quinta-feira, 28 de março de 2019

Bolsonaro, Mandetta e a morte de indígenas

Do site do Conselho Indigenista Missionário (CIMI):

Lideranças indígenas vinculadas ao Fórum de Presidentes dos Conselhos Distritais de Saúde Indígena e das Organizações Indígenas de todo o país, apresentaram – por ocasião da 102ª Reunião da Comissão Intersetorial de Saúde Indígena (CISI), realizada em Brasília, nos dias 19 e 20 de março de 2019 –, denúncias de que ações do governo estão paralisando o sistema de atenção à saúde dos povos.

Isso porque, o Governo Federal, através do Ministério da Saúde, vem deixando de realizar o repasse de recursos financeiros, contratados a partir de convênios com oito organizações da sociedade civil, que prestam serviço de saúde no âmbito dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). Para alguns destes distritos, o último repasse de verbas ocorreu em outubro de 2018.

Bolsonaro privilegia o conflito

Por Vitor Nuzzi, na Rede Brasil Atual:

Se por um lado não se pode menosprezar o perigo de uma ruptura institucional, por outro ainda "há jogo", desde que se apresente uma proposta que ultrapasse a retórica, avalia o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Ele defende uma "flexibilidade tática" para avançar política e efetivamente, com a apresentação de uma agenda nacional e popular, enfrentando uma conjuntura de desagregação política e anomia (ausência de leis, regras).

'Nova era' de Bolsonaro foi um mal súbito

Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:

Um erro comum na análise política é interpretar as vitórias eleitorais como sinal da superioridade dos mais votados e da inferioridade dos derrotados. Os ganhadores seriam “melhores” porque souberam “se dar bem”.

O tempo passa e, muitas vezes, chega-se ao oposto. Quem ganhou se apequena e o derrotado fica maior. Ri melhor quem ri mais tarde.

Mais de 70 dias depois da posse, Bolsonaro está menor, antes sequer de que o desgaste inevitável do governo produza efeitos. Não tem sido necessário aguardar para que a realidade frustre as expectativas da população.

Bolsonaro volta a suspender a reforma agrária

Por Daniel Camargos e Ana Magalhães, no site Repórter Brasil:

Pela segunda vez neste ano, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária suspendeu a reforma agrária por tempo indeterminado no Brasil. Uma ordem do general João Carlos de Jesus Corrêa enviada nesta quarta-feira 27 para os superintendentes regionais do instituto determina a “expressa suspensão” das vistorias nos imóveis rurais.

Sem as vistorias não é possível desapropriar os imóveis e, consequentemente, criar novos assentamentos. A primeira tentativa do governo do presidente Jair Bolsonaro de paralisar a reforma agrária aconteceu três dias após a posse, conforme revelou a Repórter Brasil. Com a repercussão negativa, o governo recuou.

Um presidente de ponta-cabeça

Por Ayrton Centeno, no jornal Brasil de Fato:

Bolsonaro é um somatório de contradições como nenhum inquilino do Palácio do Planalto jamais foi. E sequer chegamos ao final do terceiro mês de mandato. O que temos, portanto, é só um aperitivo. Qualquer tentativa de enumerar suas incoerências sempre deixa algo para trás. Mas vamos fazer uma tentativa.

É um patriota que bate continência para uma bandeira estrangeira, a dos Estados Unidos. Atitude cujo ridículo atroz o despreparo de sua figura simplória não lhe permitiu perceber. Equivale ao gesto do deputado Otávio Mangabeira, da conservadora União Democrática Nacional (UDN) que, em 1946, ajoelhou-se e beijou a mão do general norte-americano Dwight Eisenhower.

Os riscos da entrada do Brasil na OCDE

Por Karina Patrício Ferreira Lima, no site da Fundação Maurício Grabois:

Um dos pontos destacados da visita de Jair Bolsonaro a Donald Trump consistiu na promessa de apoio, por parte de Washington, para a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O pedido formal de ingresso fora apresentado por Michel Temer em 2017, porém desde então as negociações ficaram travadas, principalmente, pela relutância dos EUA em apoiar a solicitação. Entre as razões para a mudança de posição de Washington, aponta-se a promessa de Bolsonaro de que o Brasil abrirá mão do status de país em desenvolvimento na Organização Mundial do Comércio (OMC), o qual lhe garante tratamento preferencial nas regras de comércio internacional.

