quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Rejeição do voto impresso não cala Bolsonaro

Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:


Foi uma derrota acachapante, uma resposta eloquente ao desfile dos tanques com intenção intimidatória: na noite dessa terça-feira, a emenda do voto impresso obteve apenas 229 favoráveis

Bem menos que os 308 necessários. Votaram contra 218 deputados e 64 se ausentaram para não melindrar Bolsonaro com um voto contrário.

Ele vai respeitar o resultado, como teria prometido a Arthur Lira? Claro que não.

Era isso mesmo que ele queria, a manutenção do voto eletrônico para poder falar em fraude quando for derrotado, criar confusão e, se puder, dar seu sonhado golpe. Desacreditar o sistema eleitoral é sempre um recurso dos que procuram a ditadura.

O aparato sucateado que desfilou ontem, e o mal estar no alto comando do Exército, informam que não será tão fácil arrastar as Forças Armadas para a aventura, mas o plano segue adiante.

O ridículo a que elas se prestaram ontem, em ato que expôs a debilidade e o isolamento político de Bolsonaro devem deixar sequelas.

Lira, nas entrevistas que se seguiram à votação,, disse algumas vezes que não deve haver "vencedores e derrotados".

Que é importante buscar medidas para dar mais segurança às urnas e sanar desconfianças da população, como se o povo, e não Bolsonaro, estivesse lançando dúvidas sobre o sistema.

O que ele está articulando junto ao TSE é a tal ampliação do número de urnas que são submetidas ao teste de integridade.

Este teste é feito em todos os pleitos, comparando votações simuladas com voto impresso e apenas eletrônico. Mas, como registrou o TUC em seu relatório, os partidos raramente comparecem, em sinal de que não desconfiam do sistema. Isso também não contentará Bolsonaro. Então, se ele chegar ao pleito, temos a confusão marcada.

O Senado também respondeu aos tanques com uma votação, derrubando a Lei de Segurança Nacional da Ditadura, agora transformada em Lei de Defesa do Estado Democrático de Direito.

Por mais fina ironia, vai à sanção de Bolsonaro, que conspira o tempo inteiro contra a democracia. E ainda poderá ser enquadrado nela.

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