terça-feira, 10 de abril de 2018

'Mercado' reage mal diante de incertezas

Por Joana Rozowykwiat, no site Vermelho:

Quando o ex-presidente Lula foi condenado pelo TRF-4, os veículos de comunicação alardearam que o “mercado” estava em festa - o dólar caiu e a bolsa subiu. Mas, nessa segunda-feira (9), primeiro dia útil após a prisão do petista, o bom humor parece ter sido substituído pela cautela. O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, fechou em queda, e a moeda norte-americana, em alta. Analistas culpam as incertezas no cenário político.

Golpe não será derrotado com barricadas

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:

A prisão de Lula representa o maior crime político já cometido pelo Estado brasileiro, desde a deportação de Olga Prestes Benário para a Alemanha nazista.

Lula, além de completamente inocente, é o principal candidato da oposição, e um ex-presidente amado tanto pela elite intelectual do país como pelas multidões oprimidas. É considerado, em todas as pesquisas, como sendo o melhor presidente da república em todos os tempos.

Prender um homem assim, sem provas, é um crime que apenas uma justiça completamente fascista poderia fazer.

Nunca mais, Moro, nunca mais

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

Daquelas sílabas fatais
Entender o que quis dizer a ave do medo
Grasnando a frase: Nunca mais!


É uma parte do lúgubre e triste poema de Poe, “O Corvo”, com a fala soturna da desgraça, que arremessou o poeta para dor sem fim da perda. A perda, na “casa onde o Horror, o Horror profundo\ Tem seus ares triunfais.” É um poema do amor negado pela frieza da morte, mas que – como trata do triunfo da dor sobre a vida – também alerta para o fim de tudo que as frustrações da política podem alcançar. Lembra, com outras consequências, Moro advertindo Lula, em nome do Poder Judiciário em pleno processo de “exceção”, dizendo a ele – no Horror da democracia decadente – que tudo terminou: “Nunca mais, Lula, nunca mais!”.

O golpe e o recrudescimento autoritário

Por José Raimundo Trindade, no site Carta Maior:

“Só nos resta uma saída: uma crescente mobilização dos que repudiam a ‘política por outros meios’, como ardil dos que mandam e podem! Com os objetivos correlatos de sempre – remover a autocracia e desencadear a revolução democrática.” (Florestan Fernandes, 1988).

Com a votação da última quarta-feira (04/04/18) no STF (Supremo Tribunal Federal) e com a eminente prisão de Lula, o processo iniciado em 2016 aprofunda seu caráter de quebra institucional, configurando em definitivo um formato de golpe de Estado com nítido envolvimento de grande parte do judiciário e da mídia nacional. Estes pontos parecem ser consensuais em grande parte das análises independentes e democráticas.

Moro põe Lula em isolamento total

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

O esquema de isolamento total a que o ex-presidente Lula foi submetido, a cela projetada para isolá-lo de convívio humano, a proibição quase total de visitas, resumidas a uma por semana, tudo isso é um castigo cruel que está sendo considerado ato de vingança de Sergio Moro pelas críticas que o ex-presidente lhe fez pouco antes de ser preso.

A inventividade dos carcereiros teleguiados à distância por Moro para torturarem os presos da Lava Jato será levada ao paroxismo contra Lula. Há um claro propósito de quebrar o espírito do ex-presidente através de torturas mentais, das quais o isolamento punitivo é apenas a primeira.

Minha cartinha ao presidente Lula

Por Maria Inês Nassif, no Jornal GGN:

Querido presidente Lula,

Fico aqui pensando como pode estar bem um cara que passou a vida conversando, e tem vocação para ouvir, falar e ler a alma das pessoas, longe delas. Ou, quando a cela é aberta, apenas vendo algozes que não merecem um abraço, um carinho, um gesto de compreensão. Não deve ser fácil. É ruim pensar que você está sozinho em uma cela, e é um tormento imaginar que o homem que não foi abatido pela perseguição e pela peçonha de seus inimigos possa ser ferido pela solidão. E a gente torce para que você use a sua teimosia nordestina e sua força para negar a eles também isso. Eles não merecem a sua tristeza.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Prisão de Lula e o cemitério dos mortos-vivos

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Henfil não sabe o que está perdendo.

Bastou o grande guia do Partido da Justiça expedir a ordem de prisão contra Lula que os mortos-vivos imortalizados no traço do genial cartunista, de uma hora para outra, pulularam das tumbas do cemitério como baratas no cio, invadindo todos os espaços das redes sociais como nunca se vira antes.

Quanto mais medíocres foram em suas vidinhas anônimas, mais assanhados eles se tornaram.

