domingo, 8 de julho de 2018

Google, Facebook e a democracia

Ilustração: Ali Miraee/Cartoon Movement
Por Hernâni Carmo, no site Carta Maior:

Mas se olharmos com maior atenção ao que está a acontecer, independentemente de ser um humano a ler os nossos emails em vez de uma máquina, percebemos que os nossos gostos, as nossas opiniões, as nossas ideologias, a nossa rede de amigos, isto é, os nossos dados, constituem uma fonte de poder que poderá colocar em causa o sistema democrático.

Este caso do serviço de correio eletrônico da Google é mais um que se junta ao do Facebook, que disponibilizou dados de cerca de 80 milhões de pessoas à Cambridge Analytica (empresa que trabalhava para a campanha eleitoral de Trump). Assistimos a um processo acumulativo informação sobre cada um de nós, que terá cada vez mais valor. Os dados serão cada vez mais uma fonte de poder. Tal como no caso da Cambridge Analytica, em que esses dados foram utilizados para influenciar o sentido de voto dos eleitores americanos, quem tiver na sua posse estes dados, terá o poder de nos conhecer melhor do que nós próprios nos conhecemos. 

sábado, 7 de julho de 2018

A nova guerra contra a Nicarágua

A festa de Temer e seus amigos

O empresariado ligou o foda-se

Por Gilberto Maringoni

Os aplausos histéricos do empresariado a Jair Bolsonaro indicam algo muito grave, para além da simbiose do liberalismo com a extrema-direita ou com a perda de escrúpulos de uma classe que nunca renegou a escravidão.

O entusiasmo mostra que pode haver um movimento para se ter como "normal" ou "aceitável" para "pessoas de bem" o apoio a um notório defensor da tortura, do extermínio e do permanente estado de guerra como forma de convívio social.

Abraçando Bolsonaro

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Na eleição de 1989, não se falava nesse deus oculto chamado mercado.

Quem representava o olimpo econômico eram os “empresários”. E estes, inicialmente, evitavam explicitar apoio a Fernando Collor de Mello, embora vendo nele quem poderia evitar a eleição de Brizola ou de Lula, fantasmas da esquerda. Collor era útil mas tinha seus poréns.

Até que, em algum momento, surgiu o verbo collorir.

E dizer que ‘fulano colloriu’ deixou de ter sentido negativo, passando a significar escolha natural e até ousada.

Ministério do Trabalho: tempos de improviso

Da Rede Brasil Atual:

Por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro do Trabalho, Helton Yomura, foi afastado nesta quinta-feira (5) para investigações relativas à Operação Registro Espúrio, sobre registro de entidades sindicais. Segundo a Polícia Federal, Yomura – que pediu demissão e será substituído – é um "testa de ferro" do PTB, partido que controla a pasta desde o início da gestão Temer. Neste ano, o governo conseguiu a façanha de não conseguir efetivar um ministro do Trabalho. Também citado na investigação, o ministro Carlos Marun, da Secretaria de Governo, falou em "conspiração" contra ele.

Alckmin na marca do pênalti

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Coroando a série de reportagens desta semana, dando conta de que Geraldo Alckmin habita uma ilha que está se desfazendo no oceano, a Veja que vai para as bancas amanhã diz que a substituição do ex-governador pelo ambicioso João Doria Jr tem agora um aliado sem voto, mas com poder.

Michel Temer, segundo a revista, trata do tema aberta e pessoalmente, segundo a revista, com o próprio Doria, com Fernando Henrique e com a cúpula do PMDB: Romero Jucá e Carlos Marum, além o adesivo Gilberto Kassab, especialista em ir onde a “boquinha” está.

México mostra que a América Latina resiste

Lula, Cristina e Rafael: coincidências?

Foto: Ricardo Stuckert
Por Pedro Breier, no blog Cafezinho:

A teoria de que os Estados Unidos da América atuaram ativamente na implantação e sustentação das ditaduras que assombraram a América Latina no século XX deixou de ser uma teoria faz muito tempo, dadas as evidências disponíveis sobre o assunto.

