O camarote privado de vacinas contra a covid-19, seja clandestino ou legalizado, vai escancarar e aprofundar a desigualdade do país e irá piorar as ações de controle da pandemia.
No Brasil, existe um movimento feito por empresários que parece terem perdido a paciência com os obstáculos e a irresponsabilidade do presidente em relação ao programa de vacinação. Interessante notar que são empresários, na sua ampla maioria, apoiadores de Bolsonaro e deste governo
Ao invés de pressionarem o governo para comprar mais vacinas e acelerar o programa de vacinação, passaram a fazer aquilo que eles fazem sempre ao longo da vida: usar o dinheiro como força econômica para obter privilégios e para furar a fila.
A intenção é comprar vacinas e organizar filas privadas próprias seguindo a ordem que consideram do seu interesse. O discurso é que, com esse esforço, podem doar uma parte das vacinas para o SUS e, com isso, ajudar o nosso sistema público na campanha de vacinação.
É lógico que esses empresários não falam, em nenhum momento, que a oferta concreta que podem fazer para o SUS é ínfima perante a necessidade do país. Um deles tem dito com muita força que poderá doar 10 milhões de vacinas para o sistema público.
Só para todo mundo lembrar: o Brasil, somando o Ministério da Saúde e governos estaduais e municipais, já tem 500 milhões de vacinas contratadas. 10 milhões comparado com 500 milhões é um valor ínfimo, pouco significante no sentido de avançar no programa de vacinação nacional.
Na verdade, o que esses empresários querem é usar o poder do dinheiro para cuidar de si, para passar na frente, furar fila, e, muitas vezes, o fazem de forma ilegal e clandestina como cometeram os empresários de Minas Gerais.
Há impactos gravíssimos. O primeiro é a profunda injustiça que é o dinheiro fazer com que uma pessoa que tenha 50 anos de idade seja vacinada antes de uma pessoa que tem mais de 70 ou 80 anos de idade. Ou que o executivo de uma grande loja, banco ou empresa de transportes seja vacinado antes de um profissional de saúde, um trabalhador da educação, um agente de segurança, um profissional do transporte público ou uma pessoa com deficiência. Ou seja, é o poder do dinheiro passando à frente das pessoas que mais precisam.
Isso é muito grave porque as vacinas são escassas no mundo. É como se nós vivêssemos todos em uma grande cidade que tivesse apenas uma mina d'água para abastecer toda a população e algum empresário pudesse se sentir no direito de pegar parte da água para abastecer a piscina de sua casa, deixando milhares de pessoas sem água para beber, cozinhar e tomar banho.
"Ah, mas vou dar vacina para meus funcionários", dizem os empresários.
É como se esse empresário pegasse a água da mina para abastecer sua piscina, sua caixa d'água e fornecesse aos funcionários que trabalham em sua própria casa, excluindo os milhares de habitantes daquela cidade.
Não existe essa história de que os empresários estão comprando vacinas para doar para o SUS. Não, eles estão comprando de uma empresa que poderia estar vendendo para o SUS. Eles passam na frente, pagando mais caro, colocando o preço lá em cima, para utilização própria apenas dos seus, organizando uma fila privada de vacinação.
A consequência desse ato é aprofundar a desigualdade, além de ajudar a descontrolar a pandemia.
Isso acontece porque começamos a vacinação dos grupos mais vulneráveis, que mais precisam, exatamente porque esse grupo, sendo vacinado mais rápido, reduz-se a pressão sobre os hospitais e serviços de saúde.
É exatamente o grupo de risco que pode precisar mais de uma UTI ou internação hospitalar. Na medida em que esse grupo deixa de ser vacinado, se tem a falsa impressão de que está se protegendo, mas o sistema de saúde pode entrar em colapso.
Muito mais do que isso: se não é garantida a vacinação de todos, mesmo que você esteja vacinado, isso não significa que você esteja 100% protegido.
Vamos lembrar que nenhuma das vacinas garantem 100% de bloqueio da transmissão. Ou seja, vacinar o conjunto da população é também uma proteção individual para você.