O ódio a Lula é reflexo do ódio ao pobre

Por Jessé Souza, na revista CartaCapital:

Lula foi preso com “provas” construídas pela manipulação diária da mídia para que não se precisasse de provas jurídicas. Um alimentava o outro, Lava Jato e mídia, na distorção sistemática da realidade vivida, produzindo um simulacro do mundo, enquanto o saque real da corrupção organizada pela intermediação financeira agora se realiza impunemente.

Uma elite econômica subordinada aos interesses internacionais, que jamais aceitou o jogo democrático e suas consequências, usou seus intelectuais, sua mídia, seus juízes e seus generais para estigmatizar os interesses das classes populares. Como sempre, optou por criminalizar seus líderes.


Lula está preso numa solitária

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Numa tentativa óbvia de encobrir a brutalidade essencial de uma prisão injusta, nos dias anteriores a chegada de Lula a sede da Polícia Federal, em Curitiba, vários detalhes do aposento que lhe fora reservado chegaram aos meios de comunicação.

Mas nem o aparelho de TV que permitiu a Lula assistir ao jogo do Corinthians x Palmeiras permite ignorar uma realidade maior, de quem não só enfrenta uma condenação sem prova, mas encontra-se isolado numa cela, distante de outros prisioneiros recolhidos à PF.

Desde que chegou a Curitiba, Lula tem sido privado do indispensável convívio com outros prisioneiros - possivelmente o elemento mais importante para se assegurar alguma estabilidade intelectual e emocional a toda pessoa encarcerada, elemento que tem um lugar especial em seu caso.

Eles deram o golpe militar da Globo

Uma batalha que acabou de começar

Por Ariel Goldstein, no blog Viomundo:

“Vou atender à vontade deles”, disse Lula ao final de seu discurso no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo.

Com a entrega do ex-presidente à Polícia Federal, um novo capítulo da incerteza brasileira começa.

É uma jogada não sem riscos para os fatores de poder, que tentam excluir este líder popular de sua influência e participação nas eleições deste ano.

Agora, a prisão pode ofuscar o Lula do cenário político ou preservar ou aumentar a sua influência diante da disputa eleitoral?

Por que estou ao lado de Lula?

Por Célio Turino, na revista Fórum:

Porque ele é meu amigo. Não é honrado abandonar os amigos nas horas difíceis, mesmo quando temos diferenças de opinião e condutas. De amigos se cuida.

Porque ele é amigo do povo brasileiro. O governo de Lula, com todas as críticas que se queira fazer, fez muito pelo povo mais pobre, levou luz onde não havia, água aonde faltava água, universidades e cursos superiores aonde inexistiam escolas, Pontos de Cultura aonde jamais o Estado imaginou chegar; sob seu governo houve renda mínima para as famílias mais pobres, com a Bolsa Família, o salário mínimo dobrou em termos reais, e as pessoas idosas sem meios para se sustentarem, assim como portadores de deficiências, passaram a receber um salário em forma de pensão continuada, no valor de um salário mínimo, foram distribuídos remédios para quem não tinha condições de comprá-los, e atendimento de saúde para que jamais havia sido atendido por um médico; e o país cresceu, e foi respeitado no mundo, e os brasileiros mais pobres puderam progredir. Houve erros? Seguramente. Mas não é honrado abandonar os amigos nas horas difíceis, e a ingratidão é uma pantera a engolir os ingratos. Confio que o povo brasileiro não será ingrato.

A atuação da mídia na prisão de Lula

Do jornal Brasil de Fato:

A atuação de boa parte da imprensa brasileira impondo uma narrativa massificada anti-Lula foi o principal combustível da mobilização das forças antidemocráticas na prisão do ex-presidente Lula na noite deste sábado (7). O resultado está refletido nas capas dos jornais deste domingo (8).

"O papel dos grandes meios de comunicação privado no Brasil é bem claro há alguns anos. E nos últimos dois anos foi explícito. Eles atuaram politicamente utilizando o poder de manipulação da informação para construir uma opinião pública favorável a prisão do ex-presidente Lula”, disse Renata Mielli, coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), em entrevista para Rádio Brasil de Fato.

Direita busca confronto; prudência em dobro

Foto: Ricardo Stuckert
Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Está na cara que o conflito que encerrou a noite vergonhosa da prisão de Lula foi devidamente planejado.

Todo o “sigilo” que envolveu a operação policial tinha um destino: a Superintendência da Polícia Federal do Paraná.

Quando se quis afastar de lá manifestantes pró-Lula, montou-se um grande esquema policial e isolou-se toda a área.

