Em uma casa que, nas últimas décadas, foi chacoalhada por manobras oportunistas de toda espécie, por assomos de vaidade, por fraquezas inconcebíveis a Ministros da Suprema Corte, nada se compara ao gesto do Ministro bolsonarista Kassio Nunes. É o fundo do poço.
Que ele queira representar o pensamento bolsonarista na Corte, entende-se.
Afinal, ele foi indicado por Bolsonaro. Mas a manobra realizada é desabonadora para sua biografia e o transforma na pior figura da Suprema Corte, pelo menos desde a redemocratização.
Para apoiar pastores preocupados com o dízimo, seu primeiro passo foi identificar uma ação proposta indevidamente por uma associação de juristas evangélicos. Foi a maneira encontrada para se apossar de um caso que já estava sendo analisado pelo Ministro Gilmar Mendes.
Não bastou. Autorizou a abertura de templos passando por cima de uma decisão do colegiado da corte, de respeitar a autonomia de estados e municípios na decretação de estratégias contra a Covid – partindo do princípio de que são os entes federativos que estão atuando na ponta.
E fez isso no pior momento de uma pandemia que está matando quase 3 mil brasileiros por dia.
Com seu gesto, Kassio Nunes se transforma, sem competidores, em uma vergonha do Judiciário.
A única diferença entre ele e o capitão defensor da tortura e dos atentados terroristas são os métodos. Ambos se merecem.
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