segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Era Bolsonaro: o que nos espera?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

“Foi uma sucessão tão alucinante de notícias e eventos trágicos para o país que a sensação é de que passou muito mais do que uma semana; o país parece aprisionado por um pesadelo” (Mauro Lopes, jornalista, no Brasil 247).

É a mesma sensação que tive, mas foi apenas uma amostra grátis do que vem pela frente.

A estreia oficial da Era Bolsonaro acontece esta semana em Brasília, na terça-feira, com a entrada triunfal do presidente eleito no Congresso Nacional, onde ele passou os últimos 27 anos da sua vida como deputado do baixo clero..

General Heleno e os impatriotas

Por Renato Rovai, em seu blog:

O general Augusto Heleno, que foi nomeado ministro da Defesa antes mesmo de Bolsonaro vencer as eleições, disse ao site oficial da extrema direita brasileira e do futuro governo, O Antagonista, que o ex-ministro da Defesa e das Relações Internacionais Celso Amorim “é o primeiro ex-chanceler a usar vários diplomatas a ele ligados em uma campanha no exterior contra o seu próprio país, mentindo sobre a prisão de Lula. Atitude impatriótica, vergonhosa e injustificável”.

Populismo autoritário

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Em uma semana, o novo regime começou a mostrar a cara. Pelo focinho é que se conhece o bicho.

Surpresos, só os que acreditavam que a retórica de campanha não se tornaria forma de governo. No primeiro dia como presidente eleito, Jair Bolsonaro reiterou ameaças aos adversários e ameaçou retaliar veículos que não se portarem bem.

Pelo Twitter, confirmou ministros e desmentiu notícias. Está claro que apostará na comunicação pessoal e direta com o povo, através das redes sociais, dispensando a mediação da imprensa, e que no Congresso buscará votos ao largo dos partidos. Focinho de populismo autoritário, que saído das urnas, pode ser mais forte que o gerado por tanques.

Moro cometeu 11 violações a direitos de Lula

Da Rede Brasil Atual:

A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) emitiu nota em que critica a decisão do juiz federal de primeira instância Sérgio Moro de aceitar o cargo de ministro da Justiça no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).

Os juristas elencam 11 episódio que exemplificam a conduta “excepcionalmente ativista” por parte do magistrado, que foi criticado por especialistas brasileiros e estrangeiros.

Quantos são os extremistas de direita?

Por João Quartim de Moraes, no site Vermelho:

Nas análises que têm sido divulgadas sobre o conteúdo ideológico do voto em Bolsonaro, predominam as que examinam o dos evangélicos. Essa opção prioritária se justifica porque, diferentemente das demais religiões e dos que não aceitam dogmas religiosos, em que o voto se distribuiu sem notáveis diferenças entre os dois candidatos no segundo turno da eleição do presidente, mais de dois terços dos adeptos das igrejas ditas evangélicas votaram no candidato da extrema-direita. Reproduziram aqui o exemplo dos Estados Unidos, onde a chamada “Jesuslândia” constitui o bastião da direita mais brutalmente retrógrada, a que elege os bush e os trump.

domingo, 4 de novembro de 2018

A recompensa do cabo eleitoral Sergio Moro

Por Rodrigo Martins, na revista CartaCapital:

Com a sua habitual sinceridade e, aparentemente, total falta de senso de oportunidade, o general Hamilton Mourão, vice-presidente eleito, revelou poucas horas antes do anúncio oficial o arranjo que levou o juiz Sergio Moro a aceitar o convite para assumir um “superministério” da Justiça no governo de Jair Bolsonaro.

Segundo Mourão, a sondagem ficou a cargo de outro futuro “superministro” (esta administração mais parece um filme da Marvel), o economista Paulo Guedes, ainda no primeiro turno. “Isso faz tempo, durante a campanha foi feito um contato”, descreveu o militar.

Brasil vai enterrar a Constituição Cidadã

Por Ana Luíza Matos de Oliveira, no site da Fundação Perseu Abramo:

Paulo Guedes, anunciado como futuro ministro da Fazenda de Bolsonaro, afirmou que o Brasil “vai enterrar modelo econômico social-democrata”.

A Constituição Federal de 1988 (CF88), chamada de Constituição Cidadã, de fato se inspirou na social-democracia, em especial a europeia, para instituir uma série de direitos aos cidadãos brasileiros, tal como consta no artigo 6º da CF88: “são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”.

