terça-feira, 16 de julho de 2019

A onda conservadora no Brasil e nos EUA

Por Conceição Lemes, no blog Viomundo:

Quem estiver em São Paulo na quinta-feira da outra semana, dia 25 de julho, uma sugestão: o lançamento e debate do livro O novo conservadorismo brasileiro: de Reagan a Bolsonaro, de Marina Basso Lacerda. A advogada Valeska Martins, fundadora do Instituto Lawfare, participará.

Será às 19 h, na Livraria Tapera Taperá, bem no centro da capital: galeria Metrópole, avenida São Luís 187, centro, 2º andar, loja 29.

A ‘jabalândia” de Deltan & cia no Ceará

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Monica Bergamo, na Folha, põe uma cereja cearense na história da lucrativa exploração de prestígio de Deltan Dallagnol, que empresariou a Operação Lava Jato para lhe render um bom dinheiro “por fora” em palestras e eventos.

Numa quinta-feira à noite, 20 de julho de 2017, o ubíquo procurador estava em Fortaleza, ensinando aos empresários cearenses as virtudes da honestidade.

Mas como a vida não é só feita de sacrifícios, além dos “30 k” – a maneira pela qual se refere ao cachê de R$ 30 mil por cada palestra nas mensagens trocadas com Sergio Moro – Dallagnol arrancou também passagens de avião e hospedagem para sua mulher e filhos no caríssimo hotel e complexo de lazer aquático Beachpark – coisa de R$ 1 mil a diária – para o resto do final de semana.

Omissão de Raquel Dodge é vergonhosa

Por Jeferson Miola, em seu blog:                           

É estarrecedor o silêncio da Procuradora-Geral da República Raquel Dodge acerca do escândalo que atinge em cheio o coordenador da autodenominada força-tarefa da Lava Jato e vários procuradores e procuradoras.

É inquestionável que estamos diante de um abrangente e corrosivo escândalo de corrupção no Ministério Público brasileiro, com respingos escabrosos sobre desembargadores, juízes e ministros das instâncias superiores do judiciário.

No mínimo, trata-se de improbidade administrativa, desvio funcional, organização criminosa e aparelhamento do Estado para satisfazer interesses privados, políticos e de um projeto de poder coordenado desde os EUA.

Vaza jato: é hora de apurar os crimes

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Um mês depois das primeiras revelações do Intercept-Brasil sobre a Lava Jato, é hora de cobrar responsabilidades das autoridades que têm a obrigação de garantir o cumprimento da lei no país.

Como sempre acontece diante de um escândalo, não custa lembrar um ponto essencial. Mesmo envolvendo uma competência particular para investigações delicadas, tarefa para a qual o jornalista Glenn Greenwald já exibiu talento reconhecido e premiado, a fase das reportagens e denúncias é a menos difícil, quando se compara com as etapas seguintes.

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Mídia vai abafar o escândalo de Deltan?

Previdência e a diplomacia em 'famiglia'

Defesa Nacional está ameaçada!

Enviado por Manuel Domingos Neto

Somos pesquisadores acadêmicos dedicados aos Estudos de Defesa. Temos como objeto de atenção as Forças Armadas, as relações entre civis e militares, as formulações geopolíticas e outros temas relacionados à Defesa Nacional. Em diversas instituições de ensino, predominantemente públicas, formamos graduados, mestres e doutores civis e militares.

Desde o século XIX, o militar brasileiro compreendeu a importância do conhecimento científico e do domínio de tecnologias para a preservação de nossa soberania. Essa compreensão aprofundou-se durante o regime republicano. Tornou-se indiscutível para soldados, marinheiros e aviadores que, sem a produção do saber científico, do desenvolvimento industrial e da autonomia energética, o Brasil estaria condenado a submeter-se às potências estrangeiras.

A destruição do Itamaraty é "um projeto"

Por Tiago Angelo, no jornal Brasil de Fato:

O ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou em entrevista ao Brasil de Fato nessa sexta-feira (12) que o processo de desmonte da diplomacia brasileira, em curso desde que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) assumiu o governo, não ocorre por falta de habilidade, mas “é um projeto” político.

