Reproduzo artigo de Paulo Henrique Amorim, pubicado no blog Conversa Afiada:
No Amazonas, Vanessa do PC do B derrotou Arthur Virgilio Cardoso, aquele que derrubou a CPMF, mandou o Senado cobrir o Visa dele em Paris e disse que ia dar uma surra no Lula.
Na Bahia, Walter Pinheiro e Lidice da Mata derrotaram Cesar Borges e Aleluia, carlistas e Golpistas.
No Ceará, o excelente deputado petista Pimentel derrotou o Tasso “tenho jatinho porque posso” Jereissati na segunda vaga para o Senado.
Em Mato Grosso, Antero Paes e Barros, funcionário do Serra e Golpista de primeira hora, ficou em quarto.
Na Paraíba, Ephraim Moraes, outro Golpista do DEMO, foi derrotado.
Em Pernambuco assistiu-se a um espetáculo deslumbrante: Armando Monteiro e Humberto Costa derrotaram Marco Maciel (12%) e Raul Jungmann (8%).
Dois Golpistas abatidos numa eleição só.
No Piauí, também.
Mão Santa e Heráclito, ambos com 14%, foram solenemente derrotados.
Agora, finalmente, se saberá quem paga os advogados para Heráclito processar este ordinário blogueiro.
No Paraná, outro herói do Golpe na CPI dos Correios, Gustavo Fruet, foi devidamente derrotado para o Senado.
No Rio, César Maia, que ofereceu o Índio ao Serra e pretendia ocupar a extrema direita no Senado, perdeu para Lindberg e Crivella.
No Rio Grande do Sul, Rigotto, que persegue o jornalista Elmar Bones, ficou atrás de Paim e Ana Amélia.
Da bancada Golpista original, autêntica, 24 quilates, sobraram o Demóstenes (o do grampo sem áudio) e o Agripino, no Rio Grande do Norte.
Vão ter que trabalhar com o Aloysio Nunes Ferreira de São Paulo.
Porque em São Paulo, ficou zero a zero.
Marta entrou no lugar de Mercadante e o Aloysio no de Tuma.
Dilma vai controlar o Senado.
Em tempo: cabe registrar que dois candidatos a Governador in pectore do Serra, escolhidos pessoalmente pelo “dedazo” do Serra, foram devidamente trucidados, Jarbas, em Pernambuco e Gabeira, no Rio.
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segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Tentando entender a "onda verde"
Reproduzo artigo de Luiz Carlos Azenha, publicado no blog Viomundo:
Houve onda verde, sim. E a onda verde, que pegou de surpresa a todos os institutos de pesquisa, é que está levando a eleição presidencial para o segundo turno.
Dito isso, é preciso tentar entender o que alimentou essa onda verde.
Sinceramente, não acredito que isso se deva apenas à sórdida campanha movida por religiosos católicos e evangélicos contra a candidata governista.
Isso jamais renderia a Marina Silva mais de 18 milhões de votos!
Por dados anedóticos, colhidos aqui e ali, é possível notar que Marina respondeu a uma aspiração dos jovens, que se mostraram fartos com a polarização PT/PSDB.
Se assim for, a proposta do presidente Lula de promover a campanha em seus termos, ou seja, num confronto bipolar, fracassou nas urnas neste domingo.
Os eleitores de Marina querem saber mais. Querem mais que as produções de alta qualidade do marqueteiro João Santana.
Quem é leitor do blog sabe que já tratei mais de uma vez da falta de politização da campanha no primeiro turno.
Foi uma opção do PT, que parecia acreditar que bastava propagandear os feitos econômicos do governo — o que foi feito com competência na campanha televisiva — para garantir a vitória em primeiro turno.
Marina Silva se projetou, em minha modesta opinião, justamente nesse buraco negro da falta de politização.
Outra observação necessária: um presidente com 80% de aprovação nas pesquisas conseguiu transferir pouco mais da metade disso para a sua candidata.
Reflexo, em minha opinião, da falta de politização que acompanhou a ascensão social de milhões de brasileiros para a classe média. Vários comentaristas já trataram disso. Seria o “fator Berlusconi”. Ou seja, uma ascensão social que promove um eleitorado conservador, cuja lealdade não reflete compromisso político com um projeto e muito suscetível às questões morais — o boato de que o vice de Dilma é satanista, por exemplo. O “melhorismo” de Lula, na definição de Plínio de Arruda Sampaio, se assenta sobre bases mais frágeis do que se imaginava?
O segundo turno, em minha opinião, é resultado de um conjunto de fatores.
Sem qualquer sombra de dúvida, a mídia desempenhou um papel relevante, disparando balas de prata que reduziram sensivelmente a vantagem da candidata petista nas últimas semanas de campanha.
Acima de tudo, a mídia cumpriu a tarefa a que se propôs, de desviar o foco da eleição das questões econômicas para os escândalos.
Serra não recolheu os escombros, que cairam no colo de Marina Silva.
Acima de tudo, no entanto, é preciso colocar todos os pingos nos is dos erros na campanha da candidata governista:
1. Como todos sabíamos antecipadamente do papel que a mídia iria desempenhar em 2010, ninguém detectou o potencial explosivo dos negócios em torno de Erenice Guerra?
2. Por que a campanha de Dilma Rousseff não se antecipou aos boatos de forma didática, como Barack Obama fez nos Estados Unidos, criando um site específico para combatê-los?
3. Por que a campanha de Dilma não rebateu as promessas de José Serra e não politizou a campanha?
De qualquer forma, a votação expressiva de Marina Silva indica uma mudança significativa no quadro político brasileiro e, portanto, nos próximos 30 dias de campanha.
Acredito que a campanha de José Serra vai dar alguns passos em busca do centro político, representado agora pela “terceira via” de Marina. Ficará muito mais difícil, nestas circunstâncias, fazer agora a polarização politizada que o PT poderia ter feito durante a campanha do primeiro turno.
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Houve onda verde, sim. E a onda verde, que pegou de surpresa a todos os institutos de pesquisa, é que está levando a eleição presidencial para o segundo turno.
Dito isso, é preciso tentar entender o que alimentou essa onda verde.
Sinceramente, não acredito que isso se deva apenas à sórdida campanha movida por religiosos católicos e evangélicos contra a candidata governista.
Isso jamais renderia a Marina Silva mais de 18 milhões de votos!
Por dados anedóticos, colhidos aqui e ali, é possível notar que Marina respondeu a uma aspiração dos jovens, que se mostraram fartos com a polarização PT/PSDB.
Se assim for, a proposta do presidente Lula de promover a campanha em seus termos, ou seja, num confronto bipolar, fracassou nas urnas neste domingo.
Os eleitores de Marina querem saber mais. Querem mais que as produções de alta qualidade do marqueteiro João Santana.
Quem é leitor do blog sabe que já tratei mais de uma vez da falta de politização da campanha no primeiro turno.
Foi uma opção do PT, que parecia acreditar que bastava propagandear os feitos econômicos do governo — o que foi feito com competência na campanha televisiva — para garantir a vitória em primeiro turno.
Marina Silva se projetou, em minha modesta opinião, justamente nesse buraco negro da falta de politização.
Outra observação necessária: um presidente com 80% de aprovação nas pesquisas conseguiu transferir pouco mais da metade disso para a sua candidata.
Reflexo, em minha opinião, da falta de politização que acompanhou a ascensão social de milhões de brasileiros para a classe média. Vários comentaristas já trataram disso. Seria o “fator Berlusconi”. Ou seja, uma ascensão social que promove um eleitorado conservador, cuja lealdade não reflete compromisso político com um projeto e muito suscetível às questões morais — o boato de que o vice de Dilma é satanista, por exemplo. O “melhorismo” de Lula, na definição de Plínio de Arruda Sampaio, se assenta sobre bases mais frágeis do que se imaginava?
O segundo turno, em minha opinião, é resultado de um conjunto de fatores.
Sem qualquer sombra de dúvida, a mídia desempenhou um papel relevante, disparando balas de prata que reduziram sensivelmente a vantagem da candidata petista nas últimas semanas de campanha.
Acima de tudo, a mídia cumpriu a tarefa a que se propôs, de desviar o foco da eleição das questões econômicas para os escândalos.
Serra não recolheu os escombros, que cairam no colo de Marina Silva.
Acima de tudo, no entanto, é preciso colocar todos os pingos nos is dos erros na campanha da candidata governista:
1. Como todos sabíamos antecipadamente do papel que a mídia iria desempenhar em 2010, ninguém detectou o potencial explosivo dos negócios em torno de Erenice Guerra?
2. Por que a campanha de Dilma Rousseff não se antecipou aos boatos de forma didática, como Barack Obama fez nos Estados Unidos, criando um site específico para combatê-los?
3. Por que a campanha de Dilma não rebateu as promessas de José Serra e não politizou a campanha?
De qualquer forma, a votação expressiva de Marina Silva indica uma mudança significativa no quadro político brasileiro e, portanto, nos próximos 30 dias de campanha.
Acredito que a campanha de José Serra vai dar alguns passos em busca do centro político, representado agora pela “terceira via” de Marina. Ficará muito mais difícil, nestas circunstâncias, fazer agora a polarização politizada que o PT poderia ter feito durante a campanha do primeiro turno.
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Só a esperança não vencerá o medo
Reproduzo artigo de Eduardo Guimarães, publicado no Blog da Cidadania:
Começo a escrever bem antes do fim da apuração dos votos. Neste momento, desenha-se um 2º turno. Ou seja: o bombardeio midiático teve maior êxito do que o previsto, como em 2002 e em 2006, e não foi possível vencer com a facilidade imaginada.
Ainda assim, vamos contextualizar as coisas: Dilma Rousseff era a única candidata que não tinha a perspectiva de ver tudo terminar no 1º turno e vence com larga vantagem o 1º, apesar da frustração de quem esperava ver o fim da disputa em 3 de outubro.
Nesta segunda etapa da eleição, pois, haverá que corrigir a rota da primeira no que diz respeito não só à campanha governista, mas à militância.
A campanha de Dilma optou por apanhar calada, sem se defender e, sobretudo, sem atacar. A mídia pôde tomar partido à vontade e a denúncia do partidarismo se resumiu a um discurso exaltado e destemperado do presidente Lula.
Já a militância, nos dias que antecederam a eleição registrava no Twitter e até em comentários nos blogs que estava com “medo” do 2º turno.
Convenhamos: ninguém vence uma luta em que entra com medo ou na qual se deixa espancar sem reagir. É luta, não campeonato de fleuma, do lado da campanha governista, ou uma terapia psicológica, no que se refere à militância.
Dito isso, vejamos qual é a situação de Dilma e de Serra na segunda rodada.
Dilma termina o 1º turno com quase metade dos votos válidos e Serra, com cerca de um terço. Os votos de Marina se dividirão entre os dois. Em que medida, ninguém sabe. Mas ninguém imagina que o tucano herdará todos os votos daquela que serviu para lhe gerar uma chance adicional na eleição.
Marina teve cerca de 1/5 dos votos válidos. Ora, Dilma só precisa de pouco mais de 1/4 desses votos para vencer a eleição em 2º turno. Não se imagina que ela tenha muito menos de 1/3 desses votos. E há os votos dos nanicos, ainda. O quase 1% de Plínio já está com Dilma.
Dilma continua a franca favorita para vencer a eleição, portanto. Mas se a sua campanha continuar deixando a mídia fazer o mesmo jogo do 1º turno, está demonstrado que a capacidade da população de compreender o jogo não é tão grande, sendo necessário, desta vez, enfrentar as acusações que virão pela mídia.
Este blogueiro já dizia que, de alguma maneira, estava dividido entre o desejo de ver a eleição terminar no 1º turno e o de ela ir para o segundo para que finalmente fosse denunciado o trabalho sujo que a imprensa golpista vem fazendo nesses anos todos.
Diferentemente de 2002 e de 2006, e sem o mito Lula na disputa, para enfrentar a máquina da direita midiática não será possível contar só com a esperança para vencer o medo. Quem terá que ajudar a vencê-lo, desta vez, será a coragem.
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Começo a escrever bem antes do fim da apuração dos votos. Neste momento, desenha-se um 2º turno. Ou seja: o bombardeio midiático teve maior êxito do que o previsto, como em 2002 e em 2006, e não foi possível vencer com a facilidade imaginada.
Ainda assim, vamos contextualizar as coisas: Dilma Rousseff era a única candidata que não tinha a perspectiva de ver tudo terminar no 1º turno e vence com larga vantagem o 1º, apesar da frustração de quem esperava ver o fim da disputa em 3 de outubro.
Nesta segunda etapa da eleição, pois, haverá que corrigir a rota da primeira no que diz respeito não só à campanha governista, mas à militância.
A campanha de Dilma optou por apanhar calada, sem se defender e, sobretudo, sem atacar. A mídia pôde tomar partido à vontade e a denúncia do partidarismo se resumiu a um discurso exaltado e destemperado do presidente Lula.
Já a militância, nos dias que antecederam a eleição registrava no Twitter e até em comentários nos blogs que estava com “medo” do 2º turno.
Convenhamos: ninguém vence uma luta em que entra com medo ou na qual se deixa espancar sem reagir. É luta, não campeonato de fleuma, do lado da campanha governista, ou uma terapia psicológica, no que se refere à militância.
Dito isso, vejamos qual é a situação de Dilma e de Serra na segunda rodada.
Dilma termina o 1º turno com quase metade dos votos válidos e Serra, com cerca de um terço. Os votos de Marina se dividirão entre os dois. Em que medida, ninguém sabe. Mas ninguém imagina que o tucano herdará todos os votos daquela que serviu para lhe gerar uma chance adicional na eleição.
Marina teve cerca de 1/5 dos votos válidos. Ora, Dilma só precisa de pouco mais de 1/4 desses votos para vencer a eleição em 2º turno. Não se imagina que ela tenha muito menos de 1/3 desses votos. E há os votos dos nanicos, ainda. O quase 1% de Plínio já está com Dilma.
Dilma continua a franca favorita para vencer a eleição, portanto. Mas se a sua campanha continuar deixando a mídia fazer o mesmo jogo do 1º turno, está demonstrado que a capacidade da população de compreender o jogo não é tão grande, sendo necessário, desta vez, enfrentar as acusações que virão pela mídia.
Este blogueiro já dizia que, de alguma maneira, estava dividido entre o desejo de ver a eleição terminar no 1º turno e o de ela ir para o segundo para que finalmente fosse denunciado o trabalho sujo que a imprensa golpista vem fazendo nesses anos todos.
Diferentemente de 2002 e de 2006, e sem o mito Lula na disputa, para enfrentar a máquina da direita midiática não será possível contar só com a esperança para vencer o medo. Quem terá que ajudar a vencê-lo, desta vez, será a coragem.
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domingo, 3 de outubro de 2010
Cheiro de segundo turno em SP, diz Noblat
O blogueiro Ricardo Noblat, da Globo, sempre bem entrosado no ninho tucano, acaba de noticiar que "não deve ser descartada a possibilidade da eleição para governador de São Paulo ser decidida no segundo turno entre Geraldo Alckmin (PSDB) e Aloizio Mercadante (PT). O cheiro de segundo turno por lá ainda está forte".
