Por Fernando Brito, em seu blog:
Na entrevista que deu à Veja, Jair Bolsonaro não disse o nome, mas deixou claro, para bom entendedor, que a acusação era contra seu ex-ministro Gustavo Bebianno de ter um plano para assassiná-lo:
Bolsonaro acredita que, além do ex-garçom Adélio Bispo dos Santos de Oliveira, autor da facada, uma figura do seu staff de campanha estaria envolvida de alguma forma no plano para matá-lo. O presidente não revela a quem se refere, mas, ao longo da entrevista, vai fornecendo detalhes que apontam para um ex-ministro.
Como Bolsonaro diz que este ex-ministro quase foi o vice de sua chapa, podem ser excluídos o general Santos Cruz e o ex-ministro da Educação Ricardo Vélez – que nunca se aproximaram desta disputa – e sobra apenas Bebianno na mira.
“Tinha uma pessoa do meu lado que queria ser vice. O cara detonava todas as pessoas com quem eu conversava. Liguei para convidar o Mourão às 5 da manhã do dia em que terminava o prazo de inscrição. Se ele não tivesse atendido, o vice seria essa pessoa. Depois disso, eu passei a valer alguns milhões deitado.”
Deitado, leia-se, é morto ou incapacitado.
Bolsonaro, recordem-se, já atribuiu a Gustavo Bebianno um dossiê com fotos supostamente orgiásticas do deputado (e autodenominado “príncipe”) Luís Phillippe de Orleans e Bragança
Bebianno diz que vai processar o presidente. O mais provável, porém, é que apresente uma interpelação judicial ao Supremo, com base no artigo 144 do Código Penal:
Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
Sobrará a Bolsonaro recuar, dando o dito pelo não dito ou confirmar e, então, a menos que tenha como provar, ser investigado por calúnia.
O fato é que Bolsonaro, desde o ataque de Juiz de Fora, pratica o mais extremado vitimismo e distribui acusações à medida de suas conveniências e já não há quem leve muito a sério seus arroubos.
A proteção do Judiciário a seus esparramos, uma hora, vai cansar.
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