O diplomata, que foi chanceler durante as administrações de Itamar Franco e Luiz Inácio Lula da Silva, comentou a possível nomeação de Eduardo Bolsonaro como embaixador em Washington, a degradação da imagem do Brasil em fóruns internacionais e a quebra das tradições diplomáticas do país.

Bolsonaro e a despedida da economia nacional

Por Marcio Pochmann, na Rede Brasil Atual:

A concretização das estimativas desfavoráveis em 2019 no desempenho da produção, emprego e renda confirmará o quanto os anos de 2010 se transformaram na primeira década perdida para economia brasileira neste início do século 21. Se contabilizar os anos de 1980, o país terá acumulado duas décadas perdidas somente nos últimos 40 anos.

Este fato, inédito desde a implantação do capitalismo – ainda na década de 1880 – revela significativa perda de vitalidade em sua capacidade de produzir, empregar força de trabalho e gerar renda. Recorda-se que, entre as décadas de 1930 e 1970, o Brasil apresentou notável crescimento econômico ao longo da industrialização nacional, comparável, por exemplo, ao desempenho chinês na atualidade.

Os mistérios e os laranjas de Dallagnol

Por Moisés Mendes, no Diário do Centro do Mundo:

A Lava-Jato sempre ensinou que é preciso correr atrás dos laranjas e fragilizá-los, para então chegar ao dono do pomar.

É o que o jornalismo deve fazer agora para tentar esclarecer os mistérios em torno de Deltan Dallagnol.

A mulher de Sergio Moro, Rosângela Moro, criou no ano passado uma empresa de palestras para administrar a vida empresarial do marido no mundo das conferências.

A mulher de Dallagnol, Fernanda, e a mulher do procurador Roberson Pozzobon, Amanda, teriam feito o mesmo?

Antipetismo ainda é uma cegueira

Por Esther Solano, na revista CartaCapital:

Desde que começou, a Lava Jato cheirava mal. Cheirava a podre, mais podre que um mercado de peixes sem refrigeração e em pleno verão. Qualquer pessoa que não sofresse da cegueira do antipetismo poderia supor que Sérgio Moro guardava mais esqueletos no armário do que um serial killer. Mas, olha, poucas vezes vi na minha vida cegueira tão visceral como o antipetismo, uma cegueira que sai das entranhas, do fígado, e que se espalhou pelo Brasil como uma epidemia. Contagiou, inclusive, gente de esquerda que apoiava a Lava Jato com fervor, como se esta fosse acabar com a corrupção no Brasil.

O desmonte ideológico do país

"Última canção do beco", por Paulo Henrique

Bilhões em isenção para os agrotóxicos

Por Por Lizely Borges e Naiara Bittencourt, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Neste momento da política brasileira domina a agenda da austeridade econômica e o enxugamento da máquina da administração pública, com cortes nos investimentos sociais. O discurso é certeiro: a reforma da previdência é necessária para não quebrar o Estado brasileiro. Contudo, nenhuma palavra é dita sobre os bilhões estimados que se deixa de arrecadar para beneficiar setores do agronegócio, especialmente os benefícios diretos de isenção de impostos aos agrotóxicos – nem se fala aqui dos subsídios diretos de crédito ou políticas de infraestrutura e pesquisa para o setor e nem dos custos indiretos arcados pela administração pública com tal política.

Vaza-Jato prova parcialidade de Moro

Por Rute Pina, no jornal Brasil de Fato:

"Se essas provas não servem para a Justiça, para o jornalismo e para a sociedade elas servem". A afirmação de Maria José Braga, presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), deixa evidente sua posição sobre os vazamentos de conversas entre juízes e procuradores da Lava Jato, revelados pelo site The Intercept Brasil.

Gleen Greenwald e sua equipe, segundo ela, não cometeram nenhuma irregularidade até o momento. Pelo contrário, estão prestando um serviço valioso ao interesse público, ajudando a comprovar o que antes era apenas uma "dedução analítica": a parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro e da Lava Jato.

