quarta-feira, 19 de maio de 2021

Contrabando e outros crimes chamuscam Salles

Por Altamiro Borges

Ricardo Salles, o ricaço ministro da devastação ambiental de Jair Bolsonaro, levou uma chamuscada na manhã desta quarta-feira (19) nas suas ações para "passar a boiada" no campo brasileiro. Ele, serviçais corruptos do seu ministério e madeireiros criminosos foram alvo de operações de busca e apreensão da Polícia Federal em suas casas e escritórios.

Batizada de Operação Akuanduba, a ação policial investiga crimes contra a administração pública – incluindo corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, principalmente, facilitação de contrabando praticada por agentes públicos e empresários do setor. Essa “máfia de madeireiros” seria responsável pela exportação ilegal para os EUA e Europa.

Despacho favorável aos madeireiros ilegais

Autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a operação envolveu cerca de 160 policiais federais, que cumpriram 35 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, São Paulo e Pará. O STF ordenou também o afastamento preventivo de dez servidores públicos ocupantes de cargos e funções de confiança no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e no Ministério do Meio Ambiente.

O órgão determinou ainda a suspensão imediata de um despacho de fevereiro de 2020, baixado pelo irado bolsonarista, que permitia a exportação de produtos florestais sem a necessidade da emissão de autorizações com esse fim. A decisão criminosa contrariava atos normativos e pareceres técnicos do Ibama. Ricardo Salles está com cheiro de queimada!

Acusações desde o governo de Geraldo Alckmin

Há muito tempo que o hoje ministro do laranjal bolsonariano é acusado de usar seus cargos para negócios ilícitos e para acumular fortunas em ritmo acelerado e suspeito. Na época em que ocupou postos no governo Geraldo Alckmin (PSDB-SP), ele aumentou seu patrimônio em mais de 500% e foi alvo de várias acusações – que nunca prosperaram.

Conforme registrou Cida de Oliveira, em matéria postada no final de outubro de 2019 no Jornal GGN, “Ricardo Salles foi secretário particular do governador tucano e secretário estadual do Meio Ambiente no período de 2012 a 2017. Segundo os promotores, sua fortuna passou de cerca de R$ 1.456.000,00 para aproximadamente R$ 8.800.000,00”.

O rápido enriquecimento chamou a atenção do Ministério Público de São Paulo. No despacho solicitando a quebra do sigilo fiscal e bancário do ex-secretário, o MP-SP argumentou:

“É no mínimo curioso que alguém que percebeu a média de R$ 1.500,00 de rendimentos mensais da advocacia em 2013, antes de assumir o cargo de secretário particular do governador, que não possuía rendimentos superiores a cerca de R$ 12.445,00, líquidos em agosto de 2014, possa ter tido uma variação patrimonial de 504% entre 2012 e meados de 2018, tendo passado 13 meses e meio ( 16/07/2016 a 30/08/2017) exercendo cargo público no qual percebia remuneração média de R$ 18.413,42 e estava impedido de advogar”.

A investigação, porém, não avançou. O oportunista Ricardo Salles traiu o seu padrinho político tucano e pegou carona na onda fascista que conduziu Jair Bolsonaro ao governo. Ganhou de presente o estratégico cargo de ministro do Meio Ambiente, “passando a boiada” para os interesses da cloaca do agronegócios. Agora, porém, volta à berlinda.

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