Charge do Facebook "Flopou" |
Folha, Globo e Estadão passaram a semana anunciando, com chamadas de capa, a grande aglomeração de bolsonaristas, diante do prédio do Masp, na Avenida Paulista no domingo.
Seria um ato em defesa dos direitos humanos dos terroristas presos pelo 8 de janeiro, com a presença quase certa (quase) de Bolsonaro.
Foi um fracasso. O vão do prédio do museu tem 74 metros de extensão. Era a mesma extensão do público. Quantas pessoas?
Havia estimativas para todos os gostos. A maioria mais generosa ficou no fim em torno de no máximo 10 mil.
Mais do que chegaram a calcular no meio da tarde. Mas é muito pouco. O que fizeram os jornalões que passaram dias anunciando o grande evento? Esconderam no domingo o fracasso do ato de Malafaia.
Estadão e Globo não deram nada na capa durante toda a tarde. O ato deveria começar às 14h, e a Folha só apareceu com um texto às 16h25min.
A reportagem começava assim: “Centenas de bolsonaristas participaram de uma manifestação neste domingo (26) em frente ao Masp, em São Paulo, para homenagear Cleriston Pereira da Cunha, réu dos ataques golpistas de 8 de janeiro que morreu no último dia 20 no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal”.
Ao começar com ‘centenas’, o texto tentou dar um ar superlativo ao evento. Nada é mais vago do que a palavra centenas, que qualquer foca de redação sabe que não deve usar. Centenas, dúzias ou dezenas não dizem nada.
A Folha correu o risco de compartilhar no texto um vídeo que o ex-ministro e agora advogado de Bolsonaro Fabio Wajngarten publicou em suas redes sociais.
A imagem mostrava apenas um lado da aglomeração, em frente ao Masp, porque Wajngarten (ou quem filmou) não virou a câmera do celular para o outro lado, que deveria estar vazio.
Fica claro que o vídeo é feito do alto de um carro de som e que a pequena aglomeração se estendia até poucos metros adiante desse palanque (o link para o vídeo está no final desse texto).
O advogado de Bolsonaro foi tratado pelo jornal como se fosse o seu repórter de imagens na Paulista. Uma afronta da empresa ao trabalho de profissionais que se dedicam à produção de fotos e vídeos para a Folha.
E os outros jornais? Os outros não quiseram usar nem o vídeo com a versão de Wajngarten. Os outros se esconderam.
Bolsonaro sabia que seria um fiasco e não foi. Os filhos dele sumiram. Mas foram o que a Folha definiu como “nomes de peso” do bolsonarismo, como Magno Malta (PL-ES), Carla Zambelli e o organizador, o pastor Silas Malafaia.
Quem discursava atacava Lula e Alexandre de Moraes. Foi uma coisa patética, para acabar com qualquer tentativa de juntar gente da extrema direita a partir de agora.
Isso significa que o bolsonarismo está fragilizado ou morto? Não. Significa que a militância do fascismo é sustentada por tios e tias de idade, que não aguentam mais ir para a rua.
Eles continuam ao lado de Bolsonaro, acreditam no que ele diz, irão votar nos seus candidatos no ano que vem nas eleições municipais, mas não têm mais preparo físico para estar nas ruas, depois do abalo com a derrota para Lula, do fracasso dos acampamentos nos quartéis e do golpe tabajara de 8 de janeiro.
O bolsonarismo depende do ativismo de idosos. É uma constatação oferecida pela realidade. Não é etarismo. É a verdade. Tios e tias preferem ficar no zap, porque o ativismo das ruas está cada vez mais cansativo.
O bolsonarista é, em sua maioria, um militante de celular, porque disseminar fake news não cansa. Segundo esses tios, não foram centenas, como disse a Folha, mas milhares de patriotas que foram à Paulista no domingo.
Para eles, é a realidade paralela o que importa. Folha, Globo e Estadão se omitem, colaboram com esse transe e até o incentivam.
(No Rio e em outras capitais os atos também foram um fracasso).
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