segunda-feira, 15 de novembro de 2021
Contra argumentos não há fatos
Charge: Nani |
Depois de uma rápida incursão pelo terreno da literatura e da cultura, a coluna volta hoje a seus temas habituais – economia, política, Brasil. Não o faço com grande satisfação, leitor. Afinal, convenhamos, que prazer há em fazer a crítica das barbaridades que vem sendo cometidas em nosso País por um governo caricato? É preciso escolher bem os adversários, já diziam os antigos. Se escolhes adversários medíocres, logo te tornarás tão medíocre quanto eles.
A superação da fome só com reforma agrária
Feira Cultural da Reforma Agrária, Ceará. Foto: Aline Oliveira |
No país que mais exporta commodities agrícolas, mais da metade de sua população não se alimenta adequadamente, comem o que estiver disponível e não sabem se terão alimentação garantida nos próximos meses. Entre eles, vinte e oito milhões de brasileiros estão literalmente passando fome.
Ao mesmo tempo em que o Brasil alcançou uma safra recorde de mais de 272 milhões de toneladas de grãos neste ano, o país voltou ao Mapa da Fome, elaborado pela ONU, de onde conseguiu sair em 2014. Isso acontece porque o modelo implementado só privilegia poucos latifundiários e empresas de capital estrangeiro que produzem apenas para a exportação, sustentadas pelo amplo uso de agrotóxicos. Só no governo Bolsonaro, mais de 1350 novas substâncias foram liberadas. Assim, toneladas e toneladas de soja, milho, cana e outras commodities têm como destino o mercado exterior, seja a produção de alimentos, agrocombustíveis ou ração para bovinos, suínos e aves.
domingo, 14 de novembro de 2021
Moro não tira voto de Lula e afeta a direita
Charge: Schröder |
“Um escárnio, um deboche, um acinte, um verdadeiro atentado ao estado democrático de direito.” Assino embaixo da avaliação que o bravo jornalista Ricardo Kotscho faz do lançamento da candidatura do ex-juiz Sérgio Moro à presidência da República.
Embora a imprensa comercial tente naturalizar a ambição presidencial do juiz declarado parcial e, portanto, corrupto, pelo Supremo Tribunal Federal, Moro terá que explicar muita coisa na campanha eleitoral, quando encontrará dificuldade para sair da defensiva.
Sem Bolsonaro, votos anti-Lula despencariam
Por Jeferson Miola, em seu blog:
Na última pesquisa de opinião [11/11] o instituto Vox Populi simulou cenários de 1º turno com e sem Bolsonaro. Esta simulação permite analisar quais candidaturas poderiam se beneficiar com a migração dos 21% do eleitorado bolsonarista.
No cenário com todos candidatos anti-Lula da oligarquia dominante – que inclui Bolsonaro, Moro, Ciro, Datena, Dória, Mandetta e Pacheco –, Lula tem 44%. A soma das intenções de votos em todos seus oponentes alcança 33%, correspondentes aos 21% de Bolsonaro + os 12% de todos demais candidatos da direita e extrema-direita.
Bolsonaro já retaliou 18 delegados da PF
Charge: Erasmo |
O governo Bolsonaro já puniu 18 delegados da Polícia Federal em retaliação. Silvia Amélia foi a 18ª punida por fazer seu trabalho. Então chefe da Diretoria de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), ela foi responsável por formalizar o pedido de extradição de Allan dos Santos aos Estados Unidos. Foi removida da função.
Além dela, outros 17 delegados já receberam punições similares ao longo da atual gestão.
Além dela, outros 17 delegados já receberam punições similares ao longo da atual gestão.
Bolsonaro e Moro: o canibalismo da direita
Charge: Duke |
A reação de Jair Bolsonaro, hoje, dizendo que Sergio Moro, como ministro de seu governo, demonstrou que “não aprendeu nada” sobre governar é apenas um sinal de como as baterias bolsonaristas se voltarão contra a possibilidade de que o ex-juiz dispute a eleição presidencial, o que muitos creem que não fará, preferindo disputar, com muita chance, uma vaga de senador pelo Paraná ou até por São Paulo.
É que Moro, embora não tenha força para roubar a vantagem de Bolsonaro na eleição presidencial, com os dados de hoje, vai causar ao atual ocupante do Planalto um severo prejuízo em regiões onde o poderio do bolsonarismo ainda é forte, como o Sul e o Centro Oeste e em segmentos da sociedade onde ainda conserva apoio, como as camadas de renda alta.
Nicarágua votou contra o neoliberalismo
Foto: Reprodução do site El Mundo |
Passei 10 dias na Nicarágua, realizando a cobertura das eleições gerais, realizadas no dia 7 de novembro, para a Telesur, e pude comprovar a normalidade e a legalidade do processo eleitoral, com centenas de observadores eleitorais e de jornalistas de várias partes do mundo, inclusive dos EUA e Canadá, mas, sobretudo um povo consciente do significado histórico deste pleito, no qual o candidato da Frente Sandinista de Libertação Nacional. Daniel Ortega, alcançou 75 por cento dos votos válidos. Havia dois projetos em disputa: aprofundar e consolidar um modelo de desenvolvimento com inclusão social, em vigor desde que os sandinistas voltaram ao governo pelo voto, em 2006, ou o projeto dos 5 partidos políticos de oposição, a submissão ao neoliberalismo.
Memória de um capitão de milícias
Charge: Geuvar |
De todas as gafes acumuladas do Usurpador do Palácio do Planalto na Europa – de sua solidão auto-satisfeita à menção à Torre de Pizza – nenhuma me impressionou tanto quanto a do pisão no pé de Angela Merkel.
A frase dela – “só podia ser você” – foi um tapa que ele não ouviu; ou se ouviu, não escutou; se escutou, não avaliou. Porque, na sequência, veio a gafe maior.
Disse ele, de volta ao Brasil, que ficou impressionado com o bom humor de Merkel, e que gostaria de ter dançado com ela. Foi assim que ele interpretou o episódio do pisão no pé da projetada Dulcineia.
Na hora lembrei-me do romance de Manuel Antonio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias, publicado em 1852.
No romance, o protagonista, que alguns críticos consideram um pícaro, é filho de um meirinho, Leonardo Pataca, e de uma saloia, habitante dos arredores de Lisboa, Maria da Hortaliça, que vêm para o Rio de Janeiro, “no tempo do Rei”.
A reabilitação do Partido da Lava-Jato
Charge: Lafa |
Como é bem sabido por todos os que analisam a política com alguma racionalidade, o capital não se move em função de questões sentimentais ou de moralidade. O que sempre prevalece nos momentos decisivos é a defesa intrínseca de seus interesses materiais de classe.
Por tal motivo, o apoio decisivo dado a Bolsonaro em 2018 não custou aos articuladores políticos do grande capital a perda de nenhuma noite de sono.
Evidentemente, todos eles conheciam muito bem o que significava a figura de Jair Bolsonaro, com seus quase trinta anos de intenso parasitismo no sistema político brasileiro.
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