sexta-feira, 13 de março de 2020

Fake news é o tratamento dado a Cuba

Imagem do site: http://www.cubadebate.cu/
Editorial da revista Fórum

A matéria com o título: “Coronavírus: Sem nenhum caso, Cuba desenvolve vacina e pode salvar planeta” não é fake news como sugeriram ontem alguns perfis nas redes e também a matéria de um grande jornal paulista. Pode haver certo exagero no título com o “salvar o planeta”, mas nada a mais em relação ao conteúdo principal.

O fato é que quem errou foi um veículo da mídia tradicional do Rio de Janeiro, o JB, que noticiou que os cubanos haviam criado a vacina, que foi posteriormente editado. O que não é fato. E levou muita gente a misturar uma informação errada, a outras corretas.

Antes de mais nada é preciso esclarecer que no bom jornalismo o uso de gerúndio em títulos é algo abominável. Às vezes passa, mas a recomendação é nunca usá-lo. Veja, por exemplo, a recomendação expressa no item 18 do Manual de Redação do Estadão um dos veículos que apontou o dedo da fake news para quem tratou o que aconteceu em Cuba como algo a se destacar. Cuba desenvolve sim a vacina. E desenvolve não significa que criou e tampouco que ela está em uso. Significa que desenvolve, no presente do indicativo.

De acordo com informações do jornal cubano Granma, o grupo BioCubaFarma trabalha no projeto de desenvolvimento de um antiviral cubano, o cigb 210, bem como de um candidato a vacina para submetê-lo à consideração da China, além de faixas rápidas para o diagnóstico da doença.

Vários veículos jornalísticos também fizeram confusão do uso de um outro medicamento com a vacina. Quando a crise explodiu na China, o medicamento ‘Interferon alfa 2B’ (IFNrec), produzido desde 25 de janeiro na fábrica cubana Chang-Heber, localizada na cidade de Changchun, província de Jilin, naquele país, já havia curado por lá cerca de 1.500 pacientes.

“O interferon alfa 2B tem a vantagem de que, em situações como essa, é um mecanismo para se proteger, seu uso impede que pacientes com a possibilidade de agravar e complicar cheguem a esse estágio e, finalmente, tenham a morte como resultado”, disse Luis Herrera Martínez, consultor científico e comercial do grupo de negócios BioCubaFarma.

O ‘Interferon alfa 2B’, no entanto, como informou a Fórum desde o começo, não é uma vacina. E nem é um remédio novo. Mas qual o sistema de saúde que descobriu que ele pode ser usado com sucesso no tratamento do Coronavírus? O dos EUA? O da Itália? Ou o de Cuba? Só porque o medicamento não foi criado para combater essa doença isso não deveria ser destacado?

O resultado do trabalho cubano na saúde pública é notável não é de hoje e, nessa crise do coronavírus, não tem sido diferente.

Até o momento em que a Fórum subiu o referido texto, na manhã de ontem (quinta-feira, 12), a ilha não tinha nenhum caso registrado do vírus. Horas depois, atualizamos a matéria anotando que três italianos de passagem por Cuba foram notificados com o vírus. Nesta quinta-feira, mais um caso apareceu, desta vez um cubano que mora em Santa Clara, província de Villa Clara, casado com boliviana que vive em Milão, na Itália.

Todos esses casos, de acordo com informações de autoridades sanitárias de Cuba, são assintomáticos, estão isolados e sob estrita vigilância médica. Algo que não tem acontecido no Brasil, que está vendo o número de infectados aumentar de maneira geométrica e que teve o seu presidente, ministros e assessores viajando sem controle para os EUA e trazendo o vírus para cá.

Diante de tantos resultados positivos na saúde pública, não só no combate ao coronavírus, mas também na erradicação da dengue, por exemplo, fake news no jornalismo brasileiro é o tratamento dispensado à Cuba. A qualidade surpreendente de Cuba na educação e da saúde nunca são notícias por aqui. O presidente do país é chamado de ditador nos jornais enquanto os ditadores da Arábia Saudita e outros protetorados árabes dos EUA são tratados como grandes democratas.

Sim, Cuba está contribuindo muito para o combate do Coronavírus na China (basta perguntar ao governo chinês) e já desenvolve a vacina contra a doença. O resto é fake news que faz com que uma parte da população grite “vá para Cuba” até em defesa de teses estapafúrdias como a terra ser plana.

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