Leia, a título de exemplo, esta matéria de 2007 – da insuspeita IstoÉ – sobre a participação dos EUA no golpe de 64. Os detalhes da participação do Tio Sam na organização das Marchas da Família com Deus Pela Liberdade – as micaretas coxinhas de antigamente – foram fornecidos pelo próprio governo americano, por meio de documentos secretos desclassificados.

A decisão histórica sobre a morte de Herzog

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

A condenação do Brasil pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), pela não apuração das circunstâncias da morte de Vladimir Herzog, é o capítulo mais relevante, até agora, na luta pela responsabilização dos crimes da ditadura.

Herzog era jornalista e trabalhava na TV Cultura de São Paulo. Na noite de 24 de outubro de 1975, agentes do DOI/CODI São Paulo (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna do II Exército) o procuraram nas dependências da emissora, manifestando a intenção de detê-lo e conduzi-lo para prestar esclarecimentos. A direção da TV solicitou aos agentes que não o levassem, pois dependiam dele para manter a programação. Houve, então, determinação para que Herzog se apresentasse no dia seguinte ao DOI/CODI do II Exército.

Graves retrocessos no Direito do Trabalho

Por Nivaldo Santana, no site da CTB:

O presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Dr. Guilherme Guimarães Feliciano, afirmou que a reforma trabalhista, lei 13.467, de 13 de julho de 2017, provoca o enfraquecimento dos sindicatos, principalmente pela asfixia financeira, e do Judiciário do trabalhista, com a criação do controvertido conceito de “intervenção mínima” da Justiça no Direito do Trabalho e nas negociações coletivas.

Robôs assassinos, a nova ameaça

Por Anne-Sophie Simpere, no site Outras Palavras:

O salão internacional da indústria de armamentos Eurosatory abriu suas portas dia 11 de junho ao norte de Paris. Ao lado dos tradicionais canhões e mísseis, a feira deve dar lugar de destaque à terceira grande ruptura tecnológica no campo militar: depois da pólvora e depois a bomba nuclear, é chegado o tempo dos robôs armados e cada vez mais autônomos. Essa “inovação” é tema de um intenso debate. Que grau de autonomia podemos dar a uma máquina para identificar e atacar um alvo? Deveríamos já proibir essas armas? Centenas de cientistas e ONGs de defesa de direitos estão em alerta.

A chicana judicial e o circo midiático

Por Reginaldo Moraes, no site da Fundação Perseu Abramo:

Lá na primeira metade dos anos 1970, um estudo da Comissão Trilateral, coordenado por Samuel Huntington, diagnosticava o que achava ser o grande mal dos tempos contemporâneos: a democracia atrapalhava o capital. As crescentes demandas sociais dificultavam o dinamismo econômico e sobrecarregavam o Estado, tornando as democracias ingovernáveis. O diagnóstico era seguido de algumas terapêuticas, todas elas tentando reduzir o impacto da participação política, incluindo, claro, o voto, sobre as grandes decisões. Algumas delas receitavam esterilizar o poder das eleições – reduzindo as atribuições dos eleitos (como, por exemplo, a indicação dos dirigentes da política econômica e monetária). Como seria difícil simplesmente abolir o voto, o sonho da governabilidade era uma participação limitada a uma fração seleta dos cidadãos, com a produção de uma apatia massiva. Uma renúncia ao voto, uma submissão consentida.

Brasil, um país de encarcerados

Por Felipe Martins, na revista Fórum:

Massacre do Carandiru, São Paulo, 1992, 111 presos mortos. Rebelião no Anísio Jobim, Manaus, 2017, 56 mortos. Neste intervalo de 25 anos que separa as duas tragédias a população carcerária aumentou mais de 400% no país, de acordo com um levantamento do Ministério da Justiça. O Brasil empilha presos nas cadeias, penitenciárias e presídios do país como sacos de lixo no Leblon ou nos Jardins. Em nome da guerra às drogas, pretos e pobres são jogados atrás das grades para o conforto de grande parte da sociedade que prefere dar as costas para a miséria brasileira.

