Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
Entre outros estragos na vida nacional, a Lava Jato rebaixou o jornalismo a transcrever boletins de ocorrência, os chamados B.O, servidos no prato feito das delações.
Podem reparar: até a linguagem mudou, tornou-se mais burocrática e tosca, no estilo do juridiquês de Sergio Moro e seus procuradores.
Ao longo dos último cinco anos, com honrosas exceções, o “jornalismo investigativo” se limitou a servir de porta-voz da Lava Jato, na maioria das vezes sem investir em apurações próprias.
Com a divulgação dos diálogos dos procuradores pelo The Intercept, em parceria com outros veículos, ficamos sabendo que até a pauta do dia era acertada entre eles com repórteres e editores, e não só com o Jornal Nacional.
Engana-se quem imagina que a aliança mídia-Lava Jato formada para o golpe de 2016 já se esgotou com a prisão de Lula.
Para se defender das denúncias da Vaza Jato e embaralhar o noticiário, esta semana voltaram suas baterias novamente para Lula e seu irmão Frei Chico, Dilma e, agora, o deputado federal David Miranda, do PSOL, que é casado com Glenn Greenwald, o editor do The Intercept.
Sempre que a coisa aperta para o lado de Moro & Dallagnol, eles ressuscitam as velhas delações do ex-ministro petista Antonio Palocci, que está em prisão domiciliar.
O fato novo do dia foi a revelação de que, apenas dois dias após as primeiras denúncias da Vaza Jato, o Coaf enviou ao Ministério Público um relatório que aponta “movimentações atípicas” de 2,5 milhões na conta do deputado David Miranda.
O MP abriu imediatamente uma investigação sobre as movimentações bancárias de Miranda. Mas nesta quarta-feira a Justiça barrou a tentativa de quebrar o sigilo fiscal do deputado. Miranda afirmou que as movimentações são compatíveis com sua renda familiar. Junto com Glenn, o deputado tem uma empresa de turismo.
Nota divulgada pela assessoria de imprensa da ex-presidente Dilma Rousseff constata a coincidência da ofensiva contra a ex-presidente com as denúncias da Vaza Jato:
“É curioso que a ofensiva da Lava Jato contra Dilma Rousseff ocorra no momento em que os procuradores da República e o ex-juiz Sergio Moro estão sob suspeita, desmascarados pelo The Intercerpt Brasil e demais veículos de imprensa que revelaram as manipulações e distorções feitas a respeito da gravação ilegal entre a então presidenta e o ex-presidente Lula”.
A nota afirma ainda que “a democracia está sob o fogo cruzado dos amigos da ditadura, da tortura e das milícias”.
Em lugar de fazer reportagens para comprovar ou não as delações, como o Intercept faz com as gravações que obteve de fonte anônima com as conversas entre procuradores e juízes de Curitiba, um grupo de jornalistas “especializados” em Lava Jato, o mesmo que comemorou a prisão de Lula, adota o método copia e cola.
O resultado é um jornalismo preguiçoso, chato, burocrático, repetitivo, sem espaço para o contraditório, que “normaliza” as ações da Lava Jato.
Claro que em todas as redações ainda há profissionais que resistem ao prato feito, mas o estrago provocado pela Lava Jato no jornalismo em geral pode ser tema para estudos na academia.
Em todas as áreas, a história recente do Brasil agora pode ser dividida entre antes e depois da Lava Jato, que degradou as relações institucionais, o sistema político e quebrou a economia do país.
O resto é consequência. Deu no que deu.
Vida que segue.
Podem reparar: até a linguagem mudou, tornou-se mais burocrática e tosca, no estilo do juridiquês de Sergio Moro e seus procuradores.
Ao longo dos último cinco anos, com honrosas exceções, o “jornalismo investigativo” se limitou a servir de porta-voz da Lava Jato, na maioria das vezes sem investir em apurações próprias.
Com a divulgação dos diálogos dos procuradores pelo The Intercept, em parceria com outros veículos, ficamos sabendo que até a pauta do dia era acertada entre eles com repórteres e editores, e não só com o Jornal Nacional.
Engana-se quem imagina que a aliança mídia-Lava Jato formada para o golpe de 2016 já se esgotou com a prisão de Lula.
Para se defender das denúncias da Vaza Jato e embaralhar o noticiário, esta semana voltaram suas baterias novamente para Lula e seu irmão Frei Chico, Dilma e, agora, o deputado federal David Miranda, do PSOL, que é casado com Glenn Greenwald, o editor do The Intercept.
Sempre que a coisa aperta para o lado de Moro & Dallagnol, eles ressuscitam as velhas delações do ex-ministro petista Antonio Palocci, que está em prisão domiciliar.
O fato novo do dia foi a revelação de que, apenas dois dias após as primeiras denúncias da Vaza Jato, o Coaf enviou ao Ministério Público um relatório que aponta “movimentações atípicas” de 2,5 milhões na conta do deputado David Miranda.
O MP abriu imediatamente uma investigação sobre as movimentações bancárias de Miranda. Mas nesta quarta-feira a Justiça barrou a tentativa de quebrar o sigilo fiscal do deputado. Miranda afirmou que as movimentações são compatíveis com sua renda familiar. Junto com Glenn, o deputado tem uma empresa de turismo.
Nota divulgada pela assessoria de imprensa da ex-presidente Dilma Rousseff constata a coincidência da ofensiva contra a ex-presidente com as denúncias da Vaza Jato:
“É curioso que a ofensiva da Lava Jato contra Dilma Rousseff ocorra no momento em que os procuradores da República e o ex-juiz Sergio Moro estão sob suspeita, desmascarados pelo The Intercerpt Brasil e demais veículos de imprensa que revelaram as manipulações e distorções feitas a respeito da gravação ilegal entre a então presidenta e o ex-presidente Lula”.
A nota afirma ainda que “a democracia está sob o fogo cruzado dos amigos da ditadura, da tortura e das milícias”.
Em lugar de fazer reportagens para comprovar ou não as delações, como o Intercept faz com as gravações que obteve de fonte anônima com as conversas entre procuradores e juízes de Curitiba, um grupo de jornalistas “especializados” em Lava Jato, o mesmo que comemorou a prisão de Lula, adota o método copia e cola.
O resultado é um jornalismo preguiçoso, chato, burocrático, repetitivo, sem espaço para o contraditório, que “normaliza” as ações da Lava Jato.
Claro que em todas as redações ainda há profissionais que resistem ao prato feito, mas o estrago provocado pela Lava Jato no jornalismo em geral pode ser tema para estudos na academia.
Em todas as áreas, a história recente do Brasil agora pode ser dividida entre antes e depois da Lava Jato, que degradou as relações institucionais, o sistema político e quebrou a economia do país.
O resto é consequência. Deu no que deu.
Vida que segue.
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