental no golpe de 2016, na prisão sem provas do presidente Lula e na eleição fraudada que levou Bolsonaro ao poder, atingiu o cerne da democracia brasileira.
Em nome de um combate partidarizado e ideologizado à corrupção, atingiu-se o que a democracia tem de mais sagrado: o devido processo legal, a presunção da inocência e o direito de todo cidadão de ter acesso a uma justiça isenta.
Esses são princípios democráticos básicos e fundadores, que protegem o indivíduo contra o arbítrio dos agentes do Estado. Por isso, o writ inglês de Habeas Corpus de 1679 é o documento considerado unanimemente como a base da democracia moderna.
A Lava Jato, contudo, tornou aceitável que o Estado atropele tais direitos básicos, desde que seja para perseguir o inimigo político, na luta contra a “corrupção”. O problema é que esse direito penal do inimigo acaba se tornado um inimigo mortal da democracia. Exemplos históricos abundam.
A chamada “República de Curitiba” tornou-se um Estado autoritário dentro do Estado democrático. Regia-se por regras próprias, independentemente de quaisquer controles democráticos. Por pouco não conseguiu até orçamento específico, com base em multa ultrajante obtida pela operação nos EUA contra a Petrobras.
Em todo esse processo destrutivo e antidemocrático, a Lava Jato contou com um grande aliado de peso: a imprensa oligopolizada. De fato, nossa gloriosa imprensa, com raras exceções, recusou-se a fazer o que Glenn e outros do Intercept estão fazendo: jornalismo. Não questionaram nada, não investigaram nada. Limitaram-se a reproduzir, como bem treinados papagaios, todas as informações que Deltan e Moro tinham interesse em divulgar.
Na realidade, a nossa grande imprensa foi mera porta-voz da Lava Jato e seus “heróis” antidemocráticos. Além do interesse político na inviabilização de governos populares, talvez houvesse também, nesse papel de submissão extrema, o anseio por uma blindagem contra investigações sobre sonegação fiscal e “otras cositas más”.
Porém, o pretérito perfeito talvez não seja o tempo de verbo adequado.
A julgar pela patética entrevista do Roda Viva, boa parte da nossa imprensa ainda é mera porta-voz de “lavajateiros” criminosos.
Porta-voz que tem o desplante de perguntar se Glenn atuou um filme pornográfico.
Pornografia pura.
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