Síndrome de jabuticaba

Por Cezar Britto, no site Congresso em Foco:

Certa vez, ao conceder uma entrevista a uma emissora nacional, perguntou-me o âncora do programa jornalístico se não era uma “jabuticaba” a tese que eu defendera na tribuna do STF, na qualidade de representante do Movimento de Combate à Corrupção (MCCE). Referia-se ele ao julgamento da ADI 4650, ajuizada pela OAB para declarar a inconstitucionalidade dos dispositivos legais que autorizavam as contribuições de pessoas jurídicas às campanhas eleitorais. Antes de responder sobre a importância de se impedir o financiamento (investimento) privado das eleições, perguntei a ele a razão do preconceito contra a jabuticaba, uma das especiais frutas nativas da Mata Atlântica. Disse-lhe que eu adorava jabuticaba, mas se ele gostava de peras, morangos, maçãs, pêssegos e outras frutas estrangeiras eu respeitaria. Mas que não concordava com a premissa de que as coisas do Brasil não mereciam ser respeitadas.

O manifesto da frente ampla pelo Brasil

Editorial do site Vermelho:

Um passo importante para a formação da frente ampla democrática e progressista foi dado na terça-feira (3), em Brasília, com o lançamento do manifesto “Por uma frente para o Parlamento compromissada com a reconstrução e o desenvolvimento do Brasil”.

A iniciativa das fundações de estudos e pesquisas do PCdoB, PT, PDT, PSB e PSOL busca uma ampla união para a resistência contra o neoliberalismo e seu governo golpista. Voltado para as eleições de outubro, o manifesto orienta que o tom da campanha da esquerda e demais forças democráticas e progressistas deve ser de nítida e vigorosa oposição ao desastroso governo Temer e às candidaturas identificadas com a agenda ultraliberal.

Parte do 'mercado' se aproxima de Bolsonaro

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

O “mercado”, essa abstração formada por bancos, fundos, corretoras de valores e especuladores em geral, está tenso com o hoje imprevisível resultado da eleição. Seus presidenciáveis prediletos, Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles e companhia, fazem feio nas pesquisas.

A aflição tem se revelado na alta do dólar, firme rumo aos 4 reais, apesar de o Banco Central ultimamente atuar de forma pesada no câmbio. Sem opção, parte da banca inclina-se na direção do pré-candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro, seduzida pelo economista que o deputado escolheu como guru, Paulo Guedes.

A inacreditável hipocrisia de Galvão Bueno

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Findo o jogo em que o Brasil foi eliminado pela Bélgica, Galvão Bueno pôs-se a deblaterar sobre a corrupção na CBF.

Ladeado por Casagrande e Ronaldo, lembrou que um presidente (José Maria Marin) “foi afastado”.

“É um momento de parar pra pensar”, lamentou, rouco e abatido, ligeiramente inchado, num discurso meia sola interminável.

O Fenômeno fez um aparte.

Vivemos “um momento difícil da política no Brasil e pior ainda no futebol”, lembrou o sujeito que fez campanha para Aécio Neves em 2014.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Gol contra: programa do golpe acelera

Por Ricardo Gebrim, no jornal Brasil de Fato:

Enquanto acompanhamos os desdobramentos da Copa do Mundo debatendo quem é o jogador mais veloz de nossa seleção, as forças golpistas não perdem tempo para acelerar um programa de desmonte das bases da nação. Vejamos quais:

Base de Alcântara

Foram decisivos a realização do Plebiscito Popular e a vitória de Lula em 2002, para impedir a consumação de uma das ações mais entreguistas do governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC): o famigerado acordo para o uso do Centro de Lançamento de Alcântara com os Estados Unidos (EUA).

Facebook, Google e o combate as 'fake news'

Por Tatiana Dias, no site The Intercept-Brasil:

Nesta quinta-feira, um consórcio de 24 veículos de imprensa anunciou o projeto Comprova, uma ferramenta que fará a checagem de notícias apontadas como falsas de forma colaborativa. A ideia é que, juntando diferentes veículos de imprensa, a verificação seja mais confiável – pelo menos três membros do consórcio precisarão checar as informações para que ela seja publicada.

A iniciativa, anunciada no Congresso da Abraji e financiada pelo Google e pelo Facebook – assim como o próprio evento -, se juntou a outras, bancadas pelas mesmas empresas, para lutar contra aquilo que, de repente, se tornou o grande problema (e, em parte, uma grande solução em termos de financiamento) no panorama do acesso à informação. Todo mundo quer “combater” fake news, o grande mal contemporâneo.