Bolsonaro não teve cheque em branco do povo

Por Guilherme Boulos, no site Mídia Ninja:

Jair Bolsonaro teve a maioria dos votos e foi eleito presidente da República, o que não significa um cheque em branco do povo brasileiro a um pensamento único sem espaço para a oposição de ideias. O sufrágio se dá nas urnas, mas a democracia é prática cotidiana e pressupõe respeito a quem pensa diferente e, sobretudo, às liberdades constitucionais.

As declarações do presidente eleito, no entanto, são preocupantes: denúncias jornalísticas tornam-se “fake news”, movimentos sociais viram “organizações terroristas”, e manifestações populares são tachadas como “ataques à democracia”.

O jornalismo precisa se reinventar

Por Carlos Wagner, no site da Fundação Maurício Grabois:

Com a eleição de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) para presidente da República o destino das empresas de jornalismo como conhecemos é incerto. Ele se elegeu prometendo acrescentar novas dificuldades a um setor que já sofre o êxodo de leitores e anunciantes.

Os problemas econômicos da mídia tradicional são mundiais. Nos Estado Unidos, com a eleição de Donald Trump, um inimigo declarado dos jornais, algumas empresas conseguiram reverter o quadro econômico denunciando para o público os desmandos do grupo político ao redor do presidente. O que irá acontecer com as grandes empresas de comunicação do Brasil, nós saberemos no primeiro ano de governo de Bolsonaro.

Filipinas: o Brasil de amanhã?

Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

Alguns dias antes das eleições, Walden Bello, um sociólogo e ativista filipino que conhece o Brasil, e participou ativamente dos Fóruns Sociais Mundiais, escreveu uma carta aos brasileiros. Bello comparava a então provável eleição de Jair Bolsonaro aos dois anos de mandato do atual presidente de seu país, Rodrigo Duterte. A mensagem tinha claro sentido de alerta.

Sergio Moro, o capanga judicial

Por Atilio A. Boron, no site Carta Maior:

A apressada designação do juiz Sérgio Moro como ministro de Justiça do Brasil ficará registrada na história como caso paradigmático, por sua desavergonhada fusão com o obsceno, ao servir de ascensão definitiva a esta sinistra nova figura na sempre acossada democracia latino-americana: o capanga judicial. Diferente dos seus predecessores, que aniquilam suas vítimas fisicamente, o capanga judicial – assim como seu colega econômico, de mais longo currículo (como demonstra o famoso livro de John Perkins, “Confissões de um Assassino Econômico”) – os elimina através de uma arma mais silenciosa e quase invisível aos olhos dos seus contemporâneos: o lawfare. Ou seja, a utilização arbitrária e tergiversada do direito para violar os princípios e procedimentos estabelecidos pelo devido processo, com o objetivo de inabilitar – pela prisão ou pelo exílio – aqueles que, por algum motivo, se constituem obstáculos para as classes dominantes ou para o imperialismo.

O 18 Brumário de Jair Bolsonaro

Caricatura: Jack Allen
Por Rodrigo Perez Oliveira, no site Jornalistas Livres:

“Demonstro nesse livro como a luta de classes na França criou circunstâncias e condições que possibilitaram a um personagem medíocre e grotesco desempenhar um papel de herói.”

Assim, com essas palavras, Karl Marx inicia o livro “O 18 Brumário de Luís Napoleão Bonaparte”, publicado em 1852. No texto, Marx se pergunta como um sujeito medíocre e grotesco conseguiu se tornar o líder máximo da sociedade que meio século antes havia experimentado a mais importante revolução social da história moderna.

Aqui, neste ensaio, me inspiro em Marx para formular minha própria pergunta:

Mercosul, rentismo e o suicídio da burguesia

Por Jeferson Miola, em seu blog:

Não foi preciso mais que 48 horas para as entidades e lideranças do patronato industrial despertarem assombradas do suicídio que cometeram por promoverem a candidatura de extrema-direita e o avanço do fascismo à guisa não de um projeto de desenvolvimento, mas do mesquinho e odioso antipetismo.

As medidas iniciais traçadas por Bolsonaro e Paulo Guedes ameaçam de morte a indústria brasileira e o setor produtivo nacional.

A primeira medida prometida é o abandono do Mercosul. Para eles, a relação comercial e institucional com a Argentina e o Mercosul não será prioridade.

'Estadão' têm um problema: fixação em Lula

Por Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:

Os editorialistas do Estadão devem ter alguma questão psicanalítica não resolvida com Lula e as demais lideranças do PT.

Num momento em que Jair Bolsonaro ameaça desconstruir a democracia tal qual a conhecemos, o jornal trata hoje de atacar Lula e o partido.

