A gruta azul de Capri, 1835/Heinrich Jakob Fried |
Uma das hipóteses para a gênese do coronavírus é que ele tenha se originado no fundo de uma caverna na China. Ali, em dado instante, talvez propiciado pela presença devastadora do homem no seu ataque à natureza, o inimigo invisível que ameaça o planeta saltou do morcego para a humanidade.
É uma cena repetida ao longo da História, sempre com a criatura humana atraída pelo desconhecido. Foi assim com o HIV, originalmente presente em chimpanzés; com o sarampo, possível legado da era inicial da pecuária bovina; e com o ebola, novamente oriundo dos morcegos.
Nas mais de mil espécies de morcegos, o coronavírus sobrevive sem destruir seu hospedeiro, dotado de vigoroso sistema imunológico. Porém, ao deixar a caverna e trocar de anfitrião, diante de uma barreira imunológica bem mais frágil, causa estragos enormes e, eventualmente, fatais. É o que está acontecendo no Brasil em 2020, com consequências ainda em suspenso, mas com expectativas péssimas.