Por isso, a vacina precisa ser para todos e em primeiro lugar para aqueles que têm maior risco de morte ou de impactar os serviços de saúde.
No Brasil, existe um movimento feito por empresários que parece terem perdido a paciência com os obstáculos e a irresponsabilidade do presidente em relação ao programa de vacinação. Interessante notar que são empresários, na sua ampla maioria, apoiadores de Bolsonaro e deste governo
Ao invés de pressionarem o governo para comprar mais vacinas e acelerar o programa de vacinação, passaram a fazer aquilo que eles fazem sempre ao longo da vida: usar o dinheiro como força econômica para obter privilégios e para furar a fila.
A intenção é comprar vacinas e organizar filas privadas próprias seguindo a ordem que consideram do seu interesse. O discurso é que, com esse esforço, podem doar uma parte das vacinas para o SUS e, com isso, ajudar o nosso sistema público na campanha de vacinação.
É lógico que esses empresários não falam, em nenhum momento, que a oferta concreta que podem fazer para o SUS é ínfima perante a necessidade do país. Um deles tem dito com muita força que poderá doar 10 milhões de vacinas para o sistema público.
Só para todo mundo lembrar: o Brasil, somando o Ministério da Saúde e governos estaduais e municipais, já tem 500 milhões de vacinas contratadas. 10 milhões comparado com 500 milhões é um valor ínfimo, pouco significante no sentido de avançar no programa de vacinação nacional.
Na verdade, o que esses empresários querem é usar o poder do dinheiro para cuidar de si, para passar na frente, furar fila, e, muitas vezes, o fazem de forma ilegal e clandestina como cometeram os empresários de Minas Gerais.
Há impactos gravíssimos. O primeiro é a profunda injustiça que é o dinheiro fazer com que uma pessoa que tenha 50 anos de idade seja vacinada antes de uma pessoa que tem mais de 70 ou 80 anos de idade. Ou que o executivo de uma grande loja, banco ou empresa de transportes seja vacinado antes de um profissional de saúde, um trabalhador da educação, um agente de segurança, um profissional do transporte público ou uma pessoa com deficiência. Ou seja, é o poder do dinheiro passando à frente das pessoas que mais precisam.
Isso é muito grave porque as vacinas são escassas no mundo. É como se nós vivêssemos todos em uma grande cidade que tivesse apenas uma mina d'água para abastecer toda a população e algum empresário pudesse se sentir no direito de pegar parte da água para abastecer a piscina de sua casa, deixando milhares de pessoas sem água para beber, cozinhar e tomar banho.
"Ah, mas vou dar vacina para meus funcionários", dizem os empresários.
É como se esse empresário pegasse a água da mina para abastecer sua piscina, sua caixa d'água e fornecesse aos funcionários que trabalham em sua própria casa, excluindo os milhares de habitantes daquela cidade.
Não existe essa história de que os empresários estão comprando vacinas para doar para o SUS. Não, eles estão comprando de uma empresa que poderia estar vendendo para o SUS. Eles passam na frente, pagando mais caro, colocando o preço lá em cima, para utilização própria apenas dos seus, organizando uma fila privada de vacinação.
A consequência desse ato é aprofundar a desigualdade, além de ajudar a descontrolar a pandemia.
Isso acontece porque começamos a vacinação dos grupos mais vulneráveis, que mais precisam, exatamente porque esse grupo, sendo vacinado mais rápido, reduz-se a pressão sobre os hospitais e serviços de saúde.
É exatamente o grupo de risco que pode precisar mais de uma UTI ou internação hospitalar. Na medida em que esse grupo deixa de ser vacinado, se tem a falsa impressão de que está se protegendo, mas o sistema de saúde pode entrar em colapso.
Muito mais do que isso: se não é garantida a vacinação de todos, mesmo que você esteja vacinado, isso não significa que você esteja 100% protegido.
Vamos lembrar que nenhuma das vacinas garantem 100% de bloqueio da transmissão. Ou seja, vacinar o conjunto da população é também uma proteção individual para você.
Por isso, a vacina precisa ser para todos e em primeiro lugar para aqueles que têm maior risco de morte ou de impactar os serviços de saúde.
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