“O partido de Lula da Silva recrudesceu seu autoritarismo, expondo cada vez mais seu desespero. Depois de passar a campanha inteira a denunciar como “golpe” o impeachment constitucional de Dilma Rousseff, a exigir a libertação de Lula, como se este não tivesse que cumprir pena pelos crimes que cometeu, e a exigir apoio a seu candidato como única forma de “salvar a democracia” ante o perigo do “fascismo” supostamente representado pela candidatura de Bolsonaro, o PT agora trata de dizer que a vitória do oponente resultou de um processo “eivado de vícios e fraudes”, conforme declarou a presidente do partido, Gleisi Hoffmann”, diz o principal editorial do jornal hoje”, disse, em um dos trechos.

Bolsonaro e a democracia em risco

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A eleição de Jair Bolsonaro marca o encerramento de quarenta anos de história brasileira.

O marco inicial encontra-se em 1978, quando nasceram as greves operárias que anunciaram a agonia da ditadura militar e o nascimento do mais democrático sistema político da história brasileira.

O capítulo final foi escrito domingo passado, quando Bolsonaro foi eleito presidente, para tentar colocar de pé o mais radical projeto de extrema-direita na história da República.

sábado, 3 de novembro de 2018

Bolsonaro e o punitivismo medieval de Moro

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

O juiz Sérgio Moro, que se notabilizou pelos excessos nas prisões provisórias para forçar delações e por permitir acorrentar pés e mãos de presos, além de espionar e vazar conversas privadas de seus investigados, aceitou o convite de Jair Bolsonaro e será o ministro da Justiça e Segurança Pública do novo governo. A ida de Moro para o governo do candidato a quem beneficiou diretamente ao condenar seu principal rival reforça a percepção de que a decisão de prender Lula foi política e também a expectativa de que Bolsonaro, com forte controle sobre as Forças Armadas e a Polícia Federal, instaure um estado policial no país utilizando os métodos que consagraram Moro em Curitiba.

Tolerância zero com o estado de exceção

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Movimento 1 – as hipóteses de trabalho

Para tornar mais objetiva a análise vamos definir um conjunto de evidências prévias:

Evidência 1 – Jair Bolsonaro é um defensor do estado de exceção. Ponto. Havendo condições, implantará o Estado de Exceção em um país em que já se quebrou a mística da democracia estável que existia desde a Constituição de 1988.

Evidência 2 – Bolsonaro já apontou os movimentos populares como alvo de repressão. As mudanças em andamento na legislação, tentam enquadrar toda manifestação social na categoria de terrorismo.

O general da repressão é Sergio Moro

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Escrevi aqui que ontem poderia ser considerado o dia da fundação do Estado Policial Brasileiro mas, desde já, tal como se trocou em 1964 o “Primeiro de Abril” pela “redentora Revolução de 31 de Março”, sugere-se que fique a data como sendo a de hoje: o Dia de Finados, pelo simbolismo em relação à morte dos direitos à privacidade, à presunção de inocência e à segurança no exercício de nossas liberdades.

Trump, Bolsonaro e o "inimigo permanente"

Do blog Viomundo:

No dia 4 de agosto deste ano, o deputado federal Eduardo Bolsonaro tuitou uma foto feita em Manhattan com uma mensagem em inglês: “Foi um prazer encontrar Steve Bannon, estrategista da campanha presidencial de Donald Trump. Tivemos uma boa conversa e compartilhamos da mesma visão de mundo. Ele se disse um entusiasta da campanha de Bolsonaro e estamos em contato para juntar forças, especialmente contra o marxismo cultural”.

Como a conversa não foi pública, é impossível dizer até que ponto os dois de fato concordam.

STF será a oposição natural de Bolsonaro?

Por João Carlos Dalmagro Junior, no site The Intercept-Brasil:

O caminho de Jair Bolsonaro à presidência foi marcado por uma profusão de impropérios e um desprezo tosco pelas instituições democráticas. O Supremo Tribunal Federal não passou despercebido à metralhadora engasgada da extrema-direita. Agora, seu papel está prestes a ser remodelado. No olho do furacão, o Brasil.

Desde sua instalação em 1891, o STF foi responsável por julgamentos históricos. Mas seu protagonismo aumentou exponencialmente com o transmissão ao vivo das decisões do Plenário, a partir de 2002. Ministros, então juízes, se tornaram estrelas e passaram a encher a boca para ler seus votos, muitos deles quilométricos e maçantes. Rompantes vergonhosos e arroubos de botequim se transformaram em rotina entre os membros da Corte. A população, mesmo embasbacada pelo juridiquês, passou a assistir à TV Justiça para ver o circo pegar fogo.