terça-feira, 1 de dezembro de 2020
Mais um vitorioso, o antipetismo
A direita tradicional, agora alcunhada de centro, hegemonizou o Brasil, pela força colossal conferida principalmente a cinco partidos: MDB, PSDB, DEM, PP e PSD.
A mídia corporativa destaca também, com indisfarçada satisfação, a inegável derrota do PT, bem como o mau desempenho de toda a esquerda. Deixa, entretanto, de apontar mais um vitorioso, o antipetismo, que mostrou-se vivo e forte.
Não devíamos relegar a terceiro plano a derrota, esta sim, acachapante, da extrema direita e do bolsonarismo. Ai de nós se Bolsonaro estivesse hoje colhendo vitórias Brasil afora.
A derrota do bolsonarismo nas eleições
Se há um consenso no balanço das eleições municipais é que o assevera a derrota das candidaturas bolsonaristas. Além, é claro, das singularidades de cada município, pesou na decisão do eleitorado, ao rechaçar nomes da extrema direita, o duplo fracasso do presidente Bolsonaro. Na economia, a recessão é severa e o desemprego bate recordes seguidos; no combate a pandemia, o Brasil é o segundo no mundo, em termos absolutos e no número de óbitos. Pela opinião de especialistas, o país se vê às voltas com a eclosão de uma possível segunda onda.
A eleição e o período de derrota popular
1.
É preciso ir além da conjuntura eleitoral e emoldurar a análise da eleição municipal dentro deste que é um período histórico de profunda e brutal derrota popular no Brasil. A análise periodizada é uma chave para se apreender os elementos estruturais que contribuíram para mais um episódio eleitoral desfavorável à esquerda e ao campo progressista.
2.
Este período histórico se caracteriza pela derrota não só do campo progressista e popular, mas da democracia e do Estado de Direito. Esta derrota se iniciou no processo coordenado de desestabilização dos governos petistas e de conturbação do ambiente político a partir de 2012/2013, quando houve o julgamento midiático do chamado “mensalão” [2012] pelo STF e, na sequência, as “jornadas de junho” [2013] incensadas pela Globo.
A vitória soturna da mentira e do medo
No sábado que precedeu o domingo eleitoral uma falsa pesquisa da Datafolha anunciava a vitória do candidato que fora encurralado e devastado, na noite anterior, por uma Manuela serena e segura das suas convicções, depois do maior tufão de mentiras, calúnias, impropriedades e ataques morais, jamais despejados -certamente por bases organizadas de criminosos, dentro e fora do país- contra qualquer candidato à Prefeitura de Porto Alegre, em toda a sua história. Esta eleição em Porto Alegre esgota a legitimidade das eleições democráticas na cidade e abre – caso Melo se associe a um destino bolsonarista que parece estar em andamento – um ciclo de perversões sem fim, em direção a uma ruptura sem volta, entre as forças políticas da cidade.
Desembargadora-fake é promovida. Absurdo!
O Judiciário nativo realmente vive no Olimpo e é hermético à sociedade. Nesta segunda-feira (30), a patética desembargadora Marília de Castro Neves foi eleita para integrar o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ. O cargo é uma espécie de promoção. Um verdadeiro absurdo!
A desembargadora-fake, como também é chamada, concorreu como candidata única na vaga do Ministério Público ao colegiado. A asquerosa Marília de Castro Neves ficou famosa após acusar falsamente a vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em 2018, de ter vínculos com organizações criminosas.
segunda-feira, 30 de novembro de 2020
Universal tenta anular multa de R$ 50 milhões
Por Altamiro Borges
Em postagem no UOL na quinta-feira (26), Ricardo Feltrin revelou
que o tucano Bruno Covas procurou os chefões da Igreja Universal do Reino de
Deus (Iurd) "para pedir apoio contra Guilherme Boulos na eleição de
domingo (Celso Russomanno, candidato da igreja derrotado no 1º turno, já deu
aval ao atual prefeito)".
