Na foto, da esquerda para a direita: Vladimir Netto, da TV Globo; Ricardo Brandt, do Estadão; André Guilherme, do Valor; Germano Oliveira, da Isto É; e Flávio Ferreira, da Folha de S. Paulo |
A nova reportagem da Vaza Jato, publicada nesta sexta-feira (20) pelo The Intercept e a Ilustríssima, da Folha de S.Paulo, revelou o conluio de jornalistas de diferentes veículos com procuradores da Lava Jato para favorecer a narrativa da força-tarefa através de matérias jornalísticas.
Ao menos cinco repórteres “de confiança” combinaram matérias com os procuradores Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima, responsáveis pelo trato com a imprensa.
Coincidentemente – ou não –, cinco jornalistas celebraram a condenação do ex-presidente Lula após julgamento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em uma selfie dentro do próprio tribunal.
A imagem foi publicada por Germano Oliveira, editor da revista IstoÉ, responsável por uma série de reportagens fantasiosas contra Lula.
A principal delas, no entanto, foi a que deu início ao caso do Triplex do Guarujá, servindo como notícia-crime para abertura do processo e que resultou na prisão política do ex-presidente.
Ao lado de Germano na selfie do dia da condenação de Lula, estão outros jornalistas também reconhecidos como interlocutores da Lava Jato.
São eles: Vladimir Netto, da TV Globo, Ricardo Brandt, do Estadão, André Guilherme, do Valor Econômico, e Flávio Ferreira, da Folha de S. Paulo.
Netto é filho da jornalista Miriam Leitão e autor da biografia do ex-juiz Sergio Moro, intitulada “Lava Jato – O juiz Sergio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil”.
A esposa do jornalista, Giselly Siqueira, foi uma das nomeadas por Moro para trabalhar em seu gabinete, assim que assumiu o ministério da Justiça. Ela, no entanto, pediu demissão em julho.
Ricardo Brandt é outro jornalista que também aparece na selfie e que atuou na articulação de matérias jornalísticas com procuradores da força-tarefa.
Repórter do Estadão especializado na Lava Jato juntamente com Fausto Macedo, ele chega a ser citado por Santos Lima, no grupo “Filhos do Januário”, em uma das mensagens divulgadas pela Vaza Jato.
Nas mensagens, o jornalista aconselha o procurador sobre como deve ser o tom de seu depoimento para uma das matérias sobre a Lava Jato.
A matéria da Vaza Jato desta sexta-feira confirma a ligação íntima dos procuradores com jornalistas, que submeteram ao coordenador da força-tarefa os textos de suas reportagens antes da publicação, para que apontasse erros ou imprecisões.
Outros concordaram em publicar entrevistas que Deltan Dallagnol respondeu por escrito, inclusive com o acréscimo de questões que não tinham sido feitas.
A reportagem da Vaza Jato não revela quem são os jornalistas.
Pelo histórico, no entanto, é possível identificar alguns daqueles que ajudaram a construir a narrativa da Lava Jato sobre o processo histórico que levou o Brasil ao triste quadro atual.
Não necessariamente são os cinco da foto, mas certamente alguns desses não teriam coragem de dizer que não estão entre os que a reportagem da Vaza Jato citou como parte do conluio com o MP.
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