Andando pelas escolas centrais da capital paulista e conversando com muita gente, foi possível constatar uma torcida popular pelo segundo turno. A turma anda descontente com os 16 anos de reinado tucano no estado. Há uma visível "fadiga de material". Se a mídia demotucana não promovesse a forte blindagem aos governos do PSDB, escondendo todos os seus retrocessos e podridões, e a campanha da oposição tivesse sido mais incisia, o segundo turno seria inevitável.
Agora é aguardar a apuração.
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Andando pelas escolas centrais da capital paulista e conversando com muita gente, foi possível constatar uma torcida popular pelo segundo turno. A turma anda descontente com os 16 anos de reinado tucano no estado. Há uma visível "fadiga de material". Se a mídia demotucana não promovesse a forte blindagem aos governos do PSDB, escondendo todos os seus retrocessos e podridões, e a campanha da oposição tivesse sido mais incisia, o segundo turno seria inevitável.
Agora é aguardar a apuração.
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Votar em Marina é votar em Serra
Reproduzo lúcido e corajoso artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:
Nesse domingo decisivo para o Brasil, devo acompanhar o presidente Lula durante todo dia, na cobertura das eleições pela TV Record.
Isso talvez me impeça de atualizar o blog, o que só deve ser feito no começo da noite; pelo twitter, tentarei dar informações sobre o clima em São Bernardo do Campo, e sobre os bastidores da votação.
Mas antes de dormir algumas horas, pra depois seguir para um longo dia de trabalho, deixo aqui uma reflexão sobre o significado dessa eleição; e sobre o papel decisivo de uma parcela do eleitorado progressista – que hoje está disposta a votar em Marina Silva.
A candidatura de Marina subiu de maneira surpreendente nas últimas semanas. De início, avançou apenas nos setores médios: parece ter sido Marina a principal beneficiária pelo bombardeio promovido pela mídia e pelos tucanos contra Dilma – com denúncias de todo tipo, incluindo os “escândalos” e o tal ”risco para a democracia” de mais uma vitória petista.
No momento seguinte, Marina avançou também nos setores populares. Novamente, parece ter sido ela a principal beneficiária do terrorismo religioso sobre o qual – há 3 semanas – venho falando aqui no blog.
Marina, hoje, agrega eleitores de 3 grandes grupos:
- o eleitorado original, mais concentrado na juventude urbana, que vota no PV pelo apelo das causas ambientais (e é inegável que Marina tem uma trajetória respeitável nessa área);
- setores populares e de classe média, que um dia já votaram no PT, mas que se desiludiram com o partido por razões éticas; seriam eleitores que, grosso modo, poderíamos chamar de progressistas;
- um terceiro grupo é formado por evangélicos que se identificam com a candidata – já que Marina, nessa campanha, fez questão de ressaltar sua identidade religiosa, o que é absolutamente legítimo.
Foi esse último setor que garantiu o avanço de Marina nas derradeiras semanas de campanha. Ou seja, Marina acabou sendo a beneficiária da sórdida campanha conservadora que procura vincular Dilma a “aborto”, “comunismo”, “ateísmo”. Parte do eleitorado popular – apavorado com a campanha movida por certos pastores (e também por padres católicos) – viu em Marina (mulher de aspecto angelical, recatada e conservadora em questões morais) um porto seguro para descarregar o voto, diante das incertezas criadas em torno da figura de Dilma.
Será que aquele segundo núcleo de eleitores – que apóia Marina Silva por considerar necessário construir uma alternativa progressista, avançada e ética à polarização PT/PSDB – tem noção concreta do que significa o voto em Marina a essa altura?
Não é possível ter ilusões: votar em Marina no primeiro turno é votar em Serra. É servir aos interesses dos setores mais conservadores desse país. É dar a Serra a chance de estar num segundo turno.
Não é à toa que ontem, véspera da eleição, o presidente do PV já anunciava que num segundo turno o partido estaria com Serra. As urnas nem foram abertas e o aceno já foi dado. Ninguém tem dúvidas que o caminho seria esse mesmo.
Ah, mas num eventual segundo turno é possível votar em Dilma e impedir a volta do tucanato – devem pensar os eleitores mais progressistas de Marina. Claro, isso é possível.
Acontece que, num eventual segundo turno, a máquina de escândalos e calúnias consevadora vai voltar a operar com toda força, e com todo apoio do aparato midiático.
Teremos um mês de conflagração. O que há de mais atrasado nesse país fará o impensável para voltar ao poder.
A decisão sobre a vitória de Dilma no primeiro turno (que significa a vitória de um projeto de centro-esquerda, com todos seu acertos e erros ao longo dos últimos anos) vai se dar por estreita margem – como venho prevendo há algumas semanas.
O Brasil tem a chance concreta de liquidar a fatura nesse domingo. E esse eleitorado progressista de Marina pode fazer toda a diferença.
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Nesse domingo decisivo para o Brasil, devo acompanhar o presidente Lula durante todo dia, na cobertura das eleições pela TV Record.
Isso talvez me impeça de atualizar o blog, o que só deve ser feito no começo da noite; pelo twitter, tentarei dar informações sobre o clima em São Bernardo do Campo, e sobre os bastidores da votação.
Mas antes de dormir algumas horas, pra depois seguir para um longo dia de trabalho, deixo aqui uma reflexão sobre o significado dessa eleição; e sobre o papel decisivo de uma parcela do eleitorado progressista – que hoje está disposta a votar em Marina Silva.
A candidatura de Marina subiu de maneira surpreendente nas últimas semanas. De início, avançou apenas nos setores médios: parece ter sido Marina a principal beneficiária pelo bombardeio promovido pela mídia e pelos tucanos contra Dilma – com denúncias de todo tipo, incluindo os “escândalos” e o tal ”risco para a democracia” de mais uma vitória petista.
No momento seguinte, Marina avançou também nos setores populares. Novamente, parece ter sido ela a principal beneficiária do terrorismo religioso sobre o qual – há 3 semanas – venho falando aqui no blog.
Marina, hoje, agrega eleitores de 3 grandes grupos:
- o eleitorado original, mais concentrado na juventude urbana, que vota no PV pelo apelo das causas ambientais (e é inegável que Marina tem uma trajetória respeitável nessa área);
- setores populares e de classe média, que um dia já votaram no PT, mas que se desiludiram com o partido por razões éticas; seriam eleitores que, grosso modo, poderíamos chamar de progressistas;
- um terceiro grupo é formado por evangélicos que se identificam com a candidata – já que Marina, nessa campanha, fez questão de ressaltar sua identidade religiosa, o que é absolutamente legítimo.
Foi esse último setor que garantiu o avanço de Marina nas derradeiras semanas de campanha. Ou seja, Marina acabou sendo a beneficiária da sórdida campanha conservadora que procura vincular Dilma a “aborto”, “comunismo”, “ateísmo”. Parte do eleitorado popular – apavorado com a campanha movida por certos pastores (e também por padres católicos) – viu em Marina (mulher de aspecto angelical, recatada e conservadora em questões morais) um porto seguro para descarregar o voto, diante das incertezas criadas em torno da figura de Dilma.
Será que aquele segundo núcleo de eleitores – que apóia Marina Silva por considerar necessário construir uma alternativa progressista, avançada e ética à polarização PT/PSDB – tem noção concreta do que significa o voto em Marina a essa altura?
Não é possível ter ilusões: votar em Marina no primeiro turno é votar em Serra. É servir aos interesses dos setores mais conservadores desse país. É dar a Serra a chance de estar num segundo turno.
Não é à toa que ontem, véspera da eleição, o presidente do PV já anunciava que num segundo turno o partido estaria com Serra. As urnas nem foram abertas e o aceno já foi dado. Ninguém tem dúvidas que o caminho seria esse mesmo.
Ah, mas num eventual segundo turno é possível votar em Dilma e impedir a volta do tucanato – devem pensar os eleitores mais progressistas de Marina. Claro, isso é possível.
Acontece que, num eventual segundo turno, a máquina de escândalos e calúnias consevadora vai voltar a operar com toda força, e com todo apoio do aparato midiático.
Teremos um mês de conflagração. O que há de mais atrasado nesse país fará o impensável para voltar ao poder.
A decisão sobre a vitória de Dilma no primeiro turno (que significa a vitória de um projeto de centro-esquerda, com todos seu acertos e erros ao longo dos últimos anos) vai se dar por estreita margem – como venho prevendo há algumas semanas.
O Brasil tem a chance concreta de liquidar a fatura nesse domingo. E esse eleitorado progressista de Marina pode fazer toda a diferença.
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Qual será o futuro do PV e de Marina?
Reproduzo artigo do jornalista Carlos S. Bandeira, publicado no blog Viomundo:
Se o PV declarar apoio a Serra num pouco provável 2º turno, como declarou José Luiz de França Penna, presidente nacional do partido, é sinal de que o grupo de Marina foi derrotado nas disputas internas. O grupo de Marina Silva saiu do PT com a promessa de levar o partido para a esquerda, tirando da influência do PSDB.
Um dirigente político próximo a Marina contou que, dentro do acordo para a entrada dela no PV, estava a progressiva renovação de toda a sua direção, que estaria encerrada no começo da campanha. Nessa renovação, a maior parte da direção seria formada por aliados de Marina, em sua maioria aguerridos petistas, diminuindo o peso da velha direção, próxima do PSDB.
Não se pode subestimar o peso político desse grupo, que é de esquerda. Tanto que fizeram uma grande discussão sobre a possibilidade de Marina entrar no PSOL. Não entraram no partido porque avaliaram que teriam menos alianças, apoios e votos em um partido de extrema esquerda e, principalmente, pelas condições que foram oferecidas pelo PV.
De duas, uma: ou Marina se divorciou do grupo que a acompanhou no seu mandato no Senado ou também será traída pela velha burocracia do PV, que teria mantido o controle partidário. Nesse quadro, o PV deve entrar em crise depois das eleições. Caso não se confirme a vitória de Dilma Rousseff no 1º turno, a crise deve estourar em outubro, em torno do posicionamento do partido na disputa da petista com José Serra.
Na campanha, o discurso de Marina coloca no mesmo nível os governos de FHC e Lula. Ou seja, parece que essa disputa está empatada. Na linha tênue da disputa interna entre os verdes tucanos e petistas, a campanha de Marina ficou amarrada, perdendo a perspectiva de discutir com profundidade os pontos fracos do modelo de desenvolvimento em curso no nosso país.
Por exemplo, os impactos ambientais e sociais do avanço do agronegócio (incluindo os transgênicos e os agrotóxicos), do desmatamento da Amazônia (inclusive a regularização da grilagem e a anistia aos desmatadores, com a MPs 422/458), as mudanças no Código Florestal, das grandes obras de infraestrutura (como a hidrelétrica de Belo Monte)
Além disso, a candidatura verde poderia ter manifestado a defesa da pequena agricultura e da Reforma Agrária (foi Marina que apresentou no Senado o projeto que fez do 17 de abril o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária), como alternativas para um novo modelo de desenvolvimento para a agricultura.
A partir do que projetavam as forças que estão ao lado da candidata desde os tempos do PT, a campanha de Marina ficou aquém das expectativas. E se o partido anunciar apoio a Serra em um eventual 2ª turno, a permanência desse grupo no PV ficará inviável.
A dúvida está no postura que adotará Marina. Se ela ficar neutra, a tendência é que a disputa dentro do partido cresça. Com a confirmação do apoio do partido a Serra, os setores mais à esquerda devem abandonar o PV. E, possivelmente, abandonar Marina. Difícil imaginar qual será o seu destino, porque voltar ao PT não parece viável e, entrar no PSOL é pouco provável, pela crise que esse partido entrará a partir do dia 4.
Outra possibilidade é Marina manifestar apoio a Dilma, se contrapondo à velha burocracia do PV. Dessa forma, aplacaria a insatisfação do seu grupo político, deixando aberta a guerra interna no partido, mas com a legitimidade de uma grande votação. Mesmo assim, ficará estranho o partido aderir a um candidato no 2º turno, enquanto o seu maior expoente declara apoio a outra.
Nesse quadro, o melhor (ou menos ruim) para o PV é que a eleição se resolva logo no 1º turno. A guerra interna não estará resolvida, mas pontualmente adiada. Mesmo assim, o clima no partido continuará ruim. E as perspectivas de transformá-lo em um partido verde necessário, que discuta como desenvolver o país de forma sustentável, como projetava o grupo de Marina, estarão praticamente perdidas.
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Se o PV declarar apoio a Serra num pouco provável 2º turno, como declarou José Luiz de França Penna, presidente nacional do partido, é sinal de que o grupo de Marina foi derrotado nas disputas internas. O grupo de Marina Silva saiu do PT com a promessa de levar o partido para a esquerda, tirando da influência do PSDB.
Um dirigente político próximo a Marina contou que, dentro do acordo para a entrada dela no PV, estava a progressiva renovação de toda a sua direção, que estaria encerrada no começo da campanha. Nessa renovação, a maior parte da direção seria formada por aliados de Marina, em sua maioria aguerridos petistas, diminuindo o peso da velha direção, próxima do PSDB.
Não se pode subestimar o peso político desse grupo, que é de esquerda. Tanto que fizeram uma grande discussão sobre a possibilidade de Marina entrar no PSOL. Não entraram no partido porque avaliaram que teriam menos alianças, apoios e votos em um partido de extrema esquerda e, principalmente, pelas condições que foram oferecidas pelo PV.
De duas, uma: ou Marina se divorciou do grupo que a acompanhou no seu mandato no Senado ou também será traída pela velha burocracia do PV, que teria mantido o controle partidário. Nesse quadro, o PV deve entrar em crise depois das eleições. Caso não se confirme a vitória de Dilma Rousseff no 1º turno, a crise deve estourar em outubro, em torno do posicionamento do partido na disputa da petista com José Serra.
Na campanha, o discurso de Marina coloca no mesmo nível os governos de FHC e Lula. Ou seja, parece que essa disputa está empatada. Na linha tênue da disputa interna entre os verdes tucanos e petistas, a campanha de Marina ficou amarrada, perdendo a perspectiva de discutir com profundidade os pontos fracos do modelo de desenvolvimento em curso no nosso país.
Por exemplo, os impactos ambientais e sociais do avanço do agronegócio (incluindo os transgênicos e os agrotóxicos), do desmatamento da Amazônia (inclusive a regularização da grilagem e a anistia aos desmatadores, com a MPs 422/458), as mudanças no Código Florestal, das grandes obras de infraestrutura (como a hidrelétrica de Belo Monte)
Além disso, a candidatura verde poderia ter manifestado a defesa da pequena agricultura e da Reforma Agrária (foi Marina que apresentou no Senado o projeto que fez do 17 de abril o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária), como alternativas para um novo modelo de desenvolvimento para a agricultura.
A partir do que projetavam as forças que estão ao lado da candidata desde os tempos do PT, a campanha de Marina ficou aquém das expectativas. E se o partido anunciar apoio a Serra em um eventual 2ª turno, a permanência desse grupo no PV ficará inviável.
A dúvida está no postura que adotará Marina. Se ela ficar neutra, a tendência é que a disputa dentro do partido cresça. Com a confirmação do apoio do partido a Serra, os setores mais à esquerda devem abandonar o PV. E, possivelmente, abandonar Marina. Difícil imaginar qual será o seu destino, porque voltar ao PT não parece viável e, entrar no PSOL é pouco provável, pela crise que esse partido entrará a partir do dia 4.