O jornalista não informou se algo pecaminoso foi negociado,
mas lembrou que a Iurd "está recorrendo de uma multa de R$ 50 milhões da
Prefeitura de São Paulo, devido a supostos problemas de contaminação em área da
igreja onde foi construído o Templo de Salomão".
domingo, 29 de novembro de 2020
Um balanço inicial do 2º turno das eleições
A mídia hegemônica solta rojões e afirma que o segundo turno das eleições municipais confirmou "a derrota dos extremos, de Bolsonaro e da esquerda". Na Globo News, os comentaristas não escondem os sentimentos de alegria – só falta um Guga Chacra chorando como no pleito ianque. Será que o resultado foi esse mesmo?
Quanto a Jair Bolsonaro, o fascista que foi chocado pela própria mídia, o resultado foi mesmo um fiasco no seu primeiro teste como presidente. Os candidatos que receberam seu apoio direto foram derrotados. Alguns até esconderam o "capetão" na campanha. A eleição tornou o frágil presidente um refém dos profissionais do DEM e do "Centrão", que cresceram no pleito.
O genocida Bolsonaro é aliado da Covid-19
Por Altamiro Borges
O "capetão" Bolsonaro é, de fato, o maior aliado
da Covid-19. Nesta quinta-feira (26), contrariando todas as orientações da área
de saúde no mundo e no Brasil, o genocida disse em mais uma de suas “lives” macabras
que o uso de máscaras é "o último tabu a cair" em relação às medidas
para conter o avanço do coronavírus.
Além de sabotar o uso das máscaras, o garoto-propaganda
voltou a defender a hidroxicloroquina – remédio sem comprovação científica no
combate ao vírus. Metido a médico, o maluco negou que esse medicamento cause
problemas cardíacos, o que já foi confirmado por inúmeros estudos no exterior e
mesmo no Brasil.
Um patife sem máscara
Depois de prescrever, como charlatão que é, mezinhas e poções contra a Covid 19, Bolsonaro, em sua maldita live, em meio a um monte de asneiras, investiu contra a única e mísera arma que temos para evitar que o morticínio seja ao menos, contido nas alturas em que está: a máscara.
“A questão da máscara, não vou falar muito porque ainda vai ter um estudo sério falando da efetividade da máscara, se ela protege 100%, 80%, 90%, 10%, 4% ou 1%. Vai chegar esse estudo. Acho que falta apenas o último tabu a cair”.
Uma outra agenda econômica é possível
Trinta e quatro economistas e pesquisadores, sob coordenação de Esther Dweck, Pedro Rossi e Ana Luíza Matos de Oliveira – respectivamente colaboradora, coordenador do conselho editorial e coeditora do Brasil Debate – assinam os textos de “Economia pós-pandemia: desmontando os mitos da austeridade fiscal e construindo um novo paradigma econômico no Brasil”. O livro pretende ser uma contribuição ao debate público brasileiro em temas como a agenda de reformas estruturais, o orçamento de 2021, o aumento da dívida pública e a necessidade de fortalecer os programas sociais.
E depois das eleições do domingo?
1. Uma eleição e dois fenômenos
Dois fatos de relevância e raridade marcaram as eleições de 2020 – e têm potência para se impor, qualquer que seja o resultado final do próximo domingo. O governo Bolsonaro foi derrotado em quase todas as cidades em que o presidente posicionou-se. Das 27 capitais, restam-lhe chances em Fortaleza (quase nulas) e Belém. A agenda de ultradireita, que teve forte impacto eleitoral em 2018 – quando elegeu “azarões” grotescos como Wilson Witzel (RJ) e Romeu Zema (MG) – desgastou-se e perdeu tração. E embora numericamente o Centrão e os partidos da direita tradicional (PSDB, DEM e MDB) tenham elegido mais prefeitos, a segunda novidade é outra. Emergiu uma Esquerda Plural. Candidatos como Guilherme Boulos, Manuela D’Ávila, Marília Arraes e Edmilson Rodrigues mostraram, apesar de suas diferenças pontuais, que as lógicas da solidariedade, da justiça social, da redistribuição de riquezas e da construção do Comum podem ter grande apelo popular. Suas campanhas, além disso, refrescaram-se. Livraram-se do ar pesado de institucionalidade e marketismo que prevalecia ao menos desde a primeira eleição de Dilma. Voltaram a atrair a juventude e os artistas. Abriram diálogo com os movimentos sociais.