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Convém não exagerar na hipocrisia para se declarar surpreso com a notícia de que Eduardo Cunha decidiu cometer uma chantagem contra Michel Temer para garantir a própria sobrevivência.
Sempre com apostas altas, Cunha não faz outra coisa desde que se tornou presidente da Câmara, na abertura do ano legislativo de 2015. Em agosto daquele ano, o PGR Rodrigo Janot protocolou a primeira denúncia contra ele no STF. Na época, o alvo da chantagem era Dilma. Mesmo pressionado por aliados políticos naturais, como o PSDB, o DEM, a bancada evangélica e a maioria do PMDB, o então presidente da Câmara caprichou na encenação mas jamais apertou o gatilho. Só mudou de atitude em dezembro de 2015, quando Rui Falcão, presidente do Partido dos Trabalhadores, anunciou que a legenda iria dar seus três votos contra Cunha no Conselho de Ética.