Outra possibilidade é Marina manifestar apoio a Dilma, se contrapondo à velha burocracia do PV. Dessa forma, aplacaria a insatisfação do seu grupo político, deixando aberta a guerra interna no partido, mas com a legitimidade de uma grande votação. Mesmo assim, ficará estranho o partido aderir a um candidato no 2º turno, enquanto o seu maior expoente declara apoio a outra.
Nesse quadro, o melhor (ou menos ruim) para o PV é que a eleição se resolva logo no 1º turno. A guerra interna não estará resolvida, mas pontualmente adiada. Mesmo assim, o clima no partido continuará ruim. E as perspectivas de transformá-lo em um partido verde necessário, que discuta como desenvolver o país de forma sustentável, como projetava o grupo de Marina, estarão praticamente perdidas.
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Por que a Globo medrou na última hora?
Reproduzo artigo de Paulo Henrique Amorim, publicado no blog Conversa Afiada:
A Globo medrou porque a Classe C aumentou e, com dinheiro no bolso, mais pessoas se libertaram da escravidão da Globo.
A Globo mudou porque menos gente assiste à televisão – e menos gente das classes A e B, vidradas na Globo.
A televisão se instalou na Classe C e a Globo não percebeu.
Como Serra e o FHC, a Globo pensa que a “Classe C” fica entre a Business e a Primeira.
A Globo medrou por causa da Ongoing, uma empresa de origem portuguesa, que começou a comprar jornais que fazem concorrência aos jornais da Globo.
E vai comprar mais.
A Globo medrou por causa da internet – e menos gente depende do jornal nacional.
A Globo medrou porque as pessoas vão ver o que bem entenderem da TV na telinha do celular.
A Globo medrou porque o Governo Lula não subsidiou a Globo.
No Governo do Fernando Henrique, com 50% da audiência, a Globo ficava com 90% da verba do Governo Federal.
Era subsídio na veia.
Com Lula, e Franklin Martins, os 45% de audiência de hoje rendem 48% da verba federal.
A Globo medrou porque o Edir Macedo apoiou a Dilma.
A Globo medrou porque, segundo a Veja, a última flor do Fascio, a Record vai comprar o Brasileirão e a Copa do Mundo.
A Globo medrou porque a Dilma vai fazer a Ley de Medios.
A Globo medrou porque a Globo tem que salvar a pele.
O Golpismo da Globo foi longe demais.
A Globo agora tem que se preocupar é com a sobrevivência dela e, não, com a do Serra, que caput.
A Globo já era.
E ela sabe disso.
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A Globo medrou porque a Classe C aumentou e, com dinheiro no bolso, mais pessoas se libertaram da escravidão da Globo.
A Globo mudou porque menos gente assiste à televisão – e menos gente das classes A e B, vidradas na Globo.
A televisão se instalou na Classe C e a Globo não percebeu.
Como Serra e o FHC, a Globo pensa que a “Classe C” fica entre a Business e a Primeira.
A Globo medrou por causa da Ongoing, uma empresa de origem portuguesa, que começou a comprar jornais que fazem concorrência aos jornais da Globo.
E vai comprar mais.
A Globo medrou por causa da internet – e menos gente depende do jornal nacional.
A Globo medrou porque as pessoas vão ver o que bem entenderem da TV na telinha do celular.
A Globo medrou porque o Governo Lula não subsidiou a Globo.
No Governo do Fernando Henrique, com 50% da audiência, a Globo ficava com 90% da verba do Governo Federal.
Era subsídio na veia.
Com Lula, e Franklin Martins, os 45% de audiência de hoje rendem 48% da verba federal.
A Globo medrou porque o Edir Macedo apoiou a Dilma.
A Globo medrou porque, segundo a Veja, a última flor do Fascio, a Record vai comprar o Brasileirão e a Copa do Mundo.
A Globo medrou porque a Dilma vai fazer a Ley de Medios.
A Globo medrou porque a Globo tem que salvar a pele.
O Golpismo da Globo foi longe demais.
A Globo agora tem que se preocupar é com a sobrevivência dela e, não, com a do Serra, que caput.
A Globo já era.
E ela sabe disso.
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Presidente do PV confessa voto em Serra
Por Altamiro Borges
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o presidente nacional do Partido Verde, José Luiz de França Penna, confessou o que muitos eleitores verdes mais honestos já desconfiavam, mas evitavam tratar. Ele afirmou com todas as letras que dará total apoio ao tucano José Serra, caso haja um segundo turno nas eleicões presidenciais.
Sua declaração bombástica gerou desconforto no comando de campanha de Marina Silva, que teme que esta revelação quebre o "encanto" dos verdes. No final da tarde de ontem, João Paulo Capobianco, coordenador da campanha presidencial, enviou um e-mail à imprensa desautorizando “qualquer manifestação individual de membros do PV”.
A confissão de voto de França Penna não surpreende quem acompanha a trajetória do Partido Verde, a legenda emprestada de última hora à candidata Marina Silva. O próprio presidente do PV fez parte até poucos meses atrás das gestões de José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM) na prefeitura da capital paulista. Em vários outros estados, como no Rio de Janeiro, os verdes são fiéis aliados dos demos e tucanos.
Na lógica destes políticos oportunistas, que não têm nada de verdes, a candidatura presidencial do PV visava apenas cacifar o partido, em especial sua ala fisiológica. O PV é frágil politicamente; não tem estrutura e militância nos estados; conta com pouco tempo de TV. A chamada "terceira via" era encarada como uma forma de forçar o segundo turno, servindo como alavanca do demotucano. Marina Silva - mulher, de origem humilde e ex-ministra de Lula - caiu como uma luva nesta tática diversionista.
A precipitada declaração de França, num lapso de sinceridade, escancara esta tática diversionista e aumenta as tensões no comando de campanha de Marina Silva. Restará ao honesto eleitor verde, preocupado de fato com a estratégica questão ambiental, fazer uma análise consciente se o seu voto não está servindo a um moto-Serra.
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Em entrevista à Folha de S.Paulo, o presidente nacional do Partido Verde, José Luiz de França Penna, confessou o que muitos eleitores verdes mais honestos já desconfiavam, mas evitavam tratar. Ele afirmou com todas as letras que dará total apoio ao tucano José Serra, caso haja um segundo turno nas eleicões presidenciais.
Sua declaração bombástica gerou desconforto no comando de campanha de Marina Silva, que teme que esta revelação quebre o "encanto" dos verdes. No final da tarde de ontem, João Paulo Capobianco, coordenador da campanha presidencial, enviou um e-mail à imprensa desautorizando “qualquer manifestação individual de membros do PV”.
A confissão de voto de França Penna não surpreende quem acompanha a trajetória do Partido Verde, a legenda emprestada de última hora à candidata Marina Silva. O próprio presidente do PV fez parte até poucos meses atrás das gestões de José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM) na prefeitura da capital paulista. Em vários outros estados, como no Rio de Janeiro, os verdes são fiéis aliados dos demos e tucanos.
Na lógica destes políticos oportunistas, que não têm nada de verdes, a candidatura presidencial do PV visava apenas cacifar o partido, em especial sua ala fisiológica. O PV é frágil politicamente; não tem estrutura e militância nos estados; conta com pouco tempo de TV. A chamada "terceira via" era encarada como uma forma de forçar o segundo turno, servindo como alavanca do demotucano. Marina Silva - mulher, de origem humilde e ex-ministra de Lula - caiu como uma luva nesta tática diversionista.
A precipitada declaração de França, num lapso de sinceridade, escancara esta tática diversionista e aumenta as tensões no comando de campanha de Marina Silva. Restará ao honesto eleitor verde, preocupado de fato com a estratégica questão ambiental, fazer uma análise consciente se o seu voto não está servindo a um moto-Serra.
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Dilma agradece à militância da internet
Reproduzo mensagem da coordenação de campanha de Dilma Rousseff:
Car@ militante,
Após intensa campanha, finalmente chegou a hora de elegermos Dilma Rousseff a primeira presidenta do Brasil. Nas últimas semanas, muita coisa boa aconteceu, mas gostaríamos de destacar duas: a capacidade de nossa candidata de representar o projeto político que mudou e vai seguir mudando o país e a mobilização aguerrida da militância.
As conquistas do governo do presidente Lula e os claros compromissos de Dilma reacenderam a vontade de todos de ir às ruas em defesa de mais avanços. Mas não apenas isso: milhões de pessoas se conectaram às redes sociais para opinar e compartilhar informações.
Sobretudo pela efetiva participação dos internautas, tivemos, talvez pela primeira vez na história, uma cobertura eleitoral democrática e plural. Por isso, queremos agradecer a cada um e a cada uma que dedicou seu tempo para agitar a internet e escrever esta vitória!
Mas a luta continua. Neste domingo, vamos fazer ainda melhor! Fotografe seu bairro, seu local de votação, sua família, seus amigos e amigas, e publique a foto e comente nas redes sociais. Seja nosso repórter por mais um dia e não esqueça de usar as hashtags #DiaD e #Dilma13.
Siga os Twitters @dilmanaweb, @dilmanarede, @galera_dilma, @mulheres_dilma e @participabr e fique por dentro de tudo o que acontece na nossa campanha em todo o Brasil.
Confira também os portais:
www.dilma13.com.br
www.dilmanarede.com.br
www.galeradadilma.com.br
www.mulherescomdilma.com.br
www.participabr.com.br
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Car@ militante,
Após intensa campanha, finalmente chegou a hora de elegermos Dilma Rousseff a primeira presidenta do Brasil. Nas últimas semanas, muita coisa boa aconteceu, mas gostaríamos de destacar duas: a capacidade de nossa candidata de representar o projeto político que mudou e vai seguir mudando o país e a mobilização aguerrida da militância.
As conquistas do governo do presidente Lula e os claros compromissos de Dilma reacenderam a vontade de todos de ir às ruas em defesa de mais avanços. Mas não apenas isso: milhões de pessoas se conectaram às redes sociais para opinar e compartilhar informações.
Sobretudo pela efetiva participação dos internautas, tivemos, talvez pela primeira vez na história, uma cobertura eleitoral democrática e plural. Por isso, queremos agradecer a cada um e a cada uma que dedicou seu tempo para agitar a internet e escrever esta vitória!
Mas a luta continua. Neste domingo, vamos fazer ainda melhor! Fotografe seu bairro, seu local de votação, sua família, seus amigos e amigas, e publique a foto e comente nas redes sociais. Seja nosso repórter por mais um dia e não esqueça de usar as hashtags #DiaD e #Dilma13.
Siga os Twitters @dilmanaweb, @dilmanarede, @galera_dilma, @mulheres_dilma e @participabr e fique por dentro de tudo o que acontece na nossa campanha em todo o Brasil.
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A eleição em SP não está decidida
Por Altamiro Borges
Apesar da torcida escancarada da mídia demotucana, a eleição em São Paulo não está decidida. Haverá muita adrenalina no processo da apuração. Segundo o Ibope, o ex-governador Geraldo Alckmin, seguidor do Opus Dei, aparece com 51% dos votos válidos; o petista Aloizio Mercadante subiu para 33%, numa expressiva arrancada na reta final; Celso Russomanno (PP)tem 8%; Paulo Skaf (PSB), 6%; e Fabio Feldman, 2%. Eles somam 49% dos votos válidos, numa pesquisa em que a margem de erro é de 2%.
Há uma evidente "fadiga de material" com os 16 anos de reinado do tucanato em São Paulo. Mas o primeiro turno ainda não foi suficiente para mostrar à sociedade todos os estragos causados pela hegemonia do PSDB, que travou o desenvolvimento do estado - emperrou a tal locomotiva - e agravou os problemas sociais do povo paulista.
O segundo turno teria o mérito de evidenciar os enormes danos causados, que a mídia demotucana sempre blindou, num impressionante processo de proteção aos tucanos. A militância nas ruas, principalmente nas abandonadas periferias, será decisiva neste dia do voto na urna eletrônica. Há espaço para reverter muitos votos.
Disputa para o Senado
Prova de que é possível uma surpresa na disputa para governador é que pela primeira vez o candidato da direita à sucessão, José Serra, deverá sofrer uma derrota no estado. No início da campanha, os tucanos avaliavam que teriam cinco milhões de votos a mais na disputa presidencial. Até os partidos da base de apoio do governo Lula trabalhavam com a hipótese de 2,5 milhões de votos de diferença para o tucano. Agora, porém, as pesquisas indicam vitória de Dilma Rousseff em São Paulo.
Outra prova contundente da "fadiga dos tucanos" no estado se dá na eleição para o Senado. As pesquisas já confirmam a vitória de Netinho do Paula, do PCdoB, e de Marta Suplicy, do PT. A direita fez de tudo para evitar ficar de fora do Senado. Na reta final, ela concentrou todas suas fichas na campanha do tucano Aloysio Nunes.
Orestes Quércia, do PMDB serrista, abandanou a disputa e cedeu seu tempo na TV para o tucano. A Folha de S.Paulo chegou a "matar" o senador Romeu Tuma, num dos maiores crimes da mídia demotucana, talvez para tentar ajudar o candidato do PSDB. A onda de baixarias contra Marta e, principalmente, contra Netinho, foi nojenta. Mesmo assim, o tucanato ficará de fora do Senado no mais importante estado da federação.
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Apesar da torcida escancarada da mídia demotucana, a eleição em São Paulo não está decidida. Haverá muita adrenalina no processo da apuração. Segundo o Ibope, o ex-governador Geraldo Alckmin, seguidor do Opus Dei, aparece com 51% dos votos válidos; o petista Aloizio Mercadante subiu para 33%, numa expressiva arrancada na reta final; Celso Russomanno (PP)tem 8%; Paulo Skaf (PSB), 6%; e Fabio Feldman, 2%. Eles somam 49% dos votos válidos, numa pesquisa em que a margem de erro é de 2%.
Há uma evidente "fadiga de material" com os 16 anos de reinado do tucanato em São Paulo. Mas o primeiro turno ainda não foi suficiente para mostrar à sociedade todos os estragos causados pela hegemonia do PSDB, que travou o desenvolvimento do estado - emperrou a tal locomotiva - e agravou os problemas sociais do povo paulista.
O segundo turno teria o mérito de evidenciar os enormes danos causados, que a mídia demotucana sempre blindou, num impressionante processo de proteção aos tucanos. A militância nas ruas, principalmente nas abandonadas periferias, será decisiva neste dia do voto na urna eletrônica. Há espaço para reverter muitos votos.
Disputa para o Senado
Prova de que é possível uma surpresa na disputa para governador é que pela primeira vez o candidato da direita à sucessão, José Serra, deverá sofrer uma derrota no estado. No início da campanha, os tucanos avaliavam que teriam cinco milhões de votos a mais na disputa presidencial. Até os partidos da base de apoio do governo Lula trabalhavam com a hipótese de 2,5 milhões de votos de diferença para o tucano. Agora, porém, as pesquisas indicam vitória de Dilma Rousseff em São Paulo.
Outra prova contundente da "fadiga dos tucanos" no estado se dá na eleição para o Senado. As pesquisas já confirmam a vitória de Netinho do Paula, do PCdoB, e de Marta Suplicy, do PT. A direita fez de tudo para evitar ficar de fora do Senado. Na reta final, ela concentrou todas suas fichas na campanha do tucano Aloysio Nunes.
