Por Jeferson Miola, em seu blog:
É público e notório que Bolsonaro está com a saúde física comprometida – os soluços têm pinta de serem verossímeis.
Bolsonaro, cujo diagnóstico de sociopata [Transtorno de Personalidade Antissocial] é compatível com o descrito no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, também está emocionalmente mais transtornado que seu “padrão normal de sociopatia”.
Em 16 abril passado ele já havia comunicado, com absoluta naturalidade, que teria de se submeter a nova cirurgia para remover uma hérnia – um problema benigno e crônico.
A possível intervenção cirúrgica, como Bolsonaro informou, estava prevista. Talvez tenha sido antecipada devido à obstrução intestinal, que pode ser efeito colateral da própria hérnia.
É preciso ser elucidado, por isso, se o atendimento de urgência do Bolsonaro foi para solucionar o problema que ele próprio tornou público há cerca de 3 meses, em abril passado, agora precipitado pela obstrução intestinal ou se é, de fato, uma urgência.
A viagem de 4 dias do general Hamilton Mourão a Angola para encontro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa nesta mesma 4ª feira [14/7] sugere normalidade e “irrelevância médica” do problema de saúde do Bolsonaro. Seria improvável o afastamento do vice-presidente do país se o estado do Bolsonaro fosse efetivamente grave ou preocupante.
Apesar das notícias apelativas, dos segredos e mistérios sobre a remoção apressada para São Paulo para ser operado com urgência, logo após os primeiros exames realizados o hospital comunicou “tratamento conservador” [clínico] dele, não-cirúrgico.
Em se tratando de Bolsonaro e governo militar, é difícil acreditar em qualquer coisa. Menos ainda quando eles estão em desvantagem na guerra. E, como na antiga frase atribuída ao senador estadunidense Hiram Johnson, “numa guerra, a primeira vítima é a verdade”.
O governo dos generais está flanqueado pela CPI, desmoralizado pelas descobertas dos esquemas de corrupção e gangsterismo, peitado pelo STF e pressionado por gigantescas manifestações nas ruas.
O governo está no seu pior momento, e são limitadas as margens de manobra para reverter o cenário de morticínio, desastre econômico, desemprego colossal e perda de credibilidade do Bolsonaro, do governo e das Forças Armadas.
O manto de mistério criado em torno do real estado de saúde do Bolsonaro sugere um tipo de sensacionalismo apelativo. É patente o objetivo de vitimizar o “mito”, desviar a atenção dos acontecimentos e mobilizar a matilha em oração pelo “corpo do herói em martírio”.
Nos twitters publicados por volta das 17 horas, antes do embarque a São Paulo, Bolsonaro não prestou uma única informação sobre seu quadro clínico, apenas fez proselitismo mentiroso contra os “inimigos” para atiçar a matilha: “Mais um desafio, consequência da tentativa de assassinato promovida por antigo filiado ao PSOL, braço esquerdo do PT, para impedir a vitória de milhões de brasileiros que queriam mudanças para o Brasil. Um atentado cruel não só contra mim, mas contra a nossa democracia”.
A oração “nos motiva a seguir em frente e enfrentar tudo que for preciso para tirar o país de vez das garras da corrupção, da inversão de valores, do crime organizado, e para garantir e proteger a liberdade do nosso povo”. Nada mal para um enfermo em estado grave!
As últimas palavras bíblicas dele no twitter foram: “Estaremos de volta em breve, se Deus quiser. O Brasil é nosso!”.
O apelo à comoção, tal como naquele nebuloso 6 de setembro de 2018, dia da suposta facada, é um recurso oportunista que, todavia, por ora não está conseguindo esfriar a fervura da CPI, o avanço das investigações sobre corrupção e os inquéritos no STF.
Fica a pergunta: a “gravidade” do estado de saúde do Bolsonaro é fato ou é fake?
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