Bolsonarismo sofre desgaste, mas é resiliente

Editorial do site Vermelho:

É um escândalo atrás do outro. Parece uma inversão da máxima do corvo de Allan Poe: em vez de nunca mais, sempre mais. Ou aqueles tufões do filme Twister, que surgem e desaparecem sucessivamente. Com esse roteiro, o governo Bolsonaro se enfraquece, mas mostra resiliência, como se viu na recente elástica aprovação da “reforma” da Previdência Social em primeiro turno na Câmara dos Deputados.

Ascensão e derrocada dos heróis da Lava-Jato

Por Enzo Bello, Gustavo Capela e Rene Keller, no site Carta Maior:

Super Homem, Capitão América, Homem Aranha, Mulher Maravilha e Batman. Heróis. Heróis de uma geração que parece ter sido acostumada a pensar sobre mudanças e transformações através da ficção. Heróis de um mundo em que a mídia de massa produz uma forma específica de imaginação coletiva, empolgação, euforia, que se projetam sobre o entendimento das pessoas acerca da vida real, material.

Transformações sociopolíticas tornaram-se colonizadas por esses produtos culturais que celebram poderes verdadeiros e autênticos de certos indivíduos – tipos especiais de pessoas. Isso representa a glorificação do talento individual, a reafirmação do indivíduo como força poderosa que atua, mesmo unido a outras individualidades, através de seu/sua gênio pessoal, excepcional.

Um Brasil para os ruralistas e milicianos

Por Ronnie Aldrin Silva, no site Fundação Perseu Abramo:

Questionado sobre a recente fala do Papa Francisco sobre a Amazônia, o presidente Bolsonaro respondeu que “o Brasil é uma virgem que todo tarado de fora quer”, associando a figura do líder da Igreja Católica a um contexto sexual. Já sobre as recentes acusações de estupros, inclusive coletivo, praticados por milicianos em comunidades cariocas não foi emitida nenhuma opinião.

A então retrucada fala do Papa de que predomina na Amazônia "uma mentalidade cega e destruidora que privilegia o lucro sobre a justiça", o que "coloca em evidência o comportamento predatório com o qual o homem se relaciona com a natureza", apenas reforça, aos olhos do mundo, as violências que vêm ocorrendo a este bioma e seus respectivos povos.

O enigma da sobrevivência neoliberal

Grafite: Banksy
Por Robert Kuttner, no site Outras Palavras:

Desde o final dos anos 1970, vivemos um enorme experimento para testar a afirmação segundo a qual mercados “livres” realmente funcionam bem. Esta ressurreição ocorreu apesar do fracasso do laissez-faire, nos anos 1930, a humilhação consequente da teoria dos mercados “livres” e, em contraste, o sucesso do capitalismo regulado, durante o boom de três décadas do pós-II Guerra.

Quando o crescimento arrefeceu, nos anos 1970, a teoria econômica ultraliberal teve uma nova chance. Ela demonstrou ser muito conveniente para os conservadores, que voltaram ao poder na década seguinte. A contrarrevolução neoliberal, na teoria e na prática, reverteu ou solapou quase todos os aspectos do capitalismo regulado – a tributação progressiva, as transferências de renda em favor do bem-estar, as políticas antitruste, o empoderamento dos trabalhadores e a regulamentação dos bancos e outros grandes setores econômicos.

Deltan Dallagnol e a Lava Jato S.A.

Por Leandro Fortes

É notoriamente conhecido o axioma do historiador inglês John Dalberg-Acton: “O poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente”. Na verdade, um resumo, para não dizer uma corruptela, de uma frase dele mesmo, mais completa e mais profunda: “O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente, de modo que os grandes homens são quase sempre homens maus”.

Lorde Acton, como era conhecido, era um homem do século XIX, um britânico católico preocupado com os maus caminhos da Igreja, em um momento em que a Revolução Industrial impunha as teses primordiais sobre a relação capital/trabalho e, na contramão do bom senso, o Conselho Vaticano I discutia uma abstração: a infalibilidade papal.