Orestes Quércia, do PMDB serrista, abandanou a disputa e cedeu seu tempo na TV para o tucano. A Folha de S.Paulo chegou a "matar" o senador Romeu Tuma, num dos maiores crimes da mídia demotucana, talvez para tentar ajudar o candidato do PSDB. A onda de baixarias contra Marta e, principalmente, contra Netinho, foi nojenta. Mesmo assim, o tucanato ficará de fora do Senado no mais importante estado da federação.
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O retorno das esquerdas ao governo do RS
Por Altamiro Borges
O Rio Grande do Sul tornou-se simbolo mundial da luta contra o neoliberalismo. Seu nome está estampado em centenas de livros de vários países que tratam da retomada da ofensiva contra a lógica destrutiva e regressiva do capitalismo. Em 2001, o estado foi sede do primeiro Fórum Social Mundial, que reuniu milhares de lutadores sociais na luta por "um outro mundo é possível". Ali também se desenvolveu a experiência piloto do "orçamento participativo".
Na sequência, por erros do hegemonismo, o estado sofreu um baque. Forças de centro-direita ganharam as eleições em Porto Alegre e, pouco depois, os tucanos neoliberais abocanharam o governo estadual. A regressão histórica, porém, não durou muito tempo. Yeda Crusius, a paparicada governadora do PSDB, logo se desmoralizou - com sua política de desmonte do estado, seu autoritarismo diante dos movimentos sociais, sua corrupção endêmica.
Agora, esta página sombria está para ser virada. As esquerdas, mais maduras e com maior espírito unitário, devem retornar ao governo estadual. Pesquisa Ibope indica que Tarso Genro vencerá com folga no primeiro turno. Nos votos válidos (excluindo os brancos, nulos e indecisos), o petista, aliado dos comunistas e socialistas, desponta com 52% das intenções de voto.
A direita se dividiu e sucumbiu: José Fogaça (o serrista do PMDB que preferiu retirar Serra dos palanques) está 28% e a tucana Yeda Crusius (que Serra preferiu se ausentar do palanque) tem apenas 16%. Agora a truculenta ex-governadora terá mais tempo para cuidar da sua suspeita mansão e dos seus processos na Justiça.
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O Rio Grande do Sul tornou-se simbolo mundial da luta contra o neoliberalismo. Seu nome está estampado em centenas de livros de vários países que tratam da retomada da ofensiva contra a lógica destrutiva e regressiva do capitalismo. Em 2001, o estado foi sede do primeiro Fórum Social Mundial, que reuniu milhares de lutadores sociais na luta por "um outro mundo é possível". Ali também se desenvolveu a experiência piloto do "orçamento participativo".
Na sequência, por erros do hegemonismo, o estado sofreu um baque. Forças de centro-direita ganharam as eleições em Porto Alegre e, pouco depois, os tucanos neoliberais abocanharam o governo estadual. A regressão histórica, porém, não durou muito tempo. Yeda Crusius, a paparicada governadora do PSDB, logo se desmoralizou - com sua política de desmonte do estado, seu autoritarismo diante dos movimentos sociais, sua corrupção endêmica.
Agora, esta página sombria está para ser virada. As esquerdas, mais maduras e com maior espírito unitário, devem retornar ao governo estadual. Pesquisa Ibope indica que Tarso Genro vencerá com folga no primeiro turno. Nos votos válidos (excluindo os brancos, nulos e indecisos), o petista, aliado dos comunistas e socialistas, desponta com 52% das intenções de voto.
A direita se dividiu e sucumbiu: José Fogaça (o serrista do PMDB que preferiu retirar Serra dos palanques) está 28% e a tucana Yeda Crusius (que Serra preferiu se ausentar do palanque) tem apenas 16%. Agora a truculenta ex-governadora terá mais tempo para cuidar da sua suspeita mansão e dos seus processos na Justiça.
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Garra por dois senadores de esquerda na BA
Por Altamiro Borges
Xô aperreio na tensa apuração dos votos na Bahia. Não pela disputa ao governo estadual, que parece já estar definida. Pesquisa Datafolha confirma que o governador Jacques Wagner deverá se reeleger com folga - 58% dos votos válidos. O demo Paulo Souto empacou nos 21% da pesquisa anterior, o que representa mais uma pá de cal no reinado conservador e fisiológico do carlismo no estado.
A tensão toda ficará por conta da apuração para as duas vagas do Senado. O mesmo Datafolha - que é sempre bom desconfiar - aponta empate técnico entre os três favoritos. Lídice da Mata (PSB) aparece com 25% dos votos válidos, seguida por Walter Pinheiro (PT), com 23%, e César Borges (PR), com 22%.
A eleição de dois senadores de esquerda dependerá da reconhecida garra da militância baiana. Nas ruas, ela será decisiva para eleger Lidice e Pinheiro. A pesquisa Datafolha indicou que apenas 26% dos eleitores mencionaram corretamente os números de seus candidatos ao Senado. A militância nas ruas neste domingo poderá ser o fator decisivo para o desempate.
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Xô aperreio na tensa apuração dos votos na Bahia. Não pela disputa ao governo estadual, que parece já estar definida. Pesquisa Datafolha confirma que o governador Jacques Wagner deverá se reeleger com folga - 58% dos votos válidos. O demo Paulo Souto empacou nos 21% da pesquisa anterior, o que representa mais uma pá de cal no reinado conservador e fisiológico do carlismo no estado.
A tensão toda ficará por conta da apuração para as duas vagas do Senado. O mesmo Datafolha - que é sempre bom desconfiar - aponta empate técnico entre os três favoritos. Lídice da Mata (PSB) aparece com 25% dos votos válidos, seguida por Walter Pinheiro (PT), com 23%, e César Borges (PR), com 22%.
A eleição de dois senadores de esquerda dependerá da reconhecida garra da militância baiana. Nas ruas, ela será decisiva para eleger Lidice e Pinheiro. A pesquisa Datafolha indicou que apenas 26% dos eleitores mencionaram corretamente os números de seus candidatos ao Senado. A militância nas ruas neste domingo poderá ser o fator decisivo para o desempate.
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A direita dançou no Rio de Janeiro
Por Altamiro Borges
Pesquisa do Ibope divulgada neste sábado (2) mostra que a direita, disfarçada e escancarada, levará uma baita surra no Rio de Janeiro. Para o governo estadual, Sérgio Cabral deve se reeleger com folga já no primeiro turno. Nos votos válidos (excluindo brancos, nulos e indecisos), ele aparece com 68%. O tucano verde - ou verde tucano - Fernando Gabeira aparece com apenas 23% das intenções de voto. De quebra, a direita ainda perde um deputado federal que enganava muita gente inocente.
Já para o Senado, o resultado é surpreendente. César "Vaia", o bravateiro que um dia sonhou em substituir o golpista Carlos Lacerda, despencou nas intenções de voto. O ex-prefeito só terá mesmo o seu "quase blog" para destilar o seu veneno. Na pesquisa Datafolha, ele aparece empatado tecnicamente num distante quarto lugar.
Terceiro colocado durante boa parte da campanha, Lindberg Farias (PT) consolidou a reação iniciada nas últimas semanas e desponta como o líder na disputa - com 27% dos votos válidos. O senador Marcelo Crivella (PRB) surge em segundo, com 24% dos votos. Cesar Maia (DEM) tem 17% e Jorge Picciani (PMDB), 15%. O bravateiro da direita que orquestou uma vaia para o presidente Lula vai levar uma baita vaia para casa.
Por último, na disputa para a Câmara Federal, pesquisas indicam crescimento da bancada progressista e de esquerda no Rio de Janeiro. A comunista Jandira Feghali aparece com a terceira mais votada para deputada. PT, PDT, PSB e PCdoB devem ampliar a sua presença no Congresso Nacional.
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Pesquisa do Ibope divulgada neste sábado (2) mostra que a direita, disfarçada e escancarada, levará uma baita surra no Rio de Janeiro. Para o governo estadual, Sérgio Cabral deve se reeleger com folga já no primeiro turno. Nos votos válidos (excluindo brancos, nulos e indecisos), ele aparece com 68%. O tucano verde - ou verde tucano - Fernando Gabeira aparece com apenas 23% das intenções de voto. De quebra, a direita ainda perde um deputado federal que enganava muita gente inocente.
Já para o Senado, o resultado é surpreendente. César "Vaia", o bravateiro que um dia sonhou em substituir o golpista Carlos Lacerda, despencou nas intenções de voto. O ex-prefeito só terá mesmo o seu "quase blog" para destilar o seu veneno. Na pesquisa Datafolha, ele aparece empatado tecnicamente num distante quarto lugar.
Terceiro colocado durante boa parte da campanha, Lindberg Farias (PT) consolidou a reação iniciada nas últimas semanas e desponta como o líder na disputa - com 27% dos votos válidos. O senador Marcelo Crivella (PRB) surge em segundo, com 24% dos votos. Cesar Maia (DEM) tem 17% e Jorge Picciani (PMDB), 15%. O bravateiro da direita que orquestou uma vaia para o presidente Lula vai levar uma baita vaia para casa.
Por último, na disputa para a Câmara Federal, pesquisas indicam crescimento da bancada progressista e de esquerda no Rio de Janeiro. A comunista Jandira Feghali aparece com a terceira mais votada para deputada. PT, PDT, PSB e PCdoB devem ampliar a sua presença no Congresso Nacional.
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sábado, 2 de outubro de 2010
Os riscos da mídia com seu protagonismo
Reproduzo artigo de Carlos Castilho, publicado no Observatório da Imprensa:
A imprensa sempre foi um protagonista relevante em eleições no Brasil, mas, até agora, a sua participação era menos importante do que o posicionamento dos candidatos. As polêmicas sobre o papel da midia se limitavam à sua estratégia editorial. Os candidatos faziam as denúncias e os jornais, revistas, TV e rádios repercutiam.
Em 2010 surgiu um novo enfoque na questão do protagonismo eleitoral da imprensa, pois ela passou a ser percebida como um partido de oposição. Esta percepção é uma consequência do fato de as denúncias terem sido feitas primariamente por orgãos da imprensa, cabendo a repercussão posterior aos candidatos.
Esta inversão de papéis é uma das causas do surgimento da idéia de que a publicação de escândalos de corrupção e de abuso do poder durante a campanha eleitoral de 2010 teria sido o resultado de uma operação coordenada, que equivaleria a uma ação típica de um partido político.
É importante ressaltar que tudo isto ocorre no terreno da percepção, ou seja, a forma como as pessoas percebem fatos, processos ou dados por meio dos seus sentidos. Numa campanha eleitoral, as percepções são alimentadas basicamente pelos veículos de comunicação e pelos formadores de opinião.
Mesmo sendo imateriais, elas (as percepções) são usadas hoje como base para estudos sobre comportamento humano no mesmo pé de igualdade que os fatos concretos. Em politica é corrente o jargão de que as versões (as percepções) podem ser até mais importantes do que os fatos.
Esta "viajada" teórica visa mostrar como o protagonismo eleitoral da imprensa transformou-se num "fato", mesmo sendo fruto de uma percepção. E é isto que gera uma situação nova com desdobramentos imprevisíveis.
Se a imprensa não adotar comportamentos que desmanchem as percepções desenvolvidas durante a campanha eleitoral, a credibilidade e independência de alguns jornais, revistas e emissoras de rádio ficará abalada. Sem credibilidade, o negócio da imprensa perde o seu principal ativo.
A sociedade brasileira não pode abrir mão da imprensa porque ela faz parte do conjunto de meios que levam e trazem informação, para e do público. A internet ocupou um bom espaço daquilo que era uma espécie de monopólio da imprensa escrita e audiovisual, mas não é hegemônica e nem onipresente.
Assim, o que provavelmente começaremos a assistir, passadas as eleições e dependendo dos acontecimentos imediatamente posteriores, é umquestionamento do papel das empresas jornalisticas no Brasil, num processo que não tem nada a ver com liberdade de expressão.
Muito pelo contrário, dependendo do tipo de questionamento e da reação dos principais grupos midiáticos do país, o processo pode gerar uma inédita revisão das relações entre empresas e consumidores de informação.
Ninguém quer a ditadura de uma única percepção da realidade — portanto, se as empresas jornalísticas desejarem continuar cumprindo o seu papel de provedoras de informação terão que colocar a diversidade informativa como um dos seus objetivos centrais. Isto pode ajudar a anular a percepção de que a imprensa transformou-se num partido político.
A diversidade informativa levará também as empresas a rever o seu relacionamento com o público, porque ele hoje não é mais um consumidor passivo de noticias, mas um protagonista proativo no processamento de informações — não apenas no papel de cobrador de serviços qualificados, mas também como de fornecedor de matéria prima informativa, como é o caso de alguns weblogs.
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A imprensa sempre foi um protagonista relevante em eleições no Brasil, mas, até agora, a sua participação era menos importante do que o posicionamento dos candidatos. As polêmicas sobre o papel da midia se limitavam à sua estratégia editorial. Os candidatos faziam as denúncias e os jornais, revistas, TV e rádios repercutiam.
Em 2010 surgiu um novo enfoque na questão do protagonismo eleitoral da imprensa, pois ela passou a ser percebida como um partido de oposição. Esta percepção é uma consequência do fato de as denúncias terem sido feitas primariamente por orgãos da imprensa, cabendo a repercussão posterior aos candidatos.
Esta inversão de papéis é uma das causas do surgimento da idéia de que a publicação de escândalos de corrupção e de abuso do poder durante a campanha eleitoral de 2010 teria sido o resultado de uma operação coordenada, que equivaleria a uma ação típica de um partido político.
É importante ressaltar que tudo isto ocorre no terreno da percepção, ou seja, a forma como as pessoas percebem fatos, processos ou dados por meio dos seus sentidos. Numa campanha eleitoral, as percepções são alimentadas basicamente pelos veículos de comunicação e pelos formadores de opinião.
Mesmo sendo imateriais, elas (as percepções) são usadas hoje como base para estudos sobre comportamento humano no mesmo pé de igualdade que os fatos concretos. Em politica é corrente o jargão de que as versões (as percepções) podem ser até mais importantes do que os fatos.
Esta "viajada" teórica visa mostrar como o protagonismo eleitoral da imprensa transformou-se num "fato", mesmo sendo fruto de uma percepção. E é isto que gera uma situação nova com desdobramentos imprevisíveis.
Se a imprensa não adotar comportamentos que desmanchem as percepções desenvolvidas durante a campanha eleitoral, a credibilidade e independência de alguns jornais, revistas e emissoras de rádio ficará abalada. Sem credibilidade, o negócio da imprensa perde o seu principal ativo.
A sociedade brasileira não pode abrir mão da imprensa porque ela faz parte do conjunto de meios que levam e trazem informação, para e do público. A internet ocupou um bom espaço daquilo que era uma espécie de monopólio da imprensa escrita e audiovisual, mas não é hegemônica e nem onipresente.
Assim, o que provavelmente começaremos a assistir, passadas as eleições e dependendo dos acontecimentos imediatamente posteriores, é umquestionamento do papel das empresas jornalisticas no Brasil, num processo que não tem nada a ver com liberdade de expressão.
Muito pelo contrário, dependendo do tipo de questionamento e da reação dos principais grupos midiáticos do país, o processo pode gerar uma inédita revisão das relações entre empresas e consumidores de informação.
