Editorial do site Vermelho:
O descaso com a industrialização do país é uma das mais irresponsáveis atitudes do governo Bolsonaro. Informações da Fundação Getúlio Vargas (FGV) indicam crescimento do pessimismo do empresariado sobre o assunto. O Índice de Confiança da Indústria (ICI), divulgado mensalmente, revela que a esperança de um esforço do governo para o desenvolvimento de uma política industrial está em decréscimo.
Em setembro, a confiança recuou em dez dos 19 segmentos industriais pesquisados. "A queda dos indicadores que refletem as expectativas em relação à evolução da produção nos três meses seguintes e a evolução dos negócios nos seis meses seguintes sugere que uma recuperação mais consistente da indústria de transformação deve ficar para o próximo ano", comentou Renata de Mello Franco, economista da FGV, em nota.
Segundo Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), o Brasil poderá deixar o ranking dos 10 países mais industrializados - lista elaborada pela Organização para o Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas (UNIDO), agência da Organização das Nações Unidas (ONU). Seu diagnóstico consta de um estudo que, diz ele, “vai ganhando bastante relevância dado o ambiente hostil ao desenvolvimento, ao crescimento industrial do Brasil".
Em entrevista à Sputnik Brasil, Cagnin acrescenta que as dificuldades para a indústria brasileira têm aumentado desde 2014. "Se mantivermos a trajetória que temos mostrado na última década, por exemplo, é possível que a gente saia desse rol, da elite, do batalhão de elite da indústria mundial", afirma. O economista avalia que o baixo desempenho da economia brasileira e o avanço de outras economias ao mesmo tempo são as causas principais dessa ameaça.
Ele cita o exemplo da Indonésia, que deve ultrapassar o Brasil em breve no desempenho da indústria e faz parte de um grupo de países do leste asiático que tem mostrado bons resultados nesse setor. "Internamente, que é aquilo que a gente chama em economia de desindustrialização, ou seja, a indústria vem perdendo participação no PIB brasileiro, isso de forma bastante acentuada e de forma muito mais rápida do que outros países", diz Cagnin.
De fato, há uma corrida tecnológica no mundo da qual o Brasil não participa. Como explica o cientista político do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio, Luis Fernandes, o acelerado processo de inovação tecnológica em âmbito mundial põe o Brasil diante do desafio de formular um projeto de desenvolvimento que tenha como ponto central o desenvolvimento industrial.
Em lugar de enfrentar o problema, a equipe econômica do governo Bolsonaro optou pelo abstrato conceito de que com as “reformas” do Estado a confiança dos investidores estaria garantida e o Brasil entraria na corrida tecnológica. Essa metafísica, como era de se prever, se mostrou um fiasco - como atesta o ICI da FGV. Além de abandonar o incentivo à inovação tecnológica, o bolsonarismo desmontou os instrumentos de indução da política industrial brasileira, em especial o BNDES.
É verdade que o Brasil, pressionado por seus ativos financeiros, se transformou num exportador de matérias-primas, insumos e outros bens de baixo valor. Mas, nos governos Lula e Dilma, havia o debate sobre a necessidade de uma política industrial - travada, em certa medida, pelos gargalos da macroeconomia. Essa ideia passa longe do governo Bolsonaro, voltado exclusivamente para a administração da política monetária de interesse exclusivo do mercado financeiro.
O descaso com a industrialização do país é uma das mais irresponsáveis atitudes do governo Bolsonaro. Informações da Fundação Getúlio Vargas (FGV) indicam crescimento do pessimismo do empresariado sobre o assunto. O Índice de Confiança da Indústria (ICI), divulgado mensalmente, revela que a esperança de um esforço do governo para o desenvolvimento de uma política industrial está em decréscimo.
Em setembro, a confiança recuou em dez dos 19 segmentos industriais pesquisados. "A queda dos indicadores que refletem as expectativas em relação à evolução da produção nos três meses seguintes e a evolução dos negócios nos seis meses seguintes sugere que uma recuperação mais consistente da indústria de transformação deve ficar para o próximo ano", comentou Renata de Mello Franco, economista da FGV, em nota.
Segundo Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), o Brasil poderá deixar o ranking dos 10 países mais industrializados - lista elaborada pela Organização para o Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas (UNIDO), agência da Organização das Nações Unidas (ONU). Seu diagnóstico consta de um estudo que, diz ele, “vai ganhando bastante relevância dado o ambiente hostil ao desenvolvimento, ao crescimento industrial do Brasil".
Em entrevista à Sputnik Brasil, Cagnin acrescenta que as dificuldades para a indústria brasileira têm aumentado desde 2014. "Se mantivermos a trajetória que temos mostrado na última década, por exemplo, é possível que a gente saia desse rol, da elite, do batalhão de elite da indústria mundial", afirma. O economista avalia que o baixo desempenho da economia brasileira e o avanço de outras economias ao mesmo tempo são as causas principais dessa ameaça.
Ele cita o exemplo da Indonésia, que deve ultrapassar o Brasil em breve no desempenho da indústria e faz parte de um grupo de países do leste asiático que tem mostrado bons resultados nesse setor. "Internamente, que é aquilo que a gente chama em economia de desindustrialização, ou seja, a indústria vem perdendo participação no PIB brasileiro, isso de forma bastante acentuada e de forma muito mais rápida do que outros países", diz Cagnin.
De fato, há uma corrida tecnológica no mundo da qual o Brasil não participa. Como explica o cientista político do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio, Luis Fernandes, o acelerado processo de inovação tecnológica em âmbito mundial põe o Brasil diante do desafio de formular um projeto de desenvolvimento que tenha como ponto central o desenvolvimento industrial.
Em lugar de enfrentar o problema, a equipe econômica do governo Bolsonaro optou pelo abstrato conceito de que com as “reformas” do Estado a confiança dos investidores estaria garantida e o Brasil entraria na corrida tecnológica. Essa metafísica, como era de se prever, se mostrou um fiasco - como atesta o ICI da FGV. Além de abandonar o incentivo à inovação tecnológica, o bolsonarismo desmontou os instrumentos de indução da política industrial brasileira, em especial o BNDES.
É verdade que o Brasil, pressionado por seus ativos financeiros, se transformou num exportador de matérias-primas, insumos e outros bens de baixo valor. Mas, nos governos Lula e Dilma, havia o debate sobre a necessidade de uma política industrial - travada, em certa medida, pelos gargalos da macroeconomia. Essa ideia passa longe do governo Bolsonaro, voltado exclusivamente para a administração da política monetária de interesse exclusivo do mercado financeiro.
0 comentários:
Postar um comentário