Agora, permitiu-se que os grupos fascistas chegassem bem perto do prédio, ao ponto de atingirem o pátio com rojões e, pior ainda, dispará-los contra o helicóptero que conduzia o ex-presidente.

A esquerda sem Lula

Foto: Ricardo Stuckert
Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Na derrota e na vitória, a forma e a hora contam. A prisão do ex-presidente Lula não aconteceu como desejava o ex-juiz Sergio Moro, como rendição de um réu despojado de tudo o que foi e significou, chegando abatido à cela em Curitiba, acompanhado de advogados. A pressa e o ímpeto do juiz ajudaram Lula a transformar a medida que representaria o triunfo da justiça “para todos” em um ato político de grande força simbólica, juntando as pontas de sua história contra a decretação de sua morte política e do projeto que encarnou. Selou-se a maior derrota da esquerda no Brasil depois da ditadura mas ato final não existe na política. Tudo agora será processado pela maioria que assistiu silenciosa.

domingo, 8 de abril de 2018

A prisão de Lula na imprensa internacional

Foto: Francisco Proner
Por Altamiro Borges

Durante a ditadura militar, a única forma de se informar sobre as monstruosidades no Brasil era através da imprensa estrangeira. O jornalismo nativo sofria censura externa, dos generais, e interna – dos próprios barões da mídia, que tinham apoiado o golpe e se locupletavam com os carrascos. A TV Globo, por exemplo, construiu o seu império neste triste período da nossa história. Na fase atual, o mesmo está ocorrendo. No golpe dos corruptos que depôs Dilma Rousseff e alçou ao poder a quadrilha de Michel Temer, o noticiário internacional foi bem mais honesto do que o nacional, totalmente partidarizado. Agora, com a injusta prisão de Lula, a situação se repete – para desgosto do “imortal” Merval Pereira e de outros “calunistas” da mídia golpista.

Lula e a frustração dos fascistas

Foto: Ricardo Stuckert
Por Jeferson Miola, em seu blog:

Os fascistas celebraram antes do tempo - e, ao final, ficaram frustrados. Eles imaginavam que a prisão ilegal e arbitrária do Lula produziria impotência, melancolia e abatimento total do Lula e da militância partidária e social.

Os fascistas se excitavam com o momento finalmente chegado, planejado para ser de suprema humilhação de um Lula prisioneiro e cabisbaixo sendo levado ao cárcere por verdugos vestidos de preto, empunhando armamento militar e usando gorros tipo ninja.

A Globo e a Lava Jato ansiavam ardentemente o término do prazo estipulado por Sérgio Moro para Lula se apresentar em Curitiba para exibir no Jornal Nacional da noite de sexta-feira, 6 de abril, o grande troféu, a verdadeira razão de ser do golpe e da Lava Jato: a caça finalmente enjaulada.

Inocente, Lula virou preso político

Por Dilma Rousseff, em seu site:

O Brasil assistiu neste sábado, 7 de abril, a um dos mais tristes episódios de sua história: a injusta e cruel prisão de Luiz Inácio Lula da Silva, o mais importante líder político brasileiro desde a redemocratização do país, reconhecido mundialmente pela sua imensa capacidade de promover inclusão social e fazer política em benefício dos mais necessitados.

Lula tornou-se um preso político, vítima de uma perseguição implacável de adversários, que lançam mão do lawfare para calá-lo e destruí-lo, no esforço de desqualificar seu papel perante a história e o povo brasileiro.

Jornalismo da Globo e tropa de choque no PR

Curitiba, 07/4/18. Foto: Ricardo Stuckert
Por Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:

Há mais semelhanças do que se imagina entre a jornalista da Globonews Cristiana Lobo, que estranhou a falta de esculacho na prisão do ex-presidente Lula, e a violenta repressão da PM do Paraná a uma manifestação pacífica em frente à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

A todos eles, falta uma boa dose de civilidade.

Cristiana postou no Twitter comentário sobre o comportamento dos policiais que levaram Lula a Curitiba sob custódia.

A mídia se transformou no maior dos poderes

Da Rede Brasil Atual:

A filósofa Marcia Tiburi estava na manhã de hoje (6) no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, em solidariedade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, segundo ela mesma, em defesa da democracia.

De acordo com ela, o pedido de prisão do juiz Sérgio Moro se relaciona com "um roteiro espetacularizado" de todo o processo que envolve o tríplex do Guarujá, e faz parte do elemento midiático desse cenário. "A mídia, na verdade, se transformou entre nós no maior de todos os poderes. O Legislativo, Executivo e o Judiciário não são nada mais perto do poder da mídia. É ela que manda", disse, em entrevista a Marilu Cabañas, Glauco Faria e Emerson Ramos, na Rádio Brasil Atual.