Ninguém quer a ditadura de uma única percepção da realidade — portanto, se as empresas jornalísticas desejarem continuar cumprindo o seu papel de provedoras de informação terão que colocar a diversidade informativa como um dos seus objetivos centrais. Isto pode ajudar a anular a percepção de que a imprensa transformou-se num partido político.
A diversidade informativa levará também as empresas a rever o seu relacionamento com o público, porque ele hoje não é mais um consumidor passivo de noticias, mas um protagonista proativo no processamento de informações — não apenas no papel de cobrador de serviços qualificados, mas também como de fornecedor de matéria prima informativa, como é o caso de alguns weblogs.
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Quem paga o jatinho de Marina Silva?
Reproduzo denúncia publicada no blog Sejaditaverdade:
Como os auditores, policiais ou contadores sabem quando alguém lava dinheiro? Fácil, a pessoa começa a ter um padrão de vida bem superior aos seus rendimentos. Em outras palavras, o suspeito tem um carro que está muito além do seu salário, vive em uma casa com tamanho luxo e não há o que explique a origem dos recursos para a compra da tal casa.
Na campanha presidencial deste ano, uma candidata desponta como aquela que leva um padrão bem acima daquilo que é declarado: é a verde Marina Silva.
Em setembro deste ano, as doações da campanha da candidata superavam a marca de 13 milhões de reais, tornando a campanha de Marina mais cara que a de Lula em 2006.
Ainda sim, Marina e Guilherme Leal, seu vice bilionário e cuja empresa é acusada de biopirataria e tem mais de R$ 1,5 bilhão em multas da Receita Federal, afirmam fazer uma campanha modesta frente aos candidatos José Serra e Dilma Rousseff.
Aos moldes da campanha vitoriosa de Barack Obama nos Estados Unidos, Marina foi a primeira a pedir doações na internet. O objetivo, segundo a candidata, era garantir que as doações fossem transparentes. As doações são pífias, não tendo passado de pouco mais de R$ 160 mil até a semana passada.
Não foi o que aconteceu. No começo do pleito, Marina viajava o país todo dentro de um jatinho Legacy, propriedade da Natura, empresa do vice do PV.
Há alguns dias, em imagem exibida no Jornal Nacional, percebe-se que o avião agora é outro: um luxuoso e exclusivo jato Falcon 2000 Easy, no valor de mais de 50 milhões de dólares.
Os custos deste avião são tão caros que havia apenas dois modelos no Brasil. Agora temos um terceiro, o de Marina. Na imagem do Jornal Nacional, podemos observar no canto esquerdo da tela a logomarca da Colt Aviation, conhecida por administrar e alugar jatos de potentados, banqueiros e grandes empresas nacionais e internacionais, além dos altos valores que cobra por seus serviços.
Agora , nesta reta final de campanha, surgem dúvidas pertinentes aos eleitores:
Por que Marina trocou de avião?
Por que Dilma voa em um Citation e Serra em um Learjet, aviões bastante inferiores aos da falsa humilde ex-Marina, e ela gasta milhões em seu raid aéreo por todo o Brasil?
Por que a candidata do PV prega vida simples e sustentável aos outros, mas para si ostenta o luxo e polui o meio-ambiente voando numa máquina de US$ 50 milhões?
E a pergunta mais importante de todas: Quem paga por este avião e que interesses têm nisso?
Marina Silva tem que vir a público para explicar estas questões. A sua máscara de boazinha já caiu faz tempo. Caiu com um super jato, com comissária de bordo, navegação e telefonia por satélite, interior luxuosíssimo, cama de casal, bar, escritório e um custo aproximado de US$ 10 mil por hora de vôo?
Barack Obama voou em sua campanha num jato Legacy, da JetBlue Airlines, fabricado no Brasil. Marina silva voa num avião que custo o dobro. Chique, não?
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Folha censura blog. Cadê a democracia?
Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:
O Beto Richinha não quer pesquisa que aponte derrota dele. Assim, ele não brinca de eleição.
A “Folha” quer esculhambar todo mundo. Mas não quer ser esculhambada. Assim, o Otavinho não brinca.
É a democracia dessa gente.
O site “Falha de S. Paulo” foi retirado do ar, a pedido do jornal. Era um site que brincava com as barbaridades cometidas pela “Folha”.
Recentemente, a “Folha” “matou” o Tuma. Antes, tinha botado ficha falsa na capa, manchete mentirosa sobre conta de luz. Esculhambação geral. Por que não pode um site brincar com isso?
A “Folha” aderiu ao lulo-chavismo de linha coreana?
Fiquem advertidos: Beto Richa e Otavinho, vocês querem segurar a represa que vai arrebentar, botando o dedinho na rachadura (eu sou um blogueiro sujo, por isso posso escrever essas coisas: dedinho na rachadura). Não vai adiantar nada, Otavinho.
Você e o Beto Richa caíram no ridículo.
Fiquem advertidos!
.
O Beto Richinha não quer pesquisa que aponte derrota dele. Assim, ele não brinca de eleição.
A “Folha” quer esculhambar todo mundo. Mas não quer ser esculhambada. Assim, o Otavinho não brinca.
É a democracia dessa gente.
O site “Falha de S. Paulo” foi retirado do ar, a pedido do jornal. Era um site que brincava com as barbaridades cometidas pela “Folha”.
Recentemente, a “Folha” “matou” o Tuma. Antes, tinha botado ficha falsa na capa, manchete mentirosa sobre conta de luz. Esculhambação geral. Por que não pode um site brincar com isso?
A “Folha” aderiu ao lulo-chavismo de linha coreana?
Fiquem advertidos: Beto Richa e Otavinho, vocês querem segurar a represa que vai arrebentar, botando o dedinho na rachadura (eu sou um blogueiro sujo, por isso posso escrever essas coisas: dedinho na rachadura). Não vai adiantar nada, Otavinho.
Você e o Beto Richa caíram no ridículo.
Fiquem advertidos!
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O declínio histórico da direita no Brasil
Reproduzo artigo do historiador José Carlos Ruy, publicado no sítio Vermelho:
A crônica das eleições desde 1945 revela a queda acentuada da votação dos partidos de direita no Brasil. Ela foi interrompida pela ditadura militar de 1964, mas retomada desde a redemocratização de 1985. Este texto apresenta alguns dados sobre essa trajetória no período de 1945 a 1982. As tendências atuais serão analisadas em um próximo texto.
A constatação de Golbery do Couto e Silva da existência de uma tendência “comuno-petebista” na eleição de 1962 que ameaçava o desempenho eleitoral dos conservadores, reflete dois aspectos da trajetória da direita. Um deles é o declínio eleitoral visível depois de 16 anos de vigência do regime da constituição de 1946. O outro é sua disposição permanente de enfrentar ameaças eleitorais pelo rompimento da legalidade.
Uma das marcas principais da política brasileira, no período compreendido entre as eleições de 1945 e a desde ano (2010) foi o conflito entre as forças democráticas, patrióticas e progressistas contra os partidários do atraso e do conservadorismo, aliados ao imperialismo.
Foi uma trajetória marcada pela resistência da direita ao avanço democrático. O golpe militar de 1964 e sua reforma política que permitiu a existência de apenas dois partidos, um da situação (Aliança Renovadora Nacional, Arena) e outro de oposição (Movimento Democrático Brasileiro, MDB) foi uma dessas iniciativas retrógradas. Houve outras. No final da década de 1970, quando, apesar das draconianas regras eleitorais da ditadura, o partido da oposição legal, o MDB, avançava eleitoralmente, o governo do general Figueiredo e seu chefe da Casa Civil, o próprio Golbery do Couto e Silva, impuseram nova reforma partidária com o objetivo de diluir o crescimento eleitoral do MDB.
Foram criados então cinco partidos políticos. A Arena transformou-se assim em Partido Democrático Social (PDS), o MDB acrescentou a palavra “partido” em seu nome e virou PMDB, e surgiram quatro novos partidos. Um, efêmero, foi o Partido Popular dos oposicionistas moderados, que logo se diluiu no PMDB;. Outro foi o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) da deputada Ivete Vargas. Brizola criou o Partido Democrático Trabalhista, o PDT, para recolher as bandeiras históricas do trabalhismo no período anterior à ditadura. Finalmente, a vanguarda sindical, lideranças do movimento social, religiosos progressistas e intelectuais de esquerda fundaram o Partido dos Trabalhadores, o PT.
Com o fim da ditadura, em 1985, nova acomodação fez surgir, entre as grandes agremiações, o Partido da Frente Liberal (PFL), formado pela dissidência do PDS que apoiou a eleição de Tancredo Neves. O PDS (hoje denominado Partido Progressista) entrou em uma rota de declínio acentuado, deixando de ser a vanguarda organizativa das direitas e dos conservadores.
Uma nova direita?
Nos embates daqueles anos, particularmente nas lutas da Constituinte de 1987-1988 e na eleição presidencial de 1989, ante a emergência de uma nova coalizão progressista e popular, capitaneada pelo PT e pelos comunistas, houve uma ampla rearticulação da direita e dos conservadores.
Aqueles anos foram marcados, internacionalmente, pela derrocada da experiência comunista na União Soviética e no leste europeu, e pela auto proclamada vitória final do capitalismo e triunfo momentâneo do neoliberalismo.
Naquela conjuntura, à frente do chamado “Centrão” (a aliança conservadora e neoliberal na Constituinte), o PFL destacou-se como a força dirigente da direita. No campo oposto, uma dissidência “ética” do PMDB criou o PSDB sob o lema do “choque de capitalismo” que anunciou na campanha presidencial de 1989. Os conservadores mantiveram o fôlego com a eleição de Fernando Collor de Mello para a Presidência da República, que durou pouco pois o presidente foi afastado, na metade de seu mandato, sob acusação de corrupção e à força de um verdadeiro levante das massas que varreu as ruas do país exigindo sua cassação.
O fracasso do primeiro presidente neoliberal deixou o PFL à beira do naufrágio, do qual foi salvo com a aliança que, na eleição de 1994, levou Fernando Henrique Cardoso à presidência da República. Com a vice-presidência da República e o controle de parte substancial do governo federal, o PFL se reergueu mas já não era mais o principal dirigente da direita, papel crescentemente assumido, desde então, pelo PSDB e seu programa neoliberal, antiestatista, antinacional e antipopular.
O declínio do PFL (agora sob o nome de Democratas, DEM), que se anuncia para a eleição atual, indica novo rearranjo na direita e uma alteração na representação partidária das forças conservadoras. Este pode ser o último suspiro das organizações partidárias que foram herdeiras diretas da ditadura militar de 1964, apontando para aquilo que já tem quem denomine como uma “nova direita”.
Mudanças estruturais
O Brasil viveu mudanças profundas depois da Segunda Grande Guerra. A industrialização se aprofundou, a população passou a viver principalmente nas cidades; as relações políticas acompanharam estas alterações.
O ponto de viragem ocorreu nas décadas de 1950 e 1960. O valor da produção industrial superou o da agropecuária em meados da década de 1950 e o país assistiu à urbanização de sua mão de obra. Em 1960 os empregados na agricultura ainda eram 54% do total e os trabalhadores urbanos eram 46%. Em 1969 a situação se inverteu; enquanto 43% permaneceram na agricultura, os urbanos passaram para 57% do total.
Refletindo essa mudança, a população passou a se concentrar nas cidades. Em 1960, 55% dos brasileiros moravam no campo, e 45% nas cidades. O ano de 1969 registrou outra inversão: 56% agora moravam nas cidades e 44% no campo.
Foi uma urbanização turbulenta, contraditória e não planejada, acumulando problemas como falta de infraestrutura, de transportes, de moradias – tudo isso agravado pelo empobrecimento imposto à população pelo arrocho salarial dos governos militares.
Mas foi uma mudança estrutural que se refletiu diretamente na vida brasileira, traduzindo-se num longo e acentuado declínio dos partidos conservadores, no crescimento da mobilização popular e da organização dos trabalhadores, e no avanço de sua luta que, naquela época, se expressava na exigência do desenvolvimento, do aumento dos empregos, da reforma agrária, da melhoria da renda e da conquista de governos democráticos para assegurar mudanças e modernizar o país em profundidade.
Analisando a situação francesa em meados do século 19, Marx observou (em As Lutas de Classe na França) que a ação independente do proletariado só pode amadurecer quando a burguesia industrial controla econômica e politicamente o poder, o que ainda não acontecia de forma cabal na França, que era governada pela burguesia financeira. Naquela situação, existiam tarefas históricas de sentido progressista mas de caráter burguês a serem cumpridas, e elas acabavam sendo incorporadas ao programa do proletariado.
A situação brasileira das décadas posteriores à Segunda Grande Guerra tem forte semelhança esta análise, com um elemento a mais: a influência do imperialismo e de seus aliados, que funciona como um freio ao desenvolvimento nacional pois fortalece os adversários da burguesia industrial, como o latifúndio e os setores financeiros da burguesia.
O programa político do proletariado, naquelas condições, não tinha ainda como alvo a passagem imediata para o socialismo, mas sim às condições necessárias para a construção da transição para esse sistema. O fortalecimento da economia, o desenvolvimento industrial, a afirmação da soberania nacional, a conquista de uma república democrática, eram fatores fundamentais que compunham o programa avançado. O debate, intenso, envolveu desde setores nacionalistas da burguesia até a divisão dos comunistas entre reformistas e revolucionários, como ocorreu depois da segunda metade da década de 1950.
A tendência “comuno-petebista” de Golbery
A tradução eleitoral daquelas contradições assinala o início do declínio dos partidos da direita. O núcleo conservador era formado pela União Democrática Nacional (partido principalmente do grande capital financeiro e das oligarquias anti-Vargas, sendo claramente pró-americano) e pelo Partido Social Democrático (que juntava principalmente as oligarquias agrárias e setores não financeiros das classes dominantes). Na eleição de 1945 UDN e PSD tiveram, juntos, 233 deputados federais; em 1962, mesmo com o aumento no número de vagas na Câmara dos Deputados, diminuíram para 209.
No campo da resistência antioligárquica e antiimperialista um dos principais papéis coube ao Partido Trabalhista Brasileiro, que tinha fortes ligações com os sindicatos e a burguesia nacionalista e se beneficiou eleitoralmente (diz o cientista político Gláucio A. D. Soares) com a ilegalidade do Partido Comunista do Brasil.
O PTB foi o único partido que cresceu em todas as eleições entre 1945 a 1962. Em 1945 elegeu 22 deputados, aumentando para 116 em 1962. Enquanto os dois principais partidos conservadores tiveram suas bancadas diminuídas, perdendo cerca de 10% de seus deputados desde 1945, o PTB multiplicou sua representação por cinco em apenas 16 anos.
A mesma tendência pode ser registrada na votação para as coligações partidárias, que foi muito acentuada em 1962, quando tiveram 5,8 milhões de votos (48% do total), contra 6,3 milhões dados aos partidos (52% do total). Essa votação foi entendida como um indício claro da fragilidade de um sistema partidário no qual, mesmo em declínio, os conservadores ainda conservavam fatia considerável da representação parlamentar, com espaço reduzido – embora crescente – para o avanço democrático e nacionalista. E a votação nas coligações refletia essa contradição: seis em cada dez dos deputados eleitos por alianças partidárias eram progressistas, contra quatro em cada dez que eram conservadores.