Os moinhos de vento de Bolsonaro

Editorial do site Vermelho:

Um governo que não governa. Essa tem sido a opinião dos jornalões em seus editoriais, que expressam uma certa impaciência com os limites do presidente Jair Bolsonaro e seu staff para fazer as articulações políticas necessárias à governabilidade. Esse sentimento frequenta também certas análises sobre o noticiário político e econômico nos principais grupos de mídia. A irritação se manifesta inclusive sobre o que o bolsonarismo elegeu como prioridade, o que, na opinião desses editorialistas, não deveria sequer estar na agenda do governo.

quarta-feira, 27 de março de 2019

A esperança está de volta!

Nacionalismo branco é uma ameaça ao mundo

Por Art Jipson e Paul J. Becker, no blog Socialista Morena:

O recente massacre de 50 fiéis muçulmanos em duas mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia, é a última confirmação de que a supremacia branca é um perigo às sociedades democráticas ao redor do planeta.

A despeito da insinuação do presidente Donald Trump de que o terrorismo nacionalista branco não é um problema grave, dados recentes das Nações Unidas, da Universidade de Chicago e de outras fontes mostram o contrário.

À medida que mais e mais pessoas abraçam uma perspectiva mundial xenófoba e anti-imigrantes, alimentam a hostilidade e a violência voltadas àquelas consideradas “forasteiras” –seja pela religião, cor da pele ou origem nacional.


A 'bússola moral' do chanceler Ernesto Araújo

Por Alexandre Andrada, no site The Intercept-Brasil:

A aula magna proferida pelo ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo aos alunos do Instituto Rio Branco é uma das páginas mais vistosas da lisergia intelectual de nossa pátria, um documento a ser lido às gargalhadas durante os séculos por historiadores das ideias.

O diplomata, num acesso de empáfia digna do olavismo, afirma que muitas pessoas no Itamaraty “estavam no fundo da caverna, vendo as sombras, se relacionando com essas sombras”. Mas que ele e sua equipe estão “tentando puxar essas pessoas para fora”, para a “luz do dia”, numa alusão ao Mito das Cavernas de Platão.


Bolsonaro pode cair se festejar a ditadura

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Uma juíza federal de Brasília deu prazo de cinco dias para Bolsonaro explicar determinação que deu aos militares para que comemorem o golpe de 31 de março de 1964 no próximo domingo. Se isso acontecer, se for gasto dinheiro público nesse festim diabólico, o presidente da República terá cometido crime de responsabilidade e poderá sofrer impeachment.


Até onde irão os surtos de Bolsonaro?

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O senhor Jair Bolsonaro não vai parar.

Mesmo diante das dificuldades em compor uma estrutura de governo minimamente eficaz, não controla o seu processo de radicalização, talvez na ilusão de que massas furiosas venham referendá-lo e fazer impor sua vontade.

Hoje, em entrevista a José Luiz Datena no programa Brasil Urgente, na TV Bandeirantes, disse que não houve ditadura no Brasil, mas apenas “uns probleminhas” semelhantes a desentendimentos de casal, que Augusto Pinochet “fez o que tinha que ser feito” ao produzir uma matança “porque dentro do Chile existiam mais de 30 mil cubanos, então tinha que ser de forma violenta pra reconquistar o seu país”, embora não se tenha notícia disso.

Moro não entende de segurança pública

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Durante muitas décadas o Brasil foi governado por bacharéis, personalidades formadas em direito que só conseguiam enxergar o país sob a ótica das leis – que quase nunca eram cumpridas, saliente-se. Vendiam o peixe que uma lei mudaria a realidade. Faziam nome sem apresentar um resultado concreto, e sem nenhuma capacidade de entender a realidade para, a partir dela, elaborar as leis.

É o caso do Ministro da Justiça Sérgio Moro. Como já enfatizou o governador do Distrito Federal, Moro não entende nada de segurança pública.

A prova para ingresso no Ministério Público

Por Bepe Damasco, em seu blog:                                                 

Na tarde do dia em que Temer foi preso, deparei-me na TV com a entrevista coletiva dos rapazes e moças do Ministério Público, responsáveis pela acusação que levou à cadeia o ex-presidente golpista.

