Encontro com o setor de Cultura no Rio Grande do Sul (02/6/22) Foto: Ricardo Stuckert |
Lula disse exatamente o mesmo que quase toda a crônica política diz todos os dias, que “o PSDB acabou”.
Lula disse o que todo mundo lê nos jornais, que os banqueiros (e o grande empresariado, em boa parte) “só perguntam ‘e o teto de gastos fiscal, vai manter ou não? E a responsabilidade fiscal? E a dívida pública?’ e “nunca perguntaram para mim: como está o povo na rua? A fome? O desemprego?”.
De fato, quem viu esta gente se indignando com os brasileiros terem de comer pé de frango?
Pronto, bastou para a imprensa e os “muy amigos” voltassem a “patrulhar” Lula e recomendar que ele se limite a ler textos preparados e “arredondados” por assessores, para ser o Lula que desejam: o que cante bem afinado com o coro dos contentes.
Janio de Freitas, na Folha de domingo, já havia observado que fazer Lula descer ao ridículo de “discursar de papel na mão, por leitura de texto alheio”, era um dos “çábios” conselhos desta gente para evitar um “queda nas pesquisas” que só eles viam e os fizeram desejar ” ver Lula falando como alguém do PSDB ou MDB, insincero e bajulador da “elite”.
À falta de Leonel Brizola e Jânio Quadros, grandes improvisadores políticos, não pode ser esquecido também o talento oratório que foi, e é, o caminhão do pau-de-arara e a ferramenta do metalúrgico Lula para derrotar preconceitos e as artimanhas de domínio social e político.
A mídia e a elite, que cobram incessantemente de Lula que se amolde àquilo que considera “pragmatismo” e “realismo”, recusa-se, porém, a pretender o mesmo para si e continua tentando parir uma “alternativa” inexistente a ele, porque Bolsonaro tornou-se indefensável (ou quase, porque haverá entre eles quem acabe por preferi-lo).
O “Lulinha Paz e Amor” não promete ser um governante anódino, sem paixões e opiniões. Não precisa mesmo dizer que não é um “bicho-papão” porque já mostrou que não é.
Mas também mostra – e seguirá mostrando – que não deixou de ser o que é, desde que surgiu na cena política.
Se querem um estelionatário, um mentiroso, um dissimulado, há na praça uma farta quantidade.
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