Golpe militar para salvar a direita
Esta foi a tendência “comuno-petebista” do eleitorado que Golbery do Couto e Silva recomendou que fosse estancada por “via não eleitoral” – isto é, pelo golpe.
O golpe salvador para os conservadores foi desferido no dia 1º de abril de 1964. João Goulart foi deposto e as organizações sindicais e do movimento popular e sua representação parlamentar foram esfaceladas.
Quando a ditadura impôs sua reforma partidária de 1965, acabando com os partidos existentes e criando apenas dois (numa tentativa artificial de copiar o sistema partidário dos EUA), a bancada progressista na Câmara dos Deputados havia sido, logo após o golpe, previamente podada de 40 deputados cujos mandatos foram cassados e os direitos políticos suspensos. Eles representavam quase 10% dos 409 deputados que formavam aquela casa parlamentar.
Com o que restou foram formados dois novos partidos, a Arena e o MDB, e os conservadores conseguiram assim a sobrevida que as urnas lhes negavam. As eleições realizadas sob o tacão militar ocorreram sob regras tão estritas que não podem ser rotuladas de democráticas. Elas foram instituídas para garantir o mando dos conservadores, mas conseguiram conter a onda progressista apenas por duas eleições (as realizadas em 1966 e 1970).
Na primeira, a Arena teve 8,7 milhões de votos para a Câmara dos Deputados (50% do total) e o MDB teve 4,9 milhões (28% do total). Em 1970 o massacre conservador foi ainda pior, num pleito realizado no auge da ditadura e no qual as forças políticas de oposição mais conseqüentes, entre elas o PCdoB, recomendaram o voto nulo em protesto contra o regime dos generais. Naquela eleição a Arena diminuiu seu percentual para 41% mas avançou o número de votos para 10,9 milhões, enquanto o MDB minguou ainda mais, ficando com 17% do total de votos, caindo em números absolutos para 4,7 milhões.
Durou pouco e já em 1974 os conservadores voltaram a divisar o espectro do declínio. Naquele ano, a Arena teve 11,9 milhões de votos (41% do total), e o MDB avançou para 11 milhões (38% do total), indicando uma tendência de crescimento que manteve em 1978 (14,8 milhões, ou 39% do total, contra 15 milhões da Arena, que ficou com 40%).
Este avanço das forças democráticas e progressistas levou a ditadura a promover, no final da década de 1970, uma segunda reforma partidária para continuar encenando suas eleições manipuladas e restritivas. Transformou então a Arena em PDS, que se defrontou com PMDB, o PT, o PDT e o PTB.
Mas a tendência de queda continuou e, em 1982, o PDS empatou com o PMDB com 17,7 milhões para cada um (tiveram, cada um, 39% dos votos), enquanto os demais partidos receberam 5,7 milhões (12% do total). Isto é, a oposição ultrapassou finalmente, em número de votos e em percentual, o partido da ditadura (23,4 milhões contra 17,7 milhões do partido dos generais).
Foi este PDS em declínio que enfrentou, ao lado do general Figueiredo, que ocupava a presidência da República, a campanha das Diretas Já e, depois, a campanha pela eleição do candidato das oposições, Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral da ditadura. Rachou, dando origem ao PFL, e perdeu a disputa, acentuando o rumo declinante hoje cristalizado no PP de Paulo Maluf. Mas esta é uma história para outra etapa da vida nacional.
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A crônica das eleições desde 1945 revela a queda acentuada da votação dos partidos de direita no Brasil. Ela foi interrompida pela ditadura militar de 1964, mas retomada desde a redemocratização de 1985. Este texto apresenta alguns dados sobre essa trajetória no período de 1945 a 1982. As tendências atuais serão analisadas em um próximo texto.
A constatação de Golbery do Couto e Silva da existência de uma tendência “comuno-petebista” na eleição de 1962 que ameaçava o desempenho eleitoral dos conservadores, reflete dois aspectos da trajetória da direita. Um deles é o declínio eleitoral visível depois de 16 anos de vigência do regime da constituição de 1946. O outro é sua disposição permanente de enfrentar ameaças eleitorais pelo rompimento da legalidade.
Uma das marcas principais da política brasileira, no período compreendido entre as eleições de 1945 e a desde ano (2010) foi o conflito entre as forças democráticas, patrióticas e progressistas contra os partidários do atraso e do conservadorismo, aliados ao imperialismo.
Foi uma trajetória marcada pela resistência da direita ao avanço democrático. O golpe militar de 1964 e sua reforma política que permitiu a existência de apenas dois partidos, um da situação (Aliança Renovadora Nacional, Arena) e outro de oposição (Movimento Democrático Brasileiro, MDB) foi uma dessas iniciativas retrógradas. Houve outras. No final da década de 1970, quando, apesar das draconianas regras eleitorais da ditadura, o partido da oposição legal, o MDB, avançava eleitoralmente, o governo do general Figueiredo e seu chefe da Casa Civil, o próprio Golbery do Couto e Silva, impuseram nova reforma partidária com o objetivo de diluir o crescimento eleitoral do MDB.
Foram criados então cinco partidos políticos. A Arena transformou-se assim em Partido Democrático Social (PDS), o MDB acrescentou a palavra “partido” em seu nome e virou PMDB, e surgiram quatro novos partidos. Um, efêmero, foi o Partido Popular dos oposicionistas moderados, que logo se diluiu no PMDB;. Outro foi o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) da deputada Ivete Vargas. Brizola criou o Partido Democrático Trabalhista, o PDT, para recolher as bandeiras históricas do trabalhismo no período anterior à ditadura. Finalmente, a vanguarda sindical, lideranças do movimento social, religiosos progressistas e intelectuais de esquerda fundaram o Partido dos Trabalhadores, o PT.
Com o fim da ditadura, em 1985, nova acomodação fez surgir, entre as grandes agremiações, o Partido da Frente Liberal (PFL), formado pela dissidência do PDS que apoiou a eleição de Tancredo Neves. O PDS (hoje denominado Partido Progressista) entrou em uma rota de declínio acentuado, deixando de ser a vanguarda organizativa das direitas e dos conservadores.
Uma nova direita?
Nos embates daqueles anos, particularmente nas lutas da Constituinte de 1987-1988 e na eleição presidencial de 1989, ante a emergência de uma nova coalizão progressista e popular, capitaneada pelo PT e pelos comunistas, houve uma ampla rearticulação da direita e dos conservadores.
Aqueles anos foram marcados, internacionalmente, pela derrocada da experiência comunista na União Soviética e no leste europeu, e pela auto proclamada vitória final do capitalismo e triunfo momentâneo do neoliberalismo.
Naquela conjuntura, à frente do chamado “Centrão” (a aliança conservadora e neoliberal na Constituinte), o PFL destacou-se como a força dirigente da direita. No campo oposto, uma dissidência “ética” do PMDB criou o PSDB sob o lema do “choque de capitalismo” que anunciou na campanha presidencial de 1989. Os conservadores mantiveram o fôlego com a eleição de Fernando Collor de Mello para a Presidência da República, que durou pouco pois o presidente foi afastado, na metade de seu mandato, sob acusação de corrupção e à força de um verdadeiro levante das massas que varreu as ruas do país exigindo sua cassação.
O fracasso do primeiro presidente neoliberal deixou o PFL à beira do naufrágio, do qual foi salvo com a aliança que, na eleição de 1994, levou Fernando Henrique Cardoso à presidência da República. Com a vice-presidência da República e o controle de parte substancial do governo federal, o PFL se reergueu mas já não era mais o principal dirigente da direita, papel crescentemente assumido, desde então, pelo PSDB e seu programa neoliberal, antiestatista, antinacional e antipopular.
O declínio do PFL (agora sob o nome de Democratas, DEM), que se anuncia para a eleição atual, indica novo rearranjo na direita e uma alteração na representação partidária das forças conservadoras. Este pode ser o último suspiro das organizações partidárias que foram herdeiras diretas da ditadura militar de 1964, apontando para aquilo que já tem quem denomine como uma “nova direita”.
Mudanças estruturais
O Brasil viveu mudanças profundas depois da Segunda Grande Guerra. A industrialização se aprofundou, a população passou a viver principalmente nas cidades; as relações políticas acompanharam estas alterações.
O ponto de viragem ocorreu nas décadas de 1950 e 1960. O valor da produção industrial superou o da agropecuária em meados da década de 1950 e o país assistiu à urbanização de sua mão de obra. Em 1960 os empregados na agricultura ainda eram 54% do total e os trabalhadores urbanos eram 46%. Em 1969 a situação se inverteu; enquanto 43% permaneceram na agricultura, os urbanos passaram para 57% do total.
Refletindo essa mudança, a população passou a se concentrar nas cidades. Em 1960, 55% dos brasileiros moravam no campo, e 45% nas cidades. O ano de 1969 registrou outra inversão: 56% agora moravam nas cidades e 44% no campo.
Foi uma urbanização turbulenta, contraditória e não planejada, acumulando problemas como falta de infraestrutura, de transportes, de moradias – tudo isso agravado pelo empobrecimento imposto à população pelo arrocho salarial dos governos militares.
Mas foi uma mudança estrutural que se refletiu diretamente na vida brasileira, traduzindo-se num longo e acentuado declínio dos partidos conservadores, no crescimento da mobilização popular e da organização dos trabalhadores, e no avanço de sua luta que, naquela época, se expressava na exigência do desenvolvimento, do aumento dos empregos, da reforma agrária, da melhoria da renda e da conquista de governos democráticos para assegurar mudanças e modernizar o país em profundidade.
Analisando a situação francesa em meados do século 19, Marx observou (em As Lutas de Classe na França) que a ação independente do proletariado só pode amadurecer quando a burguesia industrial controla econômica e politicamente o poder, o que ainda não acontecia de forma cabal na França, que era governada pela burguesia financeira. Naquela situação, existiam tarefas históricas de sentido progressista mas de caráter burguês a serem cumpridas, e elas acabavam sendo incorporadas ao programa do proletariado.
A situação brasileira das décadas posteriores à Segunda Grande Guerra tem forte semelhança esta análise, com um elemento a mais: a influência do imperialismo e de seus aliados, que funciona como um freio ao desenvolvimento nacional pois fortalece os adversários da burguesia industrial, como o latifúndio e os setores financeiros da burguesia.
O programa político do proletariado, naquelas condições, não tinha ainda como alvo a passagem imediata para o socialismo, mas sim às condições necessárias para a construção da transição para esse sistema. O fortalecimento da economia, o desenvolvimento industrial, a afirmação da soberania nacional, a conquista de uma república democrática, eram fatores fundamentais que compunham o programa avançado. O debate, intenso, envolveu desde setores nacionalistas da burguesia até a divisão dos comunistas entre reformistas e revolucionários, como ocorreu depois da segunda metade da década de 1950.
A tendência “comuno-petebista” de Golbery
A tradução eleitoral daquelas contradições assinala o início do declínio dos partidos da direita. O núcleo conservador era formado pela União Democrática Nacional (partido principalmente do grande capital financeiro e das oligarquias anti-Vargas, sendo claramente pró-americano) e pelo Partido Social Democrático (que juntava principalmente as oligarquias agrárias e setores não financeiros das classes dominantes). Na eleição de 1945 UDN e PSD tiveram, juntos, 233 deputados federais; em 1962, mesmo com o aumento no número de vagas na Câmara dos Deputados, diminuíram para 209.
No campo da resistência antioligárquica e antiimperialista um dos principais papéis coube ao Partido Trabalhista Brasileiro, que tinha fortes ligações com os sindicatos e a burguesia nacionalista e se beneficiou eleitoralmente (diz o cientista político Gláucio A. D. Soares) com a ilegalidade do Partido Comunista do Brasil.
O PTB foi o único partido que cresceu em todas as eleições entre 1945 a 1962. Em 1945 elegeu 22 deputados, aumentando para 116 em 1962. Enquanto os dois principais partidos conservadores tiveram suas bancadas diminuídas, perdendo cerca de 10% de seus deputados desde 1945, o PTB multiplicou sua representação por cinco em apenas 16 anos.
A mesma tendência pode ser registrada na votação para as coligações partidárias, que foi muito acentuada em 1962, quando tiveram 5,8 milhões de votos (48% do total), contra 6,3 milhões dados aos partidos (52% do total). Essa votação foi entendida como um indício claro da fragilidade de um sistema partidário no qual, mesmo em declínio, os conservadores ainda conservavam fatia considerável da representação parlamentar, com espaço reduzido – embora crescente – para o avanço democrático e nacionalista. E a votação nas coligações refletia essa contradição: seis em cada dez dos deputados eleitos por alianças partidárias eram progressistas, contra quatro em cada dez que eram conservadores.
Golpe militar para salvar a direita
Esta foi a tendência “comuno-petebista” do eleitorado que Golbery do Couto e Silva recomendou que fosse estancada por “via não eleitoral” – isto é, pelo golpe.
O golpe salvador para os conservadores foi desferido no dia 1º de abril de 1964. João Goulart foi deposto e as organizações sindicais e do movimento popular e sua representação parlamentar foram esfaceladas.
Quando a ditadura impôs sua reforma partidária de 1965, acabando com os partidos existentes e criando apenas dois (numa tentativa artificial de copiar o sistema partidário dos EUA), a bancada progressista na Câmara dos Deputados havia sido, logo após o golpe, previamente podada de 40 deputados cujos mandatos foram cassados e os direitos políticos suspensos. Eles representavam quase 10% dos 409 deputados que formavam aquela casa parlamentar.
Com o que restou foram formados dois novos partidos, a Arena e o MDB, e os conservadores conseguiram assim a sobrevida que as urnas lhes negavam. As eleições realizadas sob o tacão militar ocorreram sob regras tão estritas que não podem ser rotuladas de democráticas. Elas foram instituídas para garantir o mando dos conservadores, mas conseguiram conter a onda progressista apenas por duas eleições (as realizadas em 1966 e 1970).
Na primeira, a Arena teve 8,7 milhões de votos para a Câmara dos Deputados (50% do total) e o MDB teve 4,9 milhões (28% do total). Em 1970 o massacre conservador foi ainda pior, num pleito realizado no auge da ditadura e no qual as forças políticas de oposição mais conseqüentes, entre elas o PCdoB, recomendaram o voto nulo em protesto contra o regime dos generais. Naquela eleição a Arena diminuiu seu percentual para 41% mas avançou o número de votos para 10,9 milhões, enquanto o MDB minguou ainda mais, ficando com 17% do total de votos, caindo em números absolutos para 4,7 milhões.
Durou pouco e já em 1974 os conservadores voltaram a divisar o espectro do declínio. Naquele ano, a Arena teve 11,9 milhões de votos (41% do total), e o MDB avançou para 11 milhões (38% do total), indicando uma tendência de crescimento que manteve em 1978 (14,8 milhões, ou 39% do total, contra 15 milhões da Arena, que ficou com 40%).
Este avanço das forças democráticas e progressistas levou a ditadura a promover, no final da década de 1970, uma segunda reforma partidária para continuar encenando suas eleições manipuladas e restritivas. Transformou então a Arena em PDS, que se defrontou com PMDB, o PT, o PDT e o PTB.
Mas a tendência de queda continuou e, em 1982, o PDS empatou com o PMDB com 17,7 milhões para cada um (tiveram, cada um, 39% dos votos), enquanto os demais partidos receberam 5,7 milhões (12% do total). Isto é, a oposição ultrapassou finalmente, em número de votos e em percentual, o partido da ditadura (23,4 milhões contra 17,7 milhões do partido dos generais).
Foi este PDS em declínio que enfrentou, ao lado do general Figueiredo, que ocupava a presidência da República, a campanha das Diretas Já e, depois, a campanha pela eleição do candidato das oposições, Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral da ditadura. Rachou, dando origem ao PFL, e perdeu a disputa, acentuando o rumo declinante hoje cristalizado no PP de Paulo Maluf. Mas esta é uma história para outra etapa da vida nacional.
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Veja, Globo e Folha rifaram o Serra?
Por Altamiro Borges
A temida capa da Veja deste sábado deu chabu. Após quatro edições consecutivas de ataques raivosos ao governo Lula e à candidata Dilma Rousseff, o panfleto serrista da famíglia Civita parece que cansou. Na véspera do dia das eleições, a capa da revista estampa "propostas para o Brasil" - já tentando enquadrar o futuro governo.
Até agora também não ocorreu a temida manipulação das imagens do debate com os presidenciáveis realizado pelo Jornal Nacional da TV Globo. Muita gente temia, com razão, que Ali Kamel, o senhor das trevas da poderosa emissora, tentasse repetir o jogo sujo do pleito de 1989, quando editou cenas para favorecer Collor de Melo.
Já os jornalões tradicionais, como Folha, Estadão e O Globo, reduziram o seu veneno nas edições dos últimos dois dias. No diário da famíglia Frias, o queridinho José Serra até apareceu isolado, solitário numa cadeira, na foto de capa. O Datafolha - ou Datafraude ou DataSerra - também deu outro cavalo de pau. Após apontar a "queda" de Dilma nas pesquisas, ajustou a sua sondagem dois dias depois.
Será que a mídia demotucana resolveu desembarcar da canoa furada de Serra? Será, como diz Paulo Henrique Amorim, que "na reta final, o PIG [Partido da Imprensa Golpista] amarelou"? Será que a mídia demotucano já fez seus cálculos temendo pelo futuro, por mudanças do marco regulatório das comunicações no Brasil?
A conferir nas próximas horas!
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A temida capa da Veja deste sábado deu chabu. Após quatro edições consecutivas de ataques raivosos ao governo Lula e à candidata Dilma Rousseff, o panfleto serrista da famíglia Civita parece que cansou. Na véspera do dia das eleições, a capa da revista estampa "propostas para o Brasil" - já tentando enquadrar o futuro governo.
Até agora também não ocorreu a temida manipulação das imagens do debate com os presidenciáveis realizado pelo Jornal Nacional da TV Globo. Muita gente temia, com razão, que Ali Kamel, o senhor das trevas da poderosa emissora, tentasse repetir o jogo sujo do pleito de 1989, quando editou cenas para favorecer Collor de Melo.
Já os jornalões tradicionais, como Folha, Estadão e O Globo, reduziram o seu veneno nas edições dos últimos dois dias. No diário da famíglia Frias, o queridinho José Serra até apareceu isolado, solitário numa cadeira, na foto de capa. O Datafolha - ou Datafraude ou DataSerra - também deu outro cavalo de pau. Após apontar a "queda" de Dilma nas pesquisas, ajustou a sua sondagem dois dias depois.
Será que a mídia demotucana resolveu desembarcar da canoa furada de Serra? Será, como diz Paulo Henrique Amorim, que "na reta final, o PIG [Partido da Imprensa Golpista] amarelou"? Será que a mídia demotucano já fez seus cálculos temendo pelo futuro, por mudanças do marco regulatório das comunicações no Brasil?
A conferir nas próximas horas!
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O papel golpista da mídia no Equador
Reproduzo artigo de Pascual Serrano, publicado no sítio Rebelión:
El golpe de Estado del pasado 30 de septiembre en Ecuador ha vuelto a dejar en evidencia el papel de los medios de comunicación. Lo más curioso de los medios españoles es que, cuando unas fuerzas de seguridad secuestran al presidente de un país, le llaman revuelta y titulan sobre el estado de excepción: “Estado de excepción en Ecuador para frenar la revuelta de policías” (ElPaís.com), "Corrrea decreta el estado de excepción para frenar una protesta policial que ha desatado el caos" (ElMundo.es). La agencia Efe dijo que Correa “quedó atrapado” para referirse al secuestro por parte de agentes armados.
En cuanto a los medios ecuatorianos es de destacar una anécdota sucedida con Teleamazonas, un canal privado muy hostil hacia Rafael Correa, que ya había sido sancionado el pasado año por la Superintendencia de Telecomunicaciones de Ecuador por haber publicado informaciones falsas que provocaron alteraciones del orden público. También en 2008 se supo que Teleamazonas llevaba siete años sin pagar impuestos. En otra ocasion Correa acusó a Teleamazonas de cometer un “atentado a la seguridad nacional", al difundir, en connivencia con el opositor Partido Sociedad Patriótico (PSP) del ex presidente Lucio Gutiérrez, grabaciones privadas del gobierno.
Pero vayamos a lo sucedido el 30 de septiembre. Cuando Correa se encontraba secuestrado por los policías en el hospital, el periodista de la Radio del Sur, desde Caracas, Marcos Salgado logra contactar con un periodista de Teleamazonas que se encuentra en el hospital, en una habitación contigua al presidente ecuatoriano. El centro sanitario está rodeado de policías rebeldes que hirieron al presidente hasta el punto de requerir asistencia médica. Salgado le pregunta si considera que Correa está retenido en el hospital contra su voluntad o no, el periodista de Teleamazonas le responde que no, que simplemente está allí resguardado por decisión propia sin que se le impida salir, aunque reconoce que los policías del exterior no permiten el acceso de los ciudadanos que de forma masiva están llegando para expresar su apoyo y garantizar su seguridad.
Marcos Salgado le expresa su extrañeza porque la decisión de Correa sea voluntaria si fuera hay decenas de policías armados y hostiles contra él, sin embargo el periodista de Teleamazonas sigue insistiendo en que la presencia de Correa en el hospital es por propia voluntad. Ya terminada la conversación entre los dos periodistas, Marcos Salgado comparte con la audiencia lo sospechoso de que, mientras que los ciudadanos no pueden acceder al hospital, tampoco los miembros del gobierno, y algunos equipos de prensa como el de Telesur fueron agredidos cuando lo intentaron, el periodista del canal opositor Teleamazonas pueda estar tranquilamente en la habitación contigua del presidente.
El desenlace de los hechos demostró a las pocas horas que Rafael Correa estaba secuestrado. Tan secuestrado que se necesito un operativo militar para rescatarlo. El Comando Conjunto de las Fuerzas Armadas, leal al gobierno, emitió un comunicado en el que aseguró que "unidades de elite de las Fuerzas Armadas rescatan al señor presidente y lo llevan a Carondelet", sede del Ejecutivo en el centro histórico de Quito. El operativo fue tan violente que se saldó con al menos la muerte de un miembro del Grupo de Operaciones Especiales (GOE) de la policía, y cinco militares heridos.
Podemos concluir por tanto que Teleamazonas, propiedad del banquero ecuatoriano Fidel Egas Grijalva principal accionista del Grupo Pichincha, fue cómplice del golpe en la medida en que sus profesionales se dedicaron a negar el secuestro del presidente del país, incluso ante otros medios de comunicación, a pesar de que conocían la realidad por encontrarse en el lugar de los hechos de una forma sólo comprensible por su connivencia con los sectores armados golpistas.
También es de destacar, una vez más, el papel de la Sociedad Interamericana de Prensa (SIP), el consorcio patronal de medios americanos que combate las iniciativas públicas de algunos gobiernos latinoamericanos por desarrollar medios de comunicación públicos. Con el presidente de Ecuador secuestrado por los agentes armados y la represión policial de los golpistas con los periodistas, la SIP se dedicaba a condenar la violación a la libertad de prensa que implica la obligatoriedad de enlazar a la televisión y la radio privada, a la señal de la cadena estatal.
Se trataba de una orden del Ejecutivo para que la televisión privada estuviera enlazada a la pública ante la contingencia nacional que implicaba el secuestro del Presidente de la República y así el gobierno legítimo poder dirigirse a la ciudadanía (en España se hace para escuchar al rey en Navidad). Por su parte, el presidente de la SIP, Alejandro Aguirre, subdirector a su vez de Diario de Las Américas, de Miami, se refirió a al golpe en Ecuador como “la situación de convulsión que atraviesa”.
Mientras la SIP emitía este pronunciamiento, en Quito los golpistas trataban de derribar las torres de transmisión de los canales nacionales.
Para terminar, vale la pena hacer algún comentario sobre el papel de los medios alternativos y comunitarios. Entre ellos, es de destacar el magnífico trabajo que hicieron desde Radio del Sur donde, gracias a su emisión en vivo por internet y sus conexiones en directa al lugar de los hechos, desde cualquier lugar del mundo pudimos escuchar de primera mano los acontecimientos de Ecuador. En cambio, una vez más, cómo sucede desde su creación, la emisión de vídeo por internet de Telesur volvió a caerse por exceso de tráfico, algo que se repite siempre que pasa algún acontecimiento trascendente en América Latina.
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El golpe de Estado del pasado 30 de septiembre en Ecuador ha vuelto a dejar en evidencia el papel de los medios de comunicación. Lo más curioso de los medios españoles es que, cuando unas fuerzas de seguridad secuestran al presidente de un país, le llaman revuelta y titulan sobre el estado de excepción: “Estado de excepción en Ecuador para frenar la revuelta de policías” (ElPaís.com), "Corrrea decreta el estado de excepción para frenar una protesta policial que ha desatado el caos" (ElMundo.es). La agencia Efe dijo que Correa “quedó atrapado” para referirse al secuestro por parte de agentes armados.
En cuanto a los medios ecuatorianos es de destacar una anécdota sucedida con Teleamazonas, un canal privado muy hostil hacia Rafael Correa, que ya había sido sancionado el pasado año por la Superintendencia de Telecomunicaciones de Ecuador por haber publicado informaciones falsas que provocaron alteraciones del orden público. También en 2008 se supo que Teleamazonas llevaba siete años sin pagar impuestos. En otra ocasion Correa acusó a Teleamazonas de cometer un “atentado a la seguridad nacional", al difundir, en connivencia con el opositor Partido Sociedad Patriótico (PSP) del ex presidente Lucio Gutiérrez, grabaciones privadas del gobierno.
Pero vayamos a lo sucedido el 30 de septiembre. Cuando Correa se encontraba secuestrado por los policías en el hospital, el periodista de la Radio del Sur, desde Caracas, Marcos Salgado logra contactar con un periodista de Teleamazonas que se encuentra en el hospital, en una habitación contigua al presidente ecuatoriano. El centro sanitario está rodeado de policías rebeldes que hirieron al presidente hasta el punto de requerir asistencia médica. Salgado le pregunta si considera que Correa está retenido en el hospital contra su voluntad o no, el periodista de Teleamazonas le responde que no, que simplemente está allí resguardado por decisión propia sin que se le impida salir, aunque reconoce que los policías del exterior no permiten el acceso de los ciudadanos que de forma masiva están llegando para expresar su apoyo y garantizar su seguridad.
Marcos Salgado le expresa su extrañeza porque la decisión de Correa sea voluntaria si fuera hay decenas de policías armados y hostiles contra él, sin embargo el periodista de Teleamazonas sigue insistiendo en que la presencia de Correa en el hospital es por propia voluntad. Ya terminada la conversación entre los dos periodistas, Marcos Salgado comparte con la audiencia lo sospechoso de que, mientras que los ciudadanos no pueden acceder al hospital, tampoco los miembros del gobierno, y algunos equipos de prensa como el de Telesur fueron agredidos cuando lo intentaron, el periodista del canal opositor Teleamazonas pueda estar tranquilamente en la habitación contigua del presidente.
El desenlace de los hechos demostró a las pocas horas que Rafael Correa estaba secuestrado. Tan secuestrado que se necesito un operativo militar para rescatarlo. El Comando Conjunto de las Fuerzas Armadas, leal al gobierno, emitió un comunicado en el que aseguró que "unidades de elite de las Fuerzas Armadas rescatan al señor presidente y lo llevan a Carondelet", sede del Ejecutivo en el centro histórico de Quito. El operativo fue tan violente que se saldó con al menos la muerte de un miembro del Grupo de Operaciones Especiales (GOE) de la policía, y cinco militares heridos.
Podemos concluir por tanto que Teleamazonas, propiedad del banquero ecuatoriano Fidel Egas Grijalva principal accionista del Grupo Pichincha, fue cómplice del golpe en la medida en que sus profesionales se dedicaron a negar el secuestro del presidente del país, incluso ante otros medios de comunicación, a pesar de que conocían la realidad por encontrarse en el lugar de los hechos de una forma sólo comprensible por su connivencia con los sectores armados golpistas.
También es de destacar, una vez más, el papel de la Sociedad Interamericana de Prensa (SIP), el consorcio patronal de medios americanos que combate las iniciativas públicas de algunos gobiernos latinoamericanos por desarrollar medios de comunicación públicos. Con el presidente de Ecuador secuestrado por los agentes armados y la represión policial de los golpistas con los periodistas, la SIP se dedicaba a condenar la violación a la libertad de prensa que implica la obligatoriedad de enlazar a la televisión y la radio privada, a la señal de la cadena estatal.
Se trataba de una orden del Ejecutivo para que la televisión privada estuviera enlazada a la pública ante la contingencia nacional que implicaba el secuestro del Presidente de la República y así el gobierno legítimo poder dirigirse a la ciudadanía (en España se hace para escuchar al rey en Navidad). Por su parte, el presidente de la SIP, Alejandro Aguirre, subdirector a su vez de Diario de Las Américas, de Miami, se refirió a al golpe en Ecuador como “la situación de convulsión que atraviesa”.
Mientras la SIP emitía este pronunciamiento, en Quito los golpistas trataban de derribar las torres de transmisión de los canales nacionales.
Para terminar, vale la pena hacer algún comentario sobre el papel de los medios alternativos y comunitarios. Entre ellos, es de destacar el magnífico trabajo que hicieron desde Radio del Sur donde, gracias a su emisión en vivo por internet y sus conexiones en directa al lugar de los hechos, desde cualquier lugar del mundo pudimos escuchar de primera mano los acontecimientos de Ecuador. En cambio, una vez más, cómo sucede desde su creación, la emisión de vídeo por internet de Telesur volvió a caerse por exceso de tráfico, algo que se repite siempre que pasa algún acontecimiento trascendente en América Latina.
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“Marina é a falência do movimento ecológico”
Reproduzo entrevista concedida à jornalista Conceição Lemes, publicada no blog Viomundo:
Pesquisa divulgada pelo Datafolha na terça-feira, 28, colocou em cheque, de novo, a credibilidade do instituto, que já andava baixa. Dizia que Dilma Rousseff (PT) caíra três pontos percentuais em relação ao levantamento realizado na semana anterior, quando tinha 49%. O candidato José Serra (PSDB) teria mantido 28% e Marina Silva (PV) subido de 13% para 14%.
“Enquanto as pesquisas em geral dão 10% de vantagem para Dilma em relação à soma dos outros candidatos, o Datafolha deu 4%. Enquanto o Datafolha cogita o segundo turno, Sensus, Vox Populi e Ibope continuam jurando que vai dar Dilma no primeiro turno”, disse, em entrevista ao Viomundo, o sociólogo-político Emir Sader. “O mínimo que se pode dizer é que, na margem de erro, está havendo manipulação.”
Ao ser indagado sobre o que faremos até a reta final da campanha, Emir brincou: “Lexotan”. Depois, falando sério, afirmou: “Quem está empenhado num candidato, intensificar o trabalho. Mas, sobretudo, tentar desmentir os boatos, as falsidades que andam espalhando por aí”.
Eis a segunda parte da entrevista que nos concedeu.
Que falsidade o senhor destacaria?
A mídia está passando uma imagem platônica da Marina, que não tem nada a ver. Na hora em que teve de enfrentar uma luta concreta, ela ficou contra os povos indígenas.
O senhor se refere à acusação de biopirataria feita à empresa do vice?
Exatamente. O registro para fins comercias de frutas tropicais da Amazônia feito pela Natura, cujo presidente [Guilherme Leal] é o vice da chapa verde. A Marina ficou do lado dele contra os interesses e os saberes naturais dos povos indígenas, dos povos da Amazônia, ao dizer que a Justiça é que decidiria.
Tenho dúvidas sobre a “preocupação” ecológica da empresa. Qual a política salarial dela? Qual a política para exploração dos recursos naturais? Qual a política da propriedade intelectual? Eu não vejo nada de significativo na prática social dela, que pudesse ter um caráter ecológico. A questão ecológica não é só preservar a floresta e os animais em extinção. Essa visão é muito pobre, reducionista.
Curiosamente, até sair do governo Lula, a Marina era o diabo para a imprensa. A mídia dizia que ela era quem mais prejudicava os projetos econômicos com suas picuinhas ideológicas. Essa mesma mídia, agora, exalta a Marina, numa clara instrumentalização, que ela aceita de bom grado. Quando se fala da Marina real, do Serra real, aí é que se vê a verdadeira dimensão deles.
Quem é a Marina real?
No Fórum Social Mundial, ouvimos o tempo todo que a questão ecológica é transversal. Ou seja, a ecologia cruzaria tudo, assim como na época anterior da esquerda se achava que a questão capital-trabalho cruzava tudo.
A graça da campanha da Marina seria fazer uma campanha em que ecologia cruzasse tudo. Só que ela deixou de ter uma agenda própria, passou a reagir a partir do denuncismo da direita, do bloco tucano-udenista. Chegou a dizer que a violação dos sigilos bancários da filha e do genro do Serra provocava fragilidade na sociedade brasileira. Tomara que fosse essa a nossa fragilidade. Para nós, o que fragiliza a sociedade brasileira é a violência, é o desemprego, é a miséria, é a injustiça…
Nessa campanha, Marina só assumiu posições equidistantes do cerne da questão ecológica. Ela não desenvolveu no governo nem fora uma concepção ecológica do desenvolvimento. O discurso dela não quer dizer nada.
Ao falar de Belo Monte, por exemplo, ela emenda “mas a energia limpa…” Só que Belo Monte é energia limpa. A Marina não tem coragem de se colocar a favor de projetos como Belo Monte, mas também não tem capacidade de elaborar projetos alternativos. Acho que a Marina é a falência do movimento ecológico brasileiro.
Mesmo?
Sim. O discurso dela pode parecer coerente no papel, mas, quando você questiona, é um vazio profundo. O estado brasileiro como é que vai ser? Qual o modelo desenvolvimento que propõe? Qual o papel do mercado interno? E da exportação? Como seria a política externa brasileira? E as políticas sociais?
São questões cruciais sobre as quais ela não tem nada a dizer — nem contra nem a favor do que está sendo feito. Nada.
Peguemos os transgênicos, uma questão grave. O que a Marina tem a dizer hoje? Vai acabar com eles, com exportação de soja, com a Monsanto? O discurso dela acaba sendo um blefe, já que os segmentos dos transgênicos são totalmente aparelhados pela direita, que hoje a apóiam.
Está na hora de provar a transversalidade da questão ecológica. Não vejo nada disso na campanha da Marina. Onde está a questão ecológica, estruturando o conjunto da plataforma dela? Não tem.
Ela fala em terceira via, mas qual é a política de emprego dela? Qual a política de salários? Qual a política de crédito? Não tem nada. Ela não tem nada a dizer nem dos programas essenciais do governo, como o microcrédito, o Luz para Todos, o crédito consignado. É só blábláblá. O que aparece, para quem está olhando a campanha, é um esvaziamento da transversalidade da questão ecológica.
A mesma mídia que apedrejava a Marina, hoje a enaltece. O Serra nem fala. Para alavancar a candidatura dele e liquidar a da Dilma, a “grande” imprensa assassinou o jornalismo durante essa campanha…
A questão não é ser a favor ou contra o Lula ou a Dilma. Quando você tem um governo com 80% de aprovação e olha a imprensa, uma coisa não corresponde à outra. A cobertura não reflete a formação democrática e pluralista da opinião pública. Eu não queria que falasse bem, eu gostaria que existisse o pluralismo, os pontos de vista realmente existentes na sociedade. Por outro lado, no governo Lula, avançamos pouco na questão mídia.
Que avaliação o senhor faz da política de comunicação do governo?
Houve um fracasso enorme. Daí a dificuldade de governar. Se deixou criar um denuncismo, centrado em escândalos, reais ou não, desproporcional, que acaba falsificando o próprio debate político, ou seja, o que mudou na sociedade brasileira para melhor ou para pior. Às vezes dá a impressão de que o governo é um poço de escândalo. O que não é verdade. Isso se deve ao fracasso da política de comunicação do governo.
O interessante é que a massa da população sabe dessa manipulação. Tanto que vota a favor do governo, apesar da mídia. Nós temos de democratizar, desconcentrar, ainda três coisas fundamentais: o dinheiro, a terra e a palavra. São monopólios privados. Não haverá sociedade democrática sem se democratizar essas instâncias.
E o Judiciário?
É muito ruim que tenha pessoas que se comportam como o Gilmar Mendes e a doutora Sandra Cureau. Estão tão empenhados politicamente que desmoralizam ainda mais o Judiciário. São personagens que refletem a arbitrariedade da Justiça, que deveria ser um órgão justo. Por isso, a reforma do Estado é fundamental. Acho que o Judiciário tem de estar submetido a um controle social.
Há alguns dias a Folha, em editorial, disse que todo poder tem de ter limite. E quem coloca limite no poder mídia monopólica? Quem coloca limite ao Judiciário?
Isso não vai cair do céu. Tem de ser definido em uma instância democrática. A doutora Cureau, como disse a Dilma, tem o direito de se manifestar como cidadã. Mas, ao dizer que o Lula está se empenhando ao máximo para eleger a Dilma, ela poderia dizer também que a imprensa está fazendo o máximo para eleger o Serra.
Acho que estão extrapolando o papel do Judiciário. Fazer uma leitura política de intenções é uma atitude totalmente indevida em relação aos juízes.
Para terminar, o que representa a eleição deste domingo?
O que está em jogo é o governo Lula. No domingo, o povo vai decidir se o governo Lula foi um parêntese e, aí, as elites tradicionais voltam ao poder. Ou se o governo Lula vai ser uma ponte para a gente construir um país justo, solidário e soberano, tarefa que apenas começamos a fazer. Acho que o povo está optando claramente pela continuação do processo, apesar da direita espernear através dos seus órgãos da mídia.
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Pesquisa divulgada pelo Datafolha na terça-feira, 28, colocou em cheque, de novo, a credibilidade do instituto, que já andava baixa. Dizia que Dilma Rousseff (PT) caíra três pontos percentuais em relação ao levantamento realizado na semana anterior, quando tinha 49%. O candidato José Serra (PSDB) teria mantido 28% e Marina Silva (PV) subido de 13% para 14%.
“Enquanto as pesquisas em geral dão 10% de vantagem para Dilma em relação à soma dos outros candidatos, o Datafolha deu 4%. Enquanto o Datafolha cogita o segundo turno, Sensus, Vox Populi e Ibope continuam jurando que vai dar Dilma no primeiro turno”, disse, em entrevista ao Viomundo, o sociólogo-político Emir Sader. “O mínimo que se pode dizer é que, na margem de erro, está havendo manipulação.”
Ao ser indagado sobre o que faremos até a reta final da campanha, Emir brincou: “Lexotan”. Depois, falando sério, afirmou: “Quem está empenhado num candidato, intensificar o trabalho. Mas, sobretudo, tentar desmentir os boatos, as falsidades que andam espalhando por aí”.
Eis a segunda parte da entrevista que nos concedeu.
Que falsidade o senhor destacaria?
A mídia está passando uma imagem platônica da Marina, que não tem nada a ver. Na hora em que teve de enfrentar uma luta concreta, ela ficou contra os povos indígenas.
O senhor se refere à acusação de biopirataria feita à empresa do vice?
Exatamente. O registro para fins comercias de frutas tropicais da Amazônia feito pela Natura, cujo presidente [Guilherme Leal] é o vice da chapa verde. A Marina ficou do lado dele contra os interesses e os saberes naturais dos povos indígenas, dos povos da Amazônia, ao dizer que a Justiça é que decidiria.
Tenho dúvidas sobre a “preocupação” ecológica da empresa. Qual a política salarial dela? Qual a política para exploração dos recursos naturais? Qual a política da propriedade intelectual? Eu não vejo nada de significativo na prática social dela, que pudesse ter um caráter ecológico. A questão ecológica não é só preservar a floresta e os animais em extinção. Essa visão é muito pobre, reducionista.
Curiosamente, até sair do governo Lula, a Marina era o diabo para a imprensa. A mídia dizia que ela era quem mais prejudicava os projetos econômicos com suas picuinhas ideológicas. Essa mesma mídia, agora, exalta a Marina, numa clara instrumentalização, que ela aceita de bom grado. Quando se fala da Marina real, do Serra real, aí é que se vê a verdadeira dimensão deles.
Quem é a Marina real?
No Fórum Social Mundial, ouvimos o tempo todo que a questão ecológica é transversal. Ou seja, a ecologia cruzaria tudo, assim como na época anterior da esquerda se achava que a questão capital-trabalho cruzava tudo.
A graça da campanha da Marina seria fazer uma campanha em que ecologia cruzasse tudo. Só que ela deixou de ter uma agenda própria, passou a reagir a partir do denuncismo da direita, do bloco tucano-udenista. Chegou a dizer que a violação dos sigilos bancários da filha e do genro do Serra provocava fragilidade na sociedade brasileira. Tomara que fosse essa a nossa fragilidade. Para nós, o que fragiliza a sociedade brasileira é a violência, é o desemprego, é a miséria, é a injustiça…
Nessa campanha, Marina só assumiu posições equidistantes do cerne da questão ecológica. Ela não desenvolveu no governo nem fora uma concepção ecológica do desenvolvimento. O discurso dela não quer dizer nada.
Ao falar de Belo Monte, por exemplo, ela emenda “mas a energia limpa…” Só que Belo Monte é energia limpa. A Marina não tem coragem de se colocar a favor de projetos como Belo Monte, mas também não tem capacidade de elaborar projetos alternativos. Acho que a Marina é a falência do movimento ecológico brasileiro.
Mesmo?
Sim. O discurso dela pode parecer coerente no papel, mas, quando você questiona, é um vazio profundo. O estado brasileiro como é que vai ser? Qual o modelo desenvolvimento que propõe? Qual o papel do mercado interno? E da exportação? Como seria a política externa brasileira? E as políticas sociais?
São questões cruciais sobre as quais ela não tem nada a dizer — nem contra nem a favor do que está sendo feito. Nada.
Peguemos os transgênicos, uma questão grave. O que a Marina tem a dizer hoje? Vai acabar com eles, com exportação de soja, com a Monsanto? O discurso dela acaba sendo um blefe, já que os segmentos dos transgênicos são totalmente aparelhados pela direita, que hoje a apóiam.
Está na hora de provar a transversalidade da questão ecológica. Não vejo nada disso na campanha da Marina. Onde está a questão ecológica, estruturando o conjunto da plataforma dela? Não tem.
Ela fala em terceira via, mas qual é a política de emprego dela? Qual a política de salários? Qual a política de crédito? Não tem nada. Ela não tem nada a dizer nem dos programas essenciais do governo, como o microcrédito, o Luz para Todos, o crédito consignado. É só blábláblá. O que aparece, para quem está olhando a campanha, é um esvaziamento da transversalidade da questão ecológica.
A mesma mídia que apedrejava a Marina, hoje a enaltece. O Serra nem fala. Para alavancar a candidatura dele e liquidar a da Dilma, a “grande” imprensa assassinou o jornalismo durante essa campanha…
A questão não é ser a favor ou contra o Lula ou a Dilma. Quando você tem um governo com 80% de aprovação e olha a imprensa, uma coisa não corresponde à outra. A cobertura não reflete a formação democrática e pluralista da opinião pública. Eu não queria que falasse bem, eu gostaria que existisse o pluralismo, os pontos de vista realmente existentes na sociedade. Por outro lado, no governo Lula, avançamos pouco na questão mídia.
Que avaliação o senhor faz da política de comunicação do governo?
Houve um fracasso enorme. Daí a dificuldade de governar. Se deixou criar um denuncismo, centrado em escândalos, reais ou não, desproporcional, que acaba falsificando o próprio debate político, ou seja, o que mudou na sociedade brasileira para melhor ou para pior. Às vezes dá a impressão de que o governo é um poço de escândalo. O que não é verdade. Isso se deve ao fracasso da política de comunicação do governo.
O interessante é que a massa da população sabe dessa manipulação. Tanto que vota a favor do governo, apesar da mídia. Nós temos de democratizar, desconcentrar, ainda três coisas fundamentais: o dinheiro, a terra e a palavra. São monopólios privados. Não haverá sociedade democrática sem se democratizar essas instâncias.
E o Judiciário?
É muito ruim que tenha pessoas que se comportam como o Gilmar Mendes e a doutora Sandra Cureau. Estão tão empenhados politicamente que desmoralizam ainda mais o Judiciário. São personagens que refletem a arbitrariedade da Justiça, que deveria ser um órgão justo. Por isso, a reforma do Estado é fundamental. Acho que o Judiciário tem de estar submetido a um controle social.
Há alguns dias a Folha, em editorial, disse que todo poder tem de ter limite. E quem coloca limite no poder mídia monopólica? Quem coloca limite ao Judiciário?
Isso não vai cair do céu. Tem de ser definido em uma instância democrática. A doutora Cureau, como disse a Dilma, tem o direito de se manifestar como cidadã. Mas, ao dizer que o Lula está se empenhando ao máximo para eleger a Dilma, ela poderia dizer também que a imprensa está fazendo o máximo para eleger o Serra.
Acho que estão extrapolando o papel do Judiciário. Fazer uma leitura política de intenções é uma atitude totalmente indevida em relação aos juízes.
Para terminar, o que representa a eleição deste domingo?
O que está em jogo é o governo Lula. No domingo, o povo vai decidir se o governo Lula foi um parêntese e, aí, as elites tradicionais voltam ao poder. Ou se o governo Lula vai ser uma ponte para a gente construir um país justo, solidário e soberano, tarefa que apenas começamos a fazer. Acho que o povo está optando claramente pela continuação do processo, apesar da direita espernear através dos seus órgãos da mídia.
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