Por já conhecer a chatice dessas entrevistas, em geral laudatórias do papel dos meganhas da Lava Jato, não pretendia perder mais do que três minutinhos com ela. Acabei me detendo diante da TV praticamente ao longo de toda a sabatina dos repórteres aos procuradores e procuradoras.

Explicações cabais sobre os motivos da prisão de Temer e seus comparsas repletas de indícios robustos de prova? Não. Justificativas para a necessidade da operação espetaculosa? Também não. Exposição convincente sobre o enquadramento daquela prisão preventiva entre os casos previstos em lei? Tampouco. Quanto mais os jovens regiamente remunerados pelo erário falavam, mais fortalecia a minha convicção de que as prisões foram feitas ao arrepio da lei.

terça-feira, 26 de março de 2019

Governo Bolsonaro: ideologia e pragmatismo

Britânicos sem rumo

Por Manuel Domingos Neto

Não apenas os sulamericanos vivemos na completa incerteza acerca do futuro próximo.

Pensemos nos britânicos sem rumo e na União Europeia sem futuro, assistindo atônita a construção da nova rota da seda e convivendo com potências nucleares no seu entorno!

Imaginemos o frio na espinha das elites francesas e alemãs diante da colossal infraestrutura chinesa chegando aos portos italianos e ao Leste europeu, acessando o seu velho quintal, hoje o florescente mercado africano!

Somos todos generais

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

Demorou muito, mas Bolsonaro acabou cedendo às inúmeras pressões que vinha recebendo, inclusive da sua própria base aliada. Com isso, ele finalmente enviou um Projeto de Lei ao Congresso Nacional abordando o tema da previdência para as Forças Armadas. Ele recebeu a numeração de PL nº 1645/19 na Câmara dos Deputados. Na verdade, a proposta encaminhada pelo capitão é muito mais ampla do que simplesmente o tema previdenciário das 3 forças militares. Trata-se de um texto amplo, que modifica vários marcos legais já existentes sobre diferentes temas relacionados ao Exército, à Marinha e à Aeronáutica, além de promover uma reestruturação sobre o conjunto das carreiras militares.

segunda-feira, 25 de março de 2019

Joice, Kataguiri e o barraco fascistoide

Por Altamiro Borges

Para desespero dos oportunistas de plantão, o governo Jair Bolsonaro – que reúne milicos ressentidos, abutres financeiros, corruptos velhacos, fanáticos religiosos e milicianos fascistas, entre outros trastes – está definhando rapidamente. É tiro para tudo que é lado. Ninguém se entende no bordel bolsonariano – nem mesmo os filhos do capitão. Nessa confusão generalizada, o “deus-mercado” já começa a perder a confiança no seu “laranja-presidente" e teme pelo futuro da almejada contrarreforma da Previdência – um dos principais motivos da recente onda golpista e fascistizante no Brasil.

Bolsonaro perde força no Congresso

Por Altamiro Borges

Em editorial publicado neste domingo (24), a Folha registrou, de forma até branda e cuidadosa, “certa deterioração” no cenário político do país. Em tom de advertência, o jornal aponta que “erros, desatinos e trepidações ameaçam o cacife político do presidente e as reformas” – em especial, a que elimina a aposentadoria de milhões de brasileiros e que a famiglia Frias apoia ostensivamente. Entre outras lambanças, o jornalão critica a prisão arbitrária do ex-presidente Michel Temer, as “provocações baratas contra Rodrigo Maia” e os privilégios contidos na regra de aposentadoria dos militares.

Temer solto mostra que Bretas não é Moro

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

No despacho em que soltou Michel Temer, o desembargador do TRF-2 Antonio Ivan Athié fez um contorcionismo desgraçado para elogiar o trabalho do colega Marcelo Bretas e dos procuradores da Lava Jato enquanto o fazia em pedaços.

Na peça, Athié faz deferências a Bretas e ao Ministério Público Federal, mas ressalta não haver evidências de que Temer e os demais representem ameaça à ordem pública, argumento para a preventiva.

Destacou que os contatos entre os investigados listados por Bretas — por exemplo, 400 ligações telefônicas entre o Coronel Lima e o então presidente da Eletronuclear entre 2011 e 2015 - são antigos e não comprovam que a suposta